quarta-feira, 10 de abril de 2013

Artigo sobre questão agrária

Questão agrária - Omissão do estado, avanço do agronegócio e violência no campo!

*Por Pedro Ferreira

Mais uma liderança camponesa da luta por reforma agrária foi assassinada, a vitima dessa vez foi um dos dirigentes do MST da Bahia Fábio dos Santos Silva, o mesmo foi executado com 15 tiros na frente de sua esposa e uma criança em Iguaí á 500 km de Salvador. O crime aconteceu na ultima terça-feira (02/04).

Nesta mesma semana a Comissão Pastoral da Terra – CPT divulgou nota sobre o assassinato do agricultor familiar Enival Soares da Silva no Pará na região onde atuava a missionaria americana Dorothy Stang. O agricultor atuava junto a CPT denunciando crimes de grilagem na região, e em 2011 já tivera sua casa queimada.

A CPT também divulgou dados parciais sobre o levantamento anual que realiza sobre conflitos no campo que aponta o aumento de assassinatos ligados a luta pela terra no ultimo período, sendo que o estado de Rondônia ultrapassou o Pará no numero de assassinato. Em quanto em 2011 foram 29 assassinatos, em 2012 o numero subiu para 36.

E pelos dois casos relatados acima a tendência continua, sobretudo por que a condenação dos responsáveis por esses crimes por parte da justiça é insignificante. Exemplo disso foi o que acabamos de ver no julgamento do acusado de ter mandado assassinar o casal de extrativista José Cláudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo, em maio de 2011, em Nova Ipixuna, no sudeste paraense. Apenas os acusados de executar foram condenados, já o mandante foi absolvido. Há também suspeita que outros fazendeiro colaboraram com o crime financiando, esses no entanto não chegaram nem a serem presos.

São apenas alguns casos, sem falar do aumento da violência contra os indígenas a exemplo dos Guarani Kaiowa, dos Xavantes e agora a guerra eminente envolvendo os Munduruku. Ora ou outra chegam noticias de uma serie de violência cometida contra os povos indígenas, sendo que nem crianças e mulheres são poupadas.

Os quilombolas também têm sofrido ameaças e violências por parte de fazendeiros, sobretudo no Maranhão e em Minas Gerais. Recentemente acompanhamos a luta do quilombo brejo dos crioulos em Minas contra ordem de despejo por parte da justiça.

Por outro lado vemos o avanço do agronegócio, ora com o apoio ou com a omissão do estado brasileiro nas suas três esferas (executivo, legislativo e judiciário).

Recentemente vimos a CPI do trabalho escravo ser encerrada sem nenhum encaminhamento devido a tentativa de golpe da bancada ruralista que tenta flexibilizar as leis trabalhista no campo. Se a mesma fosse colocada em votação dada à força da bancada ruralista no congresso não teria muito problema para passar. Bem como a proposta apresentada pela senadora Kátia Abreu na comissão de constituição e justiça do senado que obriga os governadores a cumprir decisão judicial de reintegração de posse no máximo em 15 dias. Sem falar da reforma que será feita no código mineral proposta para esse ano, o qual o resultado não será muito diferente do código florestal aprovado em 2012.

Assim vemos uma serie de leis e ações favoráveis ao agronegócio brasileiro e de criminalização do movimento popular de luta pela terra. Essa ofensiva do agronegócio não seria possível sem o apoio na aprovação de leis e de ações de desocupação por parte do estado e de omissão nos casos de violência contra camponeses, quilombolas e indígenas.

Assim esta a situação da luta pela terra no Brasil – Omissão do estado, avanço do agronegócio e aumento da violência no campo. Situação que tende a continuar enquanto a questão agrária continuar sem uma solução.

Solução essa que não virá sem o fortalecimento e unidade dos movimentos camponeses, quilombolas e indígenas, mas também por parte de todas as organizações da classe trabalhadora. Já que a luta contra o latifúndio e o agronegócio deve ser de todos que lutam pela transformação dessa sociedade.

*Pedro Ferreira – Educador Popular e militante do Bloco de Resistência Socialista

sábado, 30 de março de 2013

Crônica: Bomba de efeito moral!

*Por Pedro Ferreira

É comum vermos em ações de desocupação, despejo e em repressão de manifestação a utilização por parte da força policial dentre outros armamentos da bomba de efeito moral. O que me chama atenção não é o seu poder letal, mas sim o nome ‘efeito moral’.

Para a classe dominante é imoral o trabalhador e a trabalhadora que é explorado se organizar e lutar pelos seus direitos, por tanto não podemos ocupar terras improdutivas, terrenos que servem para especulação imobiliária nos centros urbanos, fazer greve pelos nossos direitos entre outras manifestações e mobilizações. Lutar pelos nossos direitos fundamentais é imoral para os capitalistas, por isso que temos que ser tratados com bombas de efeito moral e muita repressão.

As bombas de efeito moral são utilizadas para manter a ordem e a moral. Mas de que ordem e moral estamos falando? Claro que dá ordem e da moral capitalista, onde a classe trabalhadora deve ser explorada sem resistir e questionar. Mas para nós socialistas revolucionários o capitalismo é uma desordem estabelecida e imoral em essência. Por tanto não deveria ser contra a trabalhadora e o trabalhador que luta dignamente pelos seus direitos que essas bombas deveriam ser usadas.

Imoral não é lutar pelos nossos direitos, ao contrario é nega-los e usurpa-los. Imoral é a exploração da classe trabalhadora, é a distribuição desigual das riquezas produzidas, é o latifúndio, é a especulação imobiliária, o desvio dos recursos da saúde, educação, assistência social, cultura entre outros para interesses privados.

Por tanto a bomba de efeito moral deve mudar de nome, deveria se chamar de bomba da incompetência e do descaramento. Pois quando as mesmas são usadas é reflexo de que os gestores públicos não tem competência ou não tem interesse político em resolver as expressões da questão social, isto é, as mazelas do capitalismo.

O movimento popular surge a partir do momento que o estado não resolve as necessidades fundamentais da população, bem como no sentido de pressionar os governantes para que atendam a essas necessidades. No entanto os governantes preferem esconder sob as fumaças dos gazes, das balas de borracha, dos cassetetes. A imoralidade de uma gestão comprometida com a manutenção da desordem e imoralidade capitalista.

No entanto não serão essas bombas e a forte repressão e criminalização da luta do movimento popular por parte do estado burguês e seus capachos que farão com que a classe trabalhadora e suas organizações de luta recuem das batalhas pela superação dessa desordem estabelecida e construção do socialismo.

 *Pedro Ferreira – É educador popular e militante marxista revolucionário.

“A bomba

não destruirá a vida

O homem

(tenho esperança) liquidará a bomba.”

Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 13 de março de 2013

Poema triste ou Morrer assim? Vou seguir

Tenho sentido fortes dores nas costas,
meu coração parece que a qualquer momento vai parar de bater.
Tenho que abrir mão de pequenos prazeres.
Não sou nenhum exemplo a seguir.
Sedentário por demais, não sei até quando marcharei.
Sedentário por demais, cansado por demais!
Morrer assim? Não dá.
Melhor seria em uma marcha, greve ou ocupação.
Fazendo revolução!
Assim não,
neste quarto não,
nesta cama não,
ataque cardíaco não.
Sou ainda jovem, mas tão cansado.
Sinto sob minhas costas as piores dores do mundo,
meu coração teima em querer parar de bater.
Mas vou seguir
não sei até quando,
mas vou seguir.

*Pedro Ferreira - Poeta e militante marxista

sexta-feira, 8 de março de 2013

Poesia em homenagem ao dia internacional das Mulheres


Rosas, Alexandras e Marias

*Por Pedro Ferreira

Do que seria de nós
sem as Rosas, Alexandras e Marias,
Sempre nas linhas de frente,
nas lutas do dia a dia. 

As greves não seriam as mesmas,
as marchas e nem as ocupações,
A luta perderia o encanto,
não faríamos revoluções.

Exemplo mais acabado
de ternura e dureza.
Mulher que luta
é modelo de beleza.

Marias, Alexandras e Rosas
continuam a marchar,
Com elas na linha de frente,
a classe trabalhadora triunfará.

*Pedro Ferreira é militante do Bloco de Resistência Socialista. 

(Uma singela homenagem a todas as mulheres que lutam pela transformação dessa sociedade tão desigual)

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

PSOL – Tocantins - A ousadia é existir: Construindo um instrumento de luta da classe trabalhadora Tocantinense.


*Por Pedro Ferreira

O dia 17 de fevereiro de 2013 entrará para a historia como o dia em que militantes socialistas comprometidos com a luta da classe trabalhadora pelos seus direitos usurpados historicamente. Se encontraram em Palmas, capital tocantinense para retomar a construção do Partido Socialismo e Liberdade – PSOL no Tocantins.

Militantes do movimento sindical e popular, dos direitos humanos, das causas indígenas  das mulheres, da juventude, dos sem terra e sem teto, da educação entre outros. Debateram a cerca da conjuntura nacional  e estadual bem como da necessidade da construção de um instrumento político de esquerda para fortalecer a luta dos trabalhadores e trabalhadoras tocantinense pelos seus direitos.

Após fazer  um balanço da atuação do partido no ultimo período no estado e da necessidade de ter um um partido não apenas para disputa eleitoral, mas sobretudo inserido no movimento popular com os sem terra, sem teto, desempregados, as mulheres, a juventude, os negros , LGBTs, indígenas  servidores públicos, operariado entre outros. Nesse sentido tirou –se uma nova direção que terá a missão de juntamente com toda a militância do partido no estado, reorganiza-lo até o congresso estadual.

O desafio de construir um partido de esquerda em um estado com uma forte tradição coronelista e paternalista

Não é fácil a construção de um partido assumidamente de esquerda e socialista (não apenas no discurso), comprometido unicamente com as causas populares. Sobretudo em um estado onde o coronelismo e as políticas paternalista e assistencialistas impera. Tendo a sua força política majoritariamente na concentração de terra, na cooptação de lideranças populares, criminalização e perseguição da oposição.

Nesses 24 anos de fundação do Tocantins, 12 deles tendo o siqueirismo a frente, sendo que o poder revesa nas mãos ora do siqueirismo ora dos latifundiários do PMDB. Que na prática desenvolvem a mesma política paternalista e coronelista.

Por tanto será um grande desafio organizar-se para lutar contra essa estrutura política e social enraizada no Tocantins. No entanto o PSOL desde sua fundação no estado, nunca teve em uma situação tão favorável de consolidar-se e fortalecer-se como alternativa real para potencializar e fortalecer as lutas da classe trabalhadora tocantinense.

Bernadete Aparecida Ferreira Feminista, educadora popular, e militante dos movimentos populares é a nova presidente do PSOL – TO

Pioneira do movimento feminista no Tocantins e a 15 anos a frente da Casa 8 de Março, instituição que atua na luta pelos direitos das mulheres, além de uma intensa militância no movimento popular a nível nacional.

Bernadete Aparecida Ferreira que também é fundadora do PSOL no Tocantins, assumiu a tarefa de conduzir o partido no estado neste próximo período, com o compromisso de implementar as decisões frutos do debate e deliberações coletivas, bem como de buscar atrair para as fileiras do partido mais militantes e ativistas das causas populares no estado.

PSOL Tocantins – A ousadia é existir!

Com ousadia e determinação o PSOL existe no Tocantins, no entanto não basta apenas existir, pois como bem coloca Manoel Thiago no seu romance ‘Até Amanhã, Camaradas’. “ O partido não é um fim em si, se as organizações existem e desconhecem os problemas vivos dos trabalhadores, se estão afastadas das massas, se não as esclarecem e orientam, se não sabem encontrar as formas de  organizar e conduzir á luta, para que serve de fato.”

Por tanto eis ai a tarefa fundamental do PSOL no Tocantins, se organizar de forma a se tornar uma alternativa real para a classe trabalhadora tocantinense tão escravizada, explorada e manipulada. Sendo assim, que o sol de novos tempos possam brilhar no nosso querido Tocantins.

Nova direção do PSOL – Tocantins


Presidente: Bernadete Aparecida Ferreira
Vice presidente: Lucia Viana
Secretario Geral: Luzimar Lopes
Tesoureiro: Yuri Viana
Secretario de Comunicação: Celso Marques
Secretario de Formação: Antonio Chadud
Secretario de Movimentos Sociais: Oebem Barbosa

“Se o presente é de luta, o futuro nos pertence.” Che Guevara

*Pedro Ferreira  é tocantinense de Miracema, marxista revolucionário e militante do Partido Socialismo e Liberdade.


quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Lembranças de Miracema

Oh Miracema, ando por tuas ruas a procurar
 Lembranças da minha infância.
Lá está o estádio Castanheirão onde íamos ver o TEC e o MEC duelar aos domingos.
A baixa preta e o futebol de rua.
Os pomares de manga.
A velha draga onde íamos banhar, pescar e caçar preá.
As quintas onde íamos pegar esterco de vaca para por nos canteiros.
Lavar roupa na fonte para tirar o pão de cada dia,
Ir para chácara de meus avós passando pelo córrego lava cara,
Morrendo de medo das historias de fantasmas.
Muitas ruas continuam como antes,
A praça Deroci Morais, o ponto de apoio.
O velho hospital geral hoje desativado.
A barraquinha vendendo banana, macaúba, milho assado.
A travessia da balsa ligando Miracema a Tocantinia,
Com a construção da ponte esta quase abandonada.
E o mercado central, o que fizeram?
Em nome da modernidade transformaram em um shopping.
Ah não combina contigo.
Melhor seria o cheiro da comida caseira vindo de tuas conzinhas,
Aquele chambarizinho que só no norte se sabe fazer.
O fumo de corda, farinha de puba.
E tantas gostosuras que o campesinato da região produz.
Miracema, oh Miracema, Cidade que eu nasci,
Cidade da minha infância que me trás boas lembranças.

Morro do Segredo - Lajeado -TO


Video da subida do Morro do Segredo que fica no municipio de Lajeado no Estado do Tocantins. Segundo os moradores o nome é devido as luzes misteriosas que são vista a noite no alto do morro que tem o formato de um vulcão. 

Do alto do morro é possivel ver uma paisagem belissima do Rio Tocantins, da Cidade de Lajeado e das cordilheiras de serras que cercam o local. O canto dos passaros na mata ao redor do morro é maravilhoso também. A subida não é tão facil pois não há estrutura de trilhas, mas ao chegar em cima a visão compensa o sacrificio.