O estranhamento não foi só meu. Numa conversa com um colega ele disse que também não tinha entendido. Mas já tínhamos nos articulado e conseguido aderir a paralização. Ou seja, independente de como seria estaríamos no ato. E Inclusive comentei com ele que o fato de conseguirmos nos articular para que não houvesse aula no dia já era de um grande simbolismo.
Talvez tenha sido daí que veio uma certa decepção nossa com o movimento. Os professores da nossa escola aderiram praticamente de forma unânime a paralisação. Garantindo a direção da escola que não haverá prejuízo a comunidade escolar quanto aos dias letivos determinados em lei. O problema é que temos a visão só da nossa escola. Já os camaradas que estão na direção do Sindicato conseguem ter um olhar abrangente. E a partir desse olhar fizeram uma leitura de que era o que podia ser feito no contexto atual.
O ato em si, dialogando com uma colega, foi voltado mais para dentro. – a ideia aqui é apresentar o sindicato. Foi a leitura dela com a qual concordei. Os discursos no microfone giraram em torno do óbvio. Ou seja, de falar o que todos sabem. Mas não condenamos a estratégia dos camaradas da direção do Sindicato. Pois eles tem razão de que é preciso fortalecer a base – fazendo trabalho de base – para que o sindicato tenha condições de fazer um enfrentamento maior.
Não é uma tarefa fácil no contexto de polarização política que vivemos. Marcado pela persistência de uma narrativa de criminalização do movimento sindical e uma crença na utopia liberal.
Não tenhamos ilusão camaradas. Nenhuma conquista do povo trabalhador cai do céu. É necessário muita luta para que nossos direitos sejam garantidos. E essa luta é coletiva. E sendo uma luta coletiva precisamos de um instrumento que articula e organiza a categoria. E esse instrumento é o sindicato. No nosso caso, o SINTET. Por tanto precisamos fortalecer esse instrumento fazendo parte dele.
E fazer parte é inclusive lutar por mudanças na sua direção e linha política. Sobretudo no que se refere a direção estadual e algumas regionais. Por outro lado é preciso reconhecer o trabalho da regional de Palmas com um grupo bem combativo.
Um exemplo da linha combativa dessa regional é as conquistas para os profissionais da rede Municipal da educação de Palmas. Todo mundo fala da diferença salarial entre Estado e Município na Capital, mas esquecem de falar que essa conquista é fruto da luta coletiva dos trabalhadores da educação da rede municipal organizados e liderados pelo SINTET.
Enfim, de todo modo o ato aconteceu. Se não foi o que esperávamos, pelo menos foi um momento prazeroso de reencontrar velhos camaradas e enxergar possibilidades. Digo isso sobretudo pelo discurso de dois professores recém-empossados no concurso da rede estadual da educação – uma paraense e um pernambucano – que ressaltaram a necessidade da luta coletiva. E para melhorar, o diário oficial daquele dia trouxe o anúncio da banca do concurso da educação da rede municipal de Palmas e os respectivos números de vagas que serão ofertados.
Pedro Ferreira Nunes – Especialista em Filosofia e Direitos Humanos. Atua como Professor da Educação Básica na Rede Estadual de Ensino do Tocantins.
Apesar de... valeu a pena.
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