A situação que me motivou a escrever essas linhas ocorreu esses dias quando estava fazendo um planejamento e não pude deixar de ouvir a conversa entre minha vizinha de kit net com sua mãe a respeito do seu namorido. Ela estava acabando com o pobre diabo. E a forma que ela dizia trata-lo me pareceu um relacionamento abusivo por parte dela. – não aceito que fume e que beba na minha casa. E ela fez uma ênfase bem grande na frase “minha casa”. Não aceito isso. Não aceito aquilo. Não quero isso, não quero aquilo.
Não pude deixar de pensar comigo. Oh mulherzinha. Já mais me relacionaria com um tipo desses. Pois se tem uma coisa que não aceito de forma alguma é alguém que acha que pode dizer o que tenho que fazer – onde e quando. Nem mesmo meus pais, sobretudo minha mãe – que foi com quem mais convivi, descobriram ainda na minha adolescência que eu era uma espécie de um espírito livre. Ou seja, que teriam que respeitar as minhas escolhas, ainda que essas nem sempre fossem as melhores.
Enquanto a conversa continuava me deu vontade de fumar um palheiro. E assim fiz. Eles provavelmente perceberam. Lembrei da cerveja na geladeira. Só não abri uma naquele momento por que estava tomando tereré. Mas ela provavelmente sabia que eu bebia umas, por que toda noite pelos menos umas três vão pro saco.
Outra aspecto que observei na criatura é que ela acredita em misticismo. Pensei comigo, tão jovem e tão alienada. Só falta ser bolsonarista. Coisa que não é muito raro por essas bandas da capital.
– Mãe, ele anda carregado. Mas também os lugares que ele frequenta. As amizades. Vive dizendo que não tem dinheiro. Mas chama ele para ir pro buteco beber para ver se ele não dá um jeito.
Lembrei de uma canção da banda Saco de Ratos: “Ela me propôs não ter amigo chato. Isso é quase impossível, vai pra casa do caralho...”. Oh meu caro, aguentar uma mulher daqueles tem que ser alcoolizado mesmo.
Assumidamente barraqueira, o tom de voz dela não me agradou nem um pouco. Se numa conversa aparentemente normal ela falava quase gritando. Imagina numa discussão. Se tem uma coisa que me incomoda por demais num relacionamento é a incapacidade das pessoas em conversar, como diz Rubens Alves, mansamente.
Não acredito num relacionamento em que um tenha que fazer a vontade do outro. Isso vale tanto para o homem quanto para mulher. Compreendo que as vezes precisamos ceder. Mas quando isso é apenas de uma parte vira escravidão. Outro fator importante é o diálogo. Ora se a pessoa com quem você está, está agindo de uma forma que lhe incomoda só há duas possibilidades, pelo menos na minha visão. Conversar para tentar resolver ou terminar. Pois afinal de contas ninguém precisa ficar se torturando num relacionamento abusivo.
O que vai resolver você ficar falando para terceiros um problema que é seu com o seu parceiro?
A minha vizinha aparentemente não tem mais que 20 anos. Espero que a vida lhe ensine. Quem sabe o que ela não passou na infância para ter se tornado aquele tipo de pessoa. Não julgo. Mas quero distante de mim. Por enquanto estou muito bem sozinho.
Pedro Ferreira Nunes – É apenas um rapaz latino americano, que gosta de ler, escrever, correr e ouvir Rock in roll.
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