Já nos aproximamos a
passos largos do mês de abril e até o momento os alunos do programa ‘Brasil
Alfabetizado’ não tiveram uma aula si quer no ano. Também não foram comunicados
se ainda terão ou si o programa foi suspenso no município. E si foi suspenso qual
o motivo? Não, nenhum comunicado, nenhuma satisfação os alunos receberam até o
momento.
Isso mostra muito bem
como as autoridades locais responsáveis pela execução do projeto trata a
alfabetização de jovens e adultos no município. Não há uma politica seria tanto
a nível municipal como estadual de combate ao analfabetismo que atinge mais de
trinta mil tocantinenses. Os programas existentes como o ‘Brasil Alfabetizado’
do governo federal si quer é operacionalizado com o mínimo de responsabilidade
pelas autoridades locais.
Quando as turmas do
programa foram montadas na cidade, ainda no ano de 2014, um numero grande de
alunos se matriculou. O que mostra a existência de um grande índice de
analfabetos e analfabetos funcionais no município. Que não se alfabetizam pela
falta de politicas públicas de educação que atenda esse público.
No entanto o entusiasmo
com os estudos durou pouco, sobretudo quando os alunos começaram a sentir na
pele a falta de organização e o descaso total das autoridades locais com as
turmas do ‘Brasil Alfabetizado’ no município. A começar pela falta de
estrutura, algumas vezes os alunos não tiveram aula por que encontravam a
escola trancada. E quando encontravam a escola aberta eram jogados em um canto
qualquer, mesmo com varias salas vazias. A merenda era feita pela própria
professora e inclusive houve episodio onde foi oferecido alimento estragado para
os mesmos, que recusaram prontamente.
No campo pedagógico a
situação não era melhor. Professores despreparados que não tinham nenhuma
condição de dá aulas para o público de EJA. Que tem toda uma especificidade
para seu aprendizado e que, portanto carecem do acompanhamento de profissionais
preparados para atuar nessa realidade e não reprodutores de conteúdos tirado de
cartilhas que nada tem haver com a realidade vivida por estes educandos. Aliás,
eis ai o problema do material pedagógico do programa, conteúdos programáticos
que não dialogam com a necessidade e especificidade dos alunos de EJA de
Lajeado.
Diante de tudo isso não
é de se admirar que os alunos do programa ‘Brasil Alfabetizado’ desistissem de
frequentar as aulas. Sabemos que no Brasil como um todo o publico de EJA, em
especial de alfabetização, tem um índice de alta evasão escolar, muitos
começam, mas poucos terminam. No entanto não se pode esperar outra atitude
diante de um quadro de tão completa desorganização e descaso. Mesmo assim
alguns continuaram frequentando as aulas, poucos é verdade, mas continuaram. E
são a estes e também aos outros que desistiram que as autoridades locais responsáveis
por executar o programa ‘Brasil Alfabetizado’ deve uma explicação. Terá ou não
mais aulas? O programa foi suspenso e por quê? Para que serviram os trabalhos
que os alunos realizaram e o tempo que eles dedicaram aos estudos? Uma satisfação pelo menos, os alunos do programa ‘Brasil
Alfabetizado’ merece no mínimo uma explicação, uma satisfaçãozinha si quer.
Por fim esperamos que o
programa ‘Brasil Alfabetizado’ seja retomado no município, pois a necessidade
do combate ao analfabetismo é fundamental em Lajeado e em todo o Tocantins.
Porém é necessário que os erros cometidos apontados anteriormente sejam
corrigidos – que as turmas tenham um mínimo de infraestrutura para o seu
funcionamento, que os profissionais sejam qualificados e preparados para educação
de jovens e adultos na perspectiva metodológica freriana. Com matérias
pedagógicos específicos e voltados para realidade local. No entanto se for para
continuar com o descaso e falta de organização anterior é melhor que seja
encerrado mesmo, pois como estava em vez de motivar, apenas afasta os alunos da
sala de aula. E si a escolha for essa os estudantes que fizeram parte do
projeto devem ser no mínimo comunicados.
Pedro
Ferreira Nunes – É Educador Popular e militante do Coletivo José Porfírio.
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