segunda-feira, 23 de março de 2015

Aulas do programa ‘Brasil Alfabetizado’ são suspensas em Lajeado e alunos si quer foram comunicados

Por Pedro Ferreira Nunes

Já nos aproximamos a passos largos do mês de abril e até o momento os alunos do programa ‘Brasil Alfabetizado’ não tiveram uma aula si quer no ano. Também não foram comunicados se ainda terão ou si o programa foi suspenso no município. E si foi suspenso qual o motivo? Não, nenhum comunicado, nenhuma satisfação os alunos receberam até o momento.

Isso mostra muito bem como as autoridades locais responsáveis pela execução do projeto trata a alfabetização de jovens e adultos no município. Não há uma politica seria tanto a nível municipal como estadual de combate ao analfabetismo que atinge mais de trinta mil tocantinenses. Os programas existentes como o ‘Brasil Alfabetizado’ do governo federal si quer é operacionalizado com o mínimo de responsabilidade pelas autoridades locais.

Quando as turmas do programa foram montadas na cidade, ainda no ano de 2014, um numero grande de alunos se matriculou. O que mostra a existência de um grande índice de analfabetos e analfabetos funcionais no município. Que não se alfabetizam pela falta de politicas públicas de educação que atenda esse público.

No entanto o entusiasmo com os estudos durou pouco, sobretudo quando os alunos começaram a sentir na pele a falta de organização e o descaso total das autoridades locais com as turmas do ‘Brasil Alfabetizado’ no município. A começar pela falta de estrutura, algumas vezes os alunos não tiveram aula por que encontravam a escola trancada. E quando encontravam a escola aberta eram jogados em um canto qualquer, mesmo com varias salas vazias. A merenda era feita pela própria professora e inclusive houve episodio onde foi oferecido alimento estragado para os mesmos, que recusaram prontamente.

No campo pedagógico a situação não era melhor. Professores despreparados que não tinham nenhuma condição de dá aulas para o público de EJA. Que tem toda uma especificidade para seu aprendizado e que, portanto carecem do acompanhamento de profissionais preparados para atuar nessa realidade e não reprodutores de conteúdos tirado de cartilhas que nada tem haver com a realidade vivida por estes educandos. Aliás, eis ai o problema do material pedagógico do programa, conteúdos programáticos que não dialogam com a necessidade e especificidade dos alunos de EJA de Lajeado.

Diante de tudo isso não é de se admirar que os alunos do programa ‘Brasil Alfabetizado’ desistissem de frequentar as aulas. Sabemos que no Brasil como um todo o publico de EJA, em especial de alfabetização, tem um índice de alta evasão escolar, muitos começam, mas poucos terminam. No entanto não se pode esperar outra atitude diante de um quadro de tão completa desorganização e descaso. Mesmo assim alguns continuaram frequentando as aulas, poucos é verdade, mas continuaram. E são a estes e também aos outros que desistiram que as autoridades locais responsáveis por executar o programa ‘Brasil Alfabetizado’ deve uma explicação. Terá ou não mais aulas? O programa foi suspenso e por quê? Para que serviram os trabalhos que os alunos realizaram e o tempo que eles dedicaram aos estudos? Uma satisfação pelo menos, os alunos do programa ‘Brasil Alfabetizado’ merece no mínimo uma explicação, uma satisfaçãozinha si quer.

Por fim esperamos que o programa ‘Brasil Alfabetizado’ seja retomado no município, pois a necessidade do combate ao analfabetismo é fundamental em Lajeado e em todo o Tocantins. Porém é necessário que os erros cometidos apontados anteriormente sejam corrigidos – que as turmas tenham um mínimo de infraestrutura para o seu funcionamento, que os profissionais sejam qualificados e preparados para educação de jovens e adultos na perspectiva metodológica freriana. Com matérias pedagógicos específicos e voltados para realidade local. No entanto se for para continuar com o descaso e falta de organização anterior é melhor que seja encerrado mesmo, pois como estava em vez de motivar, apenas afasta os alunos da sala de aula. E si a escolha for essa os estudantes que fizeram parte do projeto devem ser no mínimo comunicados.


Pedro Ferreira Nunes – É Educador Popular e militante do Coletivo José Porfírio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário