quarta-feira, 11 de março de 2015

O pensamento de Ernesto Che Guevara a cerca da organização e do que deve caracterizar a juventude trabalhadora

Por Pedro Ferreira Nunes

    A imagem do comandante Ernesto Che Guevara continua sendo um dos símbolos preferido da juventude que se levanta na luta anticapitalista e pela emancipação da classe trabalhadora. Mas, mais do que sua imagem, seu exemplo. Seu pensamento nos dá uma importante contribuição para organização da juventude, sobretudo no sentido do que deve caracterizar um jovem revolucionário.

No entanto o discurso apolítico e o apartidarismo tem encontrado terreno fértil nessa conjuntura. Sobretudo devido à degeneração das organizações populares tradicionais, que estão burocratizadas e em vez de potencializar acaba castrando o sonho dos jovens. Que não tem espaço ou não se veem representadas em tais organizações.

No entanto o discurso apolíticoe apartidário, mais dispersa do que organiza os jovens. A quem serve o apartidarismo? Che Guevara nos dá um norte:

Para Che Guevara não basta apenas pensar como revolucionário tem que agir como um revolucionário. Aquele que diz ser apenas um estudante, um arquiteto, um médico, um engenheiro, um cientista de qualquer classe que trabalha com seus instrumentos apenas num ramo especifico enquanto o povo morre de fome ou na luta do movimento popular por sua libertação. Está a tomar partido pelo outro lado. Não é apolítico, ao contrário, esta a tomar partido contra o povo.

Em uma conjuntura de intensificação da luta de classes, de espoliação do povo trabalhador, de criminalização da luta do movimento popular. As ideias e o exemplo do Ernesto Che Guevara esta mais vivo do que nunca. Que este exemplo, mas, sobretudo o seu pensamento possa inspirar milhões de jovens que estão se organizando e resistindo aos ataques de patrões e governos.

Eis alguns pontos fundamentais do pensamento do Comandante Ernesto Che Guevara a cerca do que deve caracterizar um jovem revolucionário, comprometido com a luta anticapitalista e pela emancipação da classe trabalhadora da cidade e do campo;

1-     Sem organização, as ideias, depois de um momento de impulso, vão perdendo eficácia, vão caindo na rotina, vão caindo no conformismo e acabam simplesmente sendo uma recordação;

2-    Ao mesmo tempo em que esteja preparado para as ações coletivas é preciso atuar sempre como indivíduos preocupados com seus próprios atos. Que seus atos não manchem seus nomes e da organização a que pertence;

3-     Ter uma grande sensibilidade frente às injustiças; Espirito inconformado cada vez que algo está errado - seja feito por quem quer que seja. Perguntar o que não está entendido. Discutir e questionar o que não está claro. Declarar guerra ao formalismo, a todo tipo de formalismo;

4-     Buscar ser o primeiro em tudo. Lutar para ser o primeiro. E sentir se mal quando ocupa outro lugar. Dai lutar para melhorar. É claro que nem todos podem ser o primeiro, porém ao menos para esta entre os primeiros, o grupo de vanguarda;

5-     Ser um exemplo vivo, um espelho onde os outros companheiros se miram como modelo. Sobretudo homens e mulheres de idade mais avançada que perderam certo entusiasmo juvenil, que tenham perdido a fé na vida, mas que diante do estimulo do exemplo reagem sempre bem;

6-     Ter um grande espirito de sacrifício, não apenas durante as jornadas heroicas, mas sim em todos os momentos. Sacrificar-se para ajudar o companheiro em pequenas tarefas. Para que possam cumprir o seu trabalho, para que possam cumprir seu dever no colégio, no estudo, para que possa melhorar de qualquer maneira. Está sempre atenta a massa humana que o rodeia.

7-     Ser tão humano que se cerca do melhor do humano. Purificar o melhor do humano através do trabalho, do estudo, do exercício da solidariedade continua com o povo e com todos os povos do mundo, sentir-se angustiado quando um homem é assassinado em qualquer parte do mundo, como também sentir-se entusiasmado quando em qualquer parte do mundo surgir uma nova bandeira pela liberdade do povo;

8-     Não está limitado a fronteiras. Praticar o internacionalismo proletário, sentir como se fosse parte de si.

9-     Trabalhar todos os dias, trabalhar no sentido interno de aperfeiçoamento, do aumento do conhecimento, do aumento da compreensão do mundo que nos rodeia. Inquirir, averiguar e conhecer o porquê das coisas. Mirando sempre os grandes problemas da humanidade como se fosse nossos próprios problemas;

10- Manter contato permanente com o povo, sobretudo nos momentos de fraqueza. Pois o contato com os ideais e pureza do povo conseguirá forjar em nós novo fervor revolucionário;

Uma das grandes preocupações do comandante Che Guevara era com a necessidade de formação da juventude, pois segundo ele, a juventude era o motor propulsor do movimento revolucionário. Nesse sentido uma das tarefas fundamentais das organizações juvenis era superar o caráter mecanicista, isto é, não se tornar simplesmente uma correia de transmissão das organizações tradicionais. Infelizmente quando olhamos para conjuntura atual essa tarefa continua sendo fundamental – a maioria das organizações juvenis, sobretudo as ligadas aos partidos políticos, repetem os mesmos erros organizativos destes e muitas vezes acabam desempenhando apenas um papel de correia de transmissão, de carregar piano, não tendo nenhuma autonomia.

Não é de se espantar do por que essas organizações encontrarem-se esvaziadas e a cada dia um numero maior de jovens assume o discurso apartidário, rechaçando com veemência a política partidária. Como reflexo disso, vemos um numero crescente de votos nulos e de abstenções nas eleições.

No entanto não vemos o discurso apolítico e apartidário como saída. Em vez de lavar as mãos, temos que dar a batalha pela reconstrução dessas organizações – conservando o que há de bom e extirpando o que há de ruim. Nesse sentido a principal tarefa deve ser de desfazer-se das velhas direções que na sua maioria encontram-se estagnadas e burocratizadas.

Porém é preciso ressaltar que o fato da juventude não se entusiasmar com a politica partidária, não significa que a juventude esteja acomodada, ao contrario, o descontentamento dos jovens com o sistema político, econômico e social é evidente. 

Como vimos na primavera árabe, no movimento ocupe nos EUA, nas mobilizações na Europa, nas jornadas de junho de 2013 no Brasil e outras tantas mobilizações que vem acontecendo de norte a sul do país. Provando o que o comandante Che Guevara falara – a juventude é o motor propulsor do movimento revolucionário. Mas para que desempenhe este papel é fundamental que se organize, se forme e lute.

E se nos disserem que somos uns românticos, que somos uns idealistas inveterados, que estamos pensando em coisas impossíveis, e que não se pode atingir da massa de um povo que parece ser quase um arquétipo humano, nós temos que contestar uma e mil vezes que sim, que sim se pode... Tem que ser assim, deve ser assim e assim é que será companheiros.
 
Ernesto Che Guevara


*Pedro Ferreira Nunes é Educador Popular e militante do Coletivo José Porfírio

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