segunda-feira, 16 de março de 2015

Cronica: Salve o tricolor paulista!


Por Pedro Ferreira Nunes

Geralmente nós acabamos herdando dos nossos pais a paixão por um time de futebol. Às vezes somos influenciados pelos irmãos mais velhos, por amigos, ou por nossa própria escolha, sobretudo quando temos um bom envolvimento com o esporte. Comigo foi diferente, a maneira que comecei a torcer para o São Paulo Futebol Clube foi um tanto peculiar.

Um amigo de infância chamado Fabio deu-me um chaveirinho da camisa do tricolor de presente e me disse que eu deveria torcer por aquele time. Como até então não tinha nenhum envolvimento com o esporte, não era ligado ao mundo do futebol, não conhecia os times brasileiros, aceitei a sugestão do amigo.

Não me recordo em que ano foi precisamente, mas me lembro que era pelos idos de 1993 ou 1994. Eu tinha de 8 para 9 anos. Meus pais não gostavam de futebol, não torciam por times, já meus irmãos tinham os seus – dois eram corintianos, um flamenguista e outro palmeirense. No entanto nenhum deles quis me converter para queeu torcesse pelo time deles.

Assim sempre que me perguntavam para que time eu torcia dizia que era para o São Paulo. Mesmo sem ter consciência de quem era o tricolor paulista. Com a copa de 1994 e o tetracampeonato do Brasil e toda comoção que essa vitória causou na população é que me fez começar a me interessar mais entusiasticamente pelo futebol.

Nesse período meus irmãos e outros amigos tentaram me convencer a torcer por outros times, no entanto já era tarde cada vez mais que eu ia conhecendo o esporte, o mundo do futebol. Eu ia me apaixonando mais ainda pelo São Paulo.

Passei a acompanhar o time, sua historia, seus ídolos, jogadores e jogos. Tornei-me de fato um são-paulino, considerado por muitos um fanático. Tal o estado de espirito e emoção que ficava durante, mas, sobretudo após os jogos. Houve um tempo que se o São Paulo perdesse uma partida eu não conseguia dormir durante a noite – ficava imaginando se o nosso goleiro tivesse feito aquela defesa, se tivéssemos feito aquele gol que perdemos na cara e por ai vai. Felizmente hoje em dia já não sofro tanto assim.

No entanto quando minha mãe me ver um pouco cabisbaixo, triste, sem querer muita conversa com ninguém a primeira coisa que ela pergunta é – o São Paulo jogou ontem? Perdeu? Dependendo da resposta ela me diz – Meu filho por que você não deixa esse time de mão, essa merda não presta ou então mais meu filho tu só quer que o São Paulo ganha, os outros tem que ganhar também.

Mas por mais conselho que ela me dê eu não deixo de ficar com um humor intragável, sobretudo quando o time joga ruim. Juro para mim mesmo que não irei mais assistir os jogos, que não vou mais me envolver tanto torcendo pelo time. No entanto não tem jeito, na próxima partida estou eu lá na frente da tv torcendo pelo tricolor paulista.

E foi por pena de mim, dá minha tristeza quando o São Paulo perde que minha mãe tornou-se são-paulina também, assim como a minha querida irmã Vera e a minha sobrinha Bia. Mas com o tempo a minha irmã Vera, sobretudo tornou-se são-paulina não por mim, mas por amor ao time. Ultimamente até um amigo que se diz Vascaino, quando o São Paulo esta jogando torce para que o tricolor ganhe e se o tricolor perde ele tenta me tranquilizar. Pois também não gosta de me ver para baixo.

Durante os jogos então. Eu que sou conhecido como um cara extremamente calmo, quase um monge. Incapaz de gritar com qualquer um. Não imagina o quanto eu me transformo durante os jogos. Grito, xingo, pulo, fico andando de um lado para outro, não paro um minuto. Meu coração acelera, parece até a bateria de uma banda de punk, rock, hardcore. Fico a beira de um ataque cardíaco.

Minha mãe nunca se esquece de quando eu quebrei o braço de um sofá com um murro que eu dei de raiva durante um jogo da libertadores em 2004, de uma pesada na porta durante a final de um campeonato paulista. Tanto que para evitar que eu quebre alguma coisa eu costumo assistir os jogos sem nada na mão. Mesmo assim hora e outra eu chuto alguma coisa.

No entanto toda essa violência nunca foi dirigida contra qualquer pessoa. Nunca discuti ou briguei com ninguém por que torce por outro time ou por que criticou o time pelo qual eu torço. Infelizmente no meio do futebol nem todos agem assim, muitos veem os torcedores de outros times como se fossem inimigos que precisam ser exterminados, dai a crescente violência que assola os estádios brasileiros. Eu não ajo assim, pois o que me deixa com raiva não é o outro time e a sua torcida, mas sim o meu próprio time que não teve competência de ganhar. Mas a raiva maior é de mim mesmo por não me controlar e me envolver emocionalmente tanto assim com um time de futebol. Logo eu que tenho um controle emocional razoável em varias questões como, por exemplo, política ou casos amorosos.

Passaram se tantos anos e mesmo que eu tente não me envolver tanto com o São Paulo Futebol Clube não tem jeito. O tricolor paulista é uma grande paixão para mim e será enquanto eu viver. O amigo que me dera aquele singelo presente na infância não sabe o quanto aquilo marcaria a minha vida eternamente.

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