Há alguns dias atrás havíamos escrito sobre “o triste
retrato de um partido de esquerda no Tocantins”, onde relatávamos a situação do
PSOL-Tocantins, sobretudo a cerca de que o partido das ruas e das lutas a nível
nacional, no cenário regional havia se transformado num partido das urnas. Para
nós tal fato se dava pelo caráter oportunista da direção regional do partido.
Naquele período a legenda havia lançado a pré-candidatura de Cassius Assunção –
presidente regional do partido – para disputar á prefeitura de Palmas. O que
não víamos com muito entusiasmo pelo fato de não ter há visto uma discussão a
partir da base para discutir um nome adequado da legenda para essa tarefa.
No entanto em vez de corrigir os erros e tentar
direcionar o partido a nível regional para linha politica que o partido tem
tido a nível nacional. A decisão tomada de aliar-se ao PT só afirmou mais ainda
o caráter oportunista da atual direção do partido a nível regional. Tal posição
vai na contramão da linha politica acertada que o PSOL tem tomado a nível
nacional – linha de se colocar como alternativa de esquerda ao projeto falido
do PT. Fato que, aliás, tem colocado o partido numa situação privilegiada nas
disputas eleitorais em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre,
Natal, Fortaleza entre outros. Um fato a se destacar nestas localidades é a
busca pela construção de uma frente de esquerda, claro sem o PT e o PC do B, já
que estes partidos já não representam mais os anseios daqueles que acreditam
que a saída é pela esquerda.
No Tocantins o partido ignora tudo isso, ignora,
aliás, que por aqui o PT nunca fora de fato de esquerda. Que até pouco tempo
atrás compunha a base de apoio do prefeito Carlos Amastha, ocupando inclusive
secretarias, que também faz parte do governo Marcelo Miranda, sendo que o líder
deste governo é deputado do PT e também ocupa cargos na gestão estadual. Que
José Roberto, deputado estadual e candidato do PT a disputa pela prefeitura de
Palmas fez parte da base de apoio de Siqueira Campos, mesmo sendo do PT.
Em vez de construir com o PCB, PSTU e movimentos
sociais uma candidatura alternativa, o PSOL-TO preferiu aliar-se ao PT,
inclusive abrindo mão da cabeça de chapa para indicar o vice. Se tal fato
ocorresse para apoiar a candidatura do PCB ou PSTU, tudo bem. Mas ignorar
completamente a perspectiva de construção de uma frente de esquerda para apoiar
o PT é inaceitável. Sobretudo por que do ponto de vista da tática eleitoral não
haverá nenhum ganho para o partido, e do ponto de vista estratégico para
construção do partido a nível municipal e estadual também não há nenhum ganho,
pelo contrario só ônus em aliar-se a um partido tão desgastado como o Partido
dos Trabalhadores. Mas que, sobretudo há muito tempo não representa mais um
instrumento de defesa das bandeiras históricas da classe trabalhadora
tocantinense e brasileira.
Diante disso esperamos que a direção nacional do PSOL
barre essa politica de aliança equivocada da direção regional da legenda.
Politica que alias como ressaltamos anteriormente vai na contramão da linha
politica acertada do partido a nível nacional. E que não tem nenhuma razão por
que ser diferente, pois a única justificativa para se defender tal aliança é de
caráter oportunista e não para o fortalecimento da esquerda como declarou o
presidente da legenda no município de Palmas.
Pedro
Ferreira Nunes – é educador popular e militante do Coletivo José Porfírio.
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