Após dois anos sem ser realizado (durante o governo
Siqueira/Sandoval) o salão do livro foi retomado em 2015 com todo alarde pelo
governo Marcelo Miranda (PMDB)– juntamente com a recriação da secretaria de
cultura. Tais medidas segundo o atual governo mostrava sua forma diferente de
governar da gestão anterior bem como o anuncio de um novo tempo que começava no
Tocantins sobre a sua administração. No entanto o governo Marcelo Miranda segue
a mesma trilha da gestão anterior – Extinguiu a secretaria de cultura em menos
de 1 ano de sua recriação e a 10º edição do Salão do livro prometida para maio
de 2016 não saiu do papel.
Será que o salão do livro irá ser engavetado mais
uma vez pelo governo do Tocantins? Não há nenhuma duvida quanto a isso. Já
estamos no segundo semestre de 2016 e até o momento nenhuma iniciativa do
governo aponta para a realização da 10º edição do salão do livro ainda este
ano. Ainda mais com as eleições municipais que tomaram conta da agenda nesse
próximo período. E por que o salão do livro será mais uma vez engavetado? Até o
momento não há nenhum comunicado oficial por parte do governo falando se irá ou
não realiza-lo este ano. E se não irá realiza-lo o porquê. No entanto sabemos
muito bem que tal comunicado não sairá, pois não há nenhuma justificativa para
não realização da 10º edição do salão do livro do
Tocantins. Eles podem até tentar utilizando-se dos argumentos do governo
anterior, dizendo que é devido à crise financeira pela qual o Estado passa – no
entanto tal justificativa não se sustenta minimamente.
Crise
financeira?
Ora, levantamento dos Servidores Públicos do Estado
do Tocantins mostra que a arrecadação própria do Estado cresceu R$ 26,8
milhões, sendo isso resultado da quinta elevação seguida no ano. Já em relação
aos tributos federais repassados para o Tocantins também houve um aumento
significativo – foi de 26,6 milhões em relação ao ano passado. Logo percebemos
que a crise financeira tão usada para justificar a má gestão do governo Marcelo
Miranda não passa de uma farsa para ludibriar a população.
Além dessa questão é preciso ressaltar que a própria
realização do salão do livro se autofinancia. Por exemplo, na 9º edição
realizada em 2015. O governo investiu 4,7 milhões para sua realização e segundo
o balanço da secretaria de educação foram movimentados no evento 7,5 milhões em
vendas de livros e artigos. Sem contabilizar o aumento do turismo na capital
para participação no evento que por sua vez movimentou os serviços de
transporte, alimentação e hospedagem. Além é claro do principal ganho que não
se contabiliza em números que é o conhecimento e o fortalecimento da educação e
da cultura literária tocantinense e outras artes em geral. Diante disso fica
claro que a não realização do salão do livro se dá por uma questão politica –
por que não é prioridade para o atual governo (tal como o anterior) a
valorização da cultura – a não ser quando esta pode ser usada para se alcançar
êxitos eleitorais. E é justamente nessa perspectiva que o atual governo tem se
utilizado dela.
A
importância do salão do livro
Á ultima edição do salão do livro realizada em 2015
mostrou o potencial literário que o Tocantins tem. A realização do evento propiciou o lançamento
de 120 livros, além de diversas apresentações artísticas desde o campo do
teatro, da musica, da dança entre outros. E com isso recebeu um público de 350
mil pessoas. Tal fato mostra o que já defendemos anteriormente, que no
Tocantins não falta produção artística, mas sim espaços e condições para que os
artistas de diversas áreas possam divulgar e apresentar seus trabalhos. Mostra
também que não falta interesse por parte da população pela arte feita no
Estado. O que falta é oportunidade para que as pessoas possam ter acesso a estes
trabalhos artísticos.
Desafios
para os escritores tocantinenses na construção da literatura regional
Por outro lado a ultima edição do salão do livro
mostrou o quanto a literatura tocantinense ainda é dependente do poder público.
Logo, portanto é a área mais prejudicada com a não realização desse evento. O
que mostra também as dificuldades para construção de uma literatura de fato
tocantinense. Pois se os escritores não lançam seus livros não conseguiram
leitores, se não conseguirem leitores não há como formar novos escritores. E
sem novos escritores e leitores a literatura tende a ficar estagnada ou morrer.
Por tanto é chegada a hora dos escritores tocantinenses construírem uma
alternativa para além das migalhas que o atual governo lhes dá através de editais.
É preciso também construir eventos para além dos oficiais. E nesse sentido por
que não a construção de um salão do livro alternativo? Fica ai o desafio para
aqueles que estão cansados de serem enganados pelos governos de plantão e que
realmente tem compromisso com a construção de uma cultura literária no
Tocantins.
Pedro
Ferreira Nunes – é poeta e escritor popular tocantinense.
*Fonte: Com dados da SEDUC-TO e informações do Conexão
Tocantins e Jornal do Tocantins.
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