quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Nota de Solidariedade pelo assassinato de mais um camponês pobre por jagunços no Tocantins e em repúdio a violência no campo


Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais conseguiram deter a primavera inteira”.
Ernesto ‘Che’ Guevara

Foi com extremo pesar que nós do Coletivo José Porfírio – recebemos a noticia do assassinato de mais um camponês pobre por jagunços no Tocantins. Tal assassinato reflete muito bem o caráter violento da burguesia agrária tocantinense. Violência que tem aumentado no último período graças à omissão por parte do Estado e da impunidade por parte da justiça.
A Comissão Pastoral da Terra aponta que desde o inicio de 2016 já foram registrados cinco casos de ataques a diferentes comunidades por pistoleiros a mando de grileiros. Dentre eles, o assassinato de uma liderança da ocupação Gurgueia, no município de Araguaína. Com a paralização da reforma agrária e o avanço do agronegócio, mas, sobretudo pela impunidade – tais casos de violência contra camponeses pobres, indígenas e quilombolas tende a se multiplicar.
Luiz Jorge de Araújo é mais uma vitima da bala genocida dos latifundiários tocantinenses – Pai de família, com 56 anos de idade. Foi assassinado no seu barraco na comunidade do Boqueirão, município de Wanderlândia. Por quatro jagunços armados. Não é o primeiro e infelizmente não será o ultimo. Pelo menos não enquanto não se encarar como se deve a questão dos conflitos no campo – como caso de politica e não de policia. Como uma expressão da questão social e não com criminalização. E tudo isso passa pela realização de uma reforma agrária de fato nesse país.
E por isso conclamamos aos setores progressistas da sociedade brasileira – não deixem o sonho da reforma agrária ser assassinada – por que a questão campesina, indígena e quilombola têm estado em segundo plano nos programas e nos pontos de pauta das reivindicações das organizações de esquerda? Não aceitemos a imposição de que uma reforma agrária não é mais possível nesse país. Pois temos convicção de que ela não é só possível como também necessária – e a morte de Luiz Jorge Araújo mostra muito bem essa necessidade. Que o seu exemplo possa nos inspirar a continuar entrincheirados na luta pela democratização do acesso a terra nesse país.
Por fim nós do Coletivo José Porfírio gostaríamos de nos solidarizar com os familiares e os companheiros de luta de Luiz Jorge Araújo. Como também repudiar o aumento da violência no campo por parte do agronegócio tocantinense. É inadmissível que estes crimes contra camponeses pobres continuem sem uma solução por parte das autoridades regionais e nacionais. Por isso exigimos do governo Estadual, do governo Federal e dos órgãos legislativos e judiciários a punição exemplar dos responsáveis por mandar e cometer tal crime.

Pedro Ferreira Nunes
Pelo Coletivo José Porfírio

Lajeado-TO, 11 de Agosto de 2016.

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