quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Breves comentários sobre a situação política em Lajeado

É, camaradas. Apesar da demora excessiva em tomar uma decisão por demais óbvia. Enfim o Tribunal Regional Eleitoral do Tocantins (TRE-TO) cassou o mandato do prefeito Tércio Neto (PSD), do seu vice Gilberto Borges (PSC), do Vereador Adão Tavares (Podemos), além de vários suplentes de Vereador. Agora o município passará por uma eleição suplementar para um mandato tampão de pouco mais de 1 ano. Diante desse novo contexto político, cabe uns breves comentários.

Não deixará saudades

Essa é a verdade. Em quase três anos de gestão a população não tem muito o que lamentar a saída de Tércio Neto. Falta de planejamento e de políticas públicas voltadas para o bem comum será o seu legado. Na área da educação, assistência social, segurança e cultura tivemos inclusive retrocessos. Além da conclusão da praia do segredo, o gestor não deixa nenhuma outra grande obra relevante. Diante disso não temos nenhuma dúvida em afirmar que Tércio e seu vice não deixaram saudades. Há não ser para aqueles que sobreviviam pendurados no seu saco.

Não deixará saudades II

Outro que também não deixará saudades é o vereador Adão Tavares – Uma espécie de Romero Jucá lajeadense. Se somado todos os seus mandatos ele chegará há uns 20 anos de vereança – sempre ao lado de quem está com a caneta na mão – o que define muito bem a sua perspectiva ética. Nesses anos todos como parlamentar não deixa de legado nenhum projeto relevante para sociedade lajeadense. Pelo contrário, quando pôde votou contra os interesses do município como no caso do ICMS da UHE Luiz Eduardo Magalhães.

Não deixará saudades III

Ainda em relação ao vereador Adão Tavares – melhor do que ter tido o mandato cassado foi ter se tornado inelegível. O que garante que não teremos sua presença medíocre na próxima legislatura. Assim também como outras figuras não menos medíocres como o Ananias Pereira, Manuel das Neves entre outros que também estão inelegíveis.

Nova configuração no parlamento

A decisão do TRE-TO não mexeu apenas com o executivo municipal, mas também com o legislativo. A casa que antes era comandada por José Edival passa agora a ter Walber Pajeú (DC) na presidência. Além disso passa a contar com dois novos membros. José Parente (PROS) que assumiu a vaga deixada por Adão Tavares e Helys Dayana (MDB) que ocupará a vaga do José Edival que assumiu a prefeitura de forma provisória.

Nem nos seus melhores sonhos

José Edival (MDB) imaginária se tornar da noite para o dia prefeito de Lajeado. Ainda mais sabendo como se elegeu Vereador e se tornou Presidente da Câmara de Vereadores. Elegeu-se vereador mesmo não obtendo uma grande votação pessoal. Beneficiou-se dos votos da legenda. Já a sua chegada a presidência do legislativo Municipal se deu graças a uma boa articulação da oposição ao prefeito Tércio Neto – José Edival conseguiu com votos dos vereadores da oposição derrotar o candidato do prefeito, Adão Tavares.

No lugar certo, na hora certa

Se em 2016, José Edival, tivesse optado por se candidatar a vereador numa das coligações comandada pelos candidatos mais forte no pleito eleitoral (Tércio Neto ou Júnior Bandeira) não teria sido eleito. Com os votos que teve seria no máximo suplente. Mas como optou por uma terceira via – uma decisão que se mostrou acertada – conseguiu a eleição. Outro ponto é que se ele tivesse aceitado ficar na base do prefeito Tércio Neto e não se articulado com os vereadores da oposição também não seria hoje o presidente do legislativo Municipal encarregado de assumir provisoriamente a prefeitura com a cassação do prefeito e seu vice. O que nos leva por tanto a afirmar que ele estava no lugar certo, na hora certa.

Efeito Carlesse

É natural que agora José Edival vislumbre algo maior. Por que se contentar com um mandato provisório se ele pode ser eleito na eleição suplementar e a partir daí pavimentar sua eleição no pleito regular em outubro de 2020? Inspiração de que isso é possível não falta. E não precisa ir muito longe, é só analisar a trajetória de Mauro Carlesse para se tornar governador. E não tenho dúvida que ao se colocar como pré-candidato tanto na eleição suplementar como na regular, José Edival se inspirou em Carlesse e tentará repetir seu feito em âmbito Municipal.

Mas...

Sempre tem um “mas” né?! Eleição municipal não é eleição estadual. Parece uma questão óbvia, mas não é tão óbvia assim. Até por que o que não falta são exemplos de políticos que não compreendem essa diferença e acabam trocando os pés pelas mãos e são derrotados – Amastha é um bom exemplo no pleito estadual passado. Por tanto não se pode iludir achando que porque num determinado contexto algo deu certo, isso se repetirá.

Mas... II

Tem o peso da máquina pública – um fator que não pode ser desconsiderado em nenhuma disputa, seja ela a nível municipal, estadual ou federal. Quem está com a caneta na mão larga em vantagem. Ainda mais numa cidade onde 90% depende quase que exclusivamente do serviço público. O que não significa no entanto que quem está no poder seja automaticamente eleito, se fosse assim nem precisaria gastar tempo e recursos com eleição. A capacidade de articular e fazer alianças é o que define o vencedor ou vencedora no final.

Os demais candidatos

O disse me disse dá conta de muitos nomes que pretendem ser candidatos. Mas entre pretender e ser há uma distância considerável. No entanto é certo que um nome não ficará fora da disputa – esse nome é do advogado e ex-prefeito Júnior Bandeira – que no final das contas é o responsável pelo processo que levou a cassação do prefeito Tércio Neto e dos demais. A decisão do TRE-TO foi uma espécie de reconhecimento de que Bandeira seria (se não tivesse compra de apoio político através da doação de área pública) o candidato eleito em 2016 no Lajeado.

Mas...

Junior Bandeira também não terá vida fácil, pois no mesmo momento que o Tribunal Regional Eleitoral estava analisando os embargos de declaração do prefeito Tércio Neto e demais acusados. Segundo o portal de noticias Poder Tocantinense, a Câmara de Veradores de Lajeado em sessão extraordinária voltava a analisar as contas da sua gestão que já haviam sido reprovadas uma vez, mas por decisão judicial acabou sendo suspensa. A tendência é que dessa vez,  segundo o portal de notícias citado acima, as contas sejam rejeitadas novamente. O que pode prejudicar os planos do Bandeira em voltar a ser prefeito do município.

De duas uma

Ao convocar uma sessão extraordinária para discutir as contas da gestão Júnior Bandeira no mesmo dia que o TRE-TO estava reunido para definir o futuro político do Lajeado. A Câmara de Vereadores demonstrou uma espécie de revanchismo contra o ex-gestor (responsável pela cassação do prefeito Tércio e companhia) ou mostrou temer Júnior Bandeira como adversário no pleito eleitoral, e por tanto querem tira-ló do páreo.

Mas...

Como já comentamos. A Câmara de Vereadores tem uma nova configuração – com um novo presidente e dois novos parlamentares. E saber para onde pendera essa nova configuração ainda é muito cedo. Isso dependerá da capacidade de articulação que José Edival, Júnior Bandeira e outras lideranças políticas locais sejam capazes de fazer.

E quanto a nós, el Pueblo

Ficamos aguardando a cena dos próximos capítulos. Com uma quase certeza de que nada ou pouca coisa mudará. E não mudará por culpa do próximo gestor, seja ele ou ela quem quer que seja, mas por nossa responsabilidade como cidadãos, que por troca de migalhas, abrimos mãos dos nossos direitos. E como consequência todos nós pagamos um preço alto vivendo numa cidade rica mas que está num triste estado de abandono.

Por Pedro Ferreira Nunes – Educador Popular e Licenciado em Filosofia pela Universidade Federal do Tocantins.

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