quarta-feira, 14 de abril de 2021

Ética e Vacinação

Como era de se esperar a vacinação da população brasileira segue a passos lentos. Já não bastasse a dificuldade de adquirir um artigo tão disputado pelo mundo inteiro. Soma-se a isso a postura do Governo Bolsonaro que sempre negou a gravidade da pandemia e a eficácia da vacina. De modo que esperar outro resultado diferente do que estamos vivendo é um tanto de ingenuidade. 

Nesse cenário de escassez de vacinas e que a pandemia golpeia ferozmente a nossa população. Não é de se admirar ações oportunistas buscando tirar algum proveito da situação. No Tocantins essas ações tem partido de parlamentares apresentando requerimentos para que seja priorizado algumas categorias profissionais no organograma de vacinação. Diariamente a impressa local da notícia de um novo requerimento apresentado nesse sentido – que servem mais como marketing político do que para qualquer outra coisa já que no momento atual as doses de vacina disponível não está dando nem para os atuais grupos prioritários.

O esforço coletivo deve ser a imunização de todos. De modo que quanto mais fragmentarmos a população em grupos prioritários mais difícil será de se alcançar esse fim. Enquanto isso não é possível devemos reforçar as medidas de biossegurança como o uso de máscaras, a higienização das mãos com álcool em gel e o isolamento social. Isso acompanhado de um auxílio financeiro decente para as famílias que estão em situação vulnerável. Pois não é possível falar em biossegurança sem garantir comida na mesa para quem não tem.

Podemos dizer então que estamos na contramão do que é necessário. A nível Federal o Governo Bolsonaro com o aval do Congresso Nacional aprovou um auxílio emergencial de míseros R$ 250,00. A nível regional nem isso – apenas um mísero kit de alimentação e higiene. Não se vê por parte dos nossos parlamentares nenhum movimento para garantir comida na mesa dos Tocantinenses que estão passando fome – nenhuma iniciativa para criar um auxílio emergencial local (com exceção de Palmas que anunciou nessa terça-feira 13/04, a criação de um auxílio emergencial de R$ 200,00).

Nesse contexto chamamos atenção para questão Ética. Nessa pandemia falou-se muito sobre ciência e negacionismo. Inclusive a humanidade foi dividida nesses dois campos. Esqueceu-se no entanto que o que define nossas ações é a nossa conduta moral. É a partir da Ética que conseguimos compreender por que agimos de determinada forma e não de outra. É a partir da Ética que conseguimos compreender onde chegamos. E inclusive projetar o que está por vim. 

Se estamos na situação que nos encontramos hoje é consequência da conduta Ética do Governo Bolsonaro mas também de parte significativa da população brasileira. Se essa conduta não for mudada certamente o resultado esperado não pode ser diferente. Conhecendo o Governo não podemos esperar por essa mudança de conduta, por tanto não temos alternativa se não arranca-lo da Presidência da República. Isso não resolverá todos os nossos problemas, mas dará uma guinada importante. 

Em relação a imunização da população através da vacinação é preciso rechaçar essas condutas oportunistas como a dos parlamentares Tocantinenses. Repetindo o que já foi dito anteriormente, o esforço nosso deve ser por: Vacina para todos. Qualquer iniciativa contraria é perda de tempo, seguindo a linha do que disse a Médica Pneumologista Margareth Dalcomo em entrevista ao El País ao criticar a medida aprovada na Câmara do Deputados que autorizou a aquisição de vacinas por iniciativa privada (medida que contou com 7 votos favoráveis dos 8 parlamentares federais que temos).

O que os parlamentares fizeram foi legalizar a conduta dos empresários Mineiros que estavam tentando uma imunização dos seus de forma “Não oficial”. E que merecidamente foram enganados por uma falsa Enfermeira que aliás deveria ganhar uma medalha por nos revelar a Ética desses senhores. A partir daí podemos compreender a motivação dos deputados ao votar no projeto – certamente não é a busca do bem comum.

A pandemia revelou mais do que nunca a nossa substância Ética. E isso não se modificará da noite para o dia. Infelizmente parece que a visão pessimista do Filósofo Sul-Coreano Byung Chu Han sobre o mundo pós-pandemia, pelo menos a curto prazo, é o que prevalece. Se quisermos modificar essa realidade, trabalhar a Ética na escola é mais do que necessário. É a partir da educação que podemos vislumbrar uma substância Ética diferente do nosso povo no futuro.

Por Pedro Ferreira Nunes – É Educador Popular e Especialista em Filosofia e Direitos Humanos. 

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