Essas iniciativas tem contribuído na mobilização e articulação de escritores de norte a sul do Estado. Propiciando o diálogo e a troca de experiência entre autores mais conhecidos e novos talentos. Desse movimento certamente teremos bons frutos. Já estamos tendo na verdade, com a publicação de obras que entraram para o hall dos clássicos da literatura tocantinense.
Essa primavera literária no Tocantins tem sido possível sobretudo a partir da apropriação das mídias digitais por parte dos autores que produzem literatura no Estado. As mídias digitais propiciam um meio acessível para publicação e divulgação da produção literária tocantinense. Contribuí também para que se construa uma rede de contatos e trocas entre esses autores. Além de uma aproximação maior com o leitor.
O interessante é que isso não tem se restringido ao campo virtual. E tem dado fruto a coletâneas, antologias e outras obras tanto no formato impresso como e-books. Creio que com o fim das restrições decorrentes da pandemia de COVID-19 isso será ainda mais possível, inclusive com a possibilidade de organização e realização de eventos literários.
Um dado interessante é que esse movimento tem partido sobretudo do interior. Com destaque especial para Araguaína e Gurupi.
Cabe também destacar o espaço que alguns portais de Notícia têm dado a literatura regional. Um espaço ainda pequeno diante da quantidade de portais que temos no Tocantins. No entanto já é algo a se comemorar. Destacaria aqui sobretudo o portal do jornalista Cleber Toledo (Coluna do CT) onde temos a coluna “livros e cia” assinada pelo imortal da Academia Tocantinense de Letras – Zacarias Martins. E também mais recentemente o Espaço Literatura.
Os portais de noticia tem um alcance de público mais amplo do que os canais virtuais dos autores. Desse modo são importantes ferramentas para divulgar a nossa literatura. Alguns fazem isso de forma esporádica. Mas o ideal seria seguir o exemplo da Coluna do CT, criando um espaço para literatura. Uma coisa é fato, produção literária no Tocantins para alimentar esses espaços não falta.
É importante ressaltar que tanto os autores ganham com isso, sobretudo pelo fato de poder ter o seu trabalho divulgado em um espaço visitado por um público mais amplo e diversificado. Como também esses portais ao disponibilizar ao seu público um conteúdo diferenciado. E ganha sobretudo a literatura tocantinense que sai fortalecida desse processo.
Diante disso ressaltamos que ainda temos muito a avançar, não só em relação ao aspecto ressaltado acima, mas também quando por exemplo, analisamos a quantidade de editoras que temos no Estado ou de eventos literários. Os custos da publicação de um livro impresso é algo que torna essa tarefa inacessível para muitos autores. E a distribuição e comercialização dessas obras então nem se fala. E se não há uma boa distribuição e comercialização o alcance dos leitores a essas obras fica reduzidíssimo. Já o autor, ao invés de receber pelo seu trabalho tem que pagar.
Essa, porém, não é uma realidade exclusiva de quem produz literatura no Tocantins. E a depender do Governo Federal a situação tende a piorar com a proposta de taxação de 12% sobre os livros – tornando assim algo que já é inacessível para muitos, mais inacessível ainda. Ora, se o Governo não ajuda, pelo menos deveria não atrapalhar. E isso serve tanto para esfera Nacional como Estadual e Municipal.
Apesar de todas as dificuldades, vê o que tem ocorrido no campo literário tocantinense – uma verdadeira primavera literária - nos anima. Resta por tanto, continuarmos semeando frutos para outras primaveras literárias ainda mais fecundas.
Por Pedro Ferreira Nunes – Poeta, Escritor e Educador Popular.
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