Presidenciáveis
Tristeza. É o que tenho sentido vendo a propaganda eleitoral dos candidatos mais bem colocados nas pesquisas eleitorais para Presidente da República. Tristeza diante de propostas que não apontam para mudanças estruturais, pelo contrário. Fim do déficit habitacional, equiparação entre o ensino público e privado, conciliação entre o modelo agroexportador, a pequena agricultura e o meio ambiente. Não precisa ser muito inteligente para saber que são impossíveis dentro dos marcos da sociedade atual. Nesse contexto, o Lula acaba sendo o menos pior – é o mais tragavel diante de um Bolsonaro medíocre, um Ciro prepotente, e uma Tebet e Thronicke sem noção. Ah, que falta faz um Plínio de Arruda Sampaio, que falta faz.
Um motivo para esperançar
Se a campanha para presidente não tem conseguido me empolgar, para o Congresso Nacional é o contrário. Alguns nomes como o do filósofo Vladimir Safatle (candidato a deputado federal pelo Estaro de São Paulo) tem feito circular propostas importantes numa perspectiva de transformações estruturais. Além dele há diversos nomes progressistas ligados a Universidade e Movimentos Sociais que nos leva a crer na eleição de uma bancada progressista, se não a maior, uma das maiores da história do Brasil.
Um motivo para esperançar II
É interessante observar que mesmo no Estado do Tocantins temos esses nomes. Óbvio, com uma chance menor de eleição, ao contrário de um Guilherme Boulos e uma Sônia Guajajara em São Paulo, mas pelo menos são nomes que qualificam o debate político no Tocantins.
Um motivo para esperançar III
Nesses últimos anos a sociedade brasileira parece ter aprendido uma dura lição platônica: - “a punição que os bons sofrem, quando se recusam a agir, é viver sob o governo dos maus." Agora temos a oportunidade de mudar essa realidade. Mesmo no contexto regional, percebemos muitas candidaturas progressistas ligados a Universidade e aos Movimentos Sociais disputando uma vaga na Assembleia Legislativa. Sabemos o quanto é difícil um desses nomes conseguir ser eleito, sobretudo diante de toda uma estrutura que funciona para garantir que as mudanças sejam mínimas. No entanto, já é um avanço vê esses camaradas colocando o nome a disposição e pautando os problemas reais da população.
Deslocados
Por outro lado, há aqueles que insiste no discurso conservador contra fantasmas, a exemplo da ideologia de gênero. Estão um tanto fora de tempo – esse discurso já não encontra tantos ouvidos receptivos como em 2018. Diante da crise que assola o país a preocupação imediata é conseguir a próxima refeição. De modo que esse discurso voltado a pauta de costumes está um tanto deslocado da realidade. Que o recado das urnas a essas figuras seja duro.
Mudanças estruturais é preciso
Uma bancada progressista forte, tanto no Congresso Nacional como nas Assembléias Legislativas, com o apoio das ruas é mais importante, do ponto de vista estratégico para vislumbrarmos mudanças estruturais na nossa sociedade, do que a eleição de determinada figura para os cargos executivos. Óbvio que se pudermos eleger, tanto no executivo como no legislativo, nomes progressistas, melhor ainda. Mas que essas possíveis eleições sirvam para fomentar e fortalecer os movimentos sociais com pautas progressistas – como os Sem teto, Sem terra, Indígenas entre outros – que são fundamentais para vislumbrarmos mudanças estruturais na sociedade.
Governadoráveis
No Tocantins, a oposição parece não está conseguindo fazer frente ao Governador Wanderlei Barbosa (Republicanos). Havia uma expectativa maior em torno da candidatura do Ronaldo Dimas (PL) – expectativa que até agora não tem se confirmado. Ainda não está descartado um segundo turno entre esses dois candidatos, mas não conseguimos sentir isso por parte das ruas. Mesmo com o apoio do Senador Eduardo Gomes, do Presidente Bolsonaro e do MDB do Marcelo Miranda, Dimas não tem conseguido empolgar. Aliás, o apoio do Bolsonaro pode trazer mais ônus do que bônus para ele. Assim como a reivindicação do legado da famigerada União do Tocantins (UT) – que a ferro e fogo comandou o Estado no auge do Siqueirismo. De modo que a chance maior de um segundo torno no Tocantins está na capacidade dos demais candidatos, sobretudo Paulo Mourão e Irajá, em tirar votos do Wanderlei Barbosa ou conquistar os indecisos, do que propriamente da campanha que o Dimas vem realizando.
Governadoráveis II
Nessa reta final da campanha percebemos uma espécie de tática do tudo ou nada por parte das candidaturas de Dimas e Irajá na tentativa de levar as eleições para o executivo estadual ao segundo turno. O nivel de belicidade, sobretudo por parte de Irajá, ultrapassou as divergências políticas e virou pessoal. E o Dilmas, oportunisticamente tenta aproveitar. A probabilidade de que essa tática mude o quadro apontado pelas pesquisas de vitória do Wanderlei é quase nula. E pode a ter ser compreendida como desespero. Além disso, com esse questionamento Irajá e Dimas podem estar dando tiro no próprio pé, pois com esse questionamento mais do que atingir o governador, atinge aqueles que foram contratados e que passaram mais do que nunca trabalhar contra seus adversários.
Dorinha x Kátia
A disputa pela vaga ao Senado tem sido protagonizada desde o início da campanha eleitoral por dois nomes tradicionais da política tocantinense – A senadora (de dois mandatos) Kátia Abreu e a Deputada Federal Dorinha. E como era de se esperar o embate entre as duas tem esquentado nessa reta final, sobretudo com uma campanha mais agressiva de Kátia contra Dorinha questionando sua experiência e competência para representar o Tocantins no Senado. No entanto esse discurso é insuficiente para reverter a tendência apontada pelas pesquisas que indicam o favoritismo de Dorinha. Até por que a candidata do União Brasil não é exatamente uma inexperiente na política como tenta pintar Kátia. E por fim, convenhamos, depois de 16 anos de mandato, o tocantinense tem razão em querer mudar o seu representante no Senado. Deveria fazer o mesmo também em relação aos deputados.
E assim seguimos
Incrédulo de quem quer que seja eleito, sobretudo no caso da Presidência da República, não fará o enfrentamento aos problemas estruturais da nossa sociedade. Mas confiante na eleição de um congresso nacional mais plural, com maior representatividade de setores progressistas com capacidade de fazer frente a bancada do boi, da bala e da bíblia. E que esses ventos da mudança também possam reverberar no Tocantins.
Por Pedro Ferreira Nunes – Educador, Poeta e Escritor Popular.
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