domingo, 30 de abril de 2023

Conto: E ai meu?! Quanto tempo.

John como de costume acordou por volta das 11h da manhã. Lavou o rosto e em seguida ligou a tv para assistir o jornal e ver se via alguma proposta de emprego interessante. Nada que lhe chamasse a atenção, as mesmas notícias de sempre – desgraças e mais desgraças.

- Foda-se meu. De desgraça basta a minha vida.

John desliga a televisão, levanta-se e vai até a geladeira, abre e não encontra nada que lhe interessa. Procura o resto do conhaque que deixara da noite anterior, mas à garrafa estava seca. 

John revira suas coisas para ver se tem algum trocado perdido em algum lugar do seu barraco. Após muita procura consegui algumas moedas que dá para comprar uma garrafa de conhaque.

Assim John segue rumo à distribuidora de bebidas que fica próximo ao barraco onde mora. Com a grana que tinha não dava para comprar um bom conhaque tal como ele gostava. Mas como não podia comprar um bom, ia um ruim mesmo.

John compra a bebida e segue de volta para o seu barraco. De repente no seu caminho um rosto conhecido.

- E ai John, quanto tempo?! Você sumiu.

- E ai meu. Quanto tempo. Você é que sumiu.

- E ai. Ainda está morando por aqui?

- Sim, estou naquele mesmo lugar. E você, onde está morando? Cadê o Jack?

- Então você não sabe? A gente se separou. Me cansei dele. Disse ela, sorrindo. 

- Hum, que pena meu.

- Melhor só do que mal acompanhada, não é? E você ainda esta só? Não vai me convidar para tomar um conhaque com você?

- Sim, claro. Vamos lá para o meu barracão. Não é um conhaque de primeira, mas da para tomar.

John fora perdidamente apaixonado por Lia. Conheceu-a em um festival de rock. De repente ela surgiu dançando em meio a uma roda de hardcore – Ela era linda, seu olhar, seu sorriso, suas tattos. Foi amor à primeira vista. Como se tivesse hipnotizado, ele não conseguia tirar o olho dela dançando com um all star preto. E ela ao vê-lo sorri e caminha na direção dele. Sem trocar se quer uma palavra agarra-o e o beija.

John não podia acreditar no que estava acontecendo. Como tão bela mulher podia esta afim dele. Naquela mesma noite começaram a namorar. Mesmo com a vida louca que Lia levava, Joh decidiu morar com ela. Viveram meses felizes.

Em um belo dia ao voltar do trabalho para casa John encontra Lia na cama transando com o seu melhor amigo. John sentiu um ódio incrível dentro de si, pensa em mata-los. 

Mas de repente apenas uma crise de riso toma conta dele, e ele sorri, sorri gostosamente. Vira as costas e deixa Lia e Jack ali sem ação. John vai até um bar compra uma garrafa de conhaque e toma. Depois outra e outra. 

Após este fato ele nunca mais vira Lia, nunca mais a procurou ou tentou saber como ela estava vivendo com Jack. Ele ainda gostava muito dela, mas já mais correria atrás dela. Mesmo tendo tudo para odiá-la, ele não a odiava, mas também não tinha a ilusão de voltar a morar com ela.

Quando chegou ao barracão John colocou um rock pra tocar e depois abriu a garrafa de conhaque. Preparou uma dose para Lia e outra para ele. 

No mesmo ritmo que a garrafa de conhaque ia secando, o sangue dos dois ia si esquentando. E no ritmo que seus sangues iam se esquentando, eles iam se aproximando um do outro. E no ritmo em que iam se aproximando um do outro, foi impossível, sobretudo para John evitar que se entregassem ao desejo dos seus corpos.

- Hum, senti tanta falta de ti, de ficar contigo. Eu ti amo tanto John. Quero ficar a vida toda contigo.

- Também senti muita falta de ti.

John deitado com Lia nos seus braços, fumando um palheiro, após terminarem de transar e ouvir as juras de amor dela, pensava consigo:

- Essa vaca pensa que me engana. Pensa que eu vou cair nessa de novo? Ela esta muito enganada.


Por Pedro Ferreira Nunes - um rapaz latino americano que gosta de ler, escrever, correr e ouvir Rock in roll. 

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