Para camarada
Bernadete Aparecida Ferreira. Que tem sua historia intimamente ligada a Casa
Oito de Março.
Há 18 anos nascia em Palmas, a primeira organização
em defesa dos direitos das mulheres no Tocantins. Isso exatamente no mês de
março, o mês que é celebrado o dia internacional de luta das mulheres – o dia
oito de março, que, aliás,dá nome a essa organização. Uma organização
construída pela resistência e persistência de heroínas que contra tudo e todos,
colocaram na ordem do dia a pauta dos direitos das mulheres.
Se ainda hoje o Tocantins é um dos estados do Brasil
onde há os maiores índices de violência contra as mulheres. Por exemplo, o mapa
da violência 2015 – homicídios de mulheres no Brasil, da Faculdade Latino
Americana de Ciências Sociais, mostrou que o Tocantins registrou um crescimento
de 81,8% no numero de assassinato de mulheres.Imagine há 18 anos quando
vigorava a chibata do coronel Siqueira e sua politica paternalista.
Manifestação em frente a loja marisa |
E foi num contexto onde pouquíssimas pessoas ousavam
levantar a voz para contestar o governo de plantão e a cultura machista
enraizada nesse estado. Ainda mais para defender os direitos das mulheres que
nasceu a Casa Oito de Março – dando abrigo e proteção para ás mulheres vítimas
de violência. Dando formação politica para o fortalecimento da luta feminista
no estado. Dando capacitação para que as mulheres construísse sua independência
econômica. Como também sendo um espaço de acolhida de outros diversos
movimentos populares de luta pelos direitos dos trabalhadores no Tocantins.
A luta da Casa Oito de Março não foi fácil, diante
das perseguições e dos ataques de uma elite que busca manter as coisas como
sempre foram. Elites essas que inclusive criaram ao longo do tempo várias
organizações de fachada que dizem defender os direitos das mulheres. Aliás, o
que não falta hoje são representantes dessas elites discursando em defesa das
mulheres. Mas ficam apenas no discurso, pois como mostra bem os números, à
realidade pouco tem mudado.
Ação de conscientização em feira livre da capital |
Apesar da tentativa de isolamento por parte de
outras organizações e, sobretudo pelo governo, além é claro das perseguições
que não cessaram. A Casa Oito de Março continua resistindo. E fazendo um
trabalho com o setor mais marginalizado das mulheres na sociedade que são as
presidiárias, as prostitutas e as travestis.
A Casa Oito de Março continua também empunhando a
bandeira feminista no estado, participando e construindo diversos espaços e
frentes de luta do movimento – especialmente através da Articulação das Mulheres
Tocantinenses (AMT) e da Articulação das Mulheres Brasileiras (AMB). E é,
portanto referencia de luta não só no Tocantins e no Brasil, como em outros
países do mundo.
Preparação para marcha das vadias em Palmas |
No Tocantins está à frente na organização e
realização das atividades do mês de Março – onde se celebra o dia internacional
de luta das mulheres. E é também uma das responsáveis por realizar a marcha das
vadias em Palmas. Além das mobilizações do movimento feminista, a Casa Oito de
Março se faz presente nas diversas lutas da classe trabalhadora tocantinense.
É inegável a importância da Casa Oito de Março na
luta pelos direitos das mulheres na história de Palmas e do Tocantins. Mesmo que
muitos tentem negar tal importância. O fato é que há 18 anos essas heroínas que
constroem a Casa Oito de Março resistem bravamente contra tudo e todos, pois
não é fácil manter uma organização dessa envergadura sem apoio financeiro por
parte de governos e empresas. Mas apenas com o compromisso militante com as
causas sociais, especialmente a causa feminista.
Por fim, gostaríamos de afirmar que a história da
Casa Oito de Março e a sua luta é uma referencia para todos nós que construímos
a luta popular no Tocantins pelos direitos das mulheres, da juventude, dos
negros, dos indígenas, dos camponeses pobres, em suma, do povo trabalhador do
campo e da cidade. Temos certeza que os próximos 18 anos da Casa Oito de Março
continuaram sendo de protagonismo na luta pelos direitos das mulheres e com certeza
estaremos juntos.
Pedro
Ferreira Nunes é educador popular e militante do Coletivo José Porfírio.
“Sobre as
ruinas da velha vida familiar, veremos ressurgir uma nova forma de família que
suporá relações completamente diferentes entre o homem e a mulher, baseadas em
uma união de afetos e camaradagem, em uma união de pessoas iguais... Não mais
“servidão” doméstica para a mulher! Não mais desigualdade no seio familiar!”.
Alexandra
Kollontai