terça-feira, 15 de maio de 2012

'Organizar para desorganizar' - Uma reflexão sobre a necessidade de organização da juventude.


*Por Pedro Ferreira
Hoje existe uma presença muito forte de jovens dentro dos movimentos populares, principalmente nos movimentos de sem-terras. Porém, com uma precariedade muito grande de organização. Por um lado, as direções desses movimentos focam a luta muito em cima das questões imediatas dos trabalhadores sem-terras e acabam se esquecendo de incentivar a formação de novos quadros dirigentes e militantes da revolução agrária no Brasil. E quando o fazem tratam como uma questão secundaria.  
No entanto, por outro lado, o interesse de se organizar e formar deve partir do próprio grupo de jovens. Mas a coordenação do movimento deve incentivar e criar condições objetivas e subjetivas para que tal iniciativa se concretize. Jamais a coordenação deve cometer o erro de querer submeter os jovens, mas sim dar condições para que eles se organizem e atuem com autonomia.
Para Che Guevara o problema com as organizações juvenis é que geralmente elas acabam tendo um caráter mecanicista, isto é, elas acabam reproduzindo a mesma política e as mesmas ações das direções da organização. Praticas que, muitas vezes, são viciadas e ultrapassadas, que mais produzem recuo do que avanços. Impedindo, assim, segundo Che, que a juventude se torne a verdadeira vanguarda. 
É necessário que em um dado momento a juventude se organize e se torne dirigente, é necessário que tenha as suas próprias características, que cometa os seus próprios erros e acertos: 
“a insistência que continuamente, lhe é feito, é para que não deixem de ser jovens, não se transformem em velhos teóricos ou teorizantes, conservem a frescura da juventude, o entusiasmo da juventude.” (Che Guevara, 1964).
A juventude deve ser contestadora, subversiva, não pode aceitar a proibição, não pode se submeter à ordem. No movimento a juventude deve se tornar e desempenhar o papel de vanguarda, não se distanciando dos outros companheiros e formando uma cúpula. Mas deve funcionar como um motor propulsor de todo o movimento. 
Para chegar à condição de motor propulsor a juventude deve transformar a si mesma, ser uma organização autêntica, que vai liquidando todas as rebarbas da velha sociedade morta e avançando rumo uma sociedade justa e igualitária. 
“Se todos são capazes de unir a capacidade para transformar-se internamente, dedicando-se aos estudos... E acostumando-se a fazer do trabalho produtivo, pouco a pouco, algo que dignifica tanto, que se converte de momento e por meio do tempo, em uma necessidade, então será automaticamente vanguarda, dirigentes da juventude, e nunca terão que pleitear o que fazer. Farão simplesmente o que, em um dado momento, lhe pareça ser lógico. Não terão que buscar aquilo que agrada a juventude. Os senhores serão autenticamente a juventude e a representação do mais avançado da juventude.” (Che Guevara, 1964). 
Para Che Guevara uma das tarefas da juventude é impulsionar e dirigir com o exemplo, a produção do homem de amanhã e com essa produção, e nessa direção está incluso a nossa própria produção, pois para Che nós não somos perfeitos. É através de nossa militância cotidiana e as nossas relações humanas, o estudo profundo, a discussão critica tudo isso é o que vai transformando o povo.   No movimento a juventude, ao se organizar, deve ter claro quais são as tarefas colocadas e, principalmente, deve ter claro qual será a sua tarefa fundamental. E então agir.  
Para Plínio de arruda Sampaio os jovens de hoje nasceram em um período difícil, porém para ele a grande adversidade dessa conjuntura, é o fato de que o povo não acredita mais ser possível mudar, e assim nós reduzimos nossas ilusões.   “Vocês não podem reduzir as suas ilusões, não podem aceitar o discurso proibido... É proibido falar em alternativa, é proibido falar em socialismo, é proibido falar em mudanças, é proibido falar em direito, é proibido... (Plínio de Arruda Sampaio, 2010). 
Para superar o modelo de sociedade em que vivemos, e fortalecer as lutas cotidianas dos trabalhadores assim como suas organizações, é de primordial importância a participação da juventude, não como massa de manobra, mas com o papel de vanguarda, como um motor propulsor.
Ser jovem é muito mais que uma questão de idade, ser jovem é uma questão de espírito, de atitude, como bem coloca Che Guevara:
“Não tenha nunca o medo, os que são jovens, jovens de espírito sobre tudo, de preocupar-se com o que tem que fazer para agradar. Simplesmente faça o que é necessário, o que lhe pareça lógico em um dado momento. Assim a juventude será dirigente.”


- Texto escrito e trabalhado em processos de formação e organização da juventude camponesa em Goiás.
*Bacharel em Serviço Social, Educador Popular e Militante do Bloco de Resistência Socialista.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Poema: Com o Povo!














*Por Pedro Ferreira
Com o povo vou me organizar, com o povo vou lutar,
Se o povo triunfá, o mundo melhor será.

Quando o povo se unir, quando o povo levantar,
O mundo será do povo, e o povo governará.

Pode ser que esse dia custe, muitos séculos ã de passar,
Mais sei que algum dia, esse dia irá chegar.

Pode ser que esse dia custe, muitos séculos ã de passar,
Mais o mundo será do povo, e o povo governará.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Famílias camponesas tocantinenses ameaçadas de despejo - Mais uma vez o estado mostra de que lado esta.


*Por Pedro Ferreira

Acampamento nas Margens das Rodovias
Cerca de 1000 famílias camponesas que ocupam a fazenda Dom Augusto (Município de Porto Nacional-TO) a mais de um ano, receberam no ultimo dia 4 de abril uma liminar de reintegração de posse da área, sendo que o governo do estado (Siqueira Campos-PSDB) pretende cumprir a mesma.

A fazenda pertence a um grupo de ruralista de Santa Catarina que arrendava a área para o cultivo da monocultura (plantio de soja e cana), como também para criação de bovinos para o comercio de carne.

O acampamento Sebastião Bezerra da Silva (homenagem ao militante de direitos humanos assassinado em 2010 no estado) é o maior do Tocantins, segundo lideranças a cerca de 300 crianças na ocupação. As famílias temem que a ocupação se torne um novo Pinheirinho.

As famílias têm razão em temer uma reintegração de posse da área, pois ás ações por parte dos governos a serviço do capital privado tem mostrado a que interesses defendem. O Pinheirinho só é um exemplo mais recente do processo de criminalização da pobreza e dos movimentos sociais, como também de onde o estado é capaz de chegar (passando por cima da própria lei), para atender os interesses da burguesia.

Exemplos que mostram a ação criminosa do estado brasileiro contra os movimentos sociais e suas reivindicações, sobretudo no campo, não são raras, ao contrario, podemos evocar os casos mais emblemáticos como o massacre de Eldorado dos Carajás ou de Corumbiara, como também podemos citar as milhares de mortes que acontecem todos os anos por conflito de terras, como mostra o caderno de conflitos no campo lançado pela CPT todos os anos.

Ações criminosas por parte do estado em todos os seus níveis (municipal, estadual e federal) como também em todas as esferas (legislativo executivo e judiciário), são realizadas quase todos os dias no campo, contra os camponeses sem terra, os povos indígenas entre outros, e que infelizmente não ganham a mesma visibilidade que ganhou o caso do Pinheirinho devido ao isolamento.

Diante disso não cabe a nós apenas nos indignar, mais, sobretudo dentro dos limites de cada um nos mobilizar para denunciar esses absurdos, dando visibilidade a esses casos, e obrigando a esse estado burguês a recuar dessas ações.

Não tenham duvida de que em um estado onde impera a lei do Latifúndio, em que o governador agi como um ditadorzinho bufão, fará tudo para que seja garantidos os privilégios de seus pares. Por outro lado cabe a nós lutarmos contra essa decisão judicial absurda.

Façam moções de solidariedade as famílias e de repudio contra a ação do estado e encaminhem cartas ou fax para o Juiz Adhemar Chúfalo Filho da primeira vara cível da Comarca de Porto Nacional -TO. Edifício do fórum, Avenida Presidente Kenndy, lote E quadra 23, setor Aeroporto, Porto Nacional-TO- CEP: 77500-000, fones 63 33631144/1720. Fax: 63 33635659 ramal 212. Processo 2011.0010.6019-4

* Pedro Ferreira é Educador Popular e militante do Bloco de Resistência Socialista

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Poesia: São João em Lajeado


Morro do Segredo - Lajeado - TO

Por Pedro Ferreira

Quero levar você comigo, quando o são João chegar,
Rever o lajeado amigo, e lá se amarrar.
Quando o sol se por e o brilho doce do luar,
Banhar a ilha verde, você vai se ligar.

Preparar nossas tralhas e descer lá pro ‘riozinho’,
Onde quantas vezes eu andei sozinho.
Andar nas ruas de madrugada sem receio e nem um medo,
Só para de manhazinha ver o sol surgindo do segredo.

Quando o sol se por e o brilho doce do luar,
Revelar os mistérios da ilha, você vai delirar.
Quero levar você comigo, nos festejos de São João,
Rever e reviver, Lajeado meu irmão.

As fogueiras nas portas, e o povo a conversar,
As crianças nas ruas brincando sem parar.
Os casais de namorados, nas esquinas escondidas,
Outros no rio pescando sem se preocupar com a vida.

Sentado na porta, o ‘segredo’ a observar,
E minha mãe chamando, já é hora de jantar.
O meu primeiro amor, perdido ao longo do tempo,
Lembranças bem escondidas, guardadas no pensamento.

Quero levar você pra ver, o lugar onde cresci,
Rever minha mãe querida e os amigos que perdi.
Quero que você conheça, o coração do Tocantins,
que mesmo estando longe, continua dentro de mim.

*Inspirada na musica “Quando o são João chegar” da Banda Tribo de Jah.

terça-feira, 20 de março de 2012

Kátia Abreu: Representante dos latifundiários ou do povo do Tocantins?


    
*Por Pedro Ferreira

Kátia Abreu foi eleita em 2006, senadora pelo estado do Tocantins, por tanto com a missão de defender no congresso nacional os interesses do povo tocantinense que a elegeu. No entanto quando olhamos para sua atuação no parlamento vemos que não é bem esse papel que a mesma vem desempenhando.

Quem deveria representar a gloriosa federação do Tocantins no senado federal na verdade esta a serviço dos latifundiários e das grandes agroindústrias (Que diga de passagem foi quem financiaram sua campanha). Ao defender os latifundiários e o agronegócio Kátia Abreu esta defendendo seus próprios interesses, já que a mesma é uma grande latifundiária. Mais não deveria no mínimo a senadora eleita pelo povo do Tocantins defender no senado os interesses e anseios do povo Tocantinense sem distinções?

Assim que eleita senadora, Kátia Abreu também foi eleita presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), entidade máxima de defesa dos interesses dos latifundiários e das grandes agroindústrias. Sendo que a atuação da nobre senadora no parlamento tem sido pautada pela defesa dos interesses do agronegócio e não do povo tocantinense.

Kátia Abreu é conhecida nacionalmente como uma das principais figuras do agronegócio no Brasil, a heroína da direita reacionária, responsável no congresso nacional por articular uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) com o objetivo de criminalizar os movimentos de luta pela terra e barrar a alteração dos índices de produtividade. Defende que pobre deve comer comida contaminada com agrotóxico mesmo, pois o custo para sua produção e comercialização é mais barato, não importando se isso afetará ou não a saúde das pessoas (Veja o documentário “O Veneno esta na mesa de Silvio Tendler).

Foi também voz ativa contra a campanha do limite da propriedade, articulou uma pesquisa para tentar desqualificar os assentamentos de famílias sem terra, também para tentar encobrir os resultados do censo agropecuário divulgado em 2006 que mostra que a concentração de terra aumentou no país.

A pesquisa feita em poucos assentamentos escolhidos a dedo pela CNA ganhou mais espaço na mídia do que o censo agropecuário realizado pelo IBGE.

Kátia Abreu também tem sido voz ativa e articuladora no congresso nacional e junto ao governo federal pela aprovação do criminoso código florestal, que anistia os desmatadores e outros acusados de crimes ambientais, assim como da carta branca para continua agressões ao meio ambiente.

Kátia Abreu infelizmente não é uma exceção, a maioria dos políticos eleitos com o compromisso e o dever de representar o povo, na verdade defende os interesses daqueles que financiaram sua campanha política. Como bem diz Chico Alencar (PSOL) – “Diga-me que ti financias, que eu ti digo a quem defendes”.

Enquanto as campanhas políticas continuarem a ser financiadas com dinheiro de empresas privadas, os interesses públicos serão deixados de lado em favor dos privados, por tanto é de primordial importância defender uma reforma do sistema político que entre outras medidas determine o financiamento exclusivamente público das campanhas eleitorais.

Mais também é de primordial importância que mesmo nos limites da democracia burguesa, possamos eleger candidatos que tem compromisso com as lutas históricas da classe trabalhadora, que não aceitam financiamento de Multinacionais, Agroindústrias, empreiteiras entre outros. E que no congresso nacional, Câmaras municipais, assembléias legislativas entre outros defendam os interesses e direitos do povo e não interesses privados.

*Pedro Ferreira – Bacharel em Serviço Social e militante do Bloco de Resistência Socialista.