quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

A Ilha dos Espíritos

CAPITULO 01
 
Lajeado é uma das cidades mais belas do estado do Tocantins, com uma pequena população de cerca de 2.700 habitantes, sua origem esta ligada com a exploração do ouro no que era o antigo norte goiano. É com o garimpo de ouro na região que surgi o povoado de Lajeado, que com o desmembramento da região do estado de Goiás e a criação do estado do Tocantins em 1988, torna-se no inicio da década de 1990, município.
 
A cidade fica rodeada de serras, em especial a serra do Lajeado que se estende por quilômetros e o morro do segredo, que tem esse nome devido aos relatos de moradores que dizem observar durante a noite luzes misteriosas no alto do morro. A cidade de Lajeado também a banhada pelo rio Tocantins, fonte de sobrevivência a muitas famílias que vivem da pesca e pelo córrego Lajeado que atrai turistas de varias partes do país em busca de descanso da vida estressante dos grandes centros.
 
 
As cordilheiras de serras de um lado a outro da cidade, as lajes de pedras por todo o território, nos faz pensar tal como aponta alguns estudos que há séculos atrás por essas bandas passou o mar. Como também as pinturas rupestres encontradas na serra do lajeado nos dá a certeza que essa região era habitada por povos nômades á milhares de anos atrás, muito antes do surgimento do garimpo.
 
 
Mas essa belíssima região que tem na sua fonte inesgotável de água a principal riqueza, guarda também nessas misteriosas águas, um grande segredo, segredo este já mais revelado. Segredo este que tem levado muitas vidas de turistas e moradores locais que buscam relaxar nas águas límpidas e cristalinas tanto do rio Tocantins, mas, sobretudo na ilha verde no córrego Lajeado.
 
Várias vidas se perderam nas águas hora mansa hora caudalosa, tanto em período de seca como no período chuvoso. Todas essas mortes aconteceram de forma inexplicável. As pessoas simplesmente se afogam e somem, sendo seus corpos encontrados dias depois já sem vida. Os moradores mais antigos da cidade contam historias de espíritos que vagam pela ilha, espíritos do mal que se alimentam de alma e que vivem no pé da cachoeira, que de quando em quando surgem sedentos de fome e leva uma vida.
 
No entanto ninguém consegue explicar esse mistério, qual a origem desse segredo, apenas afirmam que desde que aquele local que antigamente era um brejo de buriti, pouco desbravado e que tempos depois foi destruído para construir-se a ilha verde, pessoas quase todos os anos desaparecem naquelas águas.
 
Lajeado quem tem em sua fonte de água inesgotável sua maior riqueza, a cada ano tem nessas mesmas águas a sua decadência, as mortes seguidas de alguns anos para cá, amedrontam os turistas e expulsa os moradores que vagam para outros cantos em busca de uma vida melhor, já que a cidade não tem estrutura para muitas famílias viverem dignamente.
 
 
Se o povo de Lajeado não descobrir o segredo que cerca a cidade, ela entrará em decadência, juntamente com seu povo. E o que hoje é uma bela cidade tornara-se uma grande ruina. Se for verdade que a ilha verde é habitada por espíritos. Quem são estes espíritos? O que eles querem? O que fazer para que eles vão embora? Essas respostas devem ser respondidas rapidamente, antes que os espíritos que ocupam toda a ilha se estendam por toda a cidade.
 

A Ilha dos Espíritos , por Pedro Ferreira Nunes

Poema: Velha Chácara



Velha chácara
A dona Julia e seu Josias.
As casas já não existem,
o galinheiro,
o fogão caipira,
a roça de milho,
o quintal onde plantávamos mandioca,
a cacimba onde pegávamos água.


Já não existe a oficina onde fazíamos farinha,
o brejo de buriti, e o coqueiral também,
a Priscila, a pretinha, o hulk e o spike.


A chácara já não existe,
pacas, cotias, catingueiros.


A velha chácara onde cresci,
já não existe.


Existem apenas os pés de manga,
sob as crateras abertas
pela construção da usina hidrelétrica.


Os pés de manga sobreviveram,
mas muitos que ali viveram,
já não sobrevivem.

*Pedro Ferreira Nunes

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Breve reflexão a cerca do IV congresso nacional do PSOL

Por Pedro Ferreira Nunes
 
Estivemos presente no IV congresso nacional do Partido Socialismo e Liberdade – PSOL realizado entre o dia 29 de novembro e 1º de dezembro de 2013 no entorno de Brasília. Infelizmente como prevíamos a ala a direita do partido representada pela Unidade Socialista sagrou se como maioria do partido, vitória esta que se deu graças a fraudes cometidas, sobretudo em estados como Amapá, Mato Grosso, Tocantins e Rio de Janeiro, sendo que a direção majoritária do PSOL representada pela Unidade Socialista passou por cima de decisões regionais no caso do Rio e de Palmas.
Quando fomos para o congresso sabíamos das dificuldades que o setor consequente e coerente do partido representado pelo Bloco de Esquerda teria para se tornar direção majoritária do PSOL, sobretudo se as fraudes que aconteceram no processo congressual fossem aceitas. Mesmo assim fomos, pois tínhamos a esperança que um milagre pudesse acontecer e nossa militância aguerrida pudesse reverter o quadro interno.
Mas ao final a ala que tem levado o PSOL a se tornar a passos largos um novo PT, isto é - Um partido vendido, entregado as elites burguesas desse país. Sagrou-se maioria, e o que é pior aprovando como candidato a presidente do Brasil pelo PSOL o que há de pior hoje no nosso partido – Randolf Rodrigues senador pelo estado do Amapá conhecido por fazer alianças inclusive com partidos da extrema direita.
Por tanto não há o que se comemorar, a não ser lamentar que a atual direção majoritária esteja levando o PSOL a passos largos a sua completa degeneração.
O Bloco de esquerda vacilou quando deveria radicalizar
A postura inicial do Bloco de Esquerda em não aceitar as fraudes cometidas pela ‘Unidade Socialista’, foi importante, inclusive a ocupação da mesa que dirigia os trabalhos do congresso pela base de luta do PSOL representada, sobretudo por um amplo setor da juventude.
A ocupação que culminou com a retirada da ‘Unidade Socialista’ do plenário foi com certeza o momento mais significativo, e que nos deu muito orgulho de militar ao lado de camaradas tão aguerridos. Esta ocupação nos fez lembrar as jornadas de junho, os levantes no norte da África, a greve geral na Europa, a juventude estudantil no Chile, o movimento ocupa nos EUA entre outras mobilizações recentes da classe trabalhadora que tinha o frescor e entusiasmo da juventude na linha de frente.
Como gritos de “Eu sou Psol, não abro mão, do socialismo e da revolução”. Avançamos e não houve ninguém que conseguisse nos barrar.
Mas infelizmente a direção do Bloco de Esquerda recuou, aceitando as condições da Unidade Socialista – Isto é, aceitando as fraudes cometidas. E assim desmobilizando a base que estava disposta há não deixar passar os burocratas da Unidade Socialista e sua política stalinista. Pois se tivesse havido uma plenária do Bloco de Esquerda com certeza a base de todas as correntes teriam optado pelo enfrentamento. Assim a direção das correntes que compõem o Bloco de Esquerda mostrou que não está a altura da base que dirige. E talvez provou que não esteja também a altura de dirigir o partido, pelo menos o partido que muitos de nós sonhamos e lutamos para construir.
 – Palavra apenas não basta camaradas, ações sim, é isso que define o que queremos.
O Psol degenerou? Não esta mais em disputa? – O que fazer então?
Essas perguntas têm circulado na minha cabeça desde o dia 1º de dezembro, e acredito que não só na minha, mas em boa parte dos militantes do PSOL Brasil afora. Até o momento não consegui responder nenhuma delas. Há aqueles que acreditam que já deu que o Psol degenerou de vez e que por tanto não há por que continuar. Por outro lado tem os que acreditam que o Psol esta em disputa e que é necessário continuar disputando os rumos do partido. E há os como eu, que não sabe ainda o que fazer - Se sai ou se fica.
Os que defendem a permanência no PSOL pode falar que a maioria conquista pela Unidade Socialista foi mínima, por exemplo, na executiva nacional é de apenas um membro, como também que em vários estados e municípios é esquerda do partido que dirige e por tanto o quadro interno pode mudar. Já os que defendem a saída do partido pode argumentar que se quer temos unidade entre nós do Bloco de Esquerda, ou mesmo - Será se o bloco ainda existe?
Outro dilema importante que devemos responder é – Sair do PSOL e ir para onde? Existe alguma organização da classe trabalhadora que não é cheia de contradições? São respostas também que não sei responder, mas que devemos refleti-las profundamente.
Por fim devemos debater e refletir profundamente qual decisão tomar em relação a nossa militância ou não no PSOL, no entanto devemos tomar cuidado com decisões precipitadas que possam nos levar ao isolamento e a uma maior fragmentação de uma esquerda que já é tão fragmentada.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Partido Socialismo e Liberdade - Balanço e Perspectivas


“Se o presente é de luta o futuro nos pertence.”

Che Guevara

O Partido Socialismo e Liberdade – PSOL tem passado uma crise interna profunda, crise esta que podemos considerar a maior desde o seu surgimento. O partido hoje esta dividido em dois blocos - O Bloco de Esquerda que defende um partido com caráter classista, inserido nos movimentos populares e na luta da classe trabalhadora e do outro lado a Unidade Socialista que se move pelo pragmatismo eleitoral, defendendo alianças espúrias com partidos da burguesia, e que empurra o PSOL a cometer os mesmos erros cometidos pelo PT.

A situação a nível nacional infelizmente é reproduzida na maioria dos estados onde o PSOL esta presente – Uma disputa fratricida pela direção do partido objetivando apenas a dominação do aparato partidário para disputa eleitoral. No Amapá e no Tocantins, por exemplo, o partido corre grave risco de ser dado de mão beijada para a burguesia local. Alianças com partidos da burguesia como DEM, PTB, PSD entre outros no Amapá e ocupação de cargos e apoio ao governo do PP em Palmas comprovam este absurdo.

Diante dessa realidade a direção nacional do PSOL (majoritária) tem se comportado ora de forma omissa, ora de forma autoritária e golpista, passando por cima das instancias regionais e desrespeitando a democracia interna.

As vésperas do IV congresso nacional do PSOL é chegado o momento de definirmos qual o rumo que o partido assumirá, se é o lado da classe trabalhadora, apoiando, orientando e fortalecendo suas lutas, mantendo acesa a chama do socialismo, resgatando e lutando pelas bandeiras históricas que milhares de camaradas morreram defendendo. Ou se tornará mais um partido da ordem que se move meramente pela logica eleitoral, fazendo alianças espúrias com a burguesia, aceitando dinheiro de empresas privadas, que passa por cima das instancias partidárias e da democracia interna.

O PSOL surgiu do sonho de milhares de camaradas que não se venderam e nem se corromperam diante da degeneração do PT, mas este sonho infelizmente tem virado um pesadelo. É preciso retomar o partido para o caráter com que ele foi fundado, e ele não foi fundado para ser um novo PT, ao contrario, por tanto enfrentemos mais essa batalha. Por aqueles que derramaram seu sangue na luta por um mundo justo e solidário como também por aqueles que resistem bravamente aos ataques do capital – Construamos um instrumento politico partidário do povo, com o povo e para o povo!

PSOL-TO: A luta pela construção de um instrumento de luta a serviço da classe trabalhadora tocantinense.

O PSOL-TO nasce tal como no resto do país – Um grupo de militantes socialista descontentes com os rumos do PT funda o partido no estado. Em 2006 o lançamento da candidatura do Prof. Paulo Henrique ao governo do Tocantins pelo PSOL é um marco histórico, sendo a primeira candidatura assumidamente de esquerda ao governo do Tocantins.

No entanto após o processo eleitoral de 2006, o grupo que dirigia o partido no estado acabou se afastando, diante disso o PSOL no estado tornou-se praticamente inexistente, o novo grupo que assumiu o partido não conseguiu dar continuidade ao mesmo, abandonando o barco logo depois, apenas um grupo de militantes continuava reivindicando o partido que na prática não tinha quase nenhuma intervenção.

Passado um tempo um grupo de militantes retoma a construção do PSOL-TO em especial em Palmas. Inclusive conseguindo em 2012 lançar à candidatura de Aberlado a prefeitura da capital tocantinense bem como uma chapa de candidatos a vereadores. No entanto um espaço que poderia ser usado para construção e fortalecimento do PSOL-TO acabou sendo um desastre. Brigas internas, disputas fratricidas pela direção do partido, entre outras graves denuncias bem como uma campanha sem orientação, individualista e pobre politicamente nada contribuiu para construção do PSOL e muito menos para o fortalecimento das lutas da classe trabalhadora, a não ser no sentido do que não deve ser uma campanha socialista.

Novamente no inicio de 2013 tenta-se retomar a construção do partido no estado, através de uma intervenção do diretório nacional do PSOL, destitui-se a direção anterior do partido e forma-se uma nova direção provisória do PSOL-TO. No entanto, a reunião que deliberou pela composição de uma nova direção do PSOL-TO foi marcada por um clima que mostrava um sentimento de construir um instrumento de fato a serviço da classe trabalhadora tocantinense tão sofrida e vilipendiada, clima este trazido, sobretudo por um grupo de novos militantes conhecidos por uma atuação coerente e consequente na luta por educação de qualidade em Palmas e no resto do estado.

Mas nem tudo eram flores, nesta mesma reunião ficou evidenciado que havia no estado uma briga simplesmente pelo aparato partidário, pela direção do partido, o que iria continuar, já que a nova direção provisória não saíra tal como planejado pela direção nacional majoritária do PSOL.

 A eleição de Bernadete Aparecida Ferreira militante feminista e de movimentos populares pela maioria dos militantes presentes não agradou a um grupo de filiados antigos do partido e muito menos a direção majoritária do partido a nível nacional, o que logo fez com que se instalasse no estado a mesma disputa que estava sendo travada a nível nacional. Sobretudo por que começou a surgir às tendências tanto ligadas ao Bloco de Esquerda (CSOL, LSR e Independes) como a Unidade Socialista (Dissidência da APS e independentes), o que não existia até então no PSOL-TO.

Mesmo com as divergências e disputas internas o PSOL avançou no Tocantins

O ano de 2013 será marcado por um aumento significativo das lutas e mobilizações dos movimentos populares por todo o Brasil. - No Tocantins não foi diferente, diversas lutas foram travadas tendo, sobretudo o movimento campesino dos sem terras, os trabalhadores sem teto, os professores, o movimento feminista e a juventude do movimento estudantil nas jornadas de junho como protagonistas.

A militância do PSOL-TO se fez presente nessas lutas e mobilizações desempenhando um papel fundamental - Orientando, construindo e fortalecendo a luta do movimento popular do campo e da cidade no Tocantins. Elaborando artigos políticos, moções de apoio e materiais de propaganda, colocando suas inserções no rádio e na tv a serviço das lutas do movimento popular.

O PSOL-TO conseguiu também minimamente avançar em uma agenda de reuniões periódicas, realizar atividades de formação para sua militância, como também ocupar mesmo que de forma ainda precária as redes sociais e assim avançar na politica de comunicação e organização do partido no estado.

O PSOL avançou na política de interiorização do partido. - No inicio de 2013 contávamos apenas com um núcleo central presente em Palmas, mas ao longo do ano foi possível reativar alguns diretórios municipais de cidades como Araguaína, Gurupi, Colinas entre outras como também avançar para municípios que o partido ainda não tinha atuação.

É inegável que o PSOL-TO deu um avanço qualitativo no ultimo período mesmo com toda a falta de estrutura como, por exemplo, de uma sede e de um funcionário político liberado para ficar por conta do partido e também a falta de envolvimento de todo o conjunto do PSOL, pois infelizmente um setor do partido ligado a Unidade Socialista preferiu priorizar o inchamento do partido com filiações sem nenhum critério objetivando apenas a disputa interna repetindo assim uma prática que tem sido feita por esse bloco em todo o país.

Avançamos mas é possível avançar muito mais!

É inegável o avanço quantitativo e qualitativo que o PSOL-TO teve neste ano de 2013, tanto relativo à construção do partido como na intervenção concreta da luta da classe trabalhadora tocantinense. Apesar dos pesares, como se diz por essas bandas do norte. - O PSOL tem conseguido se tornar uma referencia de luta consequente e coerente, no entanto esse status pode está ameaçado.

Políticos carreiristas e oportunistas querem fazer do PSOL mais um partido de aluguel, tal como tantos outros que existem por aqui, ou simplesmente querem o partido para alcançarem ambições pessoais. – E o pior de tudo isso é que este setor que hoje se organiza na Unidade Socialista conta com o apoio da direção majoritária do PSOL a nível nacional.

O fato é que diante da realidade e da necessidade da classe trabalhadora tocantinense bem como da capacidade da militância aguerrida do PSOL –Avançou se muito pouco, era possível avançar bem mais na construção do partido e na intervenção na luta de classes no Tocantins.

No entanto enquanto não superarmos a crise interna no partido, sobretudo no processo de disputa interna instalada com a realização do IV Congresso do PSOL em que se definirá a nova direção do partido e também a linha politica prioritária assumida por este, continuaremos sem avançar, isto é, para um passo que damos a frente, recuamos dois para trás.

As perspectivas para o PSOL-TO

Mesmo cansativa e desgastante a luta interna dentro do PSOL contra o burocratismo e a degeneração deve ser encarada como uma tarefa revolucionária. Nesse sentido precisamos continuar a batalha interna pela retomada do PSOL com um caráter classista, revolucionário e anticapitalista. No Tocantins um estado onde a classe trabalhadora é extremamente explorada, vilipendiada e carente de organizações de luta que a organize e lute pelos seus direitos essa necessidade ainda é mais fundamental.

Travar a luta interna neste momento dentro do PSOL que é tão fundamental não significa que tenhamos que abrir mão de intervir e atuar na luta concreta da classe trabalhadora. Como por exemplo, no Tocantins é preciso combater o governo Siqueira que esta a serviço do agronegócio exportador, de mega empresários e especuladores, como também combater o governo Amastha a frente da prefeitura de Palmas e todos os governos municipais a serviço da burguesia.

É preciso consolidar um bloco de esquerda programático no PSOL-TO que esteja inserido nos movimentos populares e demais organizações da classe trabalhadora. É fundamental darmos a batalha para construção de um Fórum permanente de luta dos movimentos populares tocantinenses no próximo período para rechaçarmos os ataques de patrões e governos contra as trabalhadoras e trabalhadores tocantinenses.

Continuemos por tanto lutando para que o PSOL tanto a nível nacional como regional seja um instrumento de luta a serviço da classe trabalhadora, mas não devemos esquecer - O partido não é um fim em si, deve esta por tanto a serviço da classe trabalhadora e não o contrario. Devemos por tanto fazer uma analise profunda dos rumos que nosso partido esta seguindo, se o mesmo já não corresponde à causa que defendemos, não devemos temer e buscar construir novas ferramentas.

 

Lajeado – 28 de Novembro de 2013.

 

Pedro Ferreira Nunes - É Educador Popular, Bacharel em Serviço Social, militante do Bloco de Resistencia Socialista, da Corrente Liberdade, Socialismo e Revolução – LSR tendência interna do Partido Socialismo e Liberdade - PSOL e do Comitê por uma Internacional dos Trabalhadores - CIT.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

A morte por aqui é um fenômeno raro, mas ela chegará para todos!

Por Pedro Ferreira

Ontem fomos surpreendidos com duas mortes na cidade. Há muito tempo que não sentia um clima tão profundo de tristeza e dor que a morte de uma pessoa amada nos trás. Foi impossível não sentir também, mesmo que os dois mortos não eram próximos a mim, um deles eu se quer conhecia.

Nos últimos 8 anos que morei em uma grande capital era normal nos depararmos no cotidiano com a morte. Dificilmente havia um dia que não ouvíamos noticias acerca de vários homicídios, sobretudo de jovens que tinham suas vidas interrompidas brutalmente.

Uma rotina totalmente diferente da pequena cidade do interior onde cresci e que a morte de qualquer pessoa sempre era sentida profundamente, pois se não era parente de alguém, era um amigo ou uma pessoa muito conhecida, assim independente de quem fosse ou de sua origem a cidade toda ficava de luto.

Mas com uma rotina tão dura na grande capital, onde se mata por questões tão banais, a vida do ser humano também vai sendo banalizada, bem como sua morte. Tanto que muitas vezes quando um jovem negro da periferia é assassinado, muitos comemoram, sobretudo se o mesmo já teve alguma passagem pela policia apenas por ter fumado um cigarro de maconha.

As mortes viram apenas estatísticas e os mortos se tornam apenas números, não tem rosto, não tem nome, não tem famílias. Muitas vezes se quer tem um velório digno. Simplesmente desaparecem jogados em uma vala qualquer ou queimados em algum matagal.

No interior a morte é um fenômeno raro, sobretudo dos mais jovens. Geralmente se morre de velhice ou muito raramente de acidente. Assassinato é algo raro, muito raro. Assim qualquer pessoa que morre é sentido por todos profundamente, a cidade fica em luto e mesmo o mais insensível dos insensíveis não pode deixar de sentir.

Eram ainda tão jovens e cheios de vida, morreram em circunstancias diferentes e em lugares distintos, mas no mesmo dia, na mesma cidade. Uma tragédia, uma comoção geral. Sentimos profundamente, refletimos acerca da nossa fragilidade enquanto seres humanos, imaginamos todo o sofrimento de seus familiares.

Perdas tão trágicas para uma cidade não serão esquecidas assim do dia pra noite, por muito tempo haveremos de falar sobre nossos defuntos, até que outros viram substitui-los. Demorara muito, pois a morte por aqui é um fenômeno raro, mas ela chegará para todos nós.

Por mais que tentamos é difícil encara-la, mesmo sabendo que teremos de fazê-lo em algum momento. Que os versos de Manoel Bandeira nos ajude.

CANÇÃO PARA A MINHA MORTE 

Bem que filho do Norte

Não sou bravo nem forte.

Mas, como a vida amei,

Quero te amar, ó morte

— Minha morte, pesar

Que não te escolherei.

 

Do amor tive na vida

Quanto amor pode dar:

Amei não sendo amado,

E sendo amado, amei.

Morte, em ti quero agora

Esquecer que na vida

Não fiz senão amar.

 

Sei que é grande maçada

Morrer mas morrerei

— Quando fores servida —

Sem maiores saudades

Desta madrasta vida,

Que todavia amei.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Lançamento de Livro - A ilha dos Espiritos


Apresentação

A inspiração para escrever esse romance partiu de uma conversa que tive com meu amigo Denílson o qual carinhosamente chamávamos de Joh. Era o mês de maio em Lajeado e um turista havia morrido afogado. No dia posterior a este acidente quando eu e o Joh passávamos pela ilha verde conversávamos sobre as mortes que aconteciam por ali, quando ele falou – “Daria para escrever um livro sobre essas mortes que acontecem aqui, acontece coisas estranhas nesse local, há um grande mistério.” Concordei prontamente com ele.

Nesse mesmo ano, 2004, comecei a rascunhar o que seria A ilha dos espíritos, as conversas que tive com meu amigo joh que me relatou alguns fatos misteriosos visto nas madrugadas da ilha verde bem como posteriormente com uma amiga chamada Lidiane que também me relatou estes fatos, serviram de inspiração e foram usados na elaboração do mesmo, assim Joh e Lidiane os quais eu os homenageio dando nomes a personagens desse romance tiveram papel fundamental na elaboração deste livro.

O livro por tanto conta a historia de três jovens – Bia, Lidiane e Raquel que saem de Goiânia para passarem férias no Tocantins, se junta a elas um jovem Lajeadense que também mora e estuda em Goiânia e um jovem hippie vindo do sul do país.

Em meio a uma natureza belíssima os jovens se encantam pelo lugar, se apaixonam, se amam e vivem aventuras inesquecíveis. Até que descobrem que estão em um lugar cheio de segredos e mistérios, os quais devem descobrir antes que mais pessoas percam suas vidas naquelas águas misteriosas da ilha verde ou A ilha dos espíritos.

O romance é fictício, no entanto como pano de fundo é utilizado lendas e historias da região contada pelos moradores mais antigo da cidade. Assim pensamos esta contribuindo para o resgate histórico, cultural e folclórico da cidade de Lajeado e dessa região riquíssima em causos e contos populares que muitas vezes se perdem com o tempo.

Estes causos e contos populares contados como verdadeiros povoaram a minha infância e de muita gente que nasceu e cresceu por essas bandas do norte. Creio como extremamente importante preservamos essas historias populares, riquezas culturais do nosso povo.


O autor

https://clubedeautores.com.br/book/154519--A_ilha_dos_Espiritos#.UoEi63A3sqM

Elomar -