Olhar calmo
voz serena
jeito manso
pele morena.
Camponês
nordestino
coração valente
olhar de menino.
Pouco fala
muito lê
gosta de ensinar
também de aprender.
É de paz
mas não foge de briga
cultiva o amor
não é de intrigas.
Homem de palavra
falou tá falado
admirado por muitos
e também respeitado.
Olhar calmo
voz serena
jeito manso
pele morena.
Lajeado-TO. 09 de agosto de 2015. Dias dos pais.
Pedro Ferreira Nunes - poeta, escritor e educador popular.
segunda-feira, 10 de agosto de 2015
segunda-feira, 3 de agosto de 2015
Recriação da secretaria estadual de cultura, salão do livro e alguns desafios da politica cultural no Tocantins.
Após a descoberta de um
esquema de desvio de dinheiro público da secretaria de cultura para apoiar
eventos privados. Que na época era comandada por Kátia Rocha. O então
governador Siqueira Campos (PSDB) decidiu extinguir a secretaria de cultura
anexando-a a pasta da educação.
Ora, em vez de punir
exemplarmente os culpados pelos crimes cometidos, algo que não aconteceu até o
momento, como também corrigir os erros que vinham acontecendo na secretaria de
cultura o governador decidiu acabar com a pasta. Prejudicando assim aqueles que
bravamente realizam ações culturais no Tocantins.
Menos mal que agora o
atual governo decidiu recriar a pasta, só esperamos que não se cometa os mesmos
desvios que se cometia no governo anterior. Pois como temos acompanhado no
escândalo da construção de pontes que levam a lugar nenhum– que começou no
governo Marcelo Miranda (PMDB) e teve continuidade no governo Siqueira Campos
(PSDB). Assim, em vez das boas iniciativas, são as más que se tornam politica
de Estado no Tocantins.
Porém devemos ressaltar
que estão sendo feitas algumas iniciativas importantes na área da politica
cultural do Tocantins – em primeiro lugar o fato da escolha de um secretário
com um perfil técnico para gerir a pasta. Outro fato importante foi à
realização da conferencia estadual de cultura e também o processo de
cadastramento e levantamento dos artistas e ações culturais das diversas áreas
do meio cultural no Tocantins.
Salão
do livro 2015
Outra questão
importante foi o anuncio por parte da secretaria de educação do estado a cerca
da realização da edição de 2015 do salão do livro do Tocantins. O que não
aconteceu nos últimos dois anos com a justificativa de que o estado não tinha
recursos para realização do evento. Porém dinheiro não faltou para patrocinar
as feiras agropecuárias, a temporada de praia, carnavais fora de época entre
outros. E também se não tivesse havido desvios de recursos públicos para
patrocinar eventos particulares com certeza não faltaria dinheiro para realizar
esse importante evento que é o salão do livro do Tocantins.
A edição de 2015 do
salão do livro será realizada entre os dias 19 e 27 de setembro, no parque do
povo em Palmas. Segundo o governo será um evento modesto, pois o estado passa
por uma crise financeira. Mas só o fato do salão do livro voltar ao calendário
cultural do nosso estado é motivo para comemorarmos. Pois os governos de
plantão não tem o direito de tirar do povo tocantinense, em especial os amantes
da literatura, este importante evento que se tornou tradicional, e que
lamentavelmente foi interrompido nos dois últimos anos.
O salão do livro tem um
papel importante na promoção da literatura, sobretudo a que é feita a duras
penas no nosso estado. Como também sendo um espaço de estimulo ao gosto pela
leitura – conquistando novos leitores e estimulando o surgimento de novos
escritores. O caminho é longo, mas fundamental para criarmos uma cultura literária
no e do Tocantins. Assim, esperamos que nesta edição do salão do livro a
literatura tocantinense possa ter um espaço protagonista.
Que nossos poetas e
escritores possam ter o devido reconhecimento, apoio estrutural e espaço para
fazer e divulgar suas obras. E que também o salão do livro 2015 possa ser um
espaço para o encontro e a divulgação de diversas artes – literatura, música,
dança, teatro, cinema entre outros.
Alguns
desafios da politica cultura no Tocantins
Não são poucos, mas o
fundamental é que temos totais condições de superar tais desafios. Sobretudo se
os gestores públicos começarem a olhar a questão da politica cultural não como
algo secundário. Como algo que pode ser descartado de acordo com o momento financeiro
por que passa o estado. Como aquela pasta no orçamento que sempre tem que ficar
com o menor recurso.
Nesse sentido é
fundamental criar uma politica cultural para o Tocantins, politicas de estado e
não de governo. Com ações continuadas que visem ao fortalecimento de quem faz e
promove cultura há bastante tempo no Tocantins, como também proporcionando o
surgimento de novos artistas e promotores culturais. Ações que também devem ser
difundidas no interior, onde a ausência de uma politica cultural por parte das
prefeituras é ainda pior.
Outra questão
fundamental é a articulação, formação e organização entre os próprios artistas.
Cabe aos artistas e promotores culturais se mobilizarem coletivamente criando
uma pauta de reivindicações junto ao estado para buscar superar os desafios
para área cultural no Tocantins – seja na literatura, na musica, na dança, no
teatro, no cinema, na pintura, nas artes plásticas entre outros.
Pedro
Ferreira Nunes – é Poeta, escritor e educador popular.
Mais uma vez sobre a construção de casas populares no Lajeado
Márcia Reis |
A incompetência, a
falta de compromisso com as famílias que há vários anos esperam receber suas
casas e o descaso com o dinheiro público parece não ter fim no Lajeado. Pois
não há outra explicação para o fato de que a prefeitura de Lajeado sobre a
administração da prefeita Márcia Reis (PSD) ainda não tenha concluído a construção da segunda etapa de casas populares no município.
Após mais de ano com as
obras paralisadas pela justiça a construção das moradias populares foram
retomadas pela prefeitura no inicio deste ano com a promessa de que até o mês
de agosto a obra estaria concluída e as casas seriam entregues. No entanto mal
passou o aniversário do município (5 de maio) e as obras novamente foram
paralisadas.
Para coroar a completa
falta de competência e descaso da gestão Márcia Reis (PSD) a prefeitura e a
empresa responsável pela construção das moradias querem jogar nas costas das
famílias a responsabilidade de concluírem a obra. Pois tal plano ficou claro
quando a prefeitura convocou uma reunião com as famílias que serão contempladas
com as moradias – na tal reunião ficou decidido que cabe às famílias
contratarem pedreiros e serventes para terminarem as casas. Segundo a
prefeitura e o engenheiro responsável pela obra – tanto o dinheiro para
contratação dos profissionais como o material de construção será
disponibilizado. No entanto, o orçamento apresentado, e os valores que serão
disponibilizados são insuficientes, o que quer dizer que as famílias terão que
tirar dinheiro do próprio bolso para terminar suas casas.
Ora, isso é
inaceitável. As famílias foram contempladas num projeto que garantiam que
receberiam a casa pronta e não pela metade. E o recurso destinado pelo governo
federal foi suficiente para construção dessas moradias. Por tanto me digam.
Onde enfiaram este dinheiro? As famílias não podem assumir uma responsabilidade
que é da prefeitura e da empresa que ganhou a licitação da obra. Onde esta os
vereadores desse município? Onde esta a associação dos moradores? A que
interesse defende sua diretoria? Onde esta a justiça desse estado? O povo não
pode pagar a conta de tamanho descaso e incompetência da gestão publica
municipal.
O fato é que as
famílias cansadas de tanto esperar e não suportando mais pagar aluguel estão
assumindo a construção das casas populares que a gestão Márcia Reis (PSD) não
esta tendo competência para fazê-lo. E enfim elas serão concluídas, mesmo que
as famílias tenham que tirar dinheiro do seu próprio bolso. O ideal seria que
liderados por sua associação e respaldados pela câmara de vereadores, pelo
ministério público, pela defensoria pública e o poder judiciário as famílias
batessem o pé e recusasse a fazer o que é de responsabilidade da prefeitura.
Infelizmente não é isso que esta acontecendo, pelo menos por enquanto.
Por fim terminamos com
duas perguntas fundamentais. Onde esta o recurso destinado para construção das
moradias populares? É correto as famílias assumirem a conta por algo de errado
que eles não cometeram? Que as autoridades municipais, estaduais e federais nos
respondam.
Pedro
Ferreira Nunes é educador popular e militante do Coletivo José Porfírio.
segunda-feira, 29 de junho de 2015
Tocantinês
Que
nosso país tem dimensões continentais não é novidade, como também não é
novidade a diversidade de expressões culturais que o nosso povo cultiva de
norte a sul do Brasil. Aliás, a grande riqueza da humanidade é de fato a
diversidade cultural.
Uma
das expressões culturais que mais me chama atenção no Brasil é a variedade de
termos e sotaques que temos nas diversas regiões. Em especial no nordeste
brasileiro, região da qual eu tenho um carinho e uma grande admiração pelo seu
povo.
Mas
o objetivo deste artigo não é falar do meu carinho e admiração pelo nordeste,
deixemos isso para outra oportunidade. Falarei aqui sobre o meu norte querido,
em especial do Tocantins – Minha terra natal.
O
objetivo por tanto desse breve artigo é falar a cerca do que eu vou denominar
de ‘Tocantinês’- Termos típicos do meu querido estado do Tocantins. Termos
estes que formam um dialeto tipicamente tocantinense.
Ultimamente
tenho me deliciado em conversas com as pessoas aqui no interior do Tocantins
que ora e outra solta um desses termos que trás como principal característica o
humor. Estes termos são falados até pelos mais jovens o que garante que eles
sobreviveram por muito tempo. Vamos há alguns deles:
Rudo
Se
por acaso estiver conversando com um tocantinense, sobretudo do interior do
estado e for chamado de rudo, não se anime, pois não é um elogio. Ao contrario,
você esta sendo chamado de uma pessoa que não é dotada de inteligência. Em
português claro você esta sendo chamada de uma pessoa idiota.
Laquera
Já
se por acaso ti falarem para que você deixe de laquera, é porque o que estiver
falando não esta agradando muito, portanto estão mandando você calar a boca.
Rodado
Também
não é um elogio. Não estão dizendo que você é uma pessoa experiente. Na verdade
estão dizendo que você esta perdida, que você não tem nada e se quer sabe para
onde vai, isto é você esta ferrado.
Brejo
Se
por acaso ti chamarem de brejo, em especial por uma mulher que você esta afim.
Lamente muito, pois isso quer dizer que você não tem nenhuma chance com ela, pois
ela ti acha uma coisa horrível. Brejo não é um lugar muito agradável, pouca
gente quer ir lá, por tanto não queira ser comparado com um.
Arrotar bacaba
-
Ninguém arrota bacaba no meu terreiro.
Vixe,
a coisa ficou feia. Se alguém falar para você parar de arrotar bacaba é porque
o clima não está bom. Você esta falando mais do que deveria e, sobretudo o que
esta falando não esta agradando nem um pouco. E se você insistir em arrotar
bacaba deve ser muito bom de briga ou gosta de apanhar.
De bico
Se
falarem que você esta de bico em alguém, quer dizer que você esta encantado por
alguma moreninha. Que você não tira o olho dela. Fica só na tocaia esperando
para dar o bote tal como uma onça pintada num bezerro desgarrado.
Sem nadinha na boroca
Se
você ouvir esse termo quer dizer que este pobre diabo não tem um tostão furado
no bolso. Que não tem dinheiro se quer para pagar uma cerveja, imagine para
sustentar uma mulher. A mulherada do interior não perdoa, e difama o pobre
diabo para as amigas.
Estes
são apenas alguns termos dos vários falados no interior do Tocantins. Assim que
garimpar outros por ai, não hesitarei a escrever sobre eles. Mas o bom mesmo é
rodar no interior do nosso estado conversando e convivendo com o nosso povo,
que apesar de aparentar um ar severo e fechado é só aparência. No fundo o
Tocantinense é um povo extremamente humilde e hospitaleiro.
Pedro Ferreira Nunes é poeta e escritor tocantinense.
II Festa do cowboy de Lajeado: Festival de machismo, homofobia e distorção da cultura camponesa.
As exposições
agropecuárias são um dos eventos culturais mais tradicionais do Tocantins. Em
um estado com uma cultura campesina forte e um agronegócio poderoso não poderia
ser diferente. As festas acontecem de norte a sul do estado especialmente no
período do verão tocantinense que vai de maio a agosto. Entre as principais
podemos destacar a de Araguaína, Gurupi, Palmas e Paraíso. Em Lajeado essa
tradição vem sendo estabelecida nos últimos anos com a realização da festa do Cowboy que em 2015 teve a sua segunda edição, como também nas pedreiras (zona
rural do município) que já está indo para sua quinta edição.
No entanto um espaço
que poderia servir para valorização da cultura camponesa, para o resgate de
nossas raízes culturais tornou-se um festival de machismo, homofobia e
distorção de nossa cultura – a começar pelo nome da festa, que está mais ligada
à cultura norte americana do que nossa. Assim em vez de festa do Cowboy é preferível que se chamasse festa do peão como antigamente. Se não bastasse tudo
isso virou também palanque para políticos fazerem campanha antecipada. Pelo
menos é isso que acontece na festa do Cowboy de Lajeado.
Sem muitas alternativas
culturais na cidade, sobretudo voltado para toda a família, a festa acaba sendo
um atrativo para a população que já esta cansada de mais das mesmas coisas que
são realizadas no município. No entanto muitos acabam se decepcionando com a
total falta de sensibilidade dos organizadores que estão mais preocupados com
os louros políticos que poderão ganhar na realização da festa do que em
propiciar para população uma alternativa cultural com o mínimo de qualidade e
que respeite a diversidade.
E ai os cidadãos que se
propõem a deixar suas casas para relaxar e se divertir da dura vida no interior
do interior do país, tem que aguentar um narrador com suas rimas machistas e homofóbicas além do papel execrável de puxa saco das autoridades de plantão.
Autoridades essas que do alto dos seus camarotes olha o povo com um ar de
superioridade e desprezo. Olha o povo apenas como coisas que podem ser
manipuladas ao seu bel prazer.
Uma das cenas que me
causaram náuseas foi o momento em que o narrador levou duas adolescentes para o
meio da arena para que dançassem sensualmente ao som de um funk em troca de uma
caixa de cerveja. Enquanto as garotas exibem seus corpos adolescentes para uma
plateia de machistas em troca de uma caixa de cerveja a plateia vai ao delírio.
E estes mesmos senhores que aparecem muitas vezes condenando a exploração
sexual de crianças e adolescentes indiretamente acaba promovendo-a.
As vaias – De quem é a
culpa? De quem vaia ou de quem é vaiado? Falta de educação ou protesto
legitimo?
Na primeira edição da festa
do Cowboy do Lajeado a prefeita Márcia Reis acabou levando uma vaia acachapante de toda a arena, uma cena de fato inesquecível, tão inesquecível que a prefeita
não quis por os pés na arena de rodeio este ano. Já nessa segunda edição foi à
vez do deputado estadual Valdemar Junior (PSD) que teve que abreviar seu
discurso com medo do burburinho que começava a se formar na arena.
Tanto no caso da
prefeita como no caso do deputado alguns falaram ser perseguição politica ou
pelo fato de que o povo é mal educado. Mas será mesmo? A culpa é quem vaia ou
de quem foi vaiado? É obvio que ninguém vaia simplesmente por que acha
divertido. Por que tem o prazer em constranger alguém. A vaia é uma forma de
alguém mostrar que esta descontente com outra. Que não esta gostando do rumo
que as coisas estão tomando. Que tal discurso não os agrada. E por tanto
ninguém é obrigado a aplaudir aquilo que não concorda. Por tanto a vaia e
outras manifestações de protesto são legítimos.
A população que ali foi
não fora convidada para participar de um comício politico, uma campanha
politica antecipada. Para o lançamento de uma chapa que concorrerá o pleito
eleitoral de 2016 em Lajeado. A população não foi para ver o narrador do rodeio
passar 30 minutos puxando o saco do pré-candidato a prefeitura de Lajeado Jaime
(PMDB) e depois ouvi-lo discursar por mais 30 minutos. A população também não
foi para ver o narrador puxar o saco do secretario estadual da agricultura por
20 minutos e depois ouvi-lo discursar por mais 20 minutos. Como também a
população não foi para ouvir o narrador puxar o saco do deputado Valdemar
Junior por 30 minutos e depois ouvi-lo discursar por mais 30 minutos.
Lembrando que havia ali
muitas crianças e idosos em um espaço desconfortável tendo que aturar toda essa
maçada. Ai alguns ainda tem coragem de dizer que o povo é sem educação? Ora o
povo teve paciência por demais. Esperamos que nas próximas edições (sem vierem
acontecer) os organizadores tenham o mínimo de sensibilidade e organizem uma
festa que de fato resgate as nossas raízes campesinas, respeite a diversidade e
as pessoas que ali vão em busca de um direito básico que é o acesso a cultura
de qualidade.
segunda-feira, 8 de junho de 2015
Alguns brevíssimos comentários sobre questões politicas no Tocantins e no Brasil
O governo Marcelo
Miranda (PMDB) vem empurrando desde o inicio do seu mandato a discussão sobre o
pagamento da data base e outros direitos para os servidores públicos estaduais.
Após desmarcar varias reuniões com os sindicatos dos servidores, enfim o
governo apresentou uma proposta com uma mensagem clara – é pegar ou largar.
Isto é, que queira ou que não queira os servidores teriam que acatar a proposta
do governador .
É obvio que os
sindicatos pressionados pela base não tiveram outra saída se não recusar
prontamente a chantagem do governo. Pois a tal proposta apresentada não passava
de uma falta de desrespeito com os trabalhadores ao propor parcelar o
vencimento dos mesmos. A justificativa é sempre a mesma, o estado passa por uma
crise financeira e não tem como pagar os servidores. No entanto não faltam
recursos para contratar irresponsavelmente pessoal inchando a máquina pública.
Crise
no funcionalismo público estadual do Tocantins II
Diante da pressão do
funcionalismo público com manifestações e ameaça de greve – o governo não teve
alternativa se não recuar mais uma vez, tal como fez no inicio do ano, e
declarar que está aberto ao dialogo. Ora, mas o governo não havia dito
anteriormente que não dialogaria mais com os servidores? Que a proposta apresentada era a possível e
que, portanto deveria ser acatada por bem ou por mal pelos sindicatos? Nos
resta perguntar até quando os servidores públicos estaduais terão paciência com
o governo Marcelo Miranda (PMDB), já que o mesmo vem enrolando a categoria
desde o inicio do seu governo. Chegamos já na metade do ano e até agora Marcelo
Miranda continua fazendo o que bem quer, enquanto isso os sindicatos ficam
apenas na ameaça.
A
luta na educação
Já os servidores da
educação perderam a paciência com o governo e decidiram sair do campo da ameaça
e partiram para luta concreta. E seguindo o exemplo dos servidores da educação
do Paraná, de São Paulo, do Pará, de Goiânia bem como das instituições federais
de ensino superior decidiram entrar em greve. O ideal seria um movimento
unitário dos servidores públicos estadual do Tocantins, o que já havíamos
apontado ao fazermos um balanço da greve da policia civil no inicio do ano. Os
policiais civis fizeram uma greve de mais de 30 dias, mas por varias questões,
entre elas, o isolamento. A greve acabou chegando ao fim sem vitórias concretas
para categoria. Ao contrario, a falta de direção, ou uma direção ruim, acabou
trazendo mais ônus do que bônus para categoria.
Portanto os servidores
da educação, o comando de greve e o Sindicato dos Trabalhadores na Educação do
Tocantins – SINTET precisa fazer uma avaliação profunda bem como traçar táticas
e estratégias para que a mesma não caia no isolamento e acabe tendo o mesmo
destino da greve dos policiais civis.
A
luta da educação II
Nesse sentido para que
a educação não repita o fracasso da greve da policia civil é necessário
continuar o dialogo com as demais categorias do serviço público estadual que
não entraram de greve nesse primeiro momento, mas que poderão
fazer mais a frente. Outra questão é que a base da categoria precisa se
envolver e não deixar tudo na mão do sindicato. O movimento precisa de unidade
e força para enfrentar os ataques do governo, as sabotagens, a criminalização,
a possível judialização entre outras questões.
O fato da educação
estadual ter entrado em greve foi um avanço, sobretudo por que a direção do
sindicato vacilou em vários momentos não passando nenhuma segurança para base.
Assim chegamos até a duvidar que a greve fosse declarada. Porém felizmente,
graças à pressão da base, a greve foi deflagrada. E para aqueles que dizem que
o movimento foi precipitado – dizemos – que os servidores da educação tiveram
paciência de mais. Pois há seis meses que o governo só promete e não cumpri o
prometido, ao contrario, apresenta propostas absurdas que não podem ser aceitas
de forma alguma pela categoria.
A
pátria educadora de Dilma Rousseff e Mangabeira Úngue
Aliás, falando sobre
educação o que tem se debatido bastante no ultimo período é o artigo intitulado
de pátria educadora (mesmo slogan do governo federal), escrito pelo ministro do
governo Dilma Rousseff – Mangabeira Úngue. O tema foi até o assunto debatido no
programa brasilianas.org da TV Brasil, apresentado pelo economista Luiz Nassif
na ultima segunda-feira (01/06) com especialistas da Unicamp e da UNB.
Professores da UFT também já haviam tocado no tema dias antes da deflagração da
greve.
A questão não é simples
e requer um debate mais aprofundado, o que pretendo fazer em um artigo
posteriormente, mas não poderia deixar de tocar em uma questão do artigo que me
deixou bastante indignado, sobretudo como educador popular. O fato de que para
Mangabeira Úngue o problema da educação brasileira não é o descaso do poder
público, uma grade curricular ultrapassada, a falta de estrutura, profissionais
desmotivados e mal remunerados entre outras questões. Pasmem, para o ministro o
problema são os alunos, os alunos pobres – que tem a capacidade de aprendizagem
reduzida. Por isso o governo deve criar duas modalidades de ensino, na pratica
a ideia é criar no ensino público a escola do pobre e a escola dos ricos.
Mangabeira Úngue tenta tirar das costas do estado e jogar nas costas dos
estudantes a responsabilidade pela péssima qualidade do ensino.
Eleições
2016 em Palmas
A cada semana surge um
novo nome como pré-candidato a prefeitura de Palmas. Já temos Carlos Amastha
(PSB) que é o atual prefeito da capital e concorrerá a reeleição, Raul Filho
ex-prefeito de Palmas que acabou de se filiar ao PR, Sargento Aragão do PEN,
Gaguim do PMDB e Marcelo Lelís do PV. Além de outros nomes que tem declarado
ter intenção de disputar o pleito eleitoral rumo ao paço municipal da capital.
Essas movimentações e
articulações são normais um ano antes das eleições, e é fato que muito desses
que se declaram como pré-candidatos a prefeitura de Palmas não serão. Por tanto
tais movimentações nada mais são do que táticas para obter vantagens e venderem
o passe mais caro na hora de compor as coligações.
Contra
reforma politica no congresso nacional
Alguém tinha alguma
duvida que a reforma politica em discussão no congresso nacional encabeçada
pelo presidente da câmara dos deputados Eduardo Cunha traria alguma coisa de
progressista? Doce ingenuidade, o que se viu na verdade foi uma contra reforma,
como sempre, os nobres deputados tal como no código florestal conseguiram
piorar o que já era ruim.
Como por exemplo, na
votação que oficializou o lobby empresarial no congresso ao aprovar o
financiamento privado das campanhas. Fato que só aconteceu após manobra
rasteira do presidente Eduardo Cunha. Ou da clausula de barreira que penaliza
as minorias, apoiada inclusive pelos deputados de partidos progressistas como o
PSOL.
Aonde
vamos parar...
Sinceramente não sei,
mas o fato é que os ataques de patrões e governos aos direitos dos
trabalhadores não cessaram. E o pior é que não conseguimos vislumbrar á curto
prazo alternativas para reverter tal quadro. Portanto nunca foi tão necessário
construir uma frente de luta unitária das organizações da classe trabalhadora
de norte a sul do país para que nas ruas e na luta consigamos reverter estes
ataques.
Pedro
Ferreira Nunes é educador popular e militante do Coletivo José Porfírio.
segunda-feira, 1 de junho de 2015
Todo apoio a greve nas instituições de ensino superior! Por uma greve geral no Brasil já!
Ninguém gosta de greve,
nem mesmo aqueles que a fazem. Pois ao contrario do que se pensa fazer greve
não é algo simples, não é simplesmente cruzar os braços. Mas requer envolvimento,
disposição, dedicação e sacrifício de toda categoria. Sobretudo, se pretende
que a greve seja vitoriosa.
Se ninguém gosta de greve,
se a greve prejudica a todos, tanto os que são atingidos diretamente, como
indiretamente. Por que então fazemos greve? Por que os governos e patrões não
nos dão alternativa. E a greve é, portanto o principal instrumento na luta dos
trabalhadores pelos seus direitos.
Sabemos de todos os
problemas que uma greve nas IFES acarretará no inicio do semestre para
estudantes e professores. No entanto temos total clareza da condição caótica
que se encontram as IFES Brasil afora, e agora diante do anuncio dos cortes no
orçamento, onde só na educação alcançará um montante acima de 9 bilhões o
governo não nos dá alternativa se não ‘cruzar os braços’.
Assim, na atual
conjuntura por que passa o país, onde um governo que tem como lema a educação
como prioridade, mas que na realidade retira recursos e sucateia as
Instituições Federais de Ensino Superior, além de tentar jogar nas costas do
trabalhador a responsabilidade por uma crise que não foi criada por eles, a
greve é mais do que necessária.
E se essas breves
linhas não servir de argumento para justificar as greves nas IFES, ou as
reportagens que mostram a situação deplorável nas instituições federais de
ensino superior Brasil afora, convidamos os tocantinenses a visitar o campus da
UFT em Palmas – encontraram salas sujas, um campus mal iluminado, banheiros
interditado por falta de manutenção, demissão da metade dos terceirizado, lanchonete
fechada, além do corte de bolsas permanência, pesquisas entre outros.
Além do fato de que em
vez de negociar com os professores e técnicos administrativos, o governo
simplesmente abandonou a mesa de negociações. Inclusive se negando a cumprir o
acordo firmado com a categoria na greve de 2012.
Lamentamos que mesmo
diante desse quadro caótico tenha professores e grande parte dos estudantes na
UFT que são contrários a greve. Que pensam apenas no seu umbigo e não na
educação como um todo. Pois essa greve tem como razão de ser, sobretudo, ao
discutir qual o modelo de educação queremos para o nosso país. E com certeza o
modelo de educação que defendemos não é o da ‘pátria educadora’ de Dilma e do
Mangabeira Úngue – que pretende transformar as universidades e escolas públicas
em escolas-empresas.
Lamentamos também a
ausência de um movimento estudantil na UFT compromissado com as causas populares.
Ao contrario, temos um diretório central dos estudantes e centros acadêmicos
mais preocupados em fazer festas do que discutir as questões fundamentais que
atinge as IFES e a sociedade como um todo.
Por exemplo, na
programação da calourada unificada, não houve um ponto para discutir a questão
da greve. Não houve um ponto para
discutir o corte no orçamento da área da educação. Não houve um ponto para
discutir a situação de total abandono do campus da UFT em Palmas. Não houve se
quer um ponto para se discutir o ‘’pátria educadora’’. Em resumo, não houve um
ponto para discutir a conjuntura nacional e os reflexos na educação.
Bem se ver como o
movimento estudantil na UFT esta sintonizada com os problemas que acontecem
hoje no país. É por tanto necessário lutarmos para construir um movimento
estudantil na UFT compromissado com o movimento popular. Um movimento
estudantil independente de governos e patrões. E radicalmente de luta por uma
educação pública, gratuita e de qualidade.
Esperamos que a greve nas
IFES possa ser o motor propulsor para desencadearmos uma greve geral no país.
Uma greve geral mais do que necessária, sobretudo após o ajuste fiscal que será
aprovado no congresso nacional que retira direitos dos trabalhadores como
também do anuncio do maior corte no orçamento da historia, cortes estes que
atinge ferozmente as áreas sociais.
É inaceitável que as
organizações da classe trabalhadora aceite sem resistir e questionar a adoção
do governo federal da cartilha do FMI. Não, não podemos ficar de braços
cruzados ante de tantos ataques aos direitos fundamentais dos trabalhadores.
Precisamos nos mobilizar para reverter nas ruas e na luta esses ataques.
Por fim, terminamos
dando o nosso apoio incondicional a greve nas IFES, em especial na UFT onde
atuamos. Por compreender a necessidade do movimento grevista como uma forma de
lutar contra o sucateamento da educação publica e a retirada de direitos dos
trabalhadores em geral. Fazemos também um chamado aos estudantes da UFT e
demais instituições públicas de ensino superior a apoiar essa luta.
Pedro
Ferreira Nunes – é estudante de Filosofia da Universidade Federal do Tocantins.
Bacharel em Serviço Social pela UNOPAR, Educador Popular e militante do
Coletivo José Porfírio.
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