segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Disse me disse!


Uma das características das eleições no interior é o disse me disse, isto é, a fofoca, o mexerico, os boatos, o falatório. Utilizando-se da falta de informação da maioria da população. Implanta-se noticias com o objetivo de atingir o adversário e espalhar um clima de incerteza. Essa tática é velha e tem um nome – mal politica ou politicagem. Diante disso se percebe que a regra das eleições no interior é não ter regra. A palavra de ordem é vale tudo – tudo para se ganhar a disputa. E nesse sentido o disse me disse é uma arma fundamental. Sobretudo no interior onde o boca a boca ainda é mais forte que qualquer rede social.
É incrível como diariamente surge um novo boato – é a candidatura de fulano de tal que foi impugnada pela justiça, é uma pesquisa (fictícia) que dá conta da liderança de um determinado candidato, são ameaças de retirada de direitos, são promessas mirabolantes de modernização da cidade e por ai vai. E o disse me disse rola solto.
Hum, fulano de tal falou isso e aquilo.
É. Sicrano disse poucas e boas.
Tais boatos não surgem do nada. É fato que nosso povo é bastante criativo, mais daí inventar essas estorinhas do nada, sem nenhum objetivo, eles não fazem. O disse me disse é implantado e tem um objetivo claro – atingir o adversário de uma das formas mais vil possível. Isto é – mentindo, caluniando, difamando. Ora, quem se utiliza desse tipo de tática mostra se não fraqueza. Incapacidade de combater com ideias e projetos o adversário.
E não são poucos os candidatos que se utilizam dessa prática. Implanta-se no seio do povo um boatinho de nada e logo, logo o disse me disse irá transforma-lo em um fato verdadeiro. E através do boca a boca que é muito eficaz no interior, mais eficaz que watsapp, que facebook, que qualquer rede social – a cidade toda ficará sabendo em poucas horas da novidade. E depois que o disse me disse se espalha é difícil reverter o estrago que ele faz por onde passa. O que se faz geralmente é criar outro boato para tentar desmentir o anterior. E a eleição se transforma então numa guerra de disse me disse – quem for mais eficaz na criação e na propagação desses boatos com certeza levará a eleição. Mas essa realidade pode mudar, sobretudo a partir do momento que a população tomar consciência que esta sendo usada nessa correia de transmissão de boatos.
Que candidatos e seus correligionários se utilizem desse tipo de artificio para ganhar uma eleição é até compreensível. Ora, não se pode esperar de políticos medíocres se não mediocridade. Agora a população se deixar levar por esse disse me disse ai é inaceitável. Sobretudo por que hoje em dia qualquer informação a cerca das eleições e de candidaturas pode ser facilmente acessada no site do tribunal superior eleitoral – perfil dos candidatos, programa de governo, financiamento, situação junto à justiça. São informações que podem ser acessadas por qualquer pessoa. Até mesmo de um celular que tenha acesso a internet. É fato que boa parte da população ainda não tem clareza a esse respeito. E mesmo aqueles que têm acesso à internet não a utilizam como deveriam – buscando informações na fonte e não reproduzindo boatos. Que essas breves linhas possam contribuir minimamente para que comecemos a superar o disse me disse da politica interiorana. E com isso os maus políticos que se utilizam dessas táticas.

Pedro Ferreira Nunes - é Educador Popular e militante do Coletivo José Porfírio

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Fortalecer a luta pelo Fora Temer e por Novas Eleições já! Que o povo decida!


Como já esperávamos o processo de impeachment de Dilma Rousseff no Congresso Nacional ocorreu sem nenhuma surpresa. E tal fato deve servir para fortaleça as mobilizações pelo Fora Temer e pala convocação de novas eleições – já que o atual presidente da república não tem nenhuma legitimidade para está no cargo e muito menos aqueles que estão na sua linha sucessória.
Nós do Coletivo José Porfírio desde o primeiro momento alertamos para necessidade de unificação da esquerda em torno da bandeira pelo FORA TODOS, POR UMA GREVE GERAL E ELEIÇÕES GERAIS. Tal unidade em torno dessa bandeira era a única saída para que a esquerda pudesse sobreviver de fato como um setor que realmente conte nesse país. Tal unidade não se deu num primeiro momento, sobretudo por que alguns setores preferiram ainda continuar defendendo o retorno de Dilma Rousseff e outros focando no Fora Temer. Alguns defendendo que há um golpe parlamentar em curso no país e outros que não se trata de um golpe, mas sim de uma traição politica.
Respeitamos as posições diversas, mas para nós do Coletivo José Porfírio não dá para defender uma presidenta que nunca defendeu em seu governo os interesses dos trabalhadores e que segundo a senadora Kátia Abreu – presidenta da CNA (Confederação Nacional da Agricultura) foi o governo que mais ajudou o agronegócio. Aliás, com Dilma e Kátia Abreu o que vimos em curso foi um processo de antirreforma agrária. Nós também temos dificuldade em defender que houve um golpe. O que ocorreu esta mais para traição politica mesmo. No entanto não achamos que aqueles que dizem que se trata de um golpe estão totalmente errados. Por outro lado os que dizem que não houve golpe não deixam de ter razão. O que vimos foi a logica de funcionamento da democracia burguesa funcionando para garantir os interesses das classes dominantes. E a partir dai podemos tirar boas lições – como, por exemplo, não ter ilusões com as eleições burguesas.
O fato é que Dilma caiu e Michel Temer assumiu mostrando a que veio – Os ataques contra os diretos dos trabalhadores e a repressão contra manifestantes contrários ao atual governo não deixa duvidas quanto ao seu caráter reacionário e conservador. O que pese as divergências que possa haver entre os diversos setores da esquerda uma coisa é unanime – o governo Michel Temer é um governo ilegítimo. E por tanto devemos nos unificar e fortalecer a luta pelo FORA TEMER, POR UMA GREVE GERAL E NOVAS ELEIÇÕES.
Pela construção de uma Frente de Luta pelo Fora Temer no Tocantins!
Mesmo com intensa repressão – as manifestações contra o Fora Temer tem ganhado folego. E ao contrario do que o atual governo e os patrões pensavam a retirada de direitos dos trabalhadores não serão aceitos sem luta. E as mais de 100 mil pessoas que tomaram a Avenida Paulista em São Paulo no ultimo dia 04 de setembro demostraram muito bem a disposição de resistir e derrubar o governo Temer. E não será a repressão da policia que os farão recuar, pelo contrario, tal repressão só inflamará o animo para que mais pessoas tomem as ruas pelo Fora Temer. E essa mobilização com certeza inspirará manifestações em todo o Brasil, pois como diz o poeta Dom Pedro Casaldáliga –“São Paulo... quando rompe uma flor em teu asfalto, todo o Brasil acorda”.
Já podemos sentir os ventos de junho de 2013 tomando conta de todo o Brasil – e nós aqui no Tocantins não podemos ficar alheios a essa mobilização. Nesse sentido fazemos um chamado aos diversos movimentos populares – MTST, MST, CPT, CIMI, CMP, CONTAG, FETRAF, Casa Oito de Maio entre outros. Bem como sindicatos dos trabalhadores, centrais sindicais e o movimento estudantil de luta para construirmos uma frente de luta pelo Fora Temer no Tocantins. E a partir dessa articulação realizar mobilizações para derrubar o governo ilegítimo de Temer e pela realização de novas eleições.

Avante camarada, avante. Junte a tua a nossa voz.
Avante camarada, avante camarada – que o sol brilhará por todos nós”.


Pedro Ferreira Nunes
Coletivo José Porfírio

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Perfil das candidaturas a vereadores em Lajeado, Tocantínia e Miracema: A presença das Mulheres e da juventude.

Lajeado

As eleições municipais de 2016 para câmara de vereadores de Lajeado será uma das mais disputadas da história do município. Serão 61 candidatos na disputa pelas 9 vagas no legislativo municipal. Sendo que destes, 7 candidatos disputam a reeleição. E dos 61 candidatos a vereadores apenas 20 são mulheres. Seguindo por tanto a tendência tanto a nível regional como nacional de um numero bem menor de candidatas do sexo feminino em relação às candidaturas do sexo masculino.  O que só contribui para manutenção da desigualdade entre homens e mulheres na politica. Aliás, para disputa majoritária, não há nenhuma candidata do sexo feminino. E boa parte das 20 candidatas a vereadora não disputaram de fato – suas candidaturas servem apenas para cumprir as exigências da lei eleitoral – de que cada coligação/partido deve ter um numero de 30% de candidatas mulheres.

Em relação ao nível de escolaridade dos 61 candidatos a vereadores pelo município de Lajeado a grande maioria tem o ensino médio completo, são 35 deles. Já 9 candidatos tem nível superior. 6 o ensino fundamental completo. 4 o ensino fundamental incompleto. 3 o ensino médio incompleto. 2 o superior incompleto e 2 declararam que lê e escreve. Sobre patrimônio – 19 deles declararam um patrimônio acima de 100 mil reais, já 16 declararam um patrimônio inferior a 100 mil. E 26 candidatos, isto é, á maioria declaram não possuírem patrimônio.Em relação à idade a faixa etária preponderante é entre 30 e 59 anos – São 46 candidatos nessa faixa etária. De 18 a 29 anos tem 15 candidatos e apenas 3 candidatos acima de 60 anos.

Logo, portanto o perfil majoritário dos candidatos a vereadores para o legislativo lajeadense é de homens com idade entre 30 e 59 anos, tendo o ensino médico completo como grau de escolaridade e que não possuem patrimônio.

PERFIL CANDIDATOS A VEREADORES DE LAJEADO
41 CANDIDATOS HOMENS
20 CANDIDATAS MULHERES

ESCOLARIDADE
35 CANDIDATOS COM ENSINO MÉDIO COMPLETO
CANDIDATOS COM SUPERIOR COMPLETO
6 CANDIDATOS COM ENSINO FUNDAMENTAL
4 CANDIDATOS COM ENSINO FUNDAMENTAL INCOMPLETO
3 CANDIDATOS COM ENSINO MÉDIO INCOMPLETO
2 CANDIDATOS COM SUPERIOR INCOMPLETO
2 CANDIDATOS QUE LÊ E ESCREVE

PATRIMÔNIO
19 CANDIDATOS COM PATRIMÔNIO ACIMA DE 100 MIL
16 CANDIDATOS COM PATRIMÔNIO ABAIXO DE 100 MIL
26 CANDIDATOS NÃO POSSUEM PATRIMÔNIO

FAIXA ETÁRIA
15 CANDIDATOS ENTRE 18 A 29 ANOS
46 CANDIDATOS ENTRE 30 A 59 ANOS
3 CANDIDATOS ACIMA DE 60 ANOS

TOTAL DE CANDIDATOS: 61

Tocantínia

Em Tocantínia o total de candidaturas para o legislativo municipal é de 47. Sendo que destas 32 são de homens e 15 de mulheres. Logo por tanto se verifica que a candidatura de homens é mais que o dobro da candidatura de mulheres. O nível de escolaridade da maioria dos candidatos é o ensino médio completo, são 23 com essa formação. 12 tem o ensino fundamental completo. 7 o ensino superior completo. 3 declaram apenas ler e escrever. 1 o superior incompleto e 1 o ensino médio incompleto. Já sobre patrimônio – 20 declaram não terem patrimônios. 19 tem patrimônio inferior a 100 mil reais e 8 tem patrimônio acima de 100 mil. A faixa etária da maioria dos candidatos para câmara de vereadores de Tocantínia é de 30 a 59 anos – são 32 candidatos. 8 candidatos na faixa etária de 18 a 29 anos e 7 candidatos com idade acima de 60 anos.

Também em Tocantínia se repete o perfil preponderante dos candidatos a vereador – homens, com idade entre 30 a 59 anos. Com ensino médio completo e que declaram não terem patrimônios.


PERFIL CANDIDATOS A VEREADORES DE TOCANTÍNIA
32 CANDIDATOS HOMENS
15 CANDIDATAS MULHERES

ESCOLARIDADE
23 CANDIDATOS COM ENSINO MÉDIO COMPLETO
7 CANDIDATOS COM SUPERIOR COMPLETO
12 CANDIDATOS COM ENSINO FUNDAMENTAL
1 CANDIDATOS COM ENSINO MÉDIO INCOMPLETO
1 CANDIDATOS COM SUPERIOR INCOMPLETO
3 CANDIDATOS QUELÊ E ESCREVE

PATRIMÔNIO
8 CANDIDATOS COM PATRIMÔNIO ACIMA DE 100 MIL
19 CANDIDATOS COM PATRIMÔNIO ABAIXO DE 100 MIL
20 CANDIDATOS NÃO POSSUEM PATRIMÔNIO

FAIXA ETÁRIA
15 CANDIDATOS ENTRE 18 A 29 ANOS
46 CANDIDATOS ENTRE 30 A 59 ANOS
3 CANDIDATOS ACIMA DE 60 ANOS

TOTAL DE CANDIDATOS: 47

Miracema

Em Miracema o perfil predominante dos candidatos não é diferente do que verificamos em Lajeado e Tocantínia. Pelo contrario, a disparidade de candidaturas de homens e mulheres persiste, por exemplo, em um total de 77 candidaturas para câmara municipal, apenas 23 são de mulheres, o restante, isto é, 54, são de homens. Em relação ao nível de escolaridade mais de 50% tem apenas o ensino médio completo, são 42. Já 15 candidatos tem o ensino superior completo. 9 o ensino fundamental incompleto. 6 o superior incompleto, outros 6 o fundamental completo. E 4 o ensino médio incompleto.

Já em relação à patrimônios percebemos uma diferença entre os candidatos a vereadores de Miracema em relação aos candidatos de Lajeado e Tocantínia. Enquanto nas duas ultimas a maioria dos candidatos declararam não possuírem patrimônio, em Miracema – a maioria dos candidatos, isto é, 35 declaram um patrimônio abaixo de 100 mil. 27 candidatos declaram patrimônio acima de 100 mil e apenas 15 candidatos declararam não possuírem patrimônio.

Em relação à faixa etária dos candidatos – Miracema segue a mesma tendência dos municípios anteriores, porém percebe-se uma presença ainda menor de jovens. Do total de 77 candidatos apenas 7 estão na faixa etária que vai de 18 a 29 anos. E a presença de candidatos acima de 60 anos é ainda menor que a de jovens, são apenas 5 candidatos. Logo por tanto a grande maioria tem a idade entre 30 e 59 anos, isto é, 65 candidatos.

Nesse sentido o perfil predominante dos candidatos a uma cadeira no legislativo Miracemense é de – homens, com idade entre 30 a 59 anos. Tendo o ensino médico completo como nível de escolaridade e um patrimônio inferior a 100 mil reais.

PERFIL CANDIDATOS A VEREADORES DE MIRACEMA
54 CANDIDATOS HOMENS
23 CANDIDATAS MULHERES

ESCOLARIDADE
42 CANDIDATOS COM ENSINO MÉDIO COMPLETO
15 CANDIDATOS COM SUPERIOR COMPLETO
6 CANDIDATOS COM ENSINO FUNDAMENTAL
9 CANDIDATOS COM ENSINO FUNDAMENTAL INCOMPLETO
4 CANDIDATOS COM ENSINO MÉDIO INCOMPLETO
6 CANDIDATOS COM SUPERIOR INCOMPLETO

PATRIMÔNIO
27 CANDIDATOS COM PATRIMÔNIO ACIMA DE 100 MIL
35 CANDIDATOS COM PATRIMÔNIO ABAIXO DE 100 MIL
15 CANDIDATOS NÃO POSSUEM PATRIMÔNIO

FAIXA ETÁRIA
7 CANDIDATOS ENTRE 18 A 29 ANOS
65 CANDIDATOS ENTRE 30 A 59 ANOS
5 CANDIDATOS ACIMA DE 60 ANOS

TOTAL DE CANDIDATOS: 77

A presença das Mulheres e da juventude nas eleições municipais em Lajeado, Tocantínia e Miracema.
Os dados acima mostram claramente o quanto às mulheres e a juventude são sub-representados nas eleições municipais. E essa sub-representação reflete na participação desses grupos na vida politica do local e na renovação dos quadros políticos dos municípios interioranos. O que se percebe é uma predominância de um forte resquício de uma politica paternalistas e machistas ainda muito presente no interior. E nesse contexto as mulheres, a juventude e outras minorias participam se não como coadjuvantes.

Se nas eleições proporcionais a presença das mulheres e da juventude é mínima na disputa majoritária essa ausência é ainda mais significativa. Tal fato nos faz concluir que enquanto não houver uma profunda mudança nesse quadro politico – onde mulheres e juventude tenham seu espaço bem como outras minorias – a cultura machista e paternalista continuará predominando nesses municípios.

Pedro Ferreira Nunes – Educador popular e Militante do Coletivo José Porfírio.


sexta-feira, 19 de agosto de 2016

A questão da meritocracia no serviço público: Uma Questão ética?

 *Por Pedro Ferreira Nunes
 
Caminhamos a passos largos para uma “sociedade meritocrática moderna” como define Piketty. Por exemplo, nas disputas eleitorais políticos de diversas tendências apresentam como principal proposta para valorização do servidor público a questão meritocrática. Tais propostas têm sido recebidas sem muitos questionamentos pelo conjunto da sociedade e, sobretudo pelos trabalhadores do serviço público. Pois poucos ousam questionar o fato de que aqueles que mais se esforçam, aqueles que têm mais virtudes, aqueles que têm mais méritos devem ser reconhecidos através de uma maior valorização profissional. No entanto será de fato esse o caminho para superar a desigualdade salarial no serviço público? Será esse o caminho para uma maior valorização do servidor público e se ter uma melhor qualidade dos serviços prestados? Ou pelo contrário, a meritocracia pode servir para uma maior divisão de classe ou criar uma nova forma de dominação baseada na justiça, na virtude e no mérito? Diante desses questionamentos como podemos relacionar a questão meritocrática com a ética? Esse é o objeto da nossa reflexão nesse trabalho.
 
A meritocracia esta baseada em um conjunto de valores avaliativos pela qual se busca classificar as pessoas a partir do seu desempenho individual. Para Barbosa (2008) ela pode ser definida como um conjunto de valores que postula que as posições dos indivíduos nas organizações devem ser consequência do mérito de cada um, ou seja, do reconhecimento público da qualidade das realizações individuais. Assim, o critério básico da organização meritocrática é o desempenho das pessoas. É a partir dele que se permite diferenciar, avaliar, premiar, punir e legitimar a ordenação dos indivíduos; pois cada um deve receber na devida proporção de seu próprio esforço e capacidade. 

Diante disso nos cabe questionar, em uma sociedade tão desigual como é a sociedade capitalista, o desempenho das pessoas são iguais? É obvio que não, logo por tanto se percebe que a organização meritocrática na sociedade capitalista em vez de combater a desigualdade das condições de trabalho bem como os privilégios – justifica-os, através da meritocracia. Por exemplo, no Brasil essa desigualdade é bem latente como aponta Gilberto Freyre:

Considerada de modo geral, a formação brasileira tem sido um processo de equilíbrio de antagonismos. Antagonismos de economia e de cultura. A cultura europeia e a indígena. A europeia e a africana. A africana e a indígena. A economia agrária e a pastoril. A agrária e a mineira. O católico e o herege. O jesuíta e o fazendeiro. O bandeirante e o senhor de engenho. O paulista e o emboaba. O pernambucano e o mascate. O grande proprietário e o pária. O bacharel e o analfabeto. Mas predominando sobre todos os antagonismos, o mais geral e o mais profundo: o senhor e o escravo (FREYRE, 2003, p. 36).

Ora, em uma sociedade tão desigual e atrasada é fato que aqueles oriundos da classe dominante serão os que alcançaram os melhores postos e os melhores salários numa sociedade meritocrática, salvo raríssimas exceções. Com isso a desigualdade persiste – mas agora há uma boa justificativa para tanto. Os melhores devem ser privilegiados e os que são maus avaliados devem pagar a conta. Ora, mas são eles os culpados pelo mau desempenho ou é culpa de um sistema desigual que não lhes dão condições iguais para desempenhar o seu papel? Infelizmente para grande maioria a culpa é do individuo e não do sistema.

A questão meritocrática tem sido ardorosamente defendida em diversos países como também pelos diversos segmentos da sociedade. E tal fato não tem se dado apenas no serviço privado, mas também no serviço público. Para Pikkety (2014) “as crenças meritocrática mais ardorosas são invocadas frequentemente para justificar desigualdades salariais acentuadas”. Mas também observamos esse movimento nas empresas estatais na ocupação de cargos de direção – sobretudo com a justificativa para se combater a corrupção através de “nomeações politicas”. O fato é que desse processo tem surgido um pequeno grupo de pessoas que ganham salários exorbitantes em detrimento do “salario de fome” da grande maioria. Cria-se, portanto uma elite burocrática com altos salários no serviço público e tal fato em vez de combater a desigualdade salarial, pelo contrario poderá gerar mais desigualdade – e a estrutura da sociedade permanecerá a mesma – um pequeno grupo sobrevivendo na regalia, graças aos seus “méritos” – e a grande maioria permanece na miséria.

Outra questão a se ressaltar em relação à meritocracia é a logica mercadológica que tentam transferir para o serviço público. Tal questão pode ser explicada também com o aumento da eleição de empresários para cargos públicos. Porém o que se percebe ai é a utilização do discurso meritocratico para uma maior exploração do servidor público, exigindo deste, o cumprimento de metas para obter algum ganho salarial ou ocupar um cargo de chefia.

Segundo Ribeiro (2008) “o fato de uma sociedade hierarquizar seus membros para determinados fins, tomando como base os seus atributos e talentos pessoais, não faz dessa sociedade uma sociedade igualitária...”. Ao contrario do que se prega. Uma sociedade meritocrática não caminha para superação das desigualdades, pelo contrario, caminha-se para o aumento da mesma, ou pelo menos para a criação de uma nova forma de desigualdade, mas agora justificada pelo mérito.

Outro fator a se destacar em relação à meritocracia é a sua relação com a teoria do capital humano. Isto é a exigência do capitalismo pela formação de uma mão de obra cada vez mais qualificada. Segundo Silva (2008) “a partir das necessidades do mercado tornava-se cada vez mais necessário treinar homens e mulheres para que, com sua força de trabalho, movimentassem a máquina capitalista. Em grande parte do mundo procurou-se respostas a estas expectativas. A educação foi apresentada como uma das possíveis responsáveis pela formação deste novo modelo de homem”. Logo se vê o porquê do surgimento e avanço de uma educação tecnicista no sentido de formar essa mão de obra qualificada. E quanto mais qualificação mais chance de se ter sucesso numa sociedade meritocrática. Tal fato mostra novamente o engodo do discurso meritocratico. Ora, é obvio que numa sociedade tão desigual o acesso à educação e a uma qualificação de qualidade é restrito a um pequeno grupo.

Meritocracia uma questão ética?

Segundo Piketty (2014) “a meritocracia pode servir para uma maior divisão de classe ou criar uma nova forma de dominação baseada na justiça, na virtude e no mérito”. Tal afirmação nos remete a moral cavalheiresca presente na idade média. Vásquez (1984) aponta que “A moral cavalheiresca e aristocrática se distinguia — como a dos homens livres da Antiguidade — por seu desprezo pelo trabalho físico e a sua exaltação do ócio e da guerra. Um verdadeiro nobre tinha o dever de exercitar-se nas virtudes ca­valheirescas”. O extremismo da sociedade meritocratica pode levar a divisão da sociedade entre os capazes x os incapazes. Nada muito diferente do que temos hoje dominadores x dominados. No entanto o grande risco é que a questão meritocratica se esconde atrás de um discurso “moral”.

Logo de uma perspectiva capitalista é ético á questão meritocrática. Sobretudo por que segundo Vasquez (1984) “... o culto ao dinheiro e a tendência a acumu­lar maiores lucros constituem o terreno propício para que nas relações entre os indivíduos floresçam o espírito de posse, o egoísmo, a hipocrisia, o cinismo e o individualismo exacerbado. Cada um confia em suas próprias forças, desconfia dos demais, e busca seu próprio bem-estar, ainda que tenha de passar por cima do bem-estar dos outros. A sociedade se converte assim num campo de batalha no qual se trava uma guerra de todos contra todos”. E no fundo, é essa corrida de lobos que esta implicitamente no projeto de uma sociedade meritocratica. É a velha moral burguesa se apresentando sob uma nova forma.

 E não são poucos os estudiosos que na atualidade tenta nos enfiar goela abaixo esse engodo como percebemos claramente no que defende Parsons, citado por Chaves:

“os valores, de acordo com Parsons (1971), são essenciais para regular os compromissos sociais e devem estar incluídos nas normas que, por sua vez, devem integrar os sistemas, determinar as funções e orientar as pessoas sobre como devem exercer os seus papéis. Os papéis são as formas como os indivíduos, dentro de expectativas recíprocas, contribuem para a coletividade”. (Chaves, 2012; Pag. 27).

Por trás do discurso meritocratico – existe implicitamente um projeto de perpetuação da dominação e moral burguesa. Ao contrario do que se acredita, em vez de superar as desigualdades e dá melhores condições para que os trabalhadores desenvolvam o seu papel. O que se vê é o privilegio de alguns em detrimento da maioria. Ora, em uma sociedade desigual a meritocracia não surge para remedia-la, mas sim para acentua-la e amplia-la. Sendo assim, “O extremismo meritocratico” como aponta Pikkety tende a se tornar um grande problema para o aumento da desigualdade na sociedade do século XXI. (2014; 407). Nesse sentido precisamos combate-la defendendo como aponta Vásquez (1984) “uma nova moral, verdadeiramente humana,” que “implicará numa mudança de atitude diante do trabalho, num de­senvolvimento do espírito coletivista, na eliminação do espírito de posse, do individualismo, do racismo e do chauvinismo; trará também uma mudança radical na atitude para com a mulher e a estabilização das relações familiares. Em suma, significará a realização efetiva do princípio kantiano que convida a considerar sempre o homem como um fim e não como um meio”.

Referencias bibliográficas

BARBOSA, L. Igualdade e Meritocracia. A Ética do Desempenho nas Sociedades Modernas. Editora, Fundação Getúlio Vargas. Rio de Janeiro, 1999.

CHAVES, NEUZA MARIA DIAS. Meritocracia – Revelando as melhores pessoas ou o melhor das pessoas? Um Estudo de Caso em uma Empresa Brasileira. – Pedro Leopoldo: Fundação Pedro Leopoldo, 2012.

PIKKETY, THOMAS. O capital no século XXI. – 1º ed. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2014.

SILVA, JEFFERSON SOARES DA; SILVA, ADNILSON JOSÉ DA. A teoria do capital humano e sua influência econômica e politica sobre a educação e o trabalho no Brasil nas décadas de 1960 e 1970. - Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, 2008.

VÁSQUEZ, ADOLFO SÁNCHEZ. Ética. - 4º ed. Barcelona: Editorial critica, 1984.

*Artigo produzido para disciplina de Ética e cidadania do curso de Filosofia da Universidade Federal do Tocantins.

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quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Moção de Apoio a Greve Geral dos Trabalhadores do Serviço Público Estadual do Tocantins


Se o presente é de luta, o futuro nos pertence”.
Ernesto ‘Che’ Guevara
Viemos através dessa declarar nosso incondicional apoio a greve geral dos trabalhadores do Serviço Público Estadual do Tocantins pelo cumprimento da data-base e da reposição salarial. Direitos que vem sendo negado pelo governo de Marcelo Miranda (PMDB). Os trabalhadores não podem pagar por uma “crise” que não foi criada por eles. Aliás, essa crise criada pelo governo – e que é tão propagandeada pela mídia local – não passa de uma farsa para justificar o ataque aos direitos dos trabalhadores.
O fato é que a situação financeira do Estado não é tão ruim assim como aponta o governo Marcelo Miranda. A arrecadação própria do Estado cresceu R$ 26,8 milhões, sendo isso resultado da quinta elevação seguida no ano. Já em relação aos tributos federais repassados para o Tocantins também houve um aumento significativo – foi de 26,6 milhões em relação ao ano passado. Ora, recurso tem. Portanto o que falta é aplica-los naquilo que de fato necessita – por exemplo – na melhoria dos serviços públicos e na valorização dos servidores.
Nesse sentido saudamos com entusiasmo a mobilização unitária das diversas categorias do serviço público estadual pelos seus direitos. Sobretudo pelo fato dos trabalhadores terem conseguido aprender com os erros do passado – onde os movimentos grevistas se davam de forma fragmentada e assim eram mais fáceis de serem derrotadas. Agora com um movimento unitário os trabalhadores do serviço público estadual terão mais força para alcançar suas conquistas. A greve geral no serviço público do Tocantins já é histórica – com uma ampla adesão das categorias e uma disposição de luta já mais vista na historia desse Estado. No entanto não basta cruzar os braços – é preciso ações, inclusive mais radicalizadas para que as conquistas possam se concretizar.
E nós do Coletivo José Porfírio apoiamos incondicionalmente essa greve geral por compreendermos que as conquistas advindas dessa luta não serão apenas para os servidores públicos, mas também para toda população tocantinense. E nesse sentido fazemos um chamado a toda a população especialmente aos movimentos sociais e partidos do campo popular – a se somarem a essa luta inclusive pautando o fim do ajuste fiscal aprovado na assembleia legislativa que aumentou a carga tributária em cima da população tocantinense.
Pedro Ferreira Nunes
Pelo Coletivo José Porfirio
Lajeado – TO. 11 de Agosto de 2016.

Nota de Solidariedade pelo assassinato de mais um camponês pobre por jagunços no Tocantins e em repúdio a violência no campo


Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais conseguiram deter a primavera inteira”.
Ernesto ‘Che’ Guevara

Foi com extremo pesar que nós do Coletivo José Porfírio – recebemos a noticia do assassinato de mais um camponês pobre por jagunços no Tocantins. Tal assassinato reflete muito bem o caráter violento da burguesia agrária tocantinense. Violência que tem aumentado no último período graças à omissão por parte do Estado e da impunidade por parte da justiça.
A Comissão Pastoral da Terra aponta que desde o inicio de 2016 já foram registrados cinco casos de ataques a diferentes comunidades por pistoleiros a mando de grileiros. Dentre eles, o assassinato de uma liderança da ocupação Gurgueia, no município de Araguaína. Com a paralização da reforma agrária e o avanço do agronegócio, mas, sobretudo pela impunidade – tais casos de violência contra camponeses pobres, indígenas e quilombolas tende a se multiplicar.
Luiz Jorge de Araújo é mais uma vitima da bala genocida dos latifundiários tocantinenses – Pai de família, com 56 anos de idade. Foi assassinado no seu barraco na comunidade do Boqueirão, município de Wanderlândia. Por quatro jagunços armados. Não é o primeiro e infelizmente não será o ultimo. Pelo menos não enquanto não se encarar como se deve a questão dos conflitos no campo – como caso de politica e não de policia. Como uma expressão da questão social e não com criminalização. E tudo isso passa pela realização de uma reforma agrária de fato nesse país.
E por isso conclamamos aos setores progressistas da sociedade brasileira – não deixem o sonho da reforma agrária ser assassinada – por que a questão campesina, indígena e quilombola têm estado em segundo plano nos programas e nos pontos de pauta das reivindicações das organizações de esquerda? Não aceitemos a imposição de que uma reforma agrária não é mais possível nesse país. Pois temos convicção de que ela não é só possível como também necessária – e a morte de Luiz Jorge Araújo mostra muito bem essa necessidade. Que o seu exemplo possa nos inspirar a continuar entrincheirados na luta pela democratização do acesso a terra nesse país.
Por fim nós do Coletivo José Porfírio gostaríamos de nos solidarizar com os familiares e os companheiros de luta de Luiz Jorge Araújo. Como também repudiar o aumento da violência no campo por parte do agronegócio tocantinense. É inadmissível que estes crimes contra camponeses pobres continuem sem uma solução por parte das autoridades regionais e nacionais. Por isso exigimos do governo Estadual, do governo Federal e dos órgãos legislativos e judiciários a punição exemplar dos responsáveis por mandar e cometer tal crime.

Pedro Ferreira Nunes
Pelo Coletivo José Porfírio

Lajeado-TO, 11 de Agosto de 2016.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Salão do livro do Tocantins engavetado mais uma vez?!

Após dois anos sem ser realizado (durante o governo Siqueira/Sandoval) o salão do livro foi retomado em 2015 com todo alarde pelo governo Marcelo Miranda (PMDB)– juntamente com a recriação da secretaria de cultura. Tais medidas segundo o atual governo mostrava sua forma diferente de governar da gestão anterior bem como o anuncio de um novo tempo que começava no Tocantins sobre a sua administração. No entanto o governo Marcelo Miranda segue a mesma trilha da gestão anterior – Extinguiu a secretaria de cultura em menos de 1 ano de sua recriação e a 10º edição do Salão do livro prometida para maio de 2016 não saiu do papel.

Será que o salão do livro irá ser engavetado mais uma vez pelo governo do Tocantins? Não há nenhuma duvida quanto a isso. Já estamos no segundo semestre de 2016 e até o momento nenhuma iniciativa do governo aponta para a realização da 10º edição do salão do livro ainda este ano. Ainda mais com as eleições municipais que tomaram conta da agenda nesse próximo período. E por que o salão do livro será mais uma vez engavetado? Até o momento não há nenhum comunicado oficial por parte do governo falando se irá ou não realiza-lo este ano. E se não irá realiza-lo o porquê. No entanto sabemos muito bem que tal comunicado não sairá, pois não há nenhuma justificativa para não realização da 10º edição do salão do livro do Tocantins. Eles podem até tentar utilizando-se dos argumentos do governo anterior, dizendo que é devido à crise financeira pela qual o Estado passa – no entanto tal justificativa não se sustenta minimamente.

Crise financeira?

Ora, levantamento dos Servidores Públicos do Estado do Tocantins mostra que a arrecadação própria do Estado cresceu R$ 26,8 milhões, sendo isso resultado da quinta elevação seguida no ano. Já em relação aos tributos federais repassados para o Tocantins também houve um aumento significativo – foi de 26,6 milhões em relação ao ano passado. Logo percebemos que a crise financeira tão usada para justificar a má gestão do governo Marcelo Miranda não passa de uma farsa para ludibriar a população.

Além dessa questão é preciso ressaltar que a própria realização do salão do livro se autofinancia. Por exemplo, na 9º edição realizada em 2015. O governo investiu 4,7 milhões para sua realização e segundo o balanço da secretaria de educação foram movimentados no evento 7,5 milhões em vendas de livros e artigos. Sem contabilizar o aumento do turismo na capital para participação no evento que por sua vez movimentou os serviços de transporte, alimentação e hospedagem. Além é claro do principal ganho que não se contabiliza em números que é o conhecimento e o fortalecimento da educação e da cultura literária tocantinense e outras artes em geral. Diante disso fica claro que a não realização do salão do livro se dá por uma questão politica – por que não é prioridade para o atual governo (tal como o anterior) a valorização da cultura – a não ser quando esta pode ser usada para se alcançar êxitos eleitorais. E é justamente nessa perspectiva que o atual governo tem se utilizado dela.

A importância do salão do livro

Á ultima edição do salão do livro realizada em 2015 mostrou o potencial literário que o Tocantins tem.  A realização do evento propiciou o lançamento de 120 livros, além de diversas apresentações artísticas desde o campo do teatro, da musica, da dança entre outros. E com isso recebeu um público de 350 mil pessoas. Tal fato mostra o que já defendemos anteriormente, que no Tocantins não falta produção artística, mas sim espaços e condições para que os artistas de diversas áreas possam divulgar e apresentar seus trabalhos. Mostra também que não falta interesse por parte da população pela arte feita no Estado. O que falta é oportunidade para que as pessoas possam ter acesso a estes trabalhos artísticos.

Desafios para os escritores tocantinenses na construção da literatura regional

Por outro lado a ultima edição do salão do livro mostrou o quanto a literatura tocantinense ainda é dependente do poder público. Logo, portanto é a área mais prejudicada com a não realização desse evento. O que mostra também as dificuldades para construção de uma literatura de fato tocantinense. Pois se os escritores não lançam seus livros não conseguiram leitores, se não conseguirem leitores não há como formar novos escritores. E sem novos escritores e leitores a literatura tende a ficar estagnada ou morrer. Por tanto é chegada a hora dos escritores tocantinenses construírem uma alternativa para além das migalhas que o atual governo lhes dá através de editais. É preciso também construir eventos para além dos oficiais. E nesse sentido por que não a construção de um salão do livro alternativo? Fica ai o desafio para aqueles que estão cansados de serem enganados pelos governos de plantão e que realmente tem compromisso com a construção de uma cultura literária no Tocantins.

Pedro Ferreira Nunes – é poeta e escritor popular tocantinense.

*Fonte: Com dados da SEDUC-TO e informações do Conexão Tocantins e Jornal do Tocantins.