quarta-feira, 3 de maio de 2017

Notas de um dia histórico: Estudantes, Professores e Técnicos Administrativos da Universidade Federal do Tocantins participam da maior Greve Geral da História do Brasil.

*Por Pedro Ferreira Nunes
Era pouco mais das 05h30 da manhã quando chegamos ao campus Palmas da Universidade Federal do Tocantins para nos somarmos aos técnicos administrativos e professores do Comitê Reage UFT que ali estavam para fazer um piquete e mobilizar a comunidade acadêmica a aderir à greve geral. Não perdemos tempo e logo abrimos nossas faixas que davam o recado: GREVE GERAL! FORA TEMER: EM DEFESA DOS NOSSOS DIREITOS. SERVIDORES DA UFT NA LUTA! UFT NA LUTA E NAS RUAS: CONTRA AS REFORMAS DO GOVERNO TEMER! UFT NA GREVE GERAL: EM DEFESA DOS DIREITOS DOS SERVIDORES PÚBLICOS! Com megafone em punho anunciávamos – 28 de Abril é Greve no Brasil. E assim, aos poucos mais e mais pessoas foram se incorporando ao movimento que também recebia a solidariedade dos motoristas que por ali passavam seguindo rumo a BR – 153.

Os primeiros raios do sol da manhã chegaram trazendo consigo os primeiros ônibus. Logo pensamos, é agora que começará os questionamentos e as tentativas de furarem o piquete. Mas para nossa felicidade á maiorias dos ônibus que chegavam estavam completamente vazios. Apenas um ou outro estudante desavisado que não criou problema algum. Isso nos mostrou o quanto havia sido bem sucedido o trabalho de mobilização para greve geral realizado pelo comitê Reage UFT – um trabalho que começou ainda no início de abril e que realizou reuniões, assembleias e discussões com toda a comunidade acadêmica no sentido de convencê-la da importância de aderir a greve geral. E como fruto desse trabalho árduo não houve nenhuma resistência por parte de professores, estudantes, técnicos administrativos ou dos terceirizados no sentido de furar a greve geral na UFT.

O único problema que tivemos foi com dois servidores da Unitins que tentaram furar o piquete, já que para chegar ao campus Graciosa da Unitins é preciso passar pelo portão da UFT. Estes servidores chegaram a nos ameaçar. Mas logo foram convencidos do contrário. A maioria dos estudantes que chegavam nos ônibus eram da Unitins também. Mas em nenhum momento tentaram forçar a entrada, pelo contrário disseram que só estavam ali por que a direção da Unitins e seus professores haviam lhes obrigados a irem utilizando-se claramente da “prova” como instrumento de coerção.

O gozado é que esse professor que obrigou os seus estudantes a irem para aula e não participar da greve, pois se não perderiam a prova e levariam bomba, nos acusou de obrigar as pessoas a aderir ao movimento grevista. Ora, qual a moral de um sujeito desses que fazendo uso de sua autoridade tentou obrigar seus estudantes a boicotar o movimento grevista? Foi à mesma atitude de patrões que ameaçaram cortar o ponto de seus funcionários e dos governos de plantão que se utilizando das forças policiais reprimiu os manifestantes Brasil afora. No entanto não conseguiram impedir que a greve geral fosse realizada com êxito. Mas esse episódio também deve nos servir de lição para que na próxima façamos um trabalho de base na Unitins tal como fizemos na UFT e no IFTO.
Marcha Unificada das Centrais Sindicais e Movimentos Sociais na JK
O Sol estava alto, enquanto isso mais pessoas se somavam ao piquete na entrada do campus Palmas. As noticias que nos chegavam de outras partes eram animadoras – São Paulo e outros grandes centros estão parados. O interior do Tocantins também em luta – Porto Nacional, Araguaína, Gurupi, Tocantinópolis, Divinópolis, Miracema. Na avenida JK em frente ao Colégio São Francisco milhares de manifestantes se concentravam para marcha unificada.
Com o nosso primeiro objetivo cumprido ali no portão da UFT era o momento de se somar aos outros trabalhadores e organizações sociais na marcha unificada. E assim fizemos, saímos em comboio pelas ruas de Palmas até o local da concentração. Ao longo do caminho não pude deixar de notar o estacionamento do shopping vazio – o que nos trouxe grande felicidade. Vazio também estava o comercio na avenida JK e os ônibus que circulavam com um ou outro desavisado.
Era por volta das 09h da manhã quando a marcha partiu cortando á avenida JK em sentido ao palácio Araguaia. Eram milhares de trabalhadores de diversas categorias – com faixas, bandeiras e cartazes – professores, servidores gerais, trabalhadores sem teto, trabalhadores sem terra e a juventude. Aliás, era a juventude com seu fervor e entusiasmo – cantando, dançando, e gritando palavras de ordem que seguia na linha de frente. Estudantes, Professores e Técnicos Administrativos da UFT vinham em seguida com grande entusiasmo. Entusiasmo que ia aumentando com a incorporação cada vez maior de estudantes, professores e técnicos administrativos que haviam ido direto para a marcha. O que fez com que o bloco coordenado pelo comitê Reage UFT fosse um dos mais destacados na manifestação.

Enquanto a marcha seguia triunfante, um helicóptero da policia militar a mando do governador Marcelo Miranda (PMDB) nos provocava ameaçadoramente com agentes fortemente armados. Os policiais que acompanhavam do chão tentavam impedir que tomássemos toda a pista. Mas não tiveram êxito, as provocações por parte do aparelho repressivo só aumentou a nossa disposição. E assim a marcha seguiu. Seguiu firme até chegar ao seu destino final. E ali encerramos com um grande ato onde as diversas organizações presentes falaram contra as reformas do governo Temer, pediram por sua saída e conclamaram por eleições gerais já.
Algo que gostaríamos de destacar foi de fato o caráter unitário da manifestação em Palmas. Algo que eu particularmente ainda não havia visto. Centrais sindicais e movimentos sociais deixando de lado suas diferenças para marchar conjuntamente numa luta comum – sem brigas, sem disputa de ego para ver quem dirigia o movimento. CUT, UGT, Força Sindical, CTB, CSP-Conlutas, NCST. Além dos sindicatos, dos movimentos sociais, e da juventude trabalhadora. Me dei conta dessa unidade quando num dado momento uma camarada passou por mim com uma camisa da CUT, um chapéu da UGT e uma bandeira da CTB na mão.
Breve balanço
O principal objetivo de uma greve geral não é apenas colocar milhares de trabalhadores nas ruas. Mas sim atingir o bolso do capitalista, parar economicamente o país, e incomodar governos e patrões. E esse objetivo a greve do dia 28 de Abril alcançou inquestionavelmente. Ora, a mesma impressa que tenta desqualificar o movimento noticia que houve locais em que a queda das vendas no comercio chegou a 70%. Outro veiculo de comunicação aponta uma estimativa de perca de 5 bilhões de faturamento em todo o Brasil. As imagens do comercio com portas fechadas, ruas vazias e ônibus e metrôs parados falam por si só e é muito mais significativo do que milhares de pessoas com uma camisa da seleção brasileira de futebol num domingo a tarde caminhando como gado obedecendo a elite oligárquica que comanda o país.

Ao contrário de alguns camaradas, não me causa nenhuma indignação à cobertura da imprensa brasileira a cerca da greve geral. Muito pelo contrário, isso é um ótimo sintoma. Senti fortemente os ares de junho de 2013 quando as manifestações que começaram a crescer a cada dia obrigou a grande imprensa e os governos de plantão a mudar o discurso. Ora não é nenhuma surpresa a tentativa por parte do governo e da imprensa de desqualificar o movimento legitimo dos trabalhadores e, por conseguinte criminaliza-lo. Novamente vemos o discurso que tenta dividir os “bons manifestantes e os maus manifestantes”, como também uma linha de dar ênfase maior nos confrontos violentos. Tudo isso é um sintoma forte do abalo causado pela greve geral.
Ora, “dizei-me anêmicos e anões” desde quando se faz movimento grevista para agradar o patronato e o governo? Se faz greve justamente para incomodar. E o fato é que incomodamos, incomodamos e muito. E isso sim é democracia, como afirma o professor José Paulo Netto “quem quer democracia conversando do palácio com luva de pelica, na verdade nem quer conversar e nem quer democracia”.
Por fim é preciso destacar uma diferença da greve geral com as manifestações de junho de 2013. Agora temos uma direção política e esse fato abre uma grande perspectiva para o próximo período, logo não tenho duvida que uma próxima greve geral, á qual não devemos ter receio e nem devemos perder tempo em começar a articular, será muito maior e mais histórica do que essa greve. Sigamos sem vacilar nessa luta, hasta la victoria siempre!

*Coordenador do Centro Acadêmico de Filosofia da Universidade Federal do Tocantins, Membro do Comitê Reage UFT e militante do Coletivo José Porfírio.

E a crise governador?

Desde que assumiu o governo do Estado pela terceira vez Marcelo Miranda (PMDB) vem afirmando que o Tocantins passa por uma grande crise econômica. Foi em nome dessa crise que aprovou um ajuste fiscal aumentando impostos sobre a população tocantinense, especialmente o ICMS. Foi em nome dessa crise que realizou uma reforma administrativa acabando com algumas secretarias e fundindo outras, com destaque para secretaria de Cultura. Foi em nome da crise que passou a pagar os servidores quase na metade do mês. E em nome da crise parcelou o pagamento da data-base. A lista não é pequena, portanto paremos por aqui. Vamos ao que interessa, isto é, mostrar aquilo que sempre afirmamos, de que a crise tão propalada pelo governo Marcelo Miranda não passa de um engodo.
Ora se o Estado do Tocantins esta em crise como é que o governador cria novas secretarias de governo onerando assim os cofres públicos? Quer dizer então que acabou a crise? Não, a crise não acabou. E não acabou por que simplesmente nunca existiu. A própria declaração do governo dizendo que os impactos financeiros com a criação dessas novas secretarias será mínimo mostra bem. “... as estruturas dessas pastas já existiam e a maioria dos cargos vai ser apenas realocado”. Ora, portanto na prática quer dizer que a então reforma administrativa de 2016 foi apenas para criar uma cortina de fumaça para que o governo Marcelo Miranda aumentasse impostos e deixasse de pagar corretamente os direitos dos servidores estaduais? Enquanto discursava para população de que estava cortando na própria carne, na verdade estava apenas maquiando a realidade.
Por outro lado a declaração de que os impactos financeiros nos cofres do Estado serão mínimos tem uma contradição, pois ao mesmo tempo que afirma que irá aproveitar uma estrutura já existente que havia sido apenas realocada, também afirma que criará cargos de secretário, subsecretários e algumas gerencias. Ora são justamente os cargos que tem os maiores impactos na folha de pagamento, já que estes servidores ganharam salários bem superiores aos demais. Deve ter sido por isso que ao mesmo tempo em que criou as novas secretarias anunciou um corte no orçamento na casa dos 63 milhões. Pois afinal das contas, alguém tem que pagar a conta com a criação dessas novas secretarias e esses novos cargos comissionados.
Diante de tudo isso uma coisa esta clara, não existe crise, a crise é uma falácia do governo para tirar direitos dos trabalhadores. Outra questão é que não podemos ficar calados, devemos denunciar amplamente – a recriação da Secretaria de Articulação Politica, da Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano. E a criação da Secretaria Extraordinária de Assuntos Comunitários – onde nomeou um ex-deputado para o cargo. Atende a um único proposito – comprar apoio político para as próximas eleições ao governo do Estado – na qual Marcelo Miranda pretende concorrer à reeleição.

Pedro Ferreira Nunes – Educador Popular e Militante do Coletivo José Porfírio.

segunda-feira, 24 de abril de 2017

In memória dos camponeses tombados pelas balas genocidas do latifúndio.


Camaradas camponeses
In memória dos camponeses tombados pelas balas genocidas do latifúndio.
 
Camaradas camponeses
que nas mãos trazes o calo da enxada
que cultiva a terra abençoada
para produzir alimento pra nação.


Camaradas camponeses
que há anos resiste nas margens das rodovias
em baixo de barracas de lona
sonhando com um pedaço de chão.


Camaradas camponeses
sai governo e entra governo
a reforma agrária continua no papel
e tu na mesma situação.


Camaradas camponeses
continuam sendo violentados
milhões são assassinados
nos mais distantes rincões.


Camaradas camponeses
a justiça aqui é só para os ricos
não nos iludamos por tanto.
façamos justiça sim
- Mas com nossas próprias mãos.


Pedro Ferreira Nunes
Casa da Maria Lúcia. Lajeado – TO. Lua Minguante. Outono de 2017.

“Sobre a Origem e a Natureza dos Afetos” – Terceira parte do livro – Ética Demostrada em Ordem Geométrica, de Baruch Spinoza.


Sonia Rosa Neiva e Pedro F. Nunes 
Estudantes de Filosofia da Universidade Federal do Tocantins. 

Qual a origem e a natureza dos afetos? Antes precisamos saber – O que são afetos? E a natureza? O que é a natureza? O que são o desejo (cupiditas), a alegria (laetitiae), a tristeza (tristia)? Como podemos amar e odiar? Aliás, o que é o amor? Existe o livre arbítrio? Trazemos conosco a alegria e a tristeza? Mente e Corpo são substâncias distintas? Somos por natureza – invejosos e propensos ao ódio e a inveja? Eis os problemas que o filosofo holandês de origem judaica Baruch Spinoza se propõem a refletir na sua obra clássica “Ética demostrada em ordem geométrica” mais especificamente, na terceira parte – “Sobre a origem e natureza dos afetos”.
Spinoza busca a partir de uma perspectiva racionalista explicar os afetos e ações do homem. Ele nos dirá que tal fato é possível pela existência de leis e regras universais da natureza. Logo é preciso tratar da questão dos afetos de forma racional, sendo assim não há método melhor do que o geométrico. Para tanto Spinoza afirma que é preciso que ações e apetites (appetitus) sejam vistos como linhas, planos e corpos. Partindo dai Spinoza definirá o que é afeto – são afecções do corpo que aumentam ou diminuem, ajuda ou limita a potência de agir do corpo. Que pode ser por causa adequada ou por causa inadequada. Dependendo da causa agimos por ação ou por paixão. Para Spinoza, mente e corpo não são substâncias distintas, pelo contrário, ele se coloca duramente contra a concepção dualista de Descartes – da separação entre espirito e matéria. Para Spinoza, mente e corpo são unos, modos da mesma substância. Aliás, para este autor existe apenas uma substância que é Deus – que também pode ser chamado de natureza (Deus sive natura). Logo quando agimos por causa adequada, agimos de acordo com a natureza. Já quando agimos por causa inadequada padecemos. Para este autor existem três afetos primários que são o desejo (cupiditas), a alegria (laetitiae) e a tristeza (tristia) a partir daí advém o amor, o ódio, a esperança, o medo e etc. O contato entre estes afetos geram outros afetos. E pelo fato do corpo humano ser constituído de muitos indivíduos de natureza diversa somos afetados de diversos modos. Nessa linha Spinoza diz que nos esforçamos por promover o que nos conduz a alegria e nos esforçamos por afastar ou destruir ao que conduz a tristeza.
Spinoza ressalta a natureza invejosa do homem que o torna propenso ao ódio e a inveja. Propensão que é afirmada pela educação familiar. E que tem sido levado ao extremo na sociedade capitalista em todos os sentidos. Mas não tiremos conclusões precipitadas de que se trata de uma concepção determinista. Spinoza busca sempre ressaltar a diversidade de afetos, de objetos e de desejos. Logo a conclusão que podemos tirar é que há uma multiplicidade de possibilidades resultante dos conflitos que é o que caracteriza a realidade.
Spinoza subverteu o pensamento dominante de sua época, não abriu mão de defender o que acreditava, mesmo que isso resultasse em perseguição, sobretudo do campo religioso. Foi acusado de heresia e até mesmo de ateísmo. Mas sobreviveu, e seu pensamento influenciou grandes nomes como Karl Marx, Nietzsche e Freud, e continua influenciando diversos pensadores que a cada dia descobre uma nova potência na filosofia de Baruch Spinoza. Nessa obra especifica é importante olharmos para questão ética e moral. Para Spinoza não existe moral ou imoral, não existe bem ou mal, o que existe são corpos e suas potências (conactus) que ao entrarem em contato diminui ou aumenta, ajuda ou limita a potência de agir. Logo a realidade se torna um jogo de forças que busca afirmar o ser através da potência. 

Referência bibliográfica
 
SPINOZA, Baruch. Ética Demostrada em Ordem Geométrica - Terceira Parte “Sobre a Origem e a Natureza dos Afetos”. Tradução: Roberto Brandão. Disponível em minhateca.com.br. Acesso em: 25 de Março de 2017. 


*Resumo para apresentação no Seminário da disciplina de Fundamentos de Ética, do 5° período do Curso de Filosofia.

terça-feira, 18 de abril de 2017

Todo Apoio a Greve Geral do Dia 28 de Abril

Levanta-te, povo trabalhador!
A mãe, Gorki.

Desde que Michel Temer (PMDB) assumiu a presidência do Brasil após a queda de Dilma Rousseff (PT) que o Coletivo José Porfírio vem fazendo um chamado à greve geral como alternativa para derrubarmos o atual governo como também suas reformas que retiram direitos dos trabalhadores e beneficiam o grande capital. Nesse sentido saudamos a iniciativa das organizações da classe trabalhadora que enfim conseguiram sentar na mesma mesa e unitariamente organizar a greve geral do dia 28 de Abril. Tal iniciativa acontece num momento decisivo onde avançam no congresso nacional projetos de leis que pulverizam os direitos dos trabalhadores conquistados historicamente. Em especial a reforma da previdência.

O avanço das investigações da lava jato nos mostra que o atual governo bem como o congresso nacional não tem nenhuma condição ética e moral de realizar as mudanças quem vem sendo imposta ao conjunto da população. Por tanto mais do que nunca é preciso afirmar as palavras de ordem – Não à reforma da previdência! Não a reforma trabalhista! Fora Temer! Fora todos eles! Por eleições gerais já! Os trabalhadores não podem pagar a conta por aqueles que saquearam os cofres públicos. Logo não podemos recuar um milímetro na disposição de derrubar o atual governo e suas reformas aviltantes.

Nesse sentido a Greve Geral do dia 28 de Abril tem que ser um marco histórico de retomada do protagonismo dos trabalhadores brasileiros da cidade e do campo que foi perdido nos últimos 16 anos. No entanto isso só acontecerá se de fato tivermos uma greve geral, e não apenas a paralização de alguns setores. Uma greve que de fato seja capaz de parar completamente a maquina capitalista – de norte a sul. No campo e na cidade. Nessa linha a classe trabalhadora argentina tem muito a nos ensinar através da greve geral realizada no dia 06 de abril naquele país.

Ora, devemos nos questionar – qual o legado deixaremos para as futuras gerações? Dizia Lênin – há décadas que nada acontece e há semanas em que décadas acontecem. Este é o momento de fazermos acontecer, pois se não ficaremos para história como a geração que não teve a capacidade de resistir para garantir os direitos que tantos camaradas derramaram o sangue para conseguir e nos deixar de legado, legado que devemos levar adiante.

Nós do Coletivo José Porfírio que sempre defendemos e estamos diretamente ajudando a construir a greve geral fazemos um chamado a todas e todos os trabalhadores – operários, camponeses pobres, estudantes – a marcharem unitariamente no dia 28 de abril dando um recado claro a esse governo – seus dias estão contados! Não aceitaremos nenhum direito a menos!

Pedro Ferreira Nunes
Coletivo José Porfírio

                                                              Lajeado-TO. Lua Cheia – Outono de 2017.

quarta-feira, 12 de abril de 2017

A questão educacional no filme “Nenhum a menos”.


Numa perspectiva libertadora da educação o educando não apenas aprende como também ensina, assim como o educador não apenas ensina como também aprende. E nesse processo dialógico tanto o educando como o educador se transforma como também transformam o meio em que vivem. No filme chinês “Nenhum a menos” do cineasta Zhang Yimou vemos esse processo.
O filme “Nenhum a menos” conta a história de uma adolescente de 13 anos – Wei Minzhi – que sem nenhuma formação docente, assume uma turma de crianças num pequeno vilarejo pelo fato do único professor local ter sido obrigado a viajar para cuidar de sua mãe que esta doente. O professor promete que se a jovem não perder nenhum aluno, quando ele retornar lhe pagará seu salário e mais uma gratificação. Percebemos, portanto, que no inicio da história o único interesse da garota é com o dinheiro que irá receber. Tanto é assim que o seu objetivo é não perder nenhum educando, pois um a menos significa ter seu salário reduzido.
Seu grande objetivo passa a ser então manter as crianças na sala de aula independentemente se estão estudando ou não, se então aprendendo ou não. Mas a convivência com os educandos vai transformando a professora, aliás, logo a jovem professora percebe que tem muito mais a aprender do que a ensinar seus pequenos educandos.
O momento no filme em que essa transformação fica mais evidente é quando um educando abandona a escola para ir para cidade grande trabalhar para ajudar sua mãe que esta doente e vive em situação de miséria. Wei que já havia perdido uma educanda que fora selecionada para estudar numa escola de formação de atletas profissionais, agora perde um segundo. Vendo seus interesses contrariados á professora decide ir atrás desse educando até a cidade grande para traze-lo de volta. Neste momento Wei ainda tem em mente apenas o seu próprio interesse. Mas é no processo de descobrir o que fazer para trazer o educando de volta que ela começa sua transformação e, por conseguinte a transformação dos seus educandos.
Wei percebe que tem muito mais a aprender do que ensinar com os educandos. E essa mudança de postura da professora, faz com que os educandos mudem também – se tornem mais participativos e propositivos. É ai que percebemos a transformação tanto da educadora como dos seus educandos. Processo de transformação que só se completa quando ela realiza a viagem, fazendo enormes sacrifícios, para trazer de volta o educando que estava perdido na cidade grande. Quando retornam para casa, tanto ela como ele já não são mais os mesmos.
É inquestionável o papel transformador da educação. Não qualquer educação. Mas uma educação que tem como perspectiva a emancipação do sujeito. Onde educador e educando aprendem e ensinam mutuamente. Logo é preciso que o educador não tenha uma postura conservadora e autoritária, o estudante por sua vez não pode aceitar pacificamente conteúdos que muitas vezes não condiz com sua realidade. Quanto mais se trabalha questões da realidade concreta do estudante relacionando com as teorias cientificas, melhor se dá o aprendizado. Por fim, é preciso ter em mente o ensinamento do grande educador Paulo Freire – ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo. É justamente isso que ocorre no filme “Nenhum a menos”.
  
Pedro Ferreira Nunes é Educador Popular e Militante do Coletivo José Porfírio.

Nota do Centro Acadêmico de Filosofia da Universidade Federal do Tocantins sobre o Conselho das Entidades Estudantis – CEB e a Situação do Diretório Central dos Estudantes – DCE/UFT.


O Conselho das Entidades Estudantis – CEB, novamente, não foi realizado. A última convocação partiu do Centro Acadêmico de Serviço Social para que o encontro se realizasse na sexta-feira (07/04). No entanto, a reunião do Conselho não atingiu o quórum mínimo de 29 entidades presentes – apenas 20 entidades representativas se credenciaram. Com isso, o Diretório Central dos Estudantes – DCE continua em vacância.
O Centro Acadêmico de Filosofia interpreta o ocorrido como um evidente boicote por parte de diversas entidades estudantis. Cabe evidenciar que as entidades representativas dos estudantes de Gurupi e, sobretudo, Palmas – tiveram um papel importante na invalidação do CEB. Tal afirmação se dá pelo número de entidades estudantis credenciadas. Atualmente no campus Palmas, existem 17 Centros Acadêmicos, desses apenas 5 estavam presentes – entre eles os C.A´s de Filosofia, Pedagogia, Direito e Nutrição. Sendo, os outros 15 presentes para o CEB, representantes dos Centros Acadêmicos dos campus do interior.
É de amplo conhecimento que o boicote se deu por uma disputa – medíocre – entre dois grupos que vêm se digladiando pelo controle político do movimento estudantil na UFT. O interesse desses grupos não é representar e defender os direitos dos estudantes, mas sim promover interesses político-partidários. Por isso provocam, intencionalmente, essa situação inaceitável.
A lamentável postura dos dois grupos, que quase se agrediram fisicamente, demonstra que a preocupação com seus próprios interesses está acima da preocupação com a situação em que encontram os campus da UFT (situação apontada pelos estudantes que participaram do fórum do Programa Nacional de Assistência Estudantil – PNAES) e com a representatividade dos discentes da Universidade.
O Centro Acadêmico de Filosofia lamenta e repudia a postura de ambos os grupos e convoca as entidades estudantis, que não concordam ou compactuam com essas práticas políticas medíocres, a não aceitarem a situação na qual nos encontramos.
Por fim, vale ressaltar que cabe a todas e todos os estudantes pressionarem seus representantes dos Diretórios e Centros Acadêmicos para que se posicionem sobre a questão. Não podemos aceitar essa situação que visivelmente prejudica a todos os estudantes. Situação que só mudará quando todas e todos os acadêmicos da UFT se mobilizarem na construção de uma Universidade Pública bem representada.

Palmas – TO, 10 de Abril de 2017.


Centro Acadêmico de Filosofia – CAFIL/UFT.
Gestão “Despertar é Preciso!”