terça-feira, 19 de janeiro de 2016
Rio afogado
Tocantins - Rio afogado
Tocantins, rio afogado em nome do progresso.
Barraram suas águas para gerar energia.
Para quem?
- Para o agronegócio e as grandes indústrias.
Afogaram suas vazantes, ilhas e praias.
Expulsaram os camponeses que viviam no seu leito.
Afogaram!
O pacifico.
O travessão.
Os mares.
Hoje tudo é lago.
Afogaram!
O brejão de buriti,
A chapada de túcun,
E os cocos babaçu.
Tudo em nome do progresso,
que progresso?
Afogaram!
E continuam a afogar;
A extinguir, a expulsar, a extirpar
aqueles que sobrevivem.
Afogaram tudo em nome do progresso.
Tudo, menos nossas lembranças.
Por Pedro Ferreira Nunes
Cronicas interioranas
Seu
Disomo veio com sua família de Porto Nacional para viverem na pequena cidade do
Lajeado, pois como viviam da pesca, não havia melhor lugar no estado para se
dedicar a este oficio. Assim construíram uma casa de palha de coco babaçu nas
margens do córrego Lajeado e próximo ao rio Tocantins.
Não
era difícil encontra-los, eles sempre andavam em grupo. Por isso ganharam o
apelido de Quatis – animal do cerrado que anda em bando. Gostavam de tomar uma
cachacinha e estavam sempre correndo da policia ambiental que os perseguiam no
rio por pescar em áreas proibidas.
Em
toda cidade interiorana é tradição pegar alguém para cristo, isto é,
marginalizar, crucificar. Em Lajeado as elites elegeram os Quatis. Tudo de ruim
que acontecia por ali eles eram os culpados, independente de qualquer investigação.
Se tinha briga – era os quatis. Se tinha roubo – eram os quatis. Se tinha
assassinato – eram os quatis, Se alguém soltava um pum – eram os quatis.
E
eles sofriam na mão da polícia. Eram presos, apanhavam e depois eram soltos,
pois nada havia sido provado contra eles. Tudo isso por que não havia quem
intercedesse por eles, não tinham direitos, a eles eram negados qualquer tipo
de direitos. Os Quatis nunca foram bem vindos ao Lajeado, sempre tentaram
expulsa-los daqui, para as elites locais eles sujavam a imagem da cidade que
tem uma economia que depende grande parte do turismo. Mas eles amavam viver por
essas bandas, mesmo com todas as hostilidades sofridas.
Como
não havia como expulsa-los daqui as elites locais tomaram uma decisão drástica.
Mataram o meleta – o mais jovem. Mataram dona Eurides – a matriarca da família.
Mataram seu Disomo – o patriarca. Mataram o nego – o filho mais velho. No
entanto eles são muitos e ainda por cima procriam. Quanto mais os matam, mais
eles renascem e se fortalecem. E vão tomando conta da cidade, pois á cidade
também vos pertence.
Mesmo
sendo marginalizados, eles fazem muito mais pela cidade do que muito
burguesinho parasita que sobrevive do suor dos trabalhadores locais. E essa
burguesia os odeia, sobretudo por que eles não se deixam explorar por ela, não
se submetem a ela, não se humilham, não abaixam a cabeça.
A
burguesia lajeadense os teme por que sabe que eles carregam nas veias o sangue
de zumbi dos Palmares e que no dia que se revoltarem decapitaram suas cabeças –
esperem e verão seus burgueses malditos.
Pedro Ferreira Nunes - Poeta e escritor.
segunda-feira, 21 de dezembro de 2015
Conto: Martim pescador
Martim pescador preparou suas
tralhas e mais uma vez desceu rumo ao rio para tentar buscar o pão de cada dia.
Deu um beijo na esposa que estava no jirau lavando roupa, despediu-se dos três
filhos que brincavam no terreiro e seguiu seu caminho.
Filho de pescador Martim
seguiu os passos do pai, mas a verdade é que ele não teve muita alternativa.
Não tinha estudo, se quer concluiu o ensino fundamental, trabalho por ali era
difícil, por tanto se não quisesse morrer de fome tinha que apelar para o rio.
No dia que tinha sorte
conseguia pegar quem sabe umas caranhas, jau, barbado, surubim - peixes que
tinham bastante valor no mercado. Mas o sonho de todo pescador era pegar um
filhote, como é conhecido a piraíba por essas bandas, peixe raro que tem um
preço bastante elevado no mercado, para um pescador era a mesma coisa que achar
ouro.
Mas nem sempre Martim tinha
sorte, nesses dias se conseguisse pegar um cuiudo já estava no lucro. Não dava
para vender, mas pelo menos teria o que dar para comer para sua mulher e
filhos.
Logo Martim percebeu que
aquele seria um dia difícil. Os peixes não estavam com muita vontade de comer,
assim ele decidiu subir um pouco mais o rio, com certeza um pouco mais acima
teria mais sorte. Martim crescera naquele rio conhecia muito bem o comportamento
dos peixes que ali viviam. No entanto tinha um porém, a área onde Martim sabia
que tinha peixe era proibido pescar. Mas para ele ou era se arriscar ou morrer
de fome.
Então ele seguiu - sabia que
estava se arriscando, mas valia o sacrifício ao lembrar-se do sorriso no rosto
de sua mulher e filhos quando ele chegava em casa com um bom pescado.
Seu faro de bom pescador não
havia lhe enganado, era de fato um pouco mais acima que os peixes estavam
escondidos. Pegou três boas caranhas e dois surubins gigantes agora era hora de
voltar para casa - mal podia esperar para ver a alegria de sua mulher e filhos.
Martim pescador já seguia com
uma felicidade que não cabia dentro de si rumo a sua casa. Mas de repente ouve
um grito.
- Ei, espera ai! Não corre
não, não corre não!
- Que merda. São os home!
Martim não pensou duas vezes e
correu, correu e correu sem parar, sem olhar para trás. Viu que se esperasse a
policia ambiental perderia seu pescado. Além da humilhação que sofreria. Ele já
havia sofrido outras vezes nas mãos daqueles ignorantes que tratavam os pobres
pescadores daquele local como se fossem terríveis bandidos.
De repente um estampido.
Martim sente a perna pesar, ele cai no chão, sente um gosto terrível de sangue
na boca, uma ânsia indescritível percorre todo o seu corpo - esta com sede,
olha para o rio, mas este esta tão longe. Sua vista escurece, tudo some, Martim
esta morrendo na sua memoria ainda vem à lembrança de sua mulher, dos filhos e
do rio.
Martim pescador acabara de morrer – O crime
que cometera? Pescar para alimentar sua mulher e filhos. Os assassinos
continuariam soltos aterrorizando os pescadores que por ali buscavam o pão de
cada dia.
Pedro Ferreira Nunes é poeta e escritor tocantinense.
Crônica: Natal na chácara dos meus avós
Quando
criança era tradição passarmos o natal na chácara dos nossos avós. Toda a
família se reunia – Tios, primos e amigos para fazer uma grande festa. Para os
nossos avós era inaceitável que um dos seus filhos passasse o natal em outro
lugar se não a chácara. Assim todos já se programavam.
Minha
vó juntamente com minha mãe e minhas tias preparavam o almoço – Arroz, galinha
caipira, feijão trepa-pau, macarronada, peixe, chambari, salada. E de sobremesa doce de buriti. Comíamos feito
loucos.
Os
homens bebiam e jogavam baralho enquanto o almoço aprontava. Já a criançada
caia na brincadeira – golzinho, pique pega, cai no poço. Ou então caia na
chapada para caçar tucum ou macaúba. Depois do almoço todo mundo descia para o
rio Tocantins para tomar banho.
O
natal na chácara dos meus avós era tão famoso que muita gente que nem pertencia
a nossa família faziam questão de ir. E como sempre eram bem recebidos. Pois
para meus avós quanto mais a casa estava cheia, melhor era.
No
entanto os anos se passaram, fomos envelhecendo e ganhando o mundo – Goiás, São
Paulo, Minas Gerais, Rondônia. E a cada ano foi ficando mais difícil reunir
toda a família. Até que hoje em dia tornou-se impossível.
Fazia
mais de dez anos que não passava um natal na chácara dos meus avós. Nunca fui
de importar muito com essas datas comemorativas, nos últimos anos menos ainda.
Assim com muita insistência de minha mãe fui passar o natal de 2011 com meus
avós na velha chácara em Miracema.
Neste
ano apenas meus avós, minha mãe, eu e duas sobrinhas. Não pude deixar de
recordar dos natais que passei ali na minha infância. Era tanta gente, a
primaiada toda fazendo a festa no terreiro da chácara. Mas agora não, se não
fossemos nós, meus avós provavelmente passariam o natal sozinhos. Até mesmo os parentes
que moram no terreiro de casa não vieram passar o natal com eles.
Senti
saudades dos natais da minha infância na chácara dos meus avós. Não pela data
em si, pois pouco me importa o natal. Mais uma data que virou exemplo de
consumismo. A saudade foi do tempo em que conseguíamos reunir toda a família
para festejar a alegria de estarmos todos bem. Saudades do tempo em que o
prazer de estamos juntos era maior que qualquer coisa.
Para
mim aquele foi um natal triste, pois percebi que nunca mais conseguiríamos ter
natais como aqueles da minha infância. Imagino o quanto deve ser difícil para
meus avós que nos últimos anos passam o natal quase sozinhos, sobretudo agora
que eles mais precisam da gente.
Pedro Ferreira Nunes - Poeta e escritor tocantinense.
terça-feira, 15 de dezembro de 2015
Não vou me adaptar: Algumas palavras sobre a despedida do grande Rogério Ceni
Essa frase da canção
composta por Arnaldo Antunes foi à primeira coisa que me veio à cabeça quando
vi pela televisão o jogo de despedida do maior ídolo da nação são-paulina de
todos os tempos – o grande Rogério Ceni. Sinceramente não sei se conseguirei me
adaptar a ver os jogos do São Paulo sem o nosso ídolo maior defendendo nosso
gol e liderando nosso time. Não, já mais vou me adaptar a isso.
Comecei a torcer pelo
São Paulo nos idos de 1993 quando ainda tínhamos o grande Zetti defendendo a
meta são-paulina. Mas de fato comecei a acompanhar os jogos do time e a me
envolver mais intensamente a partir de 1998, quando quem já brilhava no nosso
gol era o nosso ídolo maior – Rogério Ceni. E assim cresci vendo os jogos do
São Paulo com ele defendendo nossa meta, fazendo os seus gols e liderando
magistralmente o time tanto dentro como fora de campo.
Nunca tive a
oportunidade de vê-lo jogando ao vivo, mesmo de longe vibrava e me emocionava
com suas defesas espetaculares, mas sobre tudo com seus gols. Pois para mim uma
vitória do São Paulo era sempre boa, mas se fosse com um gol do Rogério Ceni de
falta, então era especial.
No próximo ano o São
Paulo entrará em campo novamente, mas será um ano diferente destes últimos 18
anos em que tínhamos Rogério Ceni como nosso goleiro titular. E não será fácil
para mim e para toda uma geração de são-paulinos que cresceu vendo o tricolor
paulista tendo este mito dentro de campo assistir aos jogos da próxima
temporada. Não será fácil ver o tricolor paulista em campo sem o nosso ídolo
maior em ação defendendo a meta são paulina, fazendo seus gols e liderando com
maestria o nosso time.
É obvio que o nosso
amor pelo São Paulo continua, mas sempre que o time entrar em campo sem o Rogério Ceni será como se uma parte importante nossa estivesse faltando. Uma parte que é simplesmente impossível de recompor, por
mais brilhante que seja o seu substituto, já que é impossível substituir alguém
que é insubstituível, sobretudo em nossos corações.
Não vou falar aqui dos
números da sua carreira, dos seus feitos históricos, das suas defesas
espetaculares, dos seus gols inesquecíveis. Disso todo mundo sabe bem. Quero
apenas deixar aqui esta singela homenagem em formas de palavra em agradecimento
a tudo que ele nos deu – a tudo que ele representa e continuará representando.
E dizer que para nós
são paulinos ele é imortal, o melhor entre os melhores goleiros do mundo, o
melhor entre os melhores batedores de falta, o melhor entre os melhores lideres
fora e dentro de campo – Rogério Ceni é ídolo, é espetacular, é insubstituível. Rogério Ceni é mito.
Pedro
Ferreira Nunes é poeta e escritor tocantinense.
quarta-feira, 9 de dezembro de 2015
"O mundo está ao contrário e ninguém reparou": Alguns breves comentários sobre a conjuntura tocantinense, brasileira e mundial.
Camaradas;
Para encerrar o ano
vamos a mais uma edição dos meus breves comentários sobre a conjuntura politica
tanto a nível regional, nacional como também internacional. Ultimamente
assistindo a telejornais e lendo periódicos, sobretudo na internet, me vem na
cabeça com frequência o verso de uma canção que diz: o mundo esta ao contrario
e ninguém reparou. É, parece que o mundo esta ao contrario mesmo, e o pior é
que ninguém reparou, pois a paralisia é geral.
Vivemos tempos
difíceis, tempos onde a mediocridade parece ter se tornado a palavra de ordem.
E não se iludam, o pior não passou. Ainda esta por vir.
Me chamou a atenção a
mensagem da assembleia legislativa do Tocantins em outdoors e pontos de ônibus
espalhados pela capital tocantinense com os dizeres: Trabalho – esta faltando por aí? Na assembleia não.
É, provavelmente não
esta faltando trabalho na assembleia. A questão é qual o resultado deste
trabalho? A que interesses serve os projetos e as leis aprovadas por estes
senhores? É verdade, trabalho não falta na assembleia, o que falta é parlamentares
competentes para trabalhar pelos anseios do povo tocantinense.
Resultado
– Está faltando por aí?
Diante disso o
resultado não poderia ser outro, já no inicio do ano os parlamentares recriaram
o auxilio moradia. Mais um gasto além dos salários exorbitantes que os
deputados estaduais ganham, verbas indenizatórias entre outros privilégios. Ah,
também houve aumento de gastos com pessoal, servidores comissionados, que na
verdade são cabos eleitorais camuflados. Isso numa conjunta de cortes de
gastos, a assembleia seguiu na contra mão, aumentando suas despesas.
Por outro lado não nos esqueçamos
de que a assembleia aprovou sem nenhum pudor o ajuste fiscal do governo Marcelo
Miranda (PMDB) que aumenta a carga tributaria sobre a população tão cansada de
pagar pesados tributos sem receber serviços públicos de qualidade de volta.
É, de fato não falta
também resultado na assembleia, no entanto tais resultados esta longe de ser o
esperado pela população.
Transparência
– Está faltando por aí?
Falar em transparência
e não instalar uma CPI para investigar o desvio de dinheiro público na
construção de pontes pelo governo Siqueira Campos (PSDB) e pelo atual governo
Marcelo Miranda (PMDB), ou para investigar desvios de recursos na saúde. É no
mínimo uma ironia. Transparência na assembleia? Se existisse mesmo não seria
preciso uma propaganda (gastando dinheiro público, que poderia esta sendo
aplicado em questões mais úteis) para divulgar o que toda população saberia.
A
tribuna da assembleia legislativa virou palanque eleitoral
Qual o papel dos
parlamentares do legislativo tocantinense? Fiscalizar o governo estadual ou o
prefeito da capital? A tribuna da assembleia legislativa no ultimo período
virou palanque eleitoral. Os deputados estaduais estão mais preocupados em
fazer discurso e lançar pré-candidaturas com vistas ao pleito eleitoral de 2016
do que fazer seu trabalho de legislar em favor do povo tocantinense.
Governo
Marcelo Miranda
Termina o ano como
começou – enfrentando mais uma greve. No inicio do ano foi à greve da policia
civil que durou mais de 30 dias. Depois foi a greve da rede estadual de ensino,
no meio do ano. E agora para fechar 2015 foi deflagrada a greve dos servidores
da saúde, greve que já vinha sendo anunciada há muito tempo.
Todas as três
principais greves que ocorreram a nível estadual este ano tem o mesmo ponto
deflagrador – a falta de cumprimento por parte do governo de acordos feitos com
as categorias de servidores públicos estaduais. E isso não vai mudar, não
enquanto os servidores não fizerem uma greve unitária no serviço público
estadual.
Processo
de impeachment contra Dilma Rousseff
Com a aceitação do
processo de impeachment contra Dilma Rousseff, Eduardo Cunha tenta tirar o foco
do seu processo de cassação no conselho de ética na câmara dos deputados. E
infelizmente tem conseguido. Nos últimos dias não se fala em outra coisa, a não
ser do processo de impeachment contra Dilma Rousseff.
Uma
pergunta
O senador petista
Delcidio do Amaral foi preso justamente por tentar impedir as investigações da
operação lava jato. Eduardo Cunha não tem feito muito diferente na presidência
da câmara dos deputados. Utiliza-se de todo tipo de manobra, chantagem e ameaça
para não ser punido pelos crimes que cometeu. Por que mesmo diante de todas as
provas já apresentada ele continua solto? Com a resposta nossa gloriosa
justiça.
Stédile
promete colocar o MST na rua para defender Dilma e a democracia
A questão é que nos
últimos anos com o processo de antirreforma agrária do governo Dilma Rousseff,
os acampamentos do MST estão esvaziados. E a base do movimento diminui
drasticamente sem conquistas concretas.
O poder de mobilização
do MST já não é tal como fora outrora, a sua autoridade como o principal
movimento popular de resistência perdeu-se já algum tempo. A depender do MST
para defender seu mandato, Dilma pode começar a arrumar suas malas.
A
aliança entre PT e PMDB
Mario Quintana
escrevera no seu poeminha “Alianças desiguais” o seguinte:
“Gato do mato e Leão,
conforme o combinado,
Juntos caçavam corça
pelo mato,
As corças escaparam...
Resultado:
Não escapou o gato.”
Dois
comentários sobre a conjuntura internacional – Primeiro: A questão do combate
ao terrorismo.
Os governos
capitalistas da Europa, do EUA e da Rússia continuam se equivocando na
estratégia de combate ao terrorismo. A guerra ao terror deflagrada por George
W. Bush em 2003, mesmo sendo um completo fracasso, continua em andamento. Até
quando estas potências continuaram a politica do olho por olho e dente por
dente? Tal caminho só gera a crescente violência e o avanço das ideias
fascistas mundo afora.
Segundo:
A derrota do chavismo na Venezuela nas eleições parlamentares
A responsabilidade é
exclusivamente do próprio chavismo que não aprofundou um processo
revolucionário de destruição do capitalismo e construção de um regime
socialista de fato na Venezuela. Com a estagnação das politicas progressistas,
houve um grande retrocesso no ultimo período. E diante de tudo isso os
capitalistas não vacilam um dia em sabotar o governo de Nícolas Maduro, que
infelizmente não tem nenhuma capacidade de dirigir um processo de
aprofundamento de uma revolução de fato socialista na Venezuela – que rompa
definitivamente com as bases da economia capitalista.
Um
sopro de resistência
Sim, nem tudo é só
desgraça, há também motivos para comemorarmos. Não há como não se empolgar com
a luta dos estudantes secundaristas em São Paulo contra o fechamento de escolas
e a reformulação de forma autoritária do ensino público daquele estado.
Que este sopro de
resistência possa inspirar o conjunto da classe trabalhadora de norte a sul
desse país de que não há alternativa se não tomar as ruas e ir pra luta, e
impormos o que queremos, e não simplesmente deixar-se ir a revelia dos
acontecimentos políticos.
“Nós caminhos
em pequeno grupo por um caminho abrupto e difícil. Estamos cercados de todos os
lados e precisamos caminhar, quase sempre, sob o fogo aberto. Nós nos unimos
por uma decisão tomada livremente, exatamente para que possamos lutar contra o
inimigo... Escolhemos o caminho de luta e não da conciliação”.
Lenin
Pedro
Ferreira Nunes é educador popular e militante do Coletivo José Porfírio.
terça-feira, 1 de dezembro de 2015
Sobre A CPI na câmara dos deputados para investigar irregularidades na demarcação de terras indígenas e quilombolas pela FUNAI e pelo INCRA.
Ninguém tem duvida de
que o real objetivo desta comissão parlamentar de inquérito seja de fato
investigar as supostas irregularidades na demarcação de terras indígenas e
quilombolas, não, ninguém pode ser tão ingênuo assim. Esta claro que o objetivo
da bancada ruralista é o enfraquecimento destes órgãos (que, aliás, sofre ano
após ano com um processo de sucateamento por parte do governo Dilma (PT)). E
com isso encontrar caminho livre para aprovar a PEC 215 no plenário da câmara.
Essa questão está tão
clara, que não vale apena ficar aqui gastando argumentos para provar tal
afirmação. Mas vamos lá, veja só quem comandará a CPI – os deputados Alceu
Moreira e Valdir Colatto (PMDB) e Nilson Leitão (PSDB). Ele mesmo, Nilson
Leitão que presidiu a comissão especial que aprovou a PEC 215. Os três
deputados fazem parte da bancada
ruralista no congresso nacional. Ora, sabemos muito bem qual será o
relatório final apresentado por estes senhores, um relatório capcioso que
corroborara com o objetivo principal dos ruralistas que é aprovar a PEC 215.
Não é a primeira vez
que a bancada ruralista, que está no congresso nacional a serviço de
latifundiários e das transnacionais que atuam no campo se utiliza desse tipo de
tática que busca a criminalização e o enfraquecimento daqueles que não agem de
acordo com seus interesses. Por exemplo, em 2010, foi instalada uma CPMI com o
objetivo de investigar possíveis irregularidades por parte de organizações
ligadas a movimentos sociais campesinos, ao final, por falta de provas contra
os movimentos sociais, a CPMI foi arquivada.
A CPMI naquele período
tinha como objetivo desqualificar o censo agropecuário apresentado pelo IBGE
que mostrava resultados significativos da importância da agricultura familiar e
camponesa em relação à agricultura patronal. E também buscava fortalecer a
pauta ruralista na reforma do código florestal – e ao final acabaram saindo
vitoriosos.
O palco foi montado, as
luzes foram acesas e o show começou. Vamos ver até onde eles irão com esse
espetáculo por demais repetido, tanto que já sabemos muito bem qual será o
final. Apesar disso não devemos recuar um milímetro na luta contra a aprovação da
PEC 215, por mais que a batalha pareça perdida. Mas como se diz popularmente –
o jogo só acaba quando termina.
Pedro
Ferreira Nunes é educador popular e militante do Coletivo José Porfírio.
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