sexta-feira, 1 de março de 2024

A importância da comunicação comunitária na Escola Pública

Com a popularização da internet tivemos uma revolução no campo da comunicação (ainda que as grandes empresas midiáticas continue controlando o fluxo da informação). A internet quebrou o monopólio dos veículos tradicionais. Permitindo uma comunicação direta com um público determinado. Isso permitiu o fortalecimento da comunicação comunitária. De modo que hoje qualquer organização pode construir canais direitos de comunicação e a partir daí fortalecer vínculos e promover a participação.

Dito isso é importante definirmos conceitualmente a nossa compreensão do que é comunicação comunitária. De acordo com Cavalheiro e Iser (2018), citando Peruzzo (2006), “significa o canal de expressão de uma comunidade por meio do qual os próprios indivíduos possam manifestar seus interesses comuns e suas necessidades mais urgentes”. Ou seja, feita pela comunidade e para a comunidade.

Não é possivel pensar uma comunidade sem processos de comunicação que articule, direcione e promova as ações dos grupos que a compõem. Nesse sentido as instituições de ensino, enquanto comunidades escolares, não podem abrir mão de uma política de comunicação – que deve está explicitada no seu Projeto Político Pedagógico  (PPP). 

É evidente que sempre houve uma politica comunicacional nas escolas. No entanto, com a suspensão das aulas no contexto da pandemia de COVID-19. Tornou-se necessário uma atualização dessa política comunicacional com a apropriação das mídias digitais fundamentais para manutenção de vínculo entre a comunidade escolar. Como também divulgar para o público em geral as ações que estavam sendo realizadas. Pois ao contrário do que alguns pensavam, professores e demais servidores não estavam de braços cruzados (recebendo sem trabalhar).

Superado a pandemia de COVID-19, a necessidade das escolas manter ativo os canais criados não perderam sua função. Pelo contrário. A necessidade de uma politica de comunicação, que vai além dos meios tradicionais, é fundamental. E aqui estou falando sobretudo da escola pública que tem uma função social importante na sociedade. Nessa linha nada melhor do que mostrar essa importância divulgando as ações realizadas pela comunidade escolar entre os muros da escola.

A escola pública tem sido atacada cotidianamente a partir da justificativa de que a mesma seria sinônimo de fracasso. Tal discurso tem como objetivo privatiza-la, transforma-la em mercadoria. Resistir a esse processo é fundamental.  E uma estratégia importante nesse sentido é divulgar o que – apesar da falta de condições adequadas – produzimos na escola pública. E quem melhor do que nós que estamos no chão da escola, assumir essa missão. 

Outro fator importante é o fortalecimento de uma gestão democrática. Ora, uma gestão democrática se faz com participação. Mas como participar sem informação/formação. Nesse sentido uma comunicação efetiva é fundamental.

Como efetivar uma comunicação comunitária? O ponto de partida é compreender-se como parte de uma comunidade. Entender que o fortalecimento dessa comunidade passa pela participação de todos. Em termos mais práticos é necessário a elaboração de um plano com estabelecimento de objetivos, metas, ações e responsáveis por concretiza-las. Ou seja, colocar no papel o que se quer comunicar, com qual objetivo, através de quais canais e quem será o responsável. 

Óbvio, para que isso aconteça de forma eficaz é necessário se apropriar das técnicas comunicacionais. Isso significa necessariamente que os indivíduos responsáveis precisaram passar por formação. A partir do momento que a comunidade se apropria dessa técnica torna-se independente dos meios tradicionais – que são pautados por interesses comerciais. Ou seja, por conteúdos que dão mais ibope. Já a comunicação comunitária está preocupada com a cidadania. Com a busca pelo bem comum.

Diante disso enfatizamos a nossa defesa da comunicação comunitária na Escola Pública. Acreditamos que essa é fundamental para o fortalecimento da comunidade escolar, do processo educacional. E consequentemente de uma sociedade democrática. 

Por Pedro Ferreira Nunes – Especialista em Filosofia e Direitos Humanos. Atua como Professor da Educação Básica. 

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