domingo, 10 de março de 2024

Conto: - Aquela filha da puta está conseguindo mexer com minha cabeça

Entrei no bar. Estava tocando Rolling Stones. Sentei num canto, pedi ao garçom uma dose de conhaque. E perguntei se havia algum problema fumar ali. Ele disse que não. Então acendi uma cigarrilha e comecei a degusta-la juntamente com o conhaque enquanto apreciava os riffs do Keith Richards. Ela disse que estaria por ali, mas ainda não havia chegado. Que horas chegaria?

- Aquela filha da puta está conseguindo mexer com minha cabeça. 

Aquela frase me  chamou atenção. Olhei discretamente para o lado para ver quem havia dito. Não conhecia. Mas a partir dali não pude deixar de prestar atenção na conversa.

- Confesso que quando nos conhecemos, ela não me chamou muito atenção. Apesar das provocações, que eu levava como brincadeira, não passava por minha cabeça qualquer intenção de ficar com ela. Inclusive naquela noite. Mas as coisas foram acontecendo de um jeito que... aconteceu.

- Como assim?

- Quando estávamos naquele rolê na nigth teve um momento que ela chegou e disse que tinha uma mulher afim de mim. Eu sinceramente não tinha percebido. Ai essa mulher chegou e confessou o seu desejo. Mas disse que tinha outra afim de mim. E me questionou com quem eu iria ficar.

- Tava podendo, ein?!

- Maluquice isso, não?!

- Mas e aí?!

- Entre as duas. Ela é quem tinha alguma chance. Álcool demais na cabeça. Coração mole. E... Vou ver de qual é. Daí investi. E vi que eu de fato tinha muita chance. Não deu outra acabamos na cama. 

- A galera Tava comentando que você tinha pego.

- Não sei  como vazou. Mas digo para ti, que sei que não vai falar para ninguém. Peguei sim.

- Rapaz. E qual o problema?!

- Ela tem namorado.

- Fodasse. O problema é dela (e dele que é corno).

- Mas o povo comenta. Não pega bem.

- Não pega bem para ela.

- E a gente ficou de novo. 

- De novo?

- Sim. Naquele outro rolê lá. 

- Hum. E daí?!

- E daí que agora não consigo tirar aquela filha da puta da cabeça. 

- Apaixonado, meu?!

- Não. De forma alguma. Não é paixão. Não sei ti explicar o que é. Mas não é paixão. 

- Olha, olha.

- Não quero namoro ou qualquer compromisso sério. Apenas ficar, apenas transar. O nosso beijo se encaixou de uma forma. E o sexo foi tão gostoso que agora não consigo esquecer.

- Isso é paixão, meu caro. 

Enquanto ouvia aquela conversa eu me questionava quem seria aquela mulher que tinha fudido com a mente daquele pobre diabo. Foi então que quem eu estava esperando chegara. E ouvi o seguinte comentário. 

- Caralho. Ela acabou de chegar.

Eu olhei para ver se estava chegando mais alguém além da minha namorada. Mas não havia mais ninguém. 

I'll never be your beast of burden

I'll never be your beast of burden

Never, never, never, never, never, never, never be...”


Por Pedro Ferreira Nunes – Um rapaz latino americano  que gosta de ler, escrever, correr e ouvir rock in roll.

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