O corpo estava ali estendido
na rua. Centenas de curiosos cercavam o local tentando saber o que havia
acontecido. Era uma jovem, tinha cerca de 16 para 17 anos, voltava da faculdade
para casa, havia sido violentada brutalmente. Todos estavam consternados,
revoltados. Ela não era a primeira vitima, outras mulheres haviam tido o mesmo
destino daquela jovem. Infelizmente todos ali sabiam os culpados por aquele
crime absurdo dificilmente seriam pegos, julgados e condenados. Não ao
contrario, continuaram soltos cometendo mais crimes bárbaros.
O corpo estava estendido no
chão do bar, o copo de cerveja quebrara com a queda, o cigarro que fumava ainda
estava na sua mão aceso. Era uma bela mulher, havia decidido por um ponto final
naquele relacionamento com aquele cara que mostrara se for extremamente
violento. Ele não aceitava, tal como muitos por aqui. Disse que queria
conversar com ela. Ela concordou, seria a ultima vez que iria encontrar com
ele. Ela encontrou com ele em um bar, pediu uma cerveja, ascendeu um cigarro.
Ele mais uma vez lhe pediu perdão, jurou como tantas outras vezes que nunca
mais bateria nela. Mas ela estava irredutível, era o momento de por um ponto
final naquela historia, começar uma nova vida. Ele não aceitou, puxou o
revolver que carregava na cintura e descarregou nela. Mais uma vitima do
machismo, mais uma vitima da violência contra a mulher, mais uma estatística
que não terá uma solução.
O corpo foi encontrado em
baixo de uma ponte, no mato, em um lugar isolado. Ela era tão jovem, tinha
apenas treze anos. Seu corpo havia sido todo esfaqueado, mais de vinte facadas.
– Por que tanto ódio. O assassino acreditava que ela era um empecilho para o
seu romance com a mãe dela. Ela só queria ver sua mãe feliz, ao lado de um
homem que realmente a merecia, e este homem não era ele. Tanto que ele mostrou
ao assassinar uma criança que tinha todo um futuro pela frente.
O corpo foi encontrado em um
quarto, em cima da cama. Era jovem, havia acabado de deixar a casa da mãe para
morar na capital, não tinha um bom relacionamento com o padrasto. Estava feliz,
estudava e trabalhava, arranchou um namorado. Acreditava que ele era um
príncipe encantado, queria casar, ter filhos, constituir uma família junto com
ele. Mas todos os seus sonhos tiveram fim nas mãos daquele que ela acreditava
ser o grande amor de sua vida.
O corpo foi encontrado
boiando no rio Tocantins, amarrada, após ser abusada violentamente. Era mais
uma jovem vitima da violência contra as mulheres, mais um numero mais uma
estática, mais um crime sem solução no nosso estado, no nosso país.
Todos os dias as mulheres do
nosso estado vão estudar, vão para o trabalho sem saber se voltaram. Em cada
esquina, em cada beco poderão se tornar mais uma vitima, mais um número, mais
uma estatística. As mulheres da minha terra sabem que a qualquer momento podem
se tornar a próxima vitima da violência contra a mulher, mesmo em suas casas,
onde deveria ser seu porto seguro.
Corpos e mais corpos, a cada
dia mais corpos. Jovens, mulheres trabalhadoras vítimas da violência. E o
governo o que faz? E as autoridades o que fazem? Nada. Até quando continuaremos
sem fazer nada? Infelizmente isso não são histórias fictícias, são baseadas em
fatos reais de violência contra as mulheres no Tocantins.
– Basta de violência contra as mulheres já!