Caros
camaradas, vamos para mais uma rodada de breves comentários sobre a
conjuntura politica, no melhor estilo punk – breve como um soco no
estomago.
Sobre
o Impeachment de Dilma Rousseff
Que
o governo Dilma Rousseff não tem nenhuma condição de continuar a
frente do país acho que não é segredo para ninguém, e ninguém em
sana consciência ousa defender o atual governo. Aliás, nem mesmo o
PT defende com veemência o governo da presidenta Dilma, como bem
aponta os documentos aprovados no ultimo congresso do partido onde
fazem duras criticas a politica econômica do governo. Com isso o
processo de impeachment contra Dilma parece ser irreversível.
A
saída do PMDB do governo Dilma
Sobretudo
agora com a saída do PMDB de forma oportunista da base do governo.
No entanto esse oportunismo não se revela só agora – em que o
partido vislumbra “tomar” o poder. Mas desde que formou a aliança
com o PT. Uma aliança que se deu não com base num programa comum de
governo, mas na distribuição e ocupação de cargos públicos. Por
tanto não é de se admirar que um partido que entrou de forma
oportunista nessa aliança, saia da mesma forma.
O
governo em desespero
Aliás,
o que me causa estranheza é a surpresa de lideres do PT com a saída
do PMDB da base do governo. Ora, é muita ingenuidade esperar
fidelidade do PMDB. É obvio que isso iria acontecer em algum
momento. É obvio que o PMDB pularia do barco quando estivesse
afundando. Fez isso em todos os governos anteriores (Sarney, Collor e
FHC). Por que agora seria diferente?!
Não
vai ter golpe?
Enquanto
isso os poucos que ainda defendem o governo Dilma se agarram a essa
palavra de ordem. O que mostra que o governo já não tem nenhum
argumento para salvar sua pele e tenta se fazer de vitima. Mas a
população já não cai nessa. Basta ver as pesquisas que mostram a
crescente desaprovação do governo como também o numero de
manifestantes nas manifestações de apoio a Dilma e Lula.
O
impeachment é a saída?
É
fato que Dilma Rousseff não tem nenhuma condição para continuar a
frente do governo até 2018. E não adianta se fazer de vitima
dizendo que tal processo se trata de golpe ou que é preciso
respeitar o voto. Não, isso já não cola mais. Por outro lado não
nos iludamos, não será o impeachment de Dilma que resolverá a
crise politica e econômica do país. Aliás, se Dilma cair, dá até
náuseas pensar quem está na linha sucessória do governo – Michel
Temer, Eduardo Cunha e Renan Calheiros.
“O
sujo falando do mal lavado”
O
que também me causa náuseas é a comissão que esta responsável
por analisar o processo de impeachment de Dilma. Nada mais, nada
menos do que 28 deputados envolvidos na operação lava jato. Ora, é
fato que com o congresso nacional que temos, com figuras como Eduardo
Cunha e Renan Calheiros – não há legitimidade de condenar Dilma
pelos crimes que a maioria deles cometeram. A não ser que todos
sejam punidos igualmente – todos devem perder seus mandatos sem
exceção. Começando pela presidenta e seu vice. E pelos presidentes
da câmara e do senado.
Qual
a saída então?!
Em
uma discussão na Universidade Federal do Tocantins um professor
disse que a saída é colocar Lula, FHC e Sarney para sentarem juntos
e buscarem uma saída. Não, vocês não leram mal, é isso mesmo. A
proposta do professor é conciliação, resolver as coisas por cima –
isto é, vamos deixar as coisas como sempre estiveram, como sempre
foram. Se não perderemos nossos privilégios. Lembrei-me de uma
frase que diz que intelectuais gostam de revolução desde que elas
aconteçam bem longe deles.
A
saída é à esquerda – unificar a luta do povo trabalhador do
campo e da cidade
Ao
contrario do professor, acreditamos que a saída é pela esquerda –
de baixo para cima e não de cima para baixo. É da capacidade de
mobilização e unificação das organizações de luta da classe
trabalhadora. Inclusive da capacidade dos trabalhadores que ainda tem
ilusão no Lula e no PT de se desfazer dessa influência. É por esse
caminho que conseguiremos sair dessa encruzilhada em que estamos.
Pedro
Ferreira Nunes é educador popular e militante do Coletivo José
Porfírio.