sexta-feira, 13 de maio de 2016

Sobre a doação de áreas públicas em Lajeado


Recentemente veio a público uma denúncia do Ministério Público Estadual a cerca da doação de lotes pela prefeita Márcia Reis (PSD) em troca de apoio politico a atual gestão e ao candidato da situação nas próximas eleições. Segundo a denúncia a doação de lotes fora feito sem a aprovação da câmara municipal de vereadores – o que torna o ato ilegal.
No entanto, será que se a prefeita encaminhasse tal projeto de doação de áreas públicas para a câmara de vereadores teríamos um resultado diferente? Muito provavelmente não, pois á maioria dos vereadores faz parte da base de apoio à gestão da prefeita Márcia Reis. E o que se sabe é que estes vereadores foram beneficiados diretamente no recebimento dessas áreas.
Aliás, deveria ser papel da câmara de vereadores fiscalizar e investigar os desvios do executivo municipal, incluindo a doação de lotes de forma ilegal. No entanto não vemos nenhuma disposição do legislativo lajeadense nesse sentido. Tanto que desde 2013 o Coletivo José Porfírio vem denunciando esses crimes, como também encaminhou oficio solicitando audiência pública para discutir essa questão, mas que, no entanto não obteve nenhuma resposta.
Para nós do Coletivo José Porfírio a realização de uma audiência pública com a presença de representantes da prefeitura e do Ministério Público Estadual. Seria necessária para esclarecer os critérios estabelecidos para doação de áreas públicas – a realidade socioeconômica das famílias contempladas e se elas de fato têm necessidade. Diante disso ficaria claro qual o real objetivo por trás da doação dessas áreas – que, aliás, algumas deveriam ser de proteção ambiental.
Já que a câmara de vereadores de Lajeado não tem nenhuma independência em relação ao executivo municipal. Ao contrário, atua de forma omissa e conivente com os desvios da atual gestão. Esperemos que o Ministério Público cumpra o seu papel e continue a investigação como também o processo para punição de todos os envolvidos nos desvios de recursos públicos.
Não é a primeira vez que vem a tona esse tipo de denúncia de lapidação do patrimônio público contra a gestão da prefeita Márcia Reis. Tanto que recentemente o Ministério Público Estadual encaminhou pela segunda vez um pedido de afastamento da prefeita e o congelamento dos seus bens. Da primeira vez, após uma decisão favorável da justiça pelo afastamento e congelamento dos bens da prefeita, sua defesa recorreu e ela continua a frente do executivo municipal. Fato que muito provavelmente se repetirá no atual processo, sobretudo conhecendo a velocidade com que funciona a justiça tocantinense – sobretudo para punir os poderosos.
Para nós do Coletivo José Porfírio a única alternativa diante dessa questão é a mobilização popular para pressionar a câmara de vereadores e a justiça estadual para que os desvios da atual gestão sejam punidos. É inadmissível a doação de áreas públicas em troca de apoio politico. O patrimônio público pertence a todo o povo lajeadense e não pode servir de moeda de troca.
Por fim nós do Coletivo José Porfírio conclamamos;
  • Pela anulação imediata pela justiça da doação de forma ilegal de áreas públicas;
  • Por uma CPI na câmara de vereadores para investigar as doações ilegais de áreas públicas.
  • Pela elaboração de um projeto de reforma urbana, com debates em audiências públicas na câmara de vereadores para ocupação das novas áreas de expansão urbana em Lajeado.
Pedro Ferreira Nunes
Pelo Coletivo José Porfírio

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Tragédias gregas e o processo de impeachment contra Dilma Rousseff no senado.

Á professora Andreia Leão

Acompanhando o processo de impeachment contra Dilma Rousseff no senado me lembrei das maravilhosas aulas nas manhãs de sábado na UFT na disciplina de seminários interdisciplinares II do curso de filosofia e Teatro. Onde temos nos deliciados nos estudos das tragédias gregas.

Uma das características dessas obras primas da literatura mundial é o fato de que desde o inicio já sabemos como terminará a história e qual será o destino dos personagens – seja em Ion de Eurípedes, em Édipo Rei de Sófocles, Coéforas de Ésquilo. Mesmo assim não deixamos de acompanhar com empolgação o desenvolvimento do enredo.

E atentos buscamos perceber quando se dará a peripécia, isto é, quando ocorrerá uma ação no sentido contrario do enredo. Ou também como se dará a cena de reconhecimento. Que é, aliás, quando o debate pega fogo e quase sempre discordamos de Aristóteles. Que na sua obra “A poética” teorizou sobre a cena de reconhecimento, isto é, o momento de passagem da ignorância para o conhecimento.

Segundo Aristóteles existe quatro espécies de reconhecimento –forjado pelo poeta, recordação, raciocínio ou dedução logica, e decorrente dos próprios fatos. Este último, que, aliás, é para Aristóteles o mais engenhoso. O problema é que quase sempre há um pouco de cada nas cenas de reconhecimento. Definir qual o preponderante é onde a “porca torce o rabo”. E onde então quase sempre discordamos do sábio grego, utilizando-se do seu próprio método para tanto.

Eu sei que nesse exato momento você meu camarada que não tem nenhuma familiaridade com essa discussão de tragédia grega, a não ser através do cinema hollywoodiano  deve está pensando: - Esse cara esta falando grego. Aonde diabos ele quer chegar. Calma, calma. Voltemos então a nossa discussão inicial – a comparação do processo de impeachment de Dilma no senado com uma tragédia grega.

Ora, tal como numa tragédia grega onde sabemos o fim da historia antes mesmo de começar a leitura do enredo, também já sabemos muito bem qual será o resultado do processo de impeachment. Mesmo assim acompanhamos com atenção para ver o momento da peripécia e a cena de reconhecimento. A única diferença é que a qualidade dessa tragédia brasileira é bem inferior tanto artisticamente como politicamente as tragédias gregas. E também, ao final não será os personagens principais dessa tragédia que pagaram o pato, mas sim o povo.


Pedro Ferreira Nunes é estudante de Filosofia da Universidade Federal do Tocantins.

sexta-feira, 6 de maio de 2016

As perspectivas para esquerda no próximo período: Impeachment de Dilma, governo Temer, novas eleições e greve geral.


Se o presente é de luta, o futuro nos pertence.”
Ernesto “Che” Guevara
Não foi nenhuma novidade a aprovação pela câmara dos deputados do processo de impeachment contra Dilma Rousseff. Ora, desde as eleições de 2014 a esquerda como um todo faz uma caracterização de que temos uma da legislatura mais conservadora da história. E ainda por cima com o desmoronamento da base aliada do governo. Esperar outro resultado é ingenuidade demais. Nesse sentido que não esperem outro resultado diferente do processo no senado se não o impeachment de Dilma e a saída do PT do governo;
Michel Temer já articula abertamente a composição do futuro governo e os ataques aos direitos dos trabalhadores continuaram e serão aprofundados através de politicas como o ajuste fiscal, a reforma da previdência, o aprofundamento dos cortes no orçamento de gastos com programas sociais, a paralização da reforma agrária e o retrocesso aos direitos dos povos tradicionais. Com Temer voltaremos a logica neoliberal, que já vem sendo implementado por Dilma desde seu primeiro mandato, mas agora sem nenhuma mascara. Tal fato, somado com a saída do PT do governo fará com que a direita recue das manifestações e mobilizações que tomaram as ruas no ultimo período – tendo como foco principal o impeachment de Dilma.
Para nós da esquerda não há alternativa, ou nos unificamos e resistimos, ou deixamos de existir. Existir, pelo menos como um segmento que de fato conte nesse país. Mas ao contrario do que pode parecer, e do que acredita alguns setores da esquerda, nós do Coletivo José Porfírio temos convicção de que temos total condição de reverter nas ruas e na luta a onda conservadora que avança no Brasil. Claro que isso dependerá da nossa capacidade de articulação, organização e mobilização para o próximo período.
E nesse sentido nos somamos às organizações de luta da classe trabalhadora que levantam a palavra de ordem pela cassação de Dilma Rousseff, Michel Temer, Eduardo Cunha e Renan Calheiros, e, sobretudo pela realização de novas eleições. Pois é fato que nenhum desses tem legitimidade para assumir a presidência do país. Já que todos estão envolvidos diretamente em casos de corrupção. Porém temos convicção que isso só acontecerá se a esquerda tiver capacidade de articular uma greve geral no país. Só através de uma greve geral teremos condições de inviabilizar o governo Michel Temer e os ataques aos direitos dos trabalhadores. E assim forçar a convocação de novas eleições.
Eis ai as principais palavras de ordem da esquerda no próximo período – por uma greve geral e a realização de novas eleições! É da nossa capacidade de realizar uma greve geral no país que esta a sobrevivência da esquerda como um segmento que de fato conte no Brasil.
Nós do Coletivo José Porfírio temos convicção de que são boas as perspectiva para que a greve geral (que defendemos já há algum tempo) saia do papel. Sobretudo com a queda de Dilma Rousseff e a saída do PT do governo. Pois é fato que as organizações que fazem parte da “frente Brasil popular” não terão a mesma postura diante de um governo pemedebista. Até por que é uma questão de sobrevivência do PT e do PC do B assumirem uma postura de esquerda – tal como organizações como CUT, CONTAG, CTB, UNE e MST.
Temos nossas diferenças com essas organizações, mas não acreditamos que seja o momento de fazer balanço, ou ficar brigando entre nós. Aliás, uma lição que temos de tirar do processo de impeachment de Dilma é a capacidade de unidade da direita quando esta em questão a defesa dos seus interesses. Por tanto é fundamental construirmos a unidade da esquerda em torno da bandeira por uma greve geral e novas eleições se não seremos massacrados na próxima conjuntura.

Pedro Ferreira Nunes
Pelo Coletivo José Porfírio

terça-feira, 3 de maio de 2016

Por um Centro Acadêmico de Filosofia Independente e de Luta!

O CAFIL
O Centro Acadêmico de filosofia tem como principal objetivo defender os interesses e direitos dos alunos do Curso de Filosofia da Universidade Federal do Tocantins – UFT. Tantos nos espaços de representação do movimento estudantil, na comunidade acadêmica como também junto à sociedade em geral. O mesmo foi fundado em novembro de 2011 e tem como sigla CAFIL. As principais regras que regem o seu funcionamento estão no seu Estatuto que pode ser encontrado junto à coordenação do curso de Filosofia na pasta do CAFIL.
As últimas gestões a frente do CAFIL
Infelizmente as últimas gestões à frente do Centro Acadêmico de filosofia afastaram o CAFIL do seu principal objetivo – que é a defesa dos estudantes. A falta de informação e a desorganização é a marca da ultima gestão. Que, aliás, não deixou se quer um registro a cerca das ações realizadas pelo CAFIL. Tal fato fez com que os estudantes do curso de filosofia da UFT se afastassem do seu principal instrumento de representatividade e, sobretudo, deixassem de saber qual o papel deste.
Fortalecer o CAFIL
O CAFIL não é um órgão da universidade, uma extensão da reitoria. Mas sim um instrumento de defesa dos direitos dos Estudantes. E que para tanto é fundamental ter autonomia e independência frente a qualquer órgão da universidade e da sociedade em geral. Não podemos aceitar o descaso com que o curso de filosofia é tratado – a falta de estrutura e condições adequadas para que tenhamos uma boa formação. Como também uma politica de permanência estudantil mais abrangente para aqueles que necessitam. E só um CAFIL autônomo e independe pode lutar por essas bandeiras.
Fortalecer um movimento estudantil autônomo na UFT
É claro que o CAFIL não irá sozinho transformar o quadro caótico de falta de estrutura e democracia na UFT. No entanto deve esta na vanguarda pela construção de um movimento estudantil autônomo que tenha condições de lutar para que tenhamos melhores condições de ensino. Essa é uma das tarefas fundamentais para o próximo período. Juntamente com a conquista de uma sede física para o CAFIL.
Eleições do CAFIL
Os estudantes do curso de Filosofia da Universidade Federal do Tocantins encontram-se sem representantes oficiais nos fóruns de decisão da comunidade acadêmica. Tal fato é extremamente prejudicial a todos nós. Nesse sentido é de fundamental importância à participação de todas e todos para que possamos coletivamente retomar a representatividade do Centro Acadêmico de Filosofia da UFT.
UM CAFIL FORTE SE FAZ COM A PARTICIPAÇÃO DE TODAS E TODOS
Não há outra receita se não a participação de todos os estudantes na construção de um CAFIL autônomo e de luta. Pois quando não participamos estamos deixando que alguns poucos decidam por nós. Nesse sentido é fundamental a participação no processo eleitoral que esta ocorrendo para eleição da nova coordenação do CAFIL. Eleição que ocorrerá no dia 04 de maio das 18h ás 22h. esse processo é fundamental para avançarmos na construção de um Centro Acadêmico forte e independente. Mas também é necessário que após as eleições todos os estudantes continuem acompanhando as ações do CAFIL, fiscalizando e cobrando de sua coordenação o cumprimento do seu papel que é de defender os direitos dos estudantes de filosofia.

terça-feira, 19 de abril de 2016

Crônica: Velhas lembranças


O ônibus seguia cortando pela estrada noite adentro. Cansados de mais um dia de aula na faculdade, deixávamos á capital rumo à pequena cidade de Lajeado. Onde mal víamos a hora de chegar em nossas casas para descansarmos de mais um dia de batalha. Apesar da rotina não deixo de me encantar diariamente com a paisagem que nos rodeia especialmente a paisagem noturna.
Da janela do ônibus observo o belíssimo luar refletindo seu brilho intenso nas águas do lago. Um vento frio entra pela janela, sinto algo diferente no ar. Um cheiro, um cheiro que não me é estranho – vindo do rio. Aquela paisagem, aquele luar, aquele cheiro no ar me tele transportou para o passado. Sim, eu podia jurar que estava sentindo o cheiro de um mandi moela assado. Ah, quantos anos que não sentia aquele cheiro.
Lembrei-me de quando criança, de quando seguíamos rio acima de canoa para acamparmos nos “mares”, acompanhando os cardumes de mandi moela. Levávamos apenas a farinha de puba e o tempero caseiro de minha mãe. Chegando lá corríamos atrás da lenha, acendíamos uma fogueira e íamos pescar. Não demorava de pegar um mandi moela e mais do que depressa limpávamos o peixe, temperávamos e colocávamos para assar. E de repente aquele cheiro saboroso de mandi moela assando na brasa tomava conta do ar.
Ah, quanto tempo que não sentia aquele cheiro. Quanto tempo que eu não vejo um mandi moela. Já se vão mais de dez anos desde que se construiu a usina hidrelétrica na cachoeira do Lajeado e desde então os cardumes de mandi moela desapareceram. Como também desapareceu a cachoeira dos “marés”, submersa pelo lago da usina. Aquele lago que observo agora da janela do ônibus enquanto voltou da faculdade para casa.
Tento em vão identificar pelo caminho onde era “os mares”. Mas é impossível a água tomou conta de tudo. E aquele cheiro tão gostoso de mandi moela de onde vinha? Vinha da minha memoria. E aquele luar que eu observava da janela do ônibus e que era o mesmo luar que eu contemplava quando criança deitado ao pé da fogueira enquanto esperava o mandi moela assar, me fazia recordar desse tempo distante.
Pedro Ferreira Nunes é poeta popular e escritor tocantinense.

Resenha: “Como ler um texto de filosofia”, de Antônio Joaquim Severino.

Por Pedro Ferreira Nunes 

Em “Como ler um texto de filosofia”, Antônio Joaquim Severino – licenciado em filosofia pela Universidade Católica de Louvain – Bélgica, doutor pela PUC-SP e livre-docente em filosofia da educação da Universidade de São Paulo, onde atualmente é professor titular. Busca através desse livro dá algumas orientações, em especial para os jovens estudantes que se iniciam na leitura sistemática de textos filosóficos, pois como bem ressalta, a leitura de um texto filosófico é diferente de um texto literário. “Como ler um texto de filosofia” trata-se, portanto de uma obra expositiva, paradidática que procura transmitir conhecimento.
O livro é enumerado pelo autor da seguinte forma: Primeiro com a apresentação da obra ou a introdução. Segundo o desenvolvimento que é subdividido em quatro partes: Sendo que a primeira parte ele abordará a questão do texto, da comunicação e da leitura. A segunda parte será feito um exercício de leitura, a terceira parte teremos a abordagem da pesquisa no processo de leitura e a quarta parte um outro exercício de leitura. E por fim a conclusão do livro com as indicações bibliográficas.
A questão fundamental abordada pelo filosofo Antônio Joaquim Severino neste livro está expresso no nome da própria obra – como ler um texto de filosofia. Para tanto o autor vai apresentar uma espécie de manual que deverá ser seguido por aqueles que não têm familiaridade com esse estilo de escrita. Pois para o autor a leitura analítica de um texto filosófico tem que ser feito de uma forma sistemática.
E qual a importância de se ler um texto de filosofia numa sociedade que nega a importância do pensar filosófico? Em “Como ler um texto de filosofia”, Antônio Joaquim Severino dirá que é extremamente importante à leitura de textos filosóficos para o desenvolvimento do processo educacional, e que isso reflete na nossa própria existência. O fato é que não se pode negar a importância da filosofia na construção do pensamento ocidental, e que mesmo sendo desvalorizada a filosofia resiste.
Ainda segundo Antônio Joaquim Severino a filosofia é uma modalidade do conhecimento e filosofar é um exercício intelectual, um processo que não se dá de forma isolada, mas sim coletivamente. O autor também falará de como a experiência do pensamento e da linguagem se confundem. Sendo que a linguagem garante a objetividade e a exterioridade – questões importantes no processo de educação. Sendo que no processo de educacional há que se destacar a comunicação – que se dá tanto através da via oral como escrita, no entanto a oral vai se perdendo com o tempo, já a escrita permanece sempre viva.
É então que na primeira parte de “como ler um texto de filosofia”, o autor irá tratar do texto, da comunicação e da leitura. Da relação entre escritor e leitor – de como o meio de onde viemos e a nossa formação cultural pode interferir na forma com que compreendemos o texto.
Antônio Joaquim Severino irá dizer que quando um autor elabora um texto – ele concebe e codifica. Já o leitor busca a decodificação e a compreensão desse trabalho. Ele então dirá que não basta conhecer os símbolos é preciso também conhecer as ideias do autor para se fazer uma leitura analítica. Pois a leitura analítica nada mais é do que compreender o texto na sua totalidade. Por tanto em “como ler um texto de filosofia”, Antônio Joaquim Severino ressalta claramente que é possível se ler um texto quando se conhece os símbolos, porém não o compreendemos se não soubermos as ideias. Assim a leitura analítica deve abarcar toda essa totalidade – tanto decodificar como compreender.
É então que ele vai apresentar quais as etapas que o leitor deve seguir para fazer uma leitura analítica. São elas: Analise textual, analise temática, analise interpretativa, problematização e reflexiva.
O autor também mostrará a importância da preparação da leitura mediante uma analise textual. Que deve, por exemplo: Fazer a leitura por partes, conhecer o autor, saber para quem e para que o texto foi escrito. É também necessário fazer uma leitura panorâmica (conhecer o texto previamente). Pesquisar as fontes, as referencias e o vocabulário do qual não estamos familiarizado. Outra questão que deve ser feita é o resumo do texto, fazer uma analise temática (compreender o texto objetivamente).
Antônio Joaquim Severino deixa claro que compreender um texto não é interpreta-lo. O dialogo se dá num segundo momento quando o leitor vai dialogar com o autor e com o texto. No entanto para fazer esse dialogo é preciso ter maturidade intelectual – fazer a problematização e a reflexão pessoal. Por fim, registrar as referências utilizadas e as conclusões.
Na segunda parte o autor irá apresentar um exercício de leitura, para tanto se utilizara de um texto do pedagogo Paulo Freire, onde exemplificará como deve ser feito o processo que ele apresentou na primeira parte do livro. Mostrando passo a passo como deve ser feito a sistematização para leitura analítica.
Já na terceira parte o autor irá destacar a importância da pesquisa, sendo que “a atividade de pesquisa busca em fontes apropriadas subsídios, esclarecimentos, informações que nos darão conta da mensagem que o autor quis nos passar por meio do seu texto”. (como ler um texto de filosofia. Pag.51). Dai a sua importância. Nessa atividade de pesquisa deve ser feito por tanto uma ficha bibliográfica, uma ficha biográfica, ficha temática, fichário pessoal, as fontes de pesquisa em filosofia, textos clássicos, dicionários, histórias, introduções e revistas.
E na quarta parte o autor irá apresentar um outro exercício de leitura, para tanto se utilizará de um texto um pouco mais complexo do filosofo Descartes, onde exemplificará como deve ser feito o processo que ele apresentou na terceira parte do livro “como ler um texto de filosofia”. Aliás, o livro “como ler um texto de filosofia”, do filosofo Antônio Joaquim Severino não apresenta uma conclusão. O autor encerra a obra com as indicações bibliográficas.
A opção do autor em não fazer uma conclusão pode ser explicada pelo que foi colocado na apresentação dessa obra – o objetivo é apenas apresentar algumas orientações iniciais para jovens estudantes que estão se iniciando na leitura sistemática de textos filosóficos. Por tanto não é uma obra conclusiva. Ficando assim em aberto para possíveis modificações.
É fato que a leitura de um texto de filosofia não é algo simples, sobretudo para quem não está familiarizado com a linguagem filosófica. Por tanto é compreensível à preocupação do filosofo e professor Antônio Joaquim Severino que o levou a elaborar este livro que busca de forma inicial trazer algumas orientações de como deve ser feito a leitura de um texto de filosofia. No entanto há um grande risco, em vez de facilitar a leitura sistemática de textos filosóficos, “como ler um texto de filosofia” pode dificultar ou mecanizar este processo.
Ora, o próprio nome do livro já indica que o mesmo é uma espécie de manual – uma formula “matemática” de como ler um texto de filosofia. Mas é só a partir do esquema apresentando por Antônio Joaquim Severino que é possível ler um texto de filosofia? É fato que não. No entanto, o autor omite outras possibilidades. Sobretudo que não sejam tão mecânicas como a apresentada nesta obra.
É inegável a importância das questões abordada pelo autor – especialmente da relação escritor e leitor – e a cerca da compreensão e a interpretação. Aliás, a nossa critica não é a cerca do conteúdo apresentado pelo autor, os elementos que ele aponta para a leitura analítica de um texto filosófico é fundamental. A nossa critica se dá, sobretudo a cerca da forma com que é apresentado, ou melhor, á “formula”.
Com essa critica não estamos dizendo que o livro “como ler um texto de filosofia” seja descartável. O mesmo apresenta boas orientações iniciais de como fazermos uma leitura analítica. No entanto é preciso ressaltar, algo que o autor não fez, que não existe receita pronta e acabada para se ler um texto de filosofia tal como o livro sugere. O fato é que a forma mais eficaz de se ler um texto de filosofia é lendo. É lendo que se vai familiarizando com a linguagem filosófica e, por conseguinte se conseguirá compreende-lo e interpreta-lo.

*Trabalho apresentado para disciplina de Leitura e produção de texto cientifico, do primeiro período do curso de Filosofia da UFT.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Assembleia Geral dos Estudantes do Curso de Filosofia da Universidade Federal do Tocantins e eleições para o CAFIL.

“Quem não se movimenta não sente as correntes que o prendem”.
Rosa Luxemburgo

Devido aos questionamentos dos estudantes de filosofia quanto à organização, a falta de esclarecimentos e um processo eleitoral relâmpago – as eleições da nova coordenação do Centro Acadêmico de Filosofia, que deveria ter ocorrido em novembro de 2015, foram canceladas pela então comissão eleitoral. E desde então a coordenação do CAFIL encontra-se em vacância. Prejudicando assim, os estudantes do curso que estão sem representatividade nos fóruns deliberativos da comunidade acadêmica.

Diante deste fato foi convocada uma assembleia geral dos estudantes de filosofia para discussão e encaminhamentos a cerca de alterações no Estatuto do CAFIL bem como para eleição da comissão eleitoral para organização e convocação da eleição para nova coordenação do centro acadêmico.

A assembleia geral aconteceu na ultima segunda-feira (11/04) na sala 202, bloco J, no campus da UFT de Palmas. E contou com a participação de um pouco mais de 30 estudantes do curso de filosofia. E as principais deliberações da assembleia geral foram a cerca de alterações no estatuto do CAFIL criando novas coordenações e a eleição da comissão eleitoral responsável pela realização das eleições.

Alterações no Estatuto do CAFIL

A gestão anterior do centro acadêmico em uma assembleia geral havia criado duas novas coordenações relativas à questão de gênero, sexíssimo e racial. No entanto a ata e a lista de presença de tal assembleia não foram apresentadas, com isso tal alteração tornava-se nula. Diante disso a proposta de criação das duas novas coordenações foi novamente colocada em votação – sendo que 5 estudantes votaram favoravelmente pela criação das novas coordenações e 28 contrários. Por tanto, por ampla maioria os estudantes de filosofia decidiram não fazer nenhuma modificação no Estatuto.

Pelo menos não por enquanto, já que quase por unanimidade foi feito uma avaliação de que o Estatuto do CAFIL precisa de alterações, pois o mesmo é uma copia bastante ruim de outros estatutos. No entanto tais alterações precisam de estudo e de um debate mais aprofundado.

Comissão eleitoral e conselho fiscal

Para comissão eleitoral que ficará responsável por organizar, coordenar e realizar as eleições para o CAFIL foram eleitos por unanimidade os estudantes Caterine Melo, Jânio Sousa e Pedro Ferreira. Sendo que Caterine Melo será a presidente da comissão eleitoral. Além da comissão eleitoral também foi realizada a eleição para o conselho fiscal, composto por seis membros também eleitos por unanimidade.

Eleições para o CAFIL

É de fundamental importância a participação de todos os estudantes do curso de filosofia da Universidade Federal do Tocantins nesse processo eleitoral. Seja diretamente compondo uma chapa para disputar a direção do CAFIL ou através do seu voto escolhendo aqueles que de fato tem maior capacidade de representar todos os estudantes e não apenas seus interesses pessoais.

Nesse sentido aqueles que têm interesse em disputar a direção do centro acadêmico é importante se articular o quanto antes para montar suas chapas. Como também é importante o envolvimento de todos fiscalizando o processo eleitoral e a futura gestão a frente do CAFIL.

Construir um curso de filosofia cada vez mais forte na UFT

Um movimento estudantil forte é fundamental para que consigamos construir um curso de filosofia cada vez mais forte na UFT. Que assuma o papel protagonista e não que fique a reboque de outros cursos. E nesse sentido as eleições para o centro acadêmico se torna importantíssimo. Por tanto é fundamental a participação de todas e todos.

Pedro Ferreira Nunes é estudante de filosofia da Universidade Federal do Tocantins e membro da comissão eleitoral para as eleições do CAFIL.