segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Sobre o discurso e a prática de alguns professores na UFT do curso de Filosofia e Teatro: Educação que discrimina não é educação. É aberração!

No curso de Filosofia e Teatro da Universidade Federal do Tocantins – campus de Palmas. Observamos no discurso dos professores uma preocupação de formar estudantes a partir de uma perspectiva critica da sociedade tocantinense e brasileira – Uma visão contra hegemônica, anticapitalista e emancipatória. Nesse sentido um dos focos dessa formação é o combate à discriminação – seja ela racista, sexista, homofóbica e etc.
Percebemos, portanto que há um discurso hegemônico entre os professores da UFT do curso de Filosofia e Teatro a cerca da necessidade de respeito à diversidade e a pluralidade. Porém a prática de alguns desses professores vai totalmente na contramão do que eles pregam. O que se vê é exemplo de atitudes racistas, sexistas e homofobicas. Diante disso como formar educadores que respeitam a diversidade e combatam o preconceito se a prática dos professores é o oposto do seu discurso? É obvio que precisamos de uma formação que não reproduza a discriminação e o preconceito. É obvio que precisamos de uma educação que não reproduza o discurso machista, racista e homofobico em ascensão no ultimo período. Porém essa obviedade cai por terra quando vamos para realidade. Quando ouvimos, por exemplo, um professor chamar de aberração um transexual. Ora aberração é uma educação que discrimina. Que na verdade não pode se quer ser chamada de educação. É um discurso de ódio que contribui para o aumento da violência contra gays, travestis e transexuais. E não podemos já mais encarar com naturalidade tal discurso, pois é justamente a naturalização desse discurso que acaba contribuindo para inercia das pessoas diante de casos como esse. Logo de nada adianta realizar seminários e rodas de conversas com organizações feministas, LGBTT´s e do movimento negro se nas aulas muitos professores contradizem o seu discurso. Paulo Freire já dizia: “... a gente tem que ser coerente. Por que não adianta o discurso revolucionário com uma prática reacionária... Não é o discurso que diz se a prática é valida; é a prática que diz se o discurso é valido ou não. Quem julga é sempre a prática, não o discurso. De nada adianta um lindo sermão seguido de uma prática reacionária. De nada adianta uma proposta revolucionária se nossa prática é pequeno-burguesa”.
Lamentamos que tais fatos ocorram, sobretudo, em cursos que deveriam dá o exemplo na promoção de um pensamento que respeite a diversidade e a pluralidade. Cursos que tem por finalidade a formação de educadores. Educadores que deveriam contribuir para construção de uma sociedade livre de discriminação. Faz-se necessário por tanto que os professores combatam a incoerência – o distanciamento entre a prática e o discurso. Especialmente aqueles que se dizem Freirianos. É necessário mais do que nunca combater essa aberração que nada tem haver com educação. Sobretudo educação libertadora. Logo é preciso que os professores se libertem dessa pedagogia aberrante, antes de libertar os seus educandos. Pois sem essa libertação o máximo que conseguirão é afirmar ideias discriminatórias e preconceituosas. Os estudantes por sua vez não podem ficar calados diante de discursos incoerentes, especialmente aqueles que contribuem para cultura do ódio. Devemos nos levantar e gritar – machistas, sexistas e homofobicos não passaram!
Pedro Ferreira Nunes – é estudante de Filosofia da Universidade Federal do Tocantins.

Balanço das analises de conjuntura politicas de Lajeado


Se o presente é de luta, o futuro nos pertence.”
Ernesto Che Guevara
Analise de conjuntura politica não é um exercício de adivinhação e nem tão pouco uma ciência exata. Logo podemos afirmar que ela não se fundamenta no senso comum e nem muito menos numa visão cientificista. Utilizamos sim do método teórico das ciências sociais críticas da sociedade capitalista e da prática a partir da militância junto ao movimento popular. É exatamente por isso que as nossas analises de conjuntura politicas de Lajeado e do Tocantins tem se mostrado acertadas. Segundo Luiz Eduardo Prates da Silva “O ponto fundamental da analise deverá ser uma avaliação da realidade com a finalidade de fornecer elementos para um julgamento das práticas assumidas pelo grupo no sentido de sua pertinência e eficácia transformadora. Objetiva ainda, traçar as táticas que esta realidade requer. Por isso, ainda que a analise não seja neutra, ela deverá ser objetiva”. E nesse sentido o Coletivo José Porfírio tem se tornado uma referência não só no campo da ação prática, mas, sobretudo na elaboração teórica. Logo esse breve balanço das analises de conjuntura politicas de Lajeado tem como objetivo mostrar a confirmação das analises anteriores bem como apontar perspectiva para luta popular no próximo período no município de Lajeado.
Campanha eleitoral no município
Apontamos em um artigo antes da campanha eleitoral – onde fizemos uma caracterização dos candidatos e dos projetos políticos que eles representavam. Que esta seria uma das eleições mais disputadas do município e de fato isso se confirmou – a diferença do prefeito eleito (Tércio/PSD) para o segundo colocado (Junior Bandeira/PSB) foi de apenas 13 votos. Falamos também de qual grupo pertencia cada candidato e o projeto que cada um representava e durante a campanha isso ficou bem mais claro – por exemplo, que Bandeira era um representante das velhas oligarquias da cidade e de que Tércio era bancado por um novo grupo politico que nasceu a partir da primeira eleição da prefeita Márcia Reis. Também dissemos que poderia surgir alguma novidade durante o processo, mas nada que mudasse o quadro politico na cidade e isso de fato se confirmou – as novidades que surgiram durante o processo não evitou a polarização entre Tércio x Junior Bandeira. E por fim a vitória do grupo politico da situação – a terceira vitória eleitoral seguida desse grupo sobre o grupo comandado por Junior Bandeira.
Uma vitória com v minúsculo: Mesmo com a vitória de Dr. Tércio a maioria dos Lajeadenses disse “Não” a atual gestão e ao candidato da situação.
Drº Tércio   
A vitória do Dr. Tércio por apenas 13 votos de diferença do segundo colocado mostra claramente que o atual grupo politico que comanda o município esta se enfraquecendo. Aliás, se somado os votos de Junior Bandeira, Jaime e Luiz Carlos veremos que a maioria da população lajeadense votou contra o grupo politico que esta no poder. Enquanto Dr. Tércio obteve 1.382 a oposição teve 1.631. E se ainda somarmos os votos brancos e nulos que foram num total 108 essa diferença se amplia. Percebemos então que a maioria do povo lajeadense é contra a atual administração da prefeita Marcia Reis (PSD) e do seu pupilo politico. Logo podemos concluir que a vitória do PSD e partidos aliados em Lajeado se deu mais por incompetência dos seus adversários, pela falta de unidade da oposição do que pela vontade da maioria da população.
Oposição sai fortalecida do processo eleitoral em Lajeado
O resultado nas urnas nos mostra claramente o que víamos sentido nas ruas – a oposição sai fortalecida do processo eleitoral. E mesmo não tendo ganhado a disputa para comandar a gestão municipal – obteve a grande maioria dos votos, como também conseguiu eleger três vereadores. Número que pode mudar dependendo das investigações da policia federal. Logo podemos dizer que a gestão do Dr. Tércio não será nem um pouco tranquila. Além do fato de que há o risco dele se quer assumir e se assumir não é garantia de que chegará ao fim do mandato. E se acaso conseguir chegar ao fim do mandato a oposição tem um papel importante no sentido de garantir que a prefeitura e o dinheiro público que entra no município não sejam desviados pelo ralo da corrupção. Para tanto é preciso que não ocorra como em outras situações onde membros da oposição acabam se vendendo para aqueles que estão no poder. Se isso acontecer à população tem um papel fundamental no sentido de cobrar e fiscalizar as ações tanto do executivo como do legislativo. E não temos nenhuma duvida disse, pois esse processo eleitoral nos mostrou uma população lajeadense muito mais consciente e exigente e tal fato se refletiu na eleição para câmara de vereadores do município.
Renovação de mais de 60% na câmara de vereadores de Lajeado
Apenas três dos atuais vereadores do município de Lajeado foram reeleitos – Adão Tavares (PTN), Edilson Mascarenhas (PTB), e Emival Parente (PDT). Os outros seis foram eleitos pela primeira vez – André Portilho (PRP), Leidiane Mota (PSD), Meire Ângela (SD) Walber Pajéu (PSDC), Oscar (DEM), e José Edival (PMDB). Sendo que seis destes vereadores foram eleitos na chapa da situação e três foram eleitos na chapa da oposição. Mesmo sendo minoria a oposição pode desempenhar um papel importante no sentido de vigiar para que o prefeito não enfie goela abaixo da população medidas que não corresponde aos anseios do povo. É claro que para tanto não pode passar para o lado da situação, fato que ocorreu na atual legislatura. Se isso ocorrer à oposição estará dando um tiro no próprio pé. Pois um dos motivos por tamanha renovação na câmara de vereadores foi pelo fato de que a atual legislatura não tinha nenhuma independência em relação ao executivo municipal – denunciamos em diversos artigos essa falta de autonomia da câmara de vereadores em relação à prefeitura. Com isso até mesmo os vereadores eleitos na chapa da situação devem ficar atentos. Outra questão que destacamos é o fato de que a futura legislatura que se inicia em 1º de janeiro terá uma maior representatividade de mulheres e de jovens – aliás, em comparação aos atuais vereadores, podemos dizer que a câmara de vereadores de Lajeado vai se rejuvenescer. Nesse sentido chamamos atenção também para o alerta que fizemos antes das eleições a cerca da necessidade de uma maior participação das mulheres e da juventude na politica local. Mas não nos iludamos, nem tudo são flores – a diferença de representatividade entre homens e mulheres ainda é muito grande bem como a representação da juventude. Outro fato é que as famílias tradicionais do município continuam tendo uma grande influencia na eleição para câmara de vereadores – é o que vemos, por exemplo, na eleição de figuras como Emival Parente, André Portilho, José Edival e Adão Tavares.
Os dados ainda estão rolando
Em uma conjuntura cada vez maior de judialização da politica não poderia ser diferente em Lajeado. O que quer dizer que o resultado das eleições no município pode sofrer algumas mudanças. Foi o que vimos, por exemplo, no episodio em que modificou os eleitos para câmara de vereadores de Lajeado – inicialmente a oposição havia elegido quatro vereadores, mas com a justiça deferindo a candidatura de um vereador da situação – a oposição perdeu uma cadeira. O candidato a vereador Washington (PSL) havia sido eleito pelo fato de que o vereador Nani (PPS) estava com a candidatura indeferida, um dia após as eleições a justiça deferiu sua candidatura e seus votos acabaram contribuindo para que o vereador Oscar (DEM) tomasse a vaga de Washington. No entanto esse episódio não esta superado. Há também as investigações da Policia Federal que pode cassar o mandato de vereadores eleitos pela chapa da situação. Logo percebemos que o jogo não acabou, pois os dados ainda estão rolando.
A futura administração do Dr. Tércio
Tal como já escrevemos em artigos anteriores – A mudança à frente da prefeitura municipal de Lajeado é apenas de nome. Pois o projeto será um projeto de continuidade do mesmo grupo politico que esta a frente do executivo municipal desde 2009. Logo não dá para esperar grandes mudanças. E durante a campanha eleitoral isso ficou claro através das propostas apresentadas pelo Dr. Tércio, aliás, a falta de propostas. Assim o que podemos esperar é o discurso da falta de recursos, de que o Brasil está em crise, à maquiagem da sujeira deixada pela gestão atual e muita festa para tentar adoçar a boca da população, população que já não esta tão ingênua assim.
Operação “Colheita” da Policia Federal em Lajeado e o futuro politico
Doação de área pública em troca de apoio político
A operação da policia federal no município de Lajeado para investigar os desvios da gestão municipal no ultimo período mostrou, sobretudo para as autoridades politicas lajeadense que Lajeado não é uma terra sem leis – onde vereadores e prefeitos podem fazer o que bem entender. Nós do Coletivo José Porfírio que denunciamos a doação de lotes em troca de apoio politico desde 2013 não pudemos deixar de comemorar. Esperamos, no entanto que as investigações continuem e que os culpados sejam punidos. A nossa luta é, sobretudo por uma reforma urbana de fato no município – que lotes e casas populares sejam dadas para quem de fato precisa. Assim é preciso que todos os lotes que foram doados de forma indevida sejam tomados e redistribuídos para as pessoas que há vários anos estão esperando ser contempladas com um lugarzinho para morar. Por outro lado não basta sair doando lotes a torto e a direito, é necessário que antes se garanta o mínimo de infraestrutura para que essas áreas de expansão urbana sejam ocupadas. Por fim queremos deixar o nosso apoio incondicional a operação “Colheita” da Policia Federal e dizer que o Coletivo José Porfirio continuará lutando contra a corrupção no município de Lajeado e pelos direitos do povo lajeadense.
O Coletivo José Porfírio e as perspectiva para construção da luta do movimento popular em Lajeado
O Coletivo José Porfírio nasceu em 2013 a partir dos anseios de jovens educadores populares que buscam através da luta anticapitalista a superação do modelo hegemônico no Tocantins pautado no avanço do agronegócio e na privatização dos bens públicos. Como um coletivo de educadores populares nossa atuação sempre se deu do local para o geral. Nesse sentido desde o nosso surgimento a cidade de Lajeado tem sido o local onde temos travado nossas principais batalhas. E apesar do pouco tempo de existência é inegável que hoje somos uma referência tanto em Lajeado como em todo o Tocantins. Tanto pelo trabalho de formação que fazemos – das lutas que travamos e do trabalho de elaboração teórica e sistematização de experiências. E com isso temos obtido importante vitorias. E nos orgulhamos de ser uma organização verdadeiramente independente de patrões, governos e partidos políticos. Nosso compromisso é unicamente com o povo trabalhador do campo e da cidade – tanto no interior como na capital. Diante disso queremos reafirmar o compromisso de continuarmos entrincheirados na luta anticapitalista em Lajeado e em todo o Tocantins e por fim fazemos um chamado àqueles que não concordam com o modelo hegemônico vigente na cidade de Lajeado e no Estado do Tocantins a se somarem com a gente e juntos vamos construir um novo modelo de desenvolvimento nessa terra. Em Lajeado fazemos esse chamado, sobretudo aos 108 que votou nulo ou em branco nas eleições municipais mostrando claramente o seu descontentamento com a politica local. Através da luta popular, da organização do povo trabalhador, nós temos todas as condições de transformar a realidade do município e do Estado do Tocantins.


Pedro Ferreira Nunes
Pelo Coletivo José Porfírio
Lajeado – TO. Lua Nova – Inverno de 2016.

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Resistir é preciso: Arte e política no Tocantins;


Pinturas rupestres na Serra do Lajeado
A relação entre arte e política pode se apresentar sob dois aspectos básicos: como arte ligada e a serviço de uma ordem política vigente e de um poder constituído; ou como arte engajada que critica esse mesmo poder e uma dada ordem vigente, relacionando mais a processos de lutas de caráter contestatório. (Napolitano, 2011)

Diante do que afirma o autor não podemos negar, por mais que alguns artistas o fazem – que não exista arte politica no Tocantins. Na nossa concepção há uma relação intrínseca entre arte e politica. Cabe, no entanto questionar se a arte está ligada e a serviço de uma ordem politica vigente ou se apresenta como arte engajada que critica a ordem estabelecida.
Napolitano (2011) apresenta uma “... proposta conceitual para situar os dois campos da arte politizada: a arte militante e a arte engajada. A primeira procura mobilizar as consciências e paixões, incitando a ação dentro de lutas políticas específicas, com suas facções ideológicas bem delimitadas, veiculando um conjunto de críticas à ordem estabelecida, em todas as suas dimensões; a segunda – a arte engajada – de caráter mais amplo e difuso, define-se a partir do empenho do artista em prol de uma causa ampla, coletiva e ancorada em “imperativo moral e ético” que acaba desembocando na política, mas não parte dela”.
Nessa perspectiva podemos dizer que a arte política no Tocantins está mais ligada à segunda. Pelo seu caráter mais amplo e difuso. Vemos claramente que não há uma ligação clara com uma facção ideológica, veiculando um conjunto de críticas á ordem estabelecida. Pelo contrário, mesmo abordando questões politicas, não fazem isso claramente. No entanto ao analisarmos os quilombolas e os indígenas vemos também características da primeira concepção de arte politica.
À arte dos quilombolas e dos indígenas está ligada à questão da sobrevivência e da resistência e não a um questionamento direto da ordem estabelecida. Eles não partem de um movimento organizado que apresenta um programa alternativo. Apesar de partir de uma situação especifica, não conseguem elaborar uma critica a ordem estabelecida e todas as suas dimensões.
Já os artistas tocantinenses em geral poderiam ser classificados na concepção de arte politica engajada. Sendo que o foco principal é o fortalecimento da própria arte, sobretudo de caráter regionalista – que muitas vezes acaba sendo apropriada pela ordem estabelecida, para fortalecer uma identidade cultural que na maioria das vezes só existe nos livros didáticos, pois na prática os povos tradicionais continuam sendo violentados e exterminados.

Ainda sobre essa questão Napolitano (2011) destaca que “a arte militante parte da política para atuar na tríade “agitação- propaganda-protesto”, dirigida pelos partidos e grupos politicamente organizados, enquanto a arte engajada chega na política a partir de uma atitude “voluntária e refletida” sobre o mundo. Em ambas vertentes, o problema da autonomia da arte (dimensão espiritual) e da linguagem (dimensão formal) está colocado como desafio, não apenas para o artista que produziu a obra, mas também para o crítico e o pesquisador que se debruçam sobre ela”. (Napolitano, 2011. Pag. 29).

Diante disso fica claro que a arte politica tocantinense é de fato uma arte politica engajada e não militante. Nesse sentido é fundamental uma profunda reflexão a cerca do problema da autonomia e da linguagem utilizada pelo artista. Sobretudo pelo fato de que a dependência do poder público através de editais interfere muitas vezes na autonomia do artista que tem que submeter se as regras estabelecidas para poder expor ou publicar os seus trabalhos.
Segundo Napolitano (2011)o problema da autonomia, situado dentro da tradição do “cânone ocidental”, e da dimensão propriamente estética da obra de arte que se quer engajada, está presente, mesmo quando o artista nega seu lado “expressivo” em prol de uma “comunicabilidade” com o público alvo de sua obra, ou seja: a consciência a ser educada, perturbada ou mobilizada pelo seu engajamento”. É o que percebemos claramente das obras de arte feita pelos artistas tocantinenses. Mas também pela necessidade de se enquadrar nos editais públicos para conseguir produzir e divulgar sua produção para que o público possa ter acesso à mesma.
Eis ai um dos grandes desafios para os artistas tocantinenses – seja os populares ou não. Fazer com que sua obra de arte chegue ao público sem que necessariamente precise se submeter à burocracia dos editais e assim perder a sua autonomia. Pois é fato que há uma grande produção artística no Estado, o que falta são espaços e condições para que os artistas possam divulga-los.
Uma alternativa para esse problema esta no exemplo da Cooperifa em São Paulo e outros exemplos de coletivos culturais que auto se organizam para produzir e divulgar sua arte, sobretudo descentralizadamente. O que se faz necessário no Tocantins, sobretudo no interior do Estado, onde a ausência de politicas públicas culturais e espaços para divulgação e apresentação de obras de arte é ainda mais deficitário.


*Artigo elaborado para disciplina de História da Arte, do Curso de Filosofia e Teatro da Universidade Federal do Tocantins. Para ler o artigo completo baixe no link: https://drive.google.com/drive/my-drive

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Breves comentários sobre as eleições municipais em Lajeado: Sem meias palavras ou breve como um soco no estômago!


Por Pedro Ferreira Nunes
Camaradas, não dá mesmo para ignorarmos totalmente as disputas eleitorais das eleições municipais. Ainda mais se você vive no interior e o que predomina é um clima de disputa de torcida organizada – de clássico de futebol domingueiro. Assim não tem como ficarmos alheios a esse processo e não comentar mesmo que brevemente algumas questões a cerca da campanha de alguns candidatos. Imagino que vocês devem estar cansados das minhas criticas. Aliás, não é raro ouvir dizer – esse cara é muito critico. Mas ti juro, não é culpa minha, eu até que tento ser menos duro. Mas são eles que não me ajudam – é cagada em cima de cagada. Ai não me seguro e desço o porrete. Então vamos lá, no melhor estilo punk rock – breve como um soco no estômago e sem meias palavras.
É pra mudar ou pra ficar como esta?
Em Lajeado o candidato da situação Drº Tercio (PSD) se apresenta com o slogan – É pra mudar Lajeado. Ora mais ele representa justamente o projeto politico que há oito anos governa o município. E inclusive tem como principal cabo eleitoral a atual prefeita Marcia Reis (PSD). Como também toda a sua base de apoio é composta de secretários e assessores da atual gestão. Logo, meus caros camaradas, não se iludam. Não é pra mudar Lajeado, mas sim para ficar como esta.
É pra avançar ou retroceder?
O nome da coligação Fé, Família e Trabalho encabeçada por Junior Bandeira (PSB) falar por se só. E não há nada de avanço, pelo contrario, o que se propõem é um retrocesso – o retorno de um grupo que já esteve por oito anos à frente da gestão municipal de Lajeado. Apoiado pelas famílias tradicionalistas e mais conservadoras de Lajeado eles propõem moralizar a cidade. No entanto se conseguirem retomar as rédeas da politica local, não faram muito diferente do que o atual grupo faz e do que eles fizeram no passado.
Um novo tempo ou transformar Lajeado em um parque de diversões
Espero que o tão almejado Novo tempo anunciado pelo Jaime (PMDB) candidato do governo Marcelo Miranda a prefeitura de Lajeado não seja o novo tempo inaugurado pelo atual governador do Estado – que até o momento tem como marca o aumento de impostos em cima da população e de greves no funcionalismo público por melhores condições de trabalho e salários. Uma coisa é fato, Jaime tem sido o único candidato a apresentar um programa e projetos que pretende desenvolver no município – um tanto melomaníacos – que se saírem do papel transformará a cidade em uma espécie de parque de diversões. É tudo justamente o que Lajeado não precisa.
Laranja. Quem vai querer?
Um candidato que não diz a que veio. Que a população não sabe de onde é e para onde vai. Ou o que pensa ou o que deixa de pensar. No fundo não passa de um candidato laranja. E é isso exatamente que é a candidatura de Luiz Carlos do PMN a prefeitura Municipal de Lajeado. Uma candidatura laranja que nem fede e nem cheira, que não “infroi e nem contriboi”, como diria o avô de um amigo meu, para uma campanha de alto nível no município.
Aviso aos navegantes – Vereador não é prefeito.
Tem vereador prometendo construir várias obras no município – de parques a empresa, de ruas a casas populares. Além é claro na promessa de uma infinidade de programas. Esses candidatos estão um tanto equivocados quanto ao papel de um vereador. Ora o papel de planejar e executar obras e projetos – é do executivo e não do legislativo. Logo era melhor que se candidatassem a prefeito e não a vereador ou então estudar qual o papel de um vereador antes de sair prometendo o que não irá cumprir.
Pula-pula
Não há como não comentar a postura de alguns candidatos que ficam pulando de um lado para o outro. Tal postura não mostra outra coisa se não oportunismo. Isso mesmo, não dá para classificar de outra coisa se não de oportunista os candidatos que ficam pulando de um lado para o outro. Sempre buscando o seu próprio beneficio, olhando para o seu próprio umbigo. Ora não há nenhuma duvida de que se figuras como essas forem eleitas – não faram outra coisa se não o que lhes convém. Por tanto o melhor a se fazer é cortar os galhos para que eles não tenham para onde pular.
Mudar é preciso! Mas como?
É camarada – o quadro de fato não é animador. Aliás, nem um pouco. Independente de quem ganhar não teremos grandes mudanças no município. Voltar ao passado ou ficar como esta? Ficar como esta ou mudar sem mudar? Eis as opções que se apresentam diante de nós. Ficar como esta não dá. Tanto que todos os candidatos se apresentam como “o novo”. Incluindo o candidato da situação – o candidato da atual prefeita. Mas novo de fato não há nada. Por tanto o que deve mudar, sobretudo é a nossa postura enquanto cidadãos diante das futuras administrações.
Não é através do voto que mudamos a historia, mas sim através da luta!
Não tenha duvida disso camarada – é o que nos mostra a história. Com isso não estou dizendo para que você vote em branco ou anule o seu voto. Pois independente de você votar ou não alguém será eleito. Ora a legislação eleitoral foi feita para isso. Também não estou querendo dizer que com isso você deva votar de qualquer jeito ou em qualquer um. Não camarada o que quero deixar claro é que em independente de quem for eleito é a capacidade de organização e mobilização do povo que fará com que as mudanças aconteçam de baixo para cima e não de cima para baixo.

A classe dominante reduz a política ao processo eleitoral. Mas política é mais do que votar; é conquistar o poder para decidir o rumo do país. O movimento político é formado por pessoas conscientes da luta popular que descobrem a raiz da exploração e organizam sua ação para transformar a sociedade capitalista. Essa gente entendeu que, sem mudar a sociedade, dividida entre exploradores e explorados, o povo vai continuar sendo oprimido”.
Ranulfo Peloso

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Poema: Vai chover!


As flores do ipê estão caindo
E quando caem as flores do ipê
Diz um velho camponês:
- Logo, logo vai chover.


Vamos preparar o roçado
Plantar milho e feijão.
O sabiá anuncia
O inverno vai ser bom.


Levanta Maria Lúcia
Cultivemos a lavoura.
Preparemos o quintal
A safra há de ser boa.


Vai lá no seu Raimundim
Pegue umas sementes crioulas.
Preparemos o quintal
A safra há de ser boa.


Vai chover dona Maria
Estão caindo às flores do ipê.
E quando as flores do ipê caem
É por que irá chover.

Pedro Ferreira Nunes
Casa da Maria Lúcia, Lajeado-TO. Lua Nova - Inverno de 2016.


Até tu Bonifácio?


Quando até o deputado Estadual José Bonifácio (PR) utiliza a tribuna da assembleia legislativa do Tocantins para criticar o governador Marcelo Miranda e declarar apoio aos servidores grevistas é que percebemos como o governo esta fragilizado, isolado e sem apoio. Bonifácio é um politico medíocre que esta sempre do lado do governo, independente de quem seja o governo. E com posições bastante critica a luta dos trabalhadores por seus direitos. Logo vê-lo se posicionando favoravelmente a um movimento grevista de trabalhadores é um tanto surpreendente.
Tal surpresa vem, sobretudo quando resgatamos alguns episódios polêmicos nos quais o senhor Bonifácio esteve envolvido. Por exemplo, quando chamou trabalhadores tocantinenses de babacas e bandidos numa manifestação por reforma agrária e urbana e contra o auxilio moradia na assembleia legislativa. Em outra manifestação contra o auxilio moradia liderada por estudantes e professores da UFT – Bonifácio chamou-os de vagabundos e os mandou estudar. Tais fatos se deram, sobretudo quando os trabalhadores se mobilizaram contra privilégios e regalias para os deputados. Bonifácio que por sua vez é defensor de tais privilégios e regalias – declarava-se não só favorável ao auxilio moradia como também ao auxilio saúde entre outros. Isto é, para bom entendedor, o que o nobre deputado quis dizer foi – primeiro o meu e o povo é que se fo... E essa tem sido a marca desse politico medíocre no parlamento tocantinense – votando sempre de acordo com seus interesses e não do povo. Mas o que aconteceu para que ele mudasse assim de uma hora para outra? O que aconteceu para que Bonifácio defendesse a necessidade do governo Marcelo Miranda sentar para negociar com os grevistas? Uma coisa eu garanto, não é solidariedade aos trabalhadores que sofrem com o descaso do governo do Estado.
Ah velho Bonifácio, a quem você pensa que engana? Tal discurso não passa de oportunismo. Pois em período eleitoral, ainda mais quando se tem um filho disputando a prefeitura de Tocantinópolis (cidade onde já foi prefeito por vários mandatos) não é recomendável comprar briga com os servidores que tem um papel fundamental nas eleições municipais – sobretudo no interior. Por tanto é melhor bater no governo – que é a mesma coisa de bater num bêbado do que bater em quem pode acabar com seu poderzinho naquela região. E no fundo sabemos bem que você é um politico medíocre, mas não besta.

Pedro Ferreira Nunes é Educador Popular e estudante de Filosofia da UFT.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

O governo Marcelo Miranda e a Greve Geral no Serviço Público Estadual


O Silêncio
Desde que a greve geral dos trabalhadores do serviço público estadual foi deflagrada o que se vê é um silêncio total por parte do governo Marcelo Miranda (PMDB). Aliás, essa tem sido a característica desse governo – o silêncio. Faz-se todo um malabarismo para tentar justificar os ataques aos direitos dos trabalhadores e quando os trabalhadores se mobilizam para questionar o governo o que recebem em troca é silêncio.
Mas o silêncio, ao contrario do que você meu caro camarada possa pensar – diz muito. Mostra exatamente a falta de capacidade de um governo que desde o primeiro momento tentar jogar nas costas dos trabalhadores a conta de uma “crise” que não foi criada por eles. Um governo que não tem a capacidade de apresentar uma proposta que atenda as reivindicações dos servidores públicos mesmo que parcialmente. Um governo que vai empurrando com a barriga tentando vencer os trabalhadores pelo cansaço. Um governo covarde que em vez de sentar cara a cara com os trabalhadores para tentar uma negociação – corre na justiça para tentar barrar o movimento grevista. Um governo desse não merece mais do que o nosso desprezo. Aliás, não é nem digno de ser chamado de governo.
Ainda sobre o silêncio
Agora depois de rompido o silêncio por parte do governador Marcelo Miranda que enfim apresentou uma proposta para pagamento da data-base dos servidores. Entendemos o porquê o governo demorou tanto para apresentar tal proposta. Uma proposta tão medíocre era melhor não ser apresentada, era melhor que o governo ficasse mesmo em silêncio. Ou melhor, era melhor que Marcelo Miranda seguisse o exemplo do seu secretario da Fazenda que pediu demissão. Ora é mais digno renunciar do que apresentar uma proposta de parcelamento em 12 meses do pagamento da data-base. Conhecendo muito bem o histórico de compromissos não cumprido do atual governador – só sendo muito ingênuo para aceitar tal proposta.
A Ética do discurso de Marcelo Miranda
Num primeiro momento o governo Marcelo Miranda ignorou completamente o movimento grevista, silenciando-se por várias semanas diante da reivindicação dos servidores. Num segundo momento o governo recorreu à justiça tentando criminalizar o movimento. No terceiro momento o governo buscou dividir o movimento grevista chamando apenas uma organização sindical para negociar – e ainda para completar apresentando uma proposta medíocre – que não tem como levar a sério. O discurso de Marcelo Miranda é um exemplo clássico do que Habermas definiria como um discurso antiético. Pois ignora completamente o outro. Como também ao contrario do que ele diz, não há nenhuma disposição para resolver a questão – pelo menos não quando analisamos uma proposta tão absurda.
Dividir e enfraquecer o movimento grevista
A tática do governo Marcelo Miranda esta clara – dividir e enfraquecer o movimento grevista. É exatamente por isso que em vez de negociar com o MUSME, o governo tenta negociar com cada categoria separadamente. E muitos líderes sindicais oportunistas estão caindo nessa conversa. A força do movimento grevista consiste, sobretudo, na unidade das diversas categorias, logo por tanto se o movimento começar a se fragmentar a derrota é certa.
A luta não pode parar! Nem um passo atrás!
A greve geral dos servidores públicos estaduais já tem obtido importante vitorias, como por exemplo, a queda do secretario da Fazenda Edson Nascimento. Não há duvidas que o pedido de exoneração do então secretario da Fazenda se deu pela pressão que o movimento grevista tem feito. Outra vitória importante foi ter conseguido fazer com que o governador quebrasse o silêncio e apresentasse uma proposta para os grevistas – mesmo que tal proposta esta mais para uma espécie de isca. No entanto já é um avanço – um reconhecimento de que as reinvindicações são legitimas. É obvio que isso não foi dito claramente, mas quando o governo apresenta uma proposta para resolver a questão é um reconhecimento de que essa questão é valida.
Fora Marcelo Miranda!
Por fim, se o governo não tiver a capacidade de atender as reinvindicações dos trabalhadores. Se continuar atacando nossos direitos – tendo jogar nas costas do povo trabalhador a conta de uma crise que não foi criada por eles. Esse governo não nos serve, devemos derruba-lo. Nesse sentido aproveitemos para embarcar o Marcelo Miranda no mesmo bonde de Michel Temer. Gritemos então a pleno pulmões – FORA TEMER! FORA MARCELO MIRANDA!

Pedro Ferreira Nunes
Militante do Coletivo José Porfírio.