Levantar bem cedinho antes dos primeiros raios de sol,
tomar café com cuscuz,
depois seguir para a roça arrancar mandioca.
Uma parte é colocada de molho em água quente para amolecer,
outras serão raspadas e raladas,
ai é só misturar tudo e por para secar.
Depois é peneirar a massa,
e por o forno para esquentar.
Em seguida põem a massa no forno
para assar.
Enquanto isso na cozinha as camaradas estão com o almoço a preparar.
- Dona Maria o que tem pra almoçar?
- Arroz com pequi, chambari e feijão trepa pau.
Farinhada no norte é um momento de festa,
de juntar toda a família e a vizinhança também
todo o trabalho em feito em mutirão.
Para o campesinato cultivar a terra é uma necessidade,
e não uma obrigação.
Fazer isso coletivamente
Para o camponês é uma satisfação.
Pedro Ferreira Nunes
Casa da Maria Lucia. Lua Cheia – Verão de 2014.
quarta-feira, 18 de abril de 2018
terça-feira, 10 de abril de 2018
A oportunidade de Lula se reconciliar com sua origem histórica e contribuir para reconstrução das forças progressistas latino-americana.
Nesse momento de manifestações extremas tanto dos que apoiam quanto dos que são contrários à prisão de Lula. Em que o debate político está perdendo a “sua função critica básica” como diria Marcuse. Isto é, a “independência de pensamento, autonomia e direito à oposição” – o que estamos vendo mais se assemelha a uma disputa de torcida que não raramente termina em agressões físicas ou até em morte. Ariscarei algumas palavras que buscam ir além dos extremismos.
Um primeiro ponto que é possível destacar nesse episodio é a disputa por narrativas sobre os motivos da prisão de Lula. Por um lado há os que dizem que se trata de uma questão meramente jurídica, do outro, aqueles que dizem ser de ordem política. E não faltam argumentos dos dois lados no intuito de convencer a população a aceitar uma das duas narrativas. E o principal é qual dessas narrativas entrará para história oficial que será contada para as futuras gerações.
Nessa linha é importante ressaltar o papel da imprensa que tem desempenhado um papel central no sentido de fortalecer a narrativa oficial reduzindo a prisão de Lula ao âmbito jurídico. Tanto que grande parte da cobertura jornalística tem se dedicado a repercutir o discurso dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Do outro lado estão partidos como PT, PC do B, PSOL, PCB, PCO e Organizações como a CUT, UNE, MST, MTST que se utilizando de meios alternativos se contrapõem com o discurso de que a prisão de Lula é uma prisão politica.
Mas afinal de contas é uma prisão política ou jurídica? Ora, não dá para separar a questão jurídica da questão politica. E aqui não estamos reduzindo a politica a sua dimensão partidária. Mas sim na sua concepção clássica, isto é, nas palavras dos filósofos Danilo Marcondes e Hilton Japiassú “como ciência que pertence ao domínio do conhecimento prático e é de natureza normativa, estabelecendo os critérios da justiça e do bom governo e examinando as condições sob as quais o homem pode atingir a felicidade (o bem-estar) na sociedade, em sua existência coletiva”.
Desse modo os que assim fazem, negando a politicidade das suas ações, estão justamente fazendo o contrario. Estão fazendo política e da pior espécie – a que se transverte de apolítica. Mas suas ações lhes denunciam como bem mostra a cobertura midiática em torno do caso envolvimento o Lula e que culminou com a sua prisão. O objetivo não é apenas noticiar e informar a população do que está acontecendo, mas sim destruir a figura de Lula. Mas por quê? Qual o objetivo? Afinal de contas os governos Lulistas passaram muito longe de serem de fato governos de esquerda. Não tocou nos interesses da burguesia, pelo contrário, aliou-se a ela. E se caso fosse eleito novamente não faria muito diferente.
O fato é que no afã de humilha-lo as elites meteram os pés pelas mãos e está dando a chance dele se reconciliar com sua origem histórica. Dai o simbolismo do seu retorno ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e do apoio das diversas organizações da classe trabalhadora de Norte a Sul do Brasil e até outras partes do mundo. Há muito tempo não se via uma demonstração tão grande de solidariedade de classe. Num momento tão difícil com quem Lula pode contar? Com os sem terra, com os sem teto, com os estudantes e outros tantos trabalhadores.
E assim, se ao decretar à prisão de Lula as elites estavam pensando que este seria o seu fim, enganaram-se. Lula a partir de agora além da possibilidade de se reconciliar com sua origem histórica pode também desempenhar um papel importante na tão necessária reconstrução das forças progressistas latino-americana. Para tanto ele e o seu partido (PT) precisam fazer uma autocritica dos governos de conciliação de classe que estiveram à frente. Outro ponto é dar espaço para que haja uma renovação nos quadros progressistas, de modo que insistir com a candidatura de Lula a presidência é um desserviço nesse sentido. Resta saber se Lula e o PT estão dispostos a fazer esse movimento.
Pedro Ferreira Nunes – é Educador Popular e graduando em Filosofia na Universidade Federal do Tocantins. Também faz parte da Coordenação Geral do Centro Acadêmico de Filosofia Prof. José Manoel Miranda e do Coletivo de Educação Popular José Porfírio.
quarta-feira, 4 de abril de 2018
E agora Marcelo? E agora Tocantins? Quem perde e quem ganha com a cassação do governador emedebista?
“Não estou culpando ninguém,
não estou acusando ninguém.
apenas conto o que vi,
apenas conto o que senti...”.
Inocentes
não estou acusando ninguém.
apenas conto o que vi,
apenas conto o que senti...”.
Inocentes
A cassação pela terceira vez de um mandato eletivo de Marcelo Miranda (02 mandatos de governador e 01 de senador) pegou a todos de surpresa. Pois nem o mais otimista dos otimistas dos seus adversários ou o mais pessimista dos pessimistas dos seus aliados acreditava. Seja no meio político ou no jurídico, seja entre analistas ou jornalistas da área. E se quem acompanha diariamente esse processo não esperava imagine a população. Agora diante desse novo cenário só nos resta perguntar: E agora Marcelo? E agora Tocantins? Quem perde e quem ganha com a cassação do governador emedebista?
A cassação do atual mandato do governador Marcelo Miranda não foi recebida com nenhum entusiasmo pela maioria da população tocantinense. Mesmo diante de uma gestão marcada pelo descaso com a execução de políticas públicas que atenda ao bem comum. Ora se a população (sobretudo dos grandes centros) tem avaliado tão negativamente o governo Marcelo Miranda por que não comemorou sua cassação? Pelo fato de perceber que se tem alguém que ganha com a cassação do governador emedebista. Este alguém não é o povo. Mas sim o grupo politico que se apoderará da máquina pública estadual para fazer o mesmo que o então governador Marcelo Miranda vinha fazendo, mas agora em beneficio de si.
Seguindo essa linha é importante analisarmos o que fez o presidente da assembleia legislativa Mauro Carlesse (PHS) – sim, ele mesmo. O deputado que virou noticia no cenário nacional por ser preso em decorrência ao não pagamento de pensão alimentícia nos idos de 2015. Ao assumir provisoriamente o governo estadual, sem perda de tempo Carlesse mudou todo o alto escalão da administração pública.
Tais mudanças se deram com o objetivo de melhorar a qualidade da administração pública e dos serviços públicos prestados a população? Engana-se quem compra esse discurso. O objetivo de Carlesse e seu grupo de sustentação política é permanecer à frente do executivo estadual. Pois, não nos esqueçamos, mesmo antes da cassação de Marcelo Miranda, o deputado Mauro Carlesse se apresentava como pré-candidato ao governo. Logo, não deixará de utilizar a máquina pública para alcançar este objetivo.
Aliás, essa não é a motivação apenas de Carlesse, mas também dos outros que se colocam como candidatos. Pois o discurso recorrente é de que quem tiver a máquina pública estadual na mão em outubro terá vantagens sobre os demais adversários. Portanto seria arriscado não disputar as eleições para o mandato tampão (com previsão de acontecer no mês de junho).
Como se vê, o debate politico até o momento tem se resumido em torno da questão: O que o meu grupo político pode ganhar ou perder participando ou não desse processo? Á nós resta questionar: E o povo, aonde entra o povo? Como fica a educação, a saúde, a geração de emprego, a cultura, a preservação do meio ambiente a segurança pública entre outras questões.
O que fica evidente para nós é que a preocupação destes senhores e senhoras não é apresentar um projeto de melhoria da qualidade de vida da população, mas sim apoderar-se da máquina pública para atender a seus próprios interesses e dos seus respectivos grupos de sustentação política.
Com isso estou querendo dizer que Marcelo Miranda não deveria ter tido o seu mandato cassado? Não, muito longe disso. No entanto não dá para engolir uma justiça que leva quase quatro anos para julgar uma ação impetrada ainda na campanha eleitoral de 2014. Se tivéssemos falando de um país sério Marcelo Miranda depois de ter sido cassado duas vezes não deveria se quer ter sua candidatura homologada e quanto mais assumir o governo do Tocantins e ficar 3 anos e 3 meses usufruindo das benesses do poder.
E agora a população que já teve o coro tirado nesses 3 anos e 3 meses de governo Marcelo Miranda (MDB) com aumento de impostos e retirada de direitos. Mais uma vez vai pagar a conta com a realização de duas eleições estaduais num curtíssimo período de tempo. E o pior é saber que independente de quem ganhar as coisas não mudaram muito. Ou talvez até piore.
Ainda nos resta algumas palavras sobre as questões: E agora Marcelo? E agora Tocantins? Para Marcelo Miranda resta pousar de vitima e continuar tentando reverter a sua situação jurídica. Se não conseguir reverter é só tirar umas férias e usufruir dos “benefícios” que conseguiu na ultima gestão. E quando tiver a oportunidade novamente se candidatar correndo o risco de ser eleito e, por conseguinte cassado novamente. Já o Tocantins continuará nas mãos de sanguessugas políticos, das velhas oligarquias, ainda que estas se apresentem como novidades.
Pedro Ferreira Nunes - é Educador Popular e Graduando do Curso de Filosofia da UFT. Também milita no Coletivo José Porfírio e faz parte da Coordenação Geral do Centro Acadêmico Professor José Manoel Miranda.
terça-feira, 27 de março de 2018
Língua de Tradição e Língua Técnica: A oposição entre dois gêneros de língua.
Em “Língua de tradição e língua técnica”, Martin Heidegger ao abordar a questão da técnica relacionando-a com a linguagem fala da oposição entre duas formas de língua. De que gênero é essa oposição? Em que domínio se exerce? Como é relativa à nossa própria existência (Dasein)?
Inicialmente é importante apontar o que é língua para o filósofo. De acordo com suas próprias palavras “a língua é expressão deste entremeio do sujeito e do objeto”, ou ainda, o que faz sermos aquilo que somos. Dessa maneira o filósofo se oporá ao reducionismo da língua como mero instrumento de informação. Fato que tem sido levado ao extremo pela técnica moderna. E por que isso ocorre?
Para Heidegger esse fenômeno acontece por que ao se compreender como instrumento, a técnica moderna tende a “apresentar toda e qualquer coisa sob esse aspecto”. E isso nada mais é do que uma abordagem superficial tanto da técnica como da língua. Essa abordagem superficial acaba submetendo à língua a técnica. É dessa situação que surge o que o filósofo denomina de língua técnica, que de acordo com suas palavras “é a expressão mais violenta e mais perigosa contra o caráter próprio da língua”. Um exemplo dessa agressão violenta a língua pode ser observada pela teoria cibernética, que por sua vez é um grande exemplo da dominação da técnica moderna, sobretudo quando esta tenta estabelecer uma espécie de unificação da língua através da técnica.
Heidegger diz que no contexto da cibernética a “língua está reduzida, isto é, limitada a produção de sinais, ao envio de mensagens”. Isso tem sido levado ao extremo na atualidade com as redes sociais. E inclusive avançado para o contexto educacional, aonde os defensores da teoria da informação tenta construir uma língua técnica que se imponha como a única – desprezando, portanto a língua natural ou da tradição.
Se para Heidegger a língua técnica é uma invenção da técnica moderna que por se compreender como instrumento transforma tudo em mero instrumento. Do que se trata a língua de tradição? De acordo com as palavras do filósofo trata-se da “língua corrente que não foi tecnizada”. Essa língua pode ser compreendida também como língua natural. Que ainda que seja desprezada pela técnica moderna “é sempre conservada e permanece, por assim dizer, como pano de fundo de toda transformação técnica”.
Diante de tudo isso fica mais evidente as questões levantadas pelo filósofo relativas ao gênero da oposição entre língua de tradição e língua técnica, em que domínio se exerce essa oposição bem como porque é relativa à nossa própria existência (Dasein). Percebemos que para Heidegger essa oposição se dá pelo fato de que se trata de dois gêneros de língua – que como falamos anteriormente é diferente – enquanto uma surge espontaneamente à outra é imposta – imposição que se dá através de uma tentativa de unificação e, por conseguinte de dominação do homem. E ai surge à questão do por que esse problema é relativo à nossa própria existência. Por que reflete na nossa relação com o mundo – se muda a nossa relação com o mundo, muda o nosso modo de estar no mundo, muda o nosso modo de ser.
Para Heidegger quando a língua técnica interfere na nossa forma de relacionar com o mundo é um grande perigo. Dai que é necessário se discutir à relação do homem com a língua. O que nos permitirá descobrir o poder da língua.
Por fim, ainda que não tenhamos condições de afirmar totalmente, nos parece que essa discussão com o avanço tecnológico já não está apenas no campo da metafísica tal como colocada por Heidegger. Mesmo assim pouco ou quase nada se discute a cerca da relação do homem com a língua. Por que a reflexão dessa relação tem sido desprezada? A teoria da informação triunfou? Com a internet e as redes sociais avançamos a passos largos para unificação da língua? E a academia o que tem feito? Reafirmado ainda mais o domínio da técnica moderna e, por conseguinte da língua técnica? Eis ai algumas questões em aberto que valem apena serem aprofundadas em relação a essa discussão.
Pedro Ferreira Nunes – é Graduando em Filosofia pela Universidade Federal do Tocantins e Coordenador do Centro Acadêmico de Filosofia – CAFIL/UFT.
Referência Bibliográfica
HEIDEGGER, MARTIN. Língua de Tradição e Língua Técnica. Tradução: Mário Botas. Grafibastos. 1ª Ed.- Lisboa: 1985.
terça-feira, 20 de março de 2018
Crônica: A cidade das mulheres sem coração
Em Lajeado não é difícil encontrar essas mulheres, elas estão em cada esquina, em cada bar, em quase todas as casas. O município que é conhecido como a cidade das águas poderia muito bem receber o titulo de “a cidade das mulheres sem coração”. O que teria acontecido para que estas mulheres se tornassem pessoas assim? Sem coração. Quem os arrancou? Por que fizeram isso?
Para compreender esse fenômeno das mulheres sem coração no interior do interior do Brasil é preciso entender a dura sina dessas que ainda quando meninas são obrigadas a se tornar mulher. Nem bem saíram da infância e já começam a se relacionar sexualmente com um homem. Se apaixonam, casam, saem da casa dos pais e ficam grávidas. Muitas vezes essa ordem se inverte. Engravidam quando ainda esta namorando, dai são obrigadas pelos pais a se casarem, tornam-se por tanto donas de casa e deixam os estudos de lado.
Essa jovem que é obrigada a virar mulher prematuramente logo percebe que não é fácil a vida a dois. O sonho da infância de encontrar o príncipe encantado e com ele viver tal como nas estórias de contos de fadas que ouvia quando criança ou nas estórias de amor dos filmes e novelas, que sempre tem um final feliz, esta longe de ser a sua realidade.
As brigas passam a fazer parte do seu cotidiano, seu companheiro chega tarde em casa e quase sempre alcoolizado. Este procura descontar na esposa suas frustrações diárias. Assim aos trancos e barrancos essa jovem tenta levar a vida de casada, no entanto a violência domestica a cada dia só aumenta, até que um dia ela não aguenta e põem as duras penas um ponto final nesse relacionamento.
A cultura patriarcal e machista enraizada na nossa sociedade faz com que o fim deste relacionamento não seja tão pacifico. Geralmente o homem com o sentimento de posse da mulher não aceita que ela o deixe e não raramente a família também não apoia a separação, mesmo tendo consciência da condição humilhante em que vive a jovem. Muitas vezes o final desse relacionamento pode terminar em tragédia.
Mesmo após uma dura experiência a jovem ainda guarda no coração a esperança de encontrar o príncipe encantado, e assim apaixona-se novamente, joga-se nos braços de outro amor, mas novamente o que encontra é desilusão.
De relacionamento em relacionamento, de frustrações em frustrações o seu coração vai sendo destruído. Chega então o dia que ela já não acredita no príncipe encantado, não acredita mais no amor. E então toma uma decisão, de não mais acreditar em homem algum. E começa a fazer o que sempre fizeram com ela – usa-los, engana-los e trai-los. Descobre então que é assim que os homens lhes dão valor.
Elas aprenderam as duras penas que a vida não é um conto de fada, nem muito menos um romance de cinema ou de telenovelas. E assim se tornam mulheres sem coração – que não acreditam mais no amor e muito menos na felicidade. No melhor estilo punk rock, ala Sex Pistols: “I got no feelings, a no feelings, a no feelings. For anibody else, except for myself...”. (Eu não tenho sentimentos, sem sentimentos, sem sentimentos. Por ninguém mais, exceto por mim mesmo...).
As mulheres sem coração fará com que você fique sem coração. Por tanto, pobre do diabo que cair nas mãos de uma mulher sem coração. Sofrerá, sofrerá bastante. Ela tirará seu coro, arrancará seu coração – batera-o no liquidificador e tomará. Por tanto quando fores tirar o coração de uma mulher, pense duas vezes, pois como nos alerta a bela letra da banda punk brasiliense Plebe Rude. “o que se faz se paga, o que se faz aqui. Os danos nos seus rastros, não deixa de existir...”.
Pedro Ferreira Nunes é – É “apenas um rapaz latino americano, sem dinheiro no banco, sem parentes importante e vindo do interior”.
terça-feira, 13 de março de 2018
Entre livros e sapatos.
Recentemente fui com uma camarada em uma das principais livrarias da capital tocantinense, localizada num shopping center. E sai dali extremamente revoltado com os valores exorbitantes de alguns livros. Em compensação de passagem por uma loja de artigos de vestuário e calçados vimos sapatos com o custo bastante popular. Pensei comigo, entre livros e sapatos a maioria do povo vai preferir os sapatos. E não por que não tenham “consciência” da importância dos livros e da leitura como dirão alguns. Mas sim porque, além da falta de hábito o valor dos livros torna-os artigos de luxo.
Até mesmo para quem obrigatoriamente precisa ler que é o caso dos universitários e professores – que preferem baixar livros da internet ou xerocar apostilas. É claro que não é a mesma coisa, a leitura não tem a mesma qualidade e nem o mesmo prazer que o contato com o papel. No entanto é a única alternativa para que se tenha acesso há algumas obras – já que adquirir livros de valores alto mensalmente não cabe no nosso orçamento. Imagine então para o trabalhador, que mal tem tempo para comer, que diariamente tem que se espremer num transporte público lotado, que ganha um salario mínimo e tem que pagar aluguel, água, energia, alimentação, telefone, internet, vestuário e algum restante para a cerveja, já que ninguém é de ferro, não é mesmo?!
Anualmente é divulgada uma nova pesquisa apontando o baixo nível de leitura do brasileiro. Entre elas destaca-se a pesquisa “retratos da leitura no Brasil” que apontou “44% da população brasileira não lê e 30% nunca comprou um livro”. É então que uma velha pergunta surge: Por que o brasileiro lê tão pouco? Existem diversas teses para este problema. A mais comum é a falta de hábito – onde se trás a dimensão cultural. De acordo com Mallon (2016) “os motivos são: o fato da cultura brasileira ser mais transmitida pela via oral e menos textual, alfabetização tardia, pouco investimento em educação, maus exemplos de celebridades que afirmam de uma forma errada que leitura não é importante, preguiça e preconceito...”. Certa vez assisti uma entrevista de um professor da USP (não me recordo o nome) que disse que o nosso problema é que saltamos da linguagem oral para linguagem visual (televisão) e assim pulamos a linguagem escrita.
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) os países onde há um grande numero de leitores se caracterizam pelo fato de que “1) ler é uma tradição nacional, 2) o hábito de ler vem de casa e 3) são formados novos leitores”. Terminantemente não é o nosso caso. Ainda que tenham ocorrido mudanças, lentamente. Por exemplo, há hoje uma preocupação maior com a formação de novos leitores. Bem como de tornar os livros mais acessíveis através de projetos como das “geladeiras literárias”. Sem falar nos sarais e dos festivais literários de norte a sul do país.
Para Mallon (2016) “a culpa, da população, fugir da leitura não é do preço dos livros. Pois temos excelentes bibliotecas no Brasil, onde é possível emprestar quaisquer tipos de obras gratuitamente. A culpa também não é da internet porque através dela é possível baixar livros maravilhosos...”. Portanto o que se faz necessário é que “as famílias estimulem as novas gerações no hábito de ler”.
Para mim, trata-se de uma afirmação um tanto questionável, como podem imaginar, pois iniciei esse texto falando justamente do meu espanto em relação ao valor dos livros nas livrarias. É óbvio que isso não é determinante, mas que dificulta que tenhamos acesso a obras de qualidade (e não descartes), dificulta. Sobretudo a população que tem que fazer malabarismo com um salário de fome. Também não discordo que tenhamos excelentes bibliotecas, mas há que se questionar a onde elas estão? Com certeza não é no interior, nas periferias, nas escolas públicas – pois as conheço bem e mais se assemelham a depósitos de livros velhos. Já em relação à internet, sem dúvidas pode ser uma boa aliada, desde que saibamos usa-la, mas não nos esqueçamos que nem toda a população tem acesso a rede. E por fim, jogar nas costas unicamente da família o dever de estimular “as novas gerações no hábito de ler” é não querer resolver essa problemática.
Não podemos ser ingênuos. Há determinadas obras que são inacessíveis para maioria da população. Que obras são essas? Outra questão é: Será que é interessante para as elites um povo que saiba lê e escrever? Sobre tudo livros que fazem as pessoas refletirem? E a partir dai questionar. É, de fato é melhor estimular o povo a comprar sapatos.
Pedro Ferreira Nunes é – Educador Popular e Estudante de Filosofia da UFT.
quinta-feira, 8 de março de 2018
CONJUNTURA POLÍTICA NO TOCANTINS – FINAL
11- Luta popular contra o modelo hegemônico no Tocantins;
Manifestação de trabalhadores na JK em Palmas |
O avanço desse modelo de desenvolvimento hegemônico baseado no agronegócio e no hidronegócio tem avançado, mas não sem resistência no Tocantins. Ainda que essa resistência popular aconteça de forma fragmentada. Mas é fato que o movimento popular existe e resiste em terras tocantinas – são os sem teto, os sem terra, os indígenas e os quilombolas que resistem bravamente através de mobilizações, manifestações e ocupações de norte a sul do Estado.
São movimentos que não ganham as manchetes da imprensa regional, até por que estes veículos de comunicação estão nas mãos das elites, sobretudo por que se trata de movimentos realmente de caráter anticapitalista. Mas a invisibilidade e a brutal repressão não inibe a luta por direitos no Tocantins. Sim, brutal repressão por parte de latifundiários, mas, sobretudo do Estado a serviço da elite agrária que comanda o poder regional.
Repressão que vitimiza camponeses pobres, indígenas e quilombolas. Como foi o caso do assassinato de Luiz Jorge de Araújo – “mais uma vitima da bala genocida dos latifundiários tocantinenses – Pai de família, com 56 anos de idade. Foi assassinado no seu barraco na comunidade do Boqueirão, município de Wanderlândia. Por quatro jagunços armados”. (Nunes, 2016). Além desse caso tantos outros lutadores do povo tombaram ante a bala genocida do latifúndio. E outros tantos sobrevivem sobre ameaças diárias.
Como no caso de “camponeses pobres do Rio Sono e Lizarda, na região leste do estado... sofrendo ameaças para deixar suas terras – uma área de 2 mil hectares – que ocupam há mais de 50 anos. Na região conhecida como Cocal”. (Nunes, 2016). Ameaças que não raramente são cumpridas através do incêndio de barracos, violência física ou mesmo de assassinatos. Violência que acontece até mesmo na cidade, por exemplo, na manifestação contra o MATOPIBA na UFT:
"A manifestação era para ocorrer de forma pacifica, mas ao final, jagunços travestidos de seguranças tentaram impedir a força (usando de violência desnecessária) que os manifestantes exercessem o direito democrático de protestar livremente. Se o objetivo era intimidar os manifestantes o tiro saiu pela culatra, em vez de intimidar, a ação violenta dos jagunços da ministra Kátia Abreu só serviu para fortalecer os argumentos e o animo de estudantes e militantes de movimentos sociais que estavam ali protestando legitimamente. Os manifestantes conseguiram avançar e ocupar a frente do auditório com cartazes e gritos de fora Kátia Abreu e abaixo os ruralistas... "(Nunes, 2016)
Em outro evento do MATOPIBA, também na UFT, houve agressões e ameaças:
"Além de não poderem se manifestar livremente, sendo impedidos de participar do evento. Os estudantes foram agredidos, ameaçados de perseguição e tiveram seus cartazes rasgados de forma abusiva. As agressões físicas se deram especialmente a duas estudantes, revelando ai o machismo arraigado na sociedade tocantinense. E ainda por cima os estudantes foram proibidos de terem acesso aos sanitários e aos bebedouros do auditório onde estava sendo realizado o evento". (Nunes, 2017)
Repressão e ameaças que também ocorreram nas grandes cidades tocantinenses. Por exemplo, no despejo de famílias sem teto em Palmas – Onde denunciamos a ação violenta por parte da Guarda Metropolitana. Também na ação de desocupação do Centro de Ensino Médio Dona Filomena, em Miracema.
"A ação da policia militar com o aval do senhor promotor Vilmar Ferreira de Oliveira contra os 20 estudantes que ocupavam o Centro de Ensino Médio Dona Filomena em Miracema foi um ataque aos milhares de jovens que legitimamente lutam por uma melhor educação ocupando escolas de norte a sul desse país. O ataque também foi contra todos nós que lutamos por uma educação pública de qualidade. E se tal ataque foi feito para nos intimidar o que conseguiram foi fortalecer mais ainda a nossa luta contra a reforma do ensino médio e a PEC 241". (Nunes, 2016)
Mas toda essa repressão e criminalização da luta popular no Tocantins não intimidou os movimentos, em resposta, tivemos mais mobilizações, mais manifestações, greves e ocupações – tanto no campo como na cidade. Entre estas lutas destacamos o movimento dos estudantes ocupando escolas e a Universidade Federal do Tocantins se somando ao movimento nacional contra a reforma do ensino médio e a PEC que congela os gastos públicos nas áreas sociais. Aliás, a partir da UFT, criou-se o Comitê Reage UFT (por estudantes, técnicos administrativos e professores) que se somou a luta contra a reforma trabalhista e a reforma da previdência – desempenhando papel importante na greve geral de abril de 2017.
"Era pouco mais das 05h30 da manhã quando chegamos ao campus Palmas da Universidade Federal do Tocantins para nos somarmos aos técnicos administrativos e professores do Comitê Reage UFT que ali estavam para fazer um piquete e mobilizar a comunidade acadêmica a aderir à greve geral. Não perdemos tempo e logo abrimos nossas faixas que davam o recado: GREVE GERAL! FORA TEMER: EM DEFESA DOS NOSSOS DIREITOS. SERVIDORES DA UFT NA LUTA! UFT NA LUTA E NAS RUAS: CONTRA AS REFORMAS DO GOVERNO TEMER! UFT NA GREVE GERAL: EM DEFESA DOS DIREITOS DOS SERVIDORES PÚBLICOS! Com megafone em punho anunciávamos – 28 de Abril é Greve no Brasil. E assim, aos poucos mais e mais pessoas foram se incorporando ao movimento que também recebia a solidariedade dos motoristas que por ali passavam seguindo rumo a BR – 153. "(Nunes, 2017)
Os trabalhadores do serviço público estadual também não ficaram de braços cruzados e tivemos diversas greves. Com destaque para as greves da educação tanto a nível estadual como nas redes municipais, em especial na capital. No interior tivemos importante luta em defesa do Rio Tocantins e o Movimento Contra a UHE Monte Santo. Aliás, a luta contra mais um projeto hidrelétrico, a serviço do hidronegócio, tem sido um marco impondo importante derrota a esse modelo de desenvolvimento.
"É sem dúvidas um marco histórico na luta pela preservação do nosso bioma natural, um marco histórico na luta em defesa dos nossos rios. E isso é fruto da mobilização, da resistência e da luta popular. Foi à resistência popular através do Movimento Não á UHE Monte Santo que sensibilizou o poder público municipal da necessidade da criação de uma legislação que torna rio do Sono e o rio Perdido um Patrimônio Histórico que deve ser preservado". (Nunes, 2017)
No entanto há muito que se avançar na luta contra esse modelo hegemônico. Sobretudo porque não tenhamos ilusão, no próximo período independentemente de quem assumir o governo do Estado, é obvio que continuaram aprofundando esse modelo de desenvolvimento. E o movimento popular, estudantil e sindical tem que se fortalecer ainda mais para que consigamos realmente nos contrapor a esse modelo hegemônico que não atende aos interesses dos trabalhadores.
Para que isso ocorra mais do que nunca precisamos batalhar pela construção de uma frente de resistência popular do campo e da cidade. Ora, sabemos da especificidade de cada uma dessas lutas, mas é preciso compreender que lutamos contra o mesmo inimigo, contra o mesmo modelo de desenvolvimento. E que enquanto lutarmos de forma fragmentadas poderemos até obter conquistas pontuais, mas para derrotar o inimigo em comum precisamos caminhar unificadamente.
Infelizmente o que impede que isso ocorra é, sobretudo, as direções de determinadas organizações. Dai que um esforço nosso tem que caminhar também nessa direção, de nos desfazermos dessas direções oportunistas que burocratizam o movimento e em vez de contribuir para o avanço das lutas, acaba paralisando-as, ou levando a cair no descredito junto à população. Para combater isso, os militantes revolucionários devem apostar na agitação política, no trabalho de base e na organização.
12- Agitação política, trabalho de base e organização;
Eis ai três tarefas que considero fundamentais para
Manifestação dos camponeses sem terra no interior do Tocantins |
De modo que se a nível mundial as perspectivas para esquerda não são animadoras, imagine a nossa tarefa no interior do interior do Brasil. Mas apesar desse sentimento de terra arrasada como diz o filósofo francês Gauchet (2017) “a esquerda existe porque (...) é legitimo pensar que os homens possam moldar melhor seu destino a partir da compreensão de sua história”. De modo que por mais que se apressem em decretar “a morte da esquerda”. Está existe e resiste. No entanto precisamos “refazer” para voltarmos a nos tornar uma força que os trabalhadores realmente possam contar na luta de classes.
Nessa linha as palavras de Netto (2016) são importantes ao apontar que “a crise contemporânea do capital abre para nós uma oportunidade concreta de, exercitando a crítica radical, fomentar a reconstituição e a renovação de uma cultura politica socialista”. E num tom otimista afirma que “o futuro não haverá de ser uma reprodução ampliada do presente – a humanidade pode derrotar a barbárie. Sou tão otimista, meu caro, que estou convencido de que não vou morrer antes de ver o renascimento do movimento socialista revolucionário...”. A resistência popular contra o avanço da barbárie corroboram com o otimismo de José Paulo Netto. Mas e o avanço da direita nas ruas? Safatle questiona esse fato.
Para Safatle (2017) “você tem um governo que, dependendo da manifestação em que você tá, você sabe que vai levar bomba de gás lacrimogêneo, você pode levar um tiro... e nada vai acontecer”. E em outra “você vai tirar selfie com a polícia, o governo vai abrir as catracas do metrô para você, você vai circular sem nenhum problema e vai ter uma belíssima tarde de domingo”. De modo que a gente tem que problematizar se de fato há esse avanço da direita na rua mesmo. Se formos analisar as principais lutas no Brasil e no Tocantins elas têm um caráter contra hegemônico, anticapitalista e não de direita.
Ainda sobre a esquerda é importante se atentar para o que alerta Safatle (2017) “... você precisa de um horizonte que te empurre muito mais para frente, e esse horizonte não existe mais. A esquerda brasileira não fornece à população mais uma clareza sobre o que de fato ela quer. O que a gente quer agora? Há algum modelo para oferecer? Ou é mais ou menos esse mesmo?...”. Dai que precisamos pensar para além do processo eleitoral, para além de 2018. Nós não derrotaremos o modelo de desenvolvimento hegemônico no Tocantins e no Brasil do dia para noite. Mas isso não significa que tenhamos que nos acomodar e levar as mãos. Logo, a agitação política, o trabalho de base e a organização são tarefas imediatas para que possamos retomar a construção de um projeto alternativo.
Em “Que fazer?” Lênin chama atenção para importância da agitação política:
"Cabe perguntar: em que deve consistir a educação política? É possível limitar-se à propaganda da ideia de que a classe operária é hostil à autocracia? Naturalmente que não. Não basta explicar a opressão política de que são objeto os operários... É necessário fazer agitação acerca de cada manifestação concreta dessa opressão..." (2015; 111)
No Tocantins, o Coletivo José Porfírio tem atuado nessa perspectiva, não só explicando que a opressão faz parte do modelo de desenvolvimento hegemônico no Estado, como também tem feito essa agitação política diante dos casos concretos que a opressão se manifesta – especialmente através do blog “Das barrancas do rio Tocantins”. No entanto é um trabalho de agitação política limitado por que não dá conta de todo o movimento politico que ocorre no Estado e nem abrange todas as categorias de trabalhadores. Dai a necessidade de mais organizações e militantes se dedicarem a esse trabalho.
Organizações como o MST, o MTST, a CPT, o SINTET e o ANDES tem inclusive mais estrutura para fazer esse trabalho e militantes preparados, mas infelizmente não o fazem. Por que não o fazem? O fato é que não dá para ficar apenas a reboque do que essas organizações produzem a nível nacional – temos que refletir sobre a nossa realidade e denunciar a opressão que o nosso povo sofre. Inclusive apontando para o fato de que isso faz parte de um modelo hegemônico global.
A segunda tarefa nossa consiste em retomar o trabalho de base. Já há algum tempo esse discurso vem sendo repetido por diversas organizações populares – “precisamos retomar o trabalho de base, precisamos retomar o trabalho de base”. Mas efetivamente pouco tem sido feito para retomada desse trabalho de base. Por que essa tarefa não tem sido efetivada? Qual a importância dessa questão? Ranulfo Peloso (2012) afirma:
"Retomar o trabalho de base: mas não como a saudade de práticas e atividades que fizemos no passado. Nem é o medo de encarar as mudanças que aconteceram em nós, no Brasil e no mundo. Também não é o basismo onde as pessoas querem recomeçar do zero, gostam de elogiar tudo o que os pobres fazem e ficam pensando que as ações sem planejamento são capazes de conseguir os resultados que interessam a maioria. Retomar o trabalho de base é recuperar, é resgatar, é acreditar de novo no sonho da liberdade, na qual os interessados se envolvem na construção de uma vida melhor para si e para todos..." (2012; 15)
Uma tarefa difícil, sobretudo quando olhamos para organizações sociais com direções envelhecidas e burocratizadas, que estão agarradas ao passado, a práticas que nos levaram a enormes fracassos. Por outro lado temos que tomar cuidado para não cair em extremismos. Em achar que nada presta e, portanto devemos começar do zero. Ou nos deixar levar pelo espontaneísmo da “rede”.
Por fim, temos a tarefa organizacional, que está intimamente ligada com a agitação e o trabalho de base. Aliás, a agitação e o trabalho de base devem ter como perspectiva o fortalecimento da organicidade do movimento dos trabalhadores. Nessa linha José Paulo Netto acredita que o nosso problema não é a teoria, mas sim organizacional. De acordo com ele a critica ao capitalismo está na teoria de Marx. No entanto ele aponta que “somente com Marx, e apenas com o que a tradição marxista já produziu, não teremos condições de compreendê-la (a contemporaneidade) radicalmente – para, é óbvio, transformá-la radicalmente”. (2016)
Em “Que fazer?” Lênin escreveu sobre “a relevância do trabalho de organização”. De acordo com ele “... em matéria de organização estamos num nível tão baixo que é até absurda a ideia de subir demasiado alto!”. (2015; 195) Essa frase foi escrita num contexto bem adverso há mais de 100 anos atrás. No entanto ela cabe bem nos nossos dias, pois continuamos em termos organizacionais, num nível bastante baixo. Diria que até pior do que quando Lênin escreveu “Que fazer?”. Até por que nos dias de hoje não temos um Lênin.
Numa polêmica com B-v, Lênin questionava a afirmação desse de que “a sociedade proporciona um número extremamente reduzido de pessoas aptas para o trabalho revolucionário”. Para Lênin “não há homens e há uma infinidade de homens”. E justificando essa afirmação ele diz que:
"Há uma infinidade de homens porque tanto a classe operária quanto setores cada vez mais variados da sociedade fornecem, todos os anos, um número sempre maior de descontentes, que querem protestar, que estão dispostos a cooperar naquilo que puderem... Mas ao mesmo tempo, não há homens, por que não há dirigentes, não há lideranças políticas, não há talentos organizadores capazes de articular um trabalho simultaneamente amplo e unificado, coordenado, que permita utilizar todas as forças, mesmo as mais insignificantes... "(Lênin, 2015; 189).
Eis, portanto o nosso desafio nessa conjuntura em que há cada vez mais um número maior de descontentes com o modelo hegemônico de desenvolvimento. Através da agitação e do trabalho de base formar “dirigentes, lideranças políticas e talentos organizadores capazes de articular um trabalho simultaneamente amplo e unificado, coordenado, que permita utilizar toas às forças, mesmo as mais insignificantes”.
Conclusão;
Vimos nesse artigo que há um aprofundamento no Tocantins de um modelo hegemônico de usurpação dos recursos naturais, destruição do meio ambiente, retirada de direitos e entrega dos bens públicos para iniciativa privada. Vimos como a corrupção e os retrocessos em relação a direitos dos servidores públicos tornaram-se a marca do atual governo Marcelo Miranda. A partir dai analisamos a política de educação, saúde, segurança pública, geração de emprego. Demos ênfase à política cultural e ambiental que na nossa visão foram às áreas mais esquecidas pelo governo pemedebista. Falamos do modelo falido de privatização e concessão dos bens públicos por parte dos diferentes governos que estiveram à frente do executivo estadual. Em seguida analisamos a realidade nos pequenos, médios e grandes municípios tocantinenses.
Outro ponto importante trabalhado nesse artigo foi a analise do quadro eleitoral que se desenha para o pleito eleitoral de 2018. Analisamos os principais nomes que se colocam até o momento como pré-candidatos ao governo – a força e a potência de cada um. Também falamos de possíveis candidaturas da esquerda e da importância destas. Por fim refletimos a cerca das lutas populares contra o modelo de desenvolvimento hegemônico no Tocantins – que apesar do aumento da repressão e da criminalização, aumentaram. E concluímos falando das tarefas do movimento revolucionário no Tocantins para o próximo período, isto é, a agitação politica, a retomada do trabalho de base e a organização. De modo que esperamos que esse texto seja um importante instrumento para reflexão, organização e luta do povo trabalhador tocantinense.
Pedro Ferreira Nunes – Educador Popular e Militante do Coletivo José Porfirio. Atualmente faz parte da Coordenação Geral do Centro Acadêmico de Filosofia da UFT.
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