Assistente Social
Combater ás desigualdades,
transformar a sociedade.
Combater os privilégios,
superar a pobreza.
Servir o Estado ou ao povo?
Eis a questão,
dizei-me a quem serve irmão.
Positivista?
Marxista?
Emancipador?
Assistencialista?
Ai de ti pobre coitado.
Mudar o mundo ou ser mudado?
Preencher fichas,
fazer diagnostico.
Um carimbo aqui,
uma assinatura acolá.
Nada muda,
nada irá mudar.
O entusiasmo da academia
se esvai numa sala fria
de um CRAS qualquer.
E assim segue sua sina
pobre assistente social
“executor terminal
de política social”.
Por Pedro Ferreira Nunes
terça-feira, 15 de maio de 2018
quinta-feira, 10 de maio de 2018
Filosofia no estilo Punk Rock
“os que moram
do outro lado do muro,
nunca vão saber
o que se passa no subúrbio”.
Garotos Podres
Costumo imaginar as minhas aulas de filosofia como um show de punk rock – eu sou a banda, a sala o palco e os estudantes o público. E ao contrário da performance de uma orquestra em que o público fica em silêncio durante toda a apresentação. Um bom show de punk rock precisa da participação do público, da energia do público. Sem essa participação dos estudantes trazendo suas ponderações a cerca do conteúdo que está sendo trabalhado, ás aulas se tornam demasiadamente chatas. Não funcionam.
Quando eu não consigo estabelecer um diálogo com eles fico frustrado. O show não foi bom, ás músicas não contagiaram, o ritmo estava ruim. Ora, não me agrada nem um pouco uma aula que os estudantes fiquem calados como se tivessem assistindo a apresentação de uma orquestra (não que eu não goste de música clássica). Mas como fazê-los participar de uma aula que não lhes agrada, de uma discussão que eles acreditam não ter sentido? Como empolga-los com músicas que eles não querem ouvir? Com um show que eles dificilmente escolheriam assistir?
Diante dessas questões, o que posso dizer é que tem sido desafiador conseguir de alguma forma empolga-los para que se sintam instigados a participar de uma aula em que, grande parte deles, a priori, veem como algo desnecessário. E o que tem contribuído para que esse desafio seja superado é justamente esse estilo punk que tenho desenvolvido nas aulas de filosofia.
Nas minhas aulas os estudantes precisam falar ainda que seja para criticar o que está sendo dito por mim. Quem disse que o público não pode vaiar a banda quando a performance não está lhe agradando? Quem disse que o estudante tem que concordar com tudo que eu falo? Até por que se tem algo que espero das minhas aulas de filosofia é que eles aprendam a questionar a tudo e a todos. Óbvio que não questionar apenas por questionar, mas questionar com uma argumentação fundamentada. Pois como bem ressalta o professor Mário Ariel Gonzalez Porta “filosofar não é simplesmente opinar”.
Quem não aprecia punk rock ao ouvir alguma música de bandas como Sex Pistols, Garotos Podres, Cólera, Inocentes, Ratos de Porão, Olho Seco entre outras enxerga uma espécie de caos total e não compreende o som sujo, veloz e pesado com letras sendo berradas. A filosofia também é vista como um caos e tem fama de incompreensível. Sobre essa questão o professor Mário Ariel Gonzalez Porta afirma que a filosofia é vista como um caos pelo fato de que “o público em geral não percebe o que os filósofos de fato fazem e crê que cada um simplesmente diz o que quer, isso se deve, em grande medida, ao fato de que não toma consciência da existência de um problema que o filósofo está tentando solucionar”.
Ainda nessa linha o professor Mário Ariel Gonzalez Porta alerta para o fato de que “o núcleo essencial da filosofia não é constituído de meras convicções, mas de problemas e soluções”. Em relação à fama de incompreensível da filosofia o professor Mário Ariel Gonzalez Porta destaca que se deve ao fato do público em geral não conseguir perceber que os filósofos “versão sobre problemas e, em consequência, que é impossível entende-los se não entendem os problemas dos quais eles tratam”.
No entanto se nos limitarmos a entender o problema de determinado filósofo estamos reduzindo o ensino de filosofia à história da filosofia. E precisamos ir além, precisamos instigar os estudantes a refletir sobre o seu cotidiano, a trazer os problemas do seu cotidiano para sala de aula e a partir daí além de compreender o pensamento filosófico eles estarão exercitando o filosofar, eles estarão filosofando ou pelo menos tentando. E assim temos feito, sempre partindo da realidade dos estudantes. Conseguindo com isso fazê-los a se interessar pela filosofia. É óbvio que não conseguimos agradar a todos e nem temos essa pretensão – o que é bom para que não criemos falsas expectativas e nem nos decepcionemos quando tais expectativas sejam frustradas.
Assim é uma banda de punk rock ela tem consciência que seu som já mais será tocado nas rádios comerciais, que já mais se apresentará nos programas dominicais de televisão, que não atingirá um grande público ou que alcançará o “maestrin”. Uma banda de punk rock sabe que em relação ao seu som não tem meio termo – só há aqueles que gostam e aqueles que odeiam. Sabe que não raramente pisará em terrenos hostis. Como o Sex Pistols numa noite em 1977 no The Longhorn Ballroom – Texas. Porém não abaixará a cabeça e tocará até o fim, ainda que não agradando á todos.
Enfim, é assim, como um show de punk rock que tenho encarado as aulas de filosofia numa escola estadual em Palmas toda sexta-feira. Buscando desconstruir para construir alguma coisa. Tem sido uma experiência interessante, creio que tanto para mim como para eles.
Pedro Ferreira Nunes – É graduando em Filosofia da Universidade Federal do Tocantins.
quarta-feira, 2 de maio de 2018
Meu caminho a Marx: Algumas palavras em comemoração aos 200 anos do seu natalício.
“Os filósofos limitaram-se a interpretar o mundo de diversas maneiras; o que importa é modifica-lo”.
Karl Marx
Assim como tantos outros cheguei a Marx através dos marxistas – Ernesto Che Guevara, Lênin, Trotsky, Istvan Mészáros, José Paulo Neto, Paulo Freire, Plinio de Arruda Sampaio entre outros. Se cheguei a Marx através da leitura das obras marxistas. Como cheguei aos Marxistas? Responder essa questão inicialmente é importante para que voltemos à outra questão.
Era eu ainda adolescente em Lajeado quando comecei a me incomodar com as desigualdades sociais a minha volta. Sobretudo com as mudanças que ocorreram na cidade em consequência da construção da UHE – que nos expulsou da chácara onde morávamos. Nesse período comecei a questionar a ordem estabelecida, a me interessar por política e a militar no Colégio Estadual Nossa Senhora da Providência (não uma militância orgânica).
Diante de tudo que eu via e sem respostas paras questões que levantava senti a necessidade de estudar para entender aquela realidade. Busquei então os livros de filosofia e sociologia. E foi a partir dai como também por influência da literatura (em especial Gonçalves Dias e Graciliano Ramos) e do Rock, do Reggae e do Rap que acabei me aproximando das ideias anticapitalistas.
Já morando em Goiânia é que tive acesso a livros marxistas propriamente. De inicio Che Guevara, em seguida Lênin e Trotsky. Já na militância política orgânica veio Paulo Freire, Plinio de Arruda Sampaio e Istvan Mészáros. E na faculdade de Serviço Social descobri José Paulo Neto. Nesse período alio o estudo do marxismo com a luta orgânica no movimento popular. E é na militância política que o marxismo vai se arraigando em mim. Porém até então, de Marx propriamente havia lido muito pouco – “O Manifesto do Partido Comunista” e “A Miséria da Filosofia” além de um e outro texto pequeno.
E foi a partir do meu retorno para o Tocantins, mas, sobretudo com meu ingresso no curso de Filosofia da Universidade Federal do Tocantins que comecei a sentir cada vez mais a necessidade de me aprofundar nas obras marxianas. O que não significa dizer que abandonei as referências marxistas que me levaram até Marx. Mas o fato é que a cada dia tenho sentido uma necessidade maior de aprofundar meus estudos das obras de Karl Marx.
Aliás, creio que esse é o caminho para combatermos por um lado à vulgarização e por outro a distorção do pensamento Marxiano. Essa vulgarização é feita pelos pseudos-marxistas, que no geral tem uma bela retórica, mas a prática está muito distante do discurso. E aleijar o pensamento de Marx da prática social numa perspectiva revolucionária é um crime. Percebo que essa vulgarização é bem comum na academia, por parte dos “marxistas de gabinete” que apresentam um discurso revolucionário, mas a prática é bem reacionária. O que estes senhores ditos “marxistas” fazem é um desserviço ao pensamento de Marx.
Já as distorções são obras de setores da intelectualidade a serviço das classes dominantes. Distorções que ganham força, sobretudo através das redes sociais e são reproduzidas por uma massa de alienados.
O que se observa é que boa parte das criticas feita a Marx, é por um lado, falta de conhecimento do pensamento marxiano – criaturas que nunca leram se quer “O Manifesto do Partido Comunista”. Mas por que um liderzinho medíocre falou determinada coisa sobre Marx, se reproduz isso como se se tratasse de uma verdade absoluta. Por outro lado às criticas partem daqueles que conhecem muito bem a obra de Marx, e sabem o quanto é importante que os trabalhadores fiquem alheios a ela. Para que não ousem se libertar das correntes que lhes prendem.
É triste, sobretudo ver a juventude trabalhadora caindo nesse engodo. Reproduzindo um discurso reacionário e antimarxiano. E o pior é que quando você percebe que esse discurso antimarxiano é fundamentado numa visão distorcida de Marx. Pois tentam colocar na sua conta equívocos que não foram cometidos por ele, a lhe atribuir ideias que ele não defendeu. Mas isso não nos desmotiva, nos anima na luta anticapitalista. Sabendo como diz José Paulo Neto que “sem Marx, nada compreenderemos da contemporaneidade. Mas somente com Marx, e apenas com o que a tradição marxista já produziu, não teremos condições de compreendê-la radicalmente – para, é óbvio, transforma-la radicalmente”.
Enfim, aqueles que tanto o perseguiram, tentaram e continuam a tentar apagar suas ideias. Não imaginavam que 200 anos depois Karl Marx estaria mais vivo do que nunca. E continuará, pois como disse Slavoj Zizek “não se pode apagar uma ideia verdadeira”. E para aqueles que acham que Marx foi derrotado saibam que ainda estão rolando os dados, pois como diz uma canção “o tempo não para”.
Pedro Ferreira Nunes – é “apenas um rapaz latino americano, sem dinheiro no banco, sem parentes importantes e vindo do interior”.
sábado, 28 de abril de 2018
Conto interiorano: Fabiano, Mexerica e a Moreninha!
Fabiano havia chegado há três semanas para dar aula na escola do povoado de Mirindiba. Havia acabado de se formar no curso de Historia pela Universidade Federal do Tocantins e logo conseguiu a oportunidade de dar aulas na zona rural. Mesmo com as dificuldades que teria pela frente ele não pensou duas vezes e aceitou o convite.
A vida por ali não era fácil, era a mesma coisa de morar em uma fazenda. Fabiano ia à cidade apenas de quinze em quinze dias. Sentia falta da família, da namorada, dos amigos e das farras que faziam. No entanto ele acreditava que com o tempo conseguiria se adaptar a vida em Mirindiba. Não seria fácil, mas conseguiria. E com o tempo, mostrando sua competência por ali. Quem sabe não conseguiria arranjar um trabalho na zona urbana, de preferencia na capital.
Fabiano caminhava tranquilamente pela única rua do local, de repente ao passar em frente ao bar do povoado viu uma moreninha varrendo o terreiro e encantou-se por ela.
- Que moreninha linda. Disse para si mesmo Fabiano.
Ele olhava hipnotizado para a moreninha que continuava varrendo o terreiro sem perceber que estava sendo observada. Ou talvez ela soubesse e apenas fingia não vê-lo. Foi quando então apareceu um homem caminhando em direção à moreninha. Fabiano espantou-se – olhou para um lado e outro para ver se via alguém, desviou o olhar do casal e continuou a caminhar.
-Hum, deve ser o marido dela. Pensou consigo.
Fabiano retornou para o barraco onde morava, mas não conseguia tirar a moreninha da cabeça. Sentia uma forte atração por ela, desejava beija-la ardorosamente e tê-la em seus braços. Que desejo louco era aquele? Que paixão maluca era aquela? Questionava-se Fabiano.
Ele tinha namorada, que não estava ali com ele, mas Fabiano era terminantemente apaixonado por ela, iriam inclusive se casar em algum momento. Mas aquela atração tão repentina por aquela moreninha, de onde vinha? Além disso, era só uma atração física ou havia algo mais? Ele não sabia, mas o fato era que ela não sai da sua cabeça.
- Fabiano, Fabiano. Tira o olho dessa moreninha que ela não é pra tu. Ela não é pro teu bico. Dizia ele para si mesmo.
Mas já era tarde, Fabiano havia sido enfeitiçado por aquela moreninha. Agora todos os dias ele caminhava por aquelas bandas a fim de vê-la. E ela estava lá todos os dias varrendo o chão do terreiro, que de tanto ser varrido já estava criando buracos. Ele passava todos os dias por ali, mas se quer tinha coragem de cumprimenta-la.
Mexerica companheiro da moreninha começou a observar uma mudança na rotinha da sua esposa. Esta agora lhe tratava com certa indiferença e se aprontava em demasia todos os dias antes de pegar a vassoura para varrer o terreiro. Mexerica notou que este comportamento se dera, sobretudo, após a chegada do professor Fabiano aquele povoado.
- Ora, essa muie agora anda com a idea de querer estudar?! Muie minha não estuda, tem é que trabaia. Dizia Mexerica para quem quisesse ouvir.
Ele começou a sentir um forte ciúme da mulher, a desconfiar que ela o estivesse traindo com o professor Fabiano. Na cabeça do Mexerica os dois se encontravam para córnea-lo quando ele saia para ir trabalhar no roçado.
- Esse professozim tá de zoi na minha muie. Eu posso até ser rudo, não ter a inteligência dele. Mas eu não sou besta. Se tiverem me traindo acabo com a vida dos dois. Dizia Mexerica quando tomava umas e outras.
A cada dia que passava ele sentia mais ciúmes de sua mulher com o professor Fabiano. E foi tendo a convicção que estava sendo corneado por ela. Assim começou a mudar a rotina, dizendo que ia para o trabalho e não indo a fim de tentar pegar sua mulher no flagra. No entanto ele nunca conseguira vê-la se quer conversando com o professor. Mesmo assim Mexerica não tirava da cabeça que sua mulher o estava traindo.
Os dias foram se passando e nada de Mexerica conseguir provar a traição da mulher.
Mais um dia no povoado de Mirindiba. Fabiano chega da escola e arruma-se para sua caminhada diária. Mal podia esperar para ver a moreninha que tirava o seu sono.
- Será que hoje terei coragem de falar com ela? Quem sabe ao menos acenar com a mão. Pensava consigo Fabiano.
A moreninha tomou um banho, arrumou-se e foi para o terreiro, pensando consigo:
- Será se o professor passará por aqui hoje?
Mexerica por sua vez não havia ido naquele dia trabalhar na roça, estava desde cedo tomando cachaça.
- É hoje que resolvo essa parada. Vou ensinar esse professozin a tirar o zoi das mulher dos outro.
De repente surgi na estrada o professor Fabiano. Mexerica observa sua mulher e o professor. Ao ver que esta sendo observado por Mexerica, Fabiano desvia o olhar da moreninha.
- Professor chegue aqui. Grita Mexerica.
Fabiano treme por dentro ao ouvir Mexerica lhe chamando.
- O que esse brejo quer comigo? Questionou-se mentalmente Fabiano. Que mesmo com receio foi até Mexerica.
A moreninha que sabia do temperamento do marido começou a ter receios do que poderia acontecer. Fabiano passa por ela e a cumprimenta, ela com a cabeça baixa responde-o timidamente.
- Pois não, no que posso lhe ajudar? Disse Fabiano a Mexerica.
- Que historia é essa do senhor tá de zoi na minha muie? O senhor todo dia passa aqui bicando ela, acha que eu já não percebi e sei que estão me traindo? Gritou Mexerica apontando o dedo para o rosto do Fabiano.
Mais do que imediatamente a moreninha meteu-se no meio dos dois e falou: - Deixe de laquera home. Tu tá doido, eu mal conheço o professor. E virando para Fabiano fala:
- Desculpe ele, professor. Isso é cachaça.
Fabiano estava sem reação. Mudo, tremendo de medo. Sua atitude era de quem de fato estava devendo algo.
- Cale a boca sua vagabunda. Gritou Mexerica partindo para cima da mulher e a esbofeteando. Fabiano não se conteve e parte para cima de Mexerica para salvar a Moreninha das garras daquela fera.
Essa atitude de Fabiano fez Mexerica ter mais convicção que os dois estavam tendo um caso. Assim ele não pensou duas vezes, após ver que não conseguia sair no braço com Fabiano, saiu correndo pegou uma cartucheira velha que guardava no seu quarto e descarregou na esposa e em Fabiano. Em seguida deu um tiro na própria cabeça.
Pedro Ferreira Nunes – Poeta e Escritor Popular.
segunda-feira, 23 de abril de 2018
Lajeado: Enquanto o prefeito anuncia para breve a inauguração de um dos principais pontos turísticos do Tocantins, estudantes universitários sofrem com a falta de transporte público.
Recentemente o atual prefeito do município de Lajeado do Tocantins (Tércio Neto do PSD) apareceu em um vídeo https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=560771994309278&id=100011294475516 anunciando que será inaugurada no dia 05 de maio (data em que se comemora o aniversário da cidade) a praia do Segredo – que segundo ele – será um dos mais belos pontos turísticos do Tocantins. Pelo projeto divulgado pela gestão municipal de fato a praia do Segredo caminha para se tornar um ponto turístico de referência na região. Investimento para garantir que isso se concretize não tem faltado e com isso as obras estão a todo vapor. Mas será que essa deveria ser a prioridade da gestão Tércio Neto a frente da prefeitura municipal de Lajeado no momento atual?
Ora, enquanto a cidade está polvorosa com o anuncio dessa inauguração – os estudantes universitários há algumas semanas vem sofrendo com a falta de transporte público. A justificativa da gestão municipal é de que o transporte que serve os universitários está quebrado. E os outros veículos da frota municipal estão sobrecarregados da enorme demanda. No entanto na mesma semana que os estudantes universitários ficaram sem transporte público, a gestão municipal cedeu ônibus da sua frota veicular para transportar pessoas para uma festa privada na zona rural no munícipio de Miracema e para transportar evangélicos para um dia de lazer numa chácara na beira do lago.
E enquanto isso os universitários tem que se virar como podem para poder ir à faculdade. Já que faltar uma semana de aula significa comprometer todo o período letivo. No entanto nem todos têm condições de arcar com um transporte alternativo e acabam tendo que trancar o curso na universidade ou simplesmente acabam sendo reprovados. Pois quando vão relatar para seus professores a cerca do problema com o transporte, simplesmente ouvem – se virem. Se não vierem, é falta.
Pelo que se observa no município a cerca da postura da gestão Tércio Neto (PSD) em relação ao transporte público dos universitários, a tendência é piorar. Inclusive chegando ao ponto em que não haverá mais ônibus para transportar os estudantes. Sobretudo porque se percebe claramente que a frota veicular do município está a cada dia mais envelhecida e sucateada. E não há por parte da gestão municipal nenhum movimento para mudar essa situação. E nem é por falta de recursos que não há esse movimento.
Ora, não é por falta de recursos que não se investe na renovação da frota municipal de transporte. Não é por falta de recursos que, por exemplo, não se adquire um ônibus exclusivo para o transporte dos universitários (aliás, a aquisição de um ônibus novo para atender a demanda dos universitários de Lajeado foi uma das promessas de campanha do senhor Tércio Neto). Se não falta recurso, o que falta então?
Falta vontade política, falta priorizar de fato a educação no município. É o que nos revela o exemplo que trouxemos inicialmente, isto é, há recursos disponíveis para se construir “um dos mais belos pontos turístico do Tocantins”, mas não há para investir na renovação da frota veicular para servir melhor a população, especialmente os estudantes.
Em defesa da lei municipal 342/11 – Pela garantia de transporte público e gratuito para os universitários de Lajeado!!!
É importante ressaltar que os estudantes universitários do município de Lajeado não estão pedindo nenhum favor ao prefeito Tércio Neto e a sua gestão. O transporte público e gratuito dos universitários é um direito garantido em lei – a lei municipal 342/11 aprovada na Câmara de Vereadores e sancionada pela então prefeita Marcia Reis.
A lei 342 determina ao poder público municipal a disponibilização de um ônibus para transportar sem custos “estudantes que frequentam cursos universitários fora do município de Lajeado, cujos cursos não sejam oferecidos nesta cidade”. Isto é, todos os estudantes universitários do município, já que não há oferta de cursos superiores e nem técnico profissionalizante na cidade.
No entanto é importante ressaltar que a lei por si só não é uma garantia de que a gestão municipal irá cumprir o que determina a legislação vigente. Não nos esqueçamos que há quase 01 ano a câmara de vereadores de Lajeado aprovou um projeto de lei que determina a disponibilização de um ônibus para transportar trabalhadores de Lajeado a Palmas – o que ainda não se cumpriu. Sendo assim, é preciso que os estudantes universitários de Lajeado se organizem e se mobilizem para fazer garantir os seus direitos. Ou se não, como já dissemos, a tendência é piorar o que hoje já é ruim.
Pedro Ferreira Nunes – Graduando em Filosofia pela Universidade Federal do Tocantins.
quarta-feira, 18 de abril de 2018
Poema: Farinhada
Levantar bem cedinho antes dos primeiros raios de sol,
tomar café com cuscuz,
depois seguir para a roça arrancar mandioca.
Uma parte é colocada de molho em água quente para amolecer,
outras serão raspadas e raladas,
ai é só misturar tudo e por para secar.
Depois é peneirar a massa,
e por o forno para esquentar.
Em seguida põem a massa no forno
para assar.
Enquanto isso na cozinha as camaradas estão com o almoço a preparar.
- Dona Maria o que tem pra almoçar?
- Arroz com pequi, chambari e feijão trepa pau.
Farinhada no norte é um momento de festa,
de juntar toda a família e a vizinhança também
todo o trabalho em feito em mutirão.
Para o campesinato cultivar a terra é uma necessidade,
e não uma obrigação.
Fazer isso coletivamente
Para o camponês é uma satisfação.
Pedro Ferreira Nunes
Casa da Maria Lucia. Lua Cheia – Verão de 2014.
tomar café com cuscuz,
depois seguir para a roça arrancar mandioca.
Uma parte é colocada de molho em água quente para amolecer,
outras serão raspadas e raladas,
ai é só misturar tudo e por para secar.
Depois é peneirar a massa,
e por o forno para esquentar.
Em seguida põem a massa no forno
para assar.
Enquanto isso na cozinha as camaradas estão com o almoço a preparar.
- Dona Maria o que tem pra almoçar?
- Arroz com pequi, chambari e feijão trepa pau.
Farinhada no norte é um momento de festa,
de juntar toda a família e a vizinhança também
todo o trabalho em feito em mutirão.
Para o campesinato cultivar a terra é uma necessidade,
e não uma obrigação.
Fazer isso coletivamente
Para o camponês é uma satisfação.
Pedro Ferreira Nunes
Casa da Maria Lucia. Lua Cheia – Verão de 2014.
terça-feira, 10 de abril de 2018
A oportunidade de Lula se reconciliar com sua origem histórica e contribuir para reconstrução das forças progressistas latino-americana.
Nesse momento de manifestações extremas tanto dos que apoiam quanto dos que são contrários à prisão de Lula. Em que o debate político está perdendo a “sua função critica básica” como diria Marcuse. Isto é, a “independência de pensamento, autonomia e direito à oposição” – o que estamos vendo mais se assemelha a uma disputa de torcida que não raramente termina em agressões físicas ou até em morte. Ariscarei algumas palavras que buscam ir além dos extremismos.
Um primeiro ponto que é possível destacar nesse episodio é a disputa por narrativas sobre os motivos da prisão de Lula. Por um lado há os que dizem que se trata de uma questão meramente jurídica, do outro, aqueles que dizem ser de ordem política. E não faltam argumentos dos dois lados no intuito de convencer a população a aceitar uma das duas narrativas. E o principal é qual dessas narrativas entrará para história oficial que será contada para as futuras gerações.
Nessa linha é importante ressaltar o papel da imprensa que tem desempenhado um papel central no sentido de fortalecer a narrativa oficial reduzindo a prisão de Lula ao âmbito jurídico. Tanto que grande parte da cobertura jornalística tem se dedicado a repercutir o discurso dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Do outro lado estão partidos como PT, PC do B, PSOL, PCB, PCO e Organizações como a CUT, UNE, MST, MTST que se utilizando de meios alternativos se contrapõem com o discurso de que a prisão de Lula é uma prisão politica.
Mas afinal de contas é uma prisão política ou jurídica? Ora, não dá para separar a questão jurídica da questão politica. E aqui não estamos reduzindo a politica a sua dimensão partidária. Mas sim na sua concepção clássica, isto é, nas palavras dos filósofos Danilo Marcondes e Hilton Japiassú “como ciência que pertence ao domínio do conhecimento prático e é de natureza normativa, estabelecendo os critérios da justiça e do bom governo e examinando as condições sob as quais o homem pode atingir a felicidade (o bem-estar) na sociedade, em sua existência coletiva”.
Desse modo os que assim fazem, negando a politicidade das suas ações, estão justamente fazendo o contrario. Estão fazendo política e da pior espécie – a que se transverte de apolítica. Mas suas ações lhes denunciam como bem mostra a cobertura midiática em torno do caso envolvimento o Lula e que culminou com a sua prisão. O objetivo não é apenas noticiar e informar a população do que está acontecendo, mas sim destruir a figura de Lula. Mas por quê? Qual o objetivo? Afinal de contas os governos Lulistas passaram muito longe de serem de fato governos de esquerda. Não tocou nos interesses da burguesia, pelo contrário, aliou-se a ela. E se caso fosse eleito novamente não faria muito diferente.
O fato é que no afã de humilha-lo as elites meteram os pés pelas mãos e está dando a chance dele se reconciliar com sua origem histórica. Dai o simbolismo do seu retorno ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e do apoio das diversas organizações da classe trabalhadora de Norte a Sul do Brasil e até outras partes do mundo. Há muito tempo não se via uma demonstração tão grande de solidariedade de classe. Num momento tão difícil com quem Lula pode contar? Com os sem terra, com os sem teto, com os estudantes e outros tantos trabalhadores.
E assim, se ao decretar à prisão de Lula as elites estavam pensando que este seria o seu fim, enganaram-se. Lula a partir de agora além da possibilidade de se reconciliar com sua origem histórica pode também desempenhar um papel importante na tão necessária reconstrução das forças progressistas latino-americana. Para tanto ele e o seu partido (PT) precisam fazer uma autocritica dos governos de conciliação de classe que estiveram à frente. Outro ponto é dar espaço para que haja uma renovação nos quadros progressistas, de modo que insistir com a candidatura de Lula a presidência é um desserviço nesse sentido. Resta saber se Lula e o PT estão dispostos a fazer esse movimento.
Pedro Ferreira Nunes – é Educador Popular e graduando em Filosofia na Universidade Federal do Tocantins. Também faz parte da Coordenação Geral do Centro Acadêmico de Filosofia Prof. José Manoel Miranda e do Coletivo de Educação Popular José Porfírio.
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