Sentei diante do computador com o objetivo de escrever alguma coisa – como faço quase todos os dias a tarde. Assim como outras vezes não tinha nenhum assunto definido. Mas sei que a página em branco diante de mim é um fator de estímulo para que eu escreva algo. Tudo é mais fácil quando sento para escrever já com um assunto definido. Mas fazer o que?! Foi então que me veio a ideia de escrever um texto sem assunto. Dai saiu isso, que no final das contas me pareceu um texto de dicas diversas.
E chega ao fim a temporada de praias
O que para mim não faz a mínima diferença pois ao contrário de boa parte das pessoas que moram por essas bandas não gosto da temporada de praias. O problema não é nem tanto as praias, mas as pessoas. Muito barulho, muita agitação – coisas que não me atraem nem um pouco – a não ser numa manifestação ou num mutirão. Não sendo esses o caso prefiro ficar em casa lendo, escrevendo, cuidando das plantas e ouvindo rock in roll.
Leituras
É um hábito diário. Leio de tudo – poesia, contos, romances, crônicas, ciências humanas e filosofia. Se bem que ultimamente a filosofia tem prevalecido. Geralmente gosto de ler pela manhã, escrevo durante a tarde e a noite descanso. Entre leituras e releituras algumas obras que li nos últimos meses destacaria “Vigiar e punir” do Michel Foucault, “As ideias estéticas de Marx” do Adolfo Sánchez Vásquez e “O Marxismo na batalha das idéias” do Leandro Konder.
Li também uns artigos interessante na revista do departamento de filosofia da USP dos quais destacaria – “Arte, critica e crítica como arte – acerca do conceito de crítica em F. Schlegel e Novalis” do Márcio Seligmann-Silva, “A crise do drama em eles não usam Black Tie: Uma questão de classe” da Iná Camargo Costa, e “Macunaíma ou o mito da nacionalidade” do Urias Arantes.
Também tenho feito leituras no ambiente virtual, sobretudo no “Blog da Boitempo”, no “Correio da Cidadania” e no “El país”. Neste último, especialmente a sessão de filosofia na versão em espanhol. Uma questão interessante que a gente percebe lendo essa sessão do El país é a diferença do tratamento que a filosofia tem na Europa em relação ao Brasil. É um espaço também onde podemos descobrir filósofas e filósofos de diferentes nacionalidades produzindo coisas interessantes. Alguns que eu não conhecia e me chamaram atenção como: Gianni Vatimo (Itália), Jason Stanley (EUA), Agnes Callard (EUA), Adela Cortina (Espanha), Dario Sztajnszrajber (Argentina), Peter Sloterdijk (Alemanha) e Bruno Latour (França).
Escrever
O que não me falta é ousadia quando o negócio é escrever. Ouso fazer poesia, crônicas, contos, romance, artigo de opinião, resenhas, artigos científicos, análise de conjuntura e por aí vai. E um pouco dessa minha produção literária um tanto diversificada pode ser conferida no meu antiblog “Das barrancas do rio Tocantins” o qual busco manter atualizado pelo menos com um novo conteúdo uma vez por semana. Aos que se interessarem podem também encontrar coisas minhas em outros ambientes virtuais – pesquisem que encontraram.
Minha rotina de escrever é de pelo menos 4h diárias em cinco dias da semana. E como resultado desse exercício diário produzo muito, ainda que nem tudo é publicado (até por que quantidade não significa qualidade). Algumas coisas, sobretudo prosa ficcional fica um tempo maturando. Passado esse período de maturação retomo, dou mais uma trabalhada – se achar necessário, daí publico. Mas tem textos que não tem jeito – se não são bons para mim, imagine para os outros.
Nesse último mês escrevi alguns textos que pretendo publicar até o final do ano no meu antiblog, juntamente com outros que com certeza virão da conjuntura política bastante agitada que temos pela frente. Dos que estão para ser publicado destacaria um que trata sobre a discussão para a construção de um novo código florestal do Tocantins, outro sobre o Siqueira Campos no Senado, uma análise do livro “Vigiar e punir” do Michel Foucault, uma reflexão sobre o álbum “Crônicas do Post Mortem” do Matanza Inc, além de poemas, contos e crônicas acerca de questões do meu cotidiano.
Música
Nos últimos meses, 90% do que ouço é rock in roll. E em se tratando de rock, 90% do que ouço é de bandas e artistas das vertentes mais pesadas. Entre as nacionais destacaria: Ratos de Porão, Sepultura, Inocentes, Cólera e Matanza. Já as internacionais: Motorhead, Metallica, Sex Pistols, Ozzy Osborne e Brujeria. Como podem perceber nenhuma novidade pois todas essas bandas já tem uma longa trajetória no cenário musical.
O que não significa que elas pararam no tempo, pelo contrário, as que ainda estão na ativa, nos seus últimos trabalhos, mostraram que estão no auge criativo – Não vivendo apenas do que já produziram no passado. Só para dar alguns exemplos, destacamos os álbuns “Machine Messiah” do Sepultura, “Bad Magic” do Motorhead, “Século Sinistro” do Ratos de Porão, “Cidade Solidão” do Inocentes e “Crônicas do Post Mortem...” do Matanza Inc.
Aliás, “Crônicas do Post Mortem...” tem sido o que mais tenho ouvido nesse último mês. Com um novo vocalista (Vital Cavalcante) e Inc no nome a banda mantém seu DNA, mas com um som mais sujo e pesado. Gostei tanto do trabalho que até me motivei a escrever uma reflexão sobre o mesmo. Uma reflexão não do ponto de vista musical, já que não sou músico ou um estudioso do assunto, mas dos personagens incríveis que o Donida nos apresenta nas suas composições, fazendo uma relação com a filosofia Niestcheana.
Bem, é isso camaradas. Para quem não sabia o que escrever até que escrevi muita coisa. Mas paremos por aqui. O que começou como um texto sem assunto se converteu numa desculpa para dar dicas – que você provavelmente irá ignorar. E não lhe tiro a razão. Afinal de contas sou uma pessoa de esquerda, e para o filósofo britânico Roger Scruton, pessoas de esquerda não são normais.
Pedro Ferreira Nunes – é “apenas um rapaz latino americano, sem dinheiro no banco, sem parentes importantes e vindo do interior”.