Pôr do sol em Lajeado-TO |
No dia 05 de Maio a cidade de Lajeado do Tocantins comemora o seu aniversário de emancipação política. E nesse dia, em 2020, o município celebra 29 anos desse feito – sem festa devido o momento que estamos vivendo com a pandemia de COVID-19. Mas ainda que não tenha festa não poderíamos deixar essa data passar em branco. Desse modo, eu que não sou natural de Lajeado, mas que tenho uma relação de muito carinho com esse lugar, resolvi celebrar essa data relembrando alguns poemas de minha autoria que mostram essa relação.
A minha poesia tem uma relação bastante íntima com esse lugar. Foi aqui que me tornei leitor de poesia e depois arrisquei a escrever os primeiros poemas de minha própria inspiração. Poemas que falavam da minha relação com a cidade – as coisas que me alegravam, que me encantavam. Mas também as que me incomodavam. E assim tem sido desde então. Mesmo quando estava morando em outro Estado. Hoje tenho orgulho de ser um representante das letras nessa cidade – colocando Lajeado no mapa literário do Tocantins ao participar de publicações como o “Anuário de Poetas e Escritores do Tocantins” organizado pela Editora Veloso. E pelas publicações no blog “Das barrancas do Rio Tocantins”.
Segue por tanto os poemas, acompanhado de votos de dias melhores para nossa querida cidade, espero que apreciem.
***
SÃO JOÃO EM LAJEADO
Quero levar você comigo,
quando o são João chegar.
Rever o Lajeado amigo,
e lá se amarrar.
Quando o sol se por
e o brilho doce do luar.
Banhar a ilha verde,
você vai se ligar.
Preparar nossas tralhas
e descer lá pro ‘riozinho’.
Onde quantas vezes,
eu andei sozinho.
Andar nas ruas de madrugada,
sem receio e nem um medo.
Só para de manhazinha,
ver o sol surgindo do segredo.
Quando o sol se por,
e o brilho doce do luar.
Revelar os mistérios da ilha,
você vai delirar.
Quero levar você comigo,
nos festejos de São João.
Rever e reviver,
Lajeado meu irmão.
As fogueiras nas portas,
e o povo a conversar.
As crianças nas ruas,
brincando sem parar.
Os casais de namorados,
nas esquinas escondidas.
Outros no rio pescando,
sem se preocupar com a vida.
Sentado na porta,
o ‘segredo’ a observar.
E minha mãe chamando,
já é hora de jantar.
O meu primeiro amor,
perdido ao longo do tempo.
Lembranças bem escondidas,
guardadas no pensamento.
Quero levar você pra ver,
o lugar onde cresci.
Rever minha mãe querida,
e os amigos que perdi.
Quero que você conheça,
o coração do Tocantins.
Que mesmo estando longe,
continua dentro de mim.
***
LAJEADO
Ando pelas ruas
que outrora andei.
Por lugares onde passei,
pessoas que conheci.
Lembranças
do que não esquecerei.
Dos amores que eu perdi.
Tá tudo tão diferente,
as coisas mudaram tanto,
onde foi que me perdi?
Enquanto por ai andava
procurando me achar.
Descobri que um pedaço de mim,
sempre aqui estará.
***
LAJEADO II
Gosto de andar a noite por tuas ruas deserta,
onde o silêncio é cortado apenas pelo latido dos cães.
Gosto de ir até o rio ver a usina hidrelétrica,
impedindo as águas de seguirem livres.
Fumar um palheiro
olhando para o espetáculo
de um céu estrelado.
Recordar o passado
e viver o presente.
As coisas estão tão diferentes.
Esta tudo mudado!
A vida continua como antes
apesar dos rostos diferentes.
Tantos já morreram,
(Dona Julia, Dona Eurides, Seu Josias, Bida, Meleta)
outros continuam em frente.
Gosto de está aqui.
Das ruas,
dos rios,
das serras.
Comer peixe frito
e tomar suco de buriti.
Viajei por muitos cantos,
mas nada é como aqui.
***
PEDRA DOS AMADORES
É noite em Lajeado,
Maria Lucia olhando pro céu,
lembra de tempos passados.
É noite em Lajeado
Dona Nelita na outra rua,
pensa no seu amado.
É noite em Lajeado,
a criançada na rua,
correndo pra todo lado.
É noite em Lajeado,
a mocinha apaixonada,
espera pelo seu namorado.
É noite em Lajeado,
um poeta solitário,
escreve versos apaixonado.
É noite em Lajeado,
na pedra dos amadores,
correndo dos homens fardados.
É noite em Lajeado,
na rua Paulino Marques,
Seu Enoque sempre será lembrado.
É noite em Lajeado,
Maria a vida passa de pressa,
mas o que é bom fica guardado.
***
EU SOU MAIS O LAJEADO
O Rio é uma cidade maravilhosa,
São Paulo não precisa falar.
Mas sou mais o Lajeado
aqui sim é o meu lugar.
Goiânia não é uma cidade ruim,
nem Brasília ou BH.
Mas sou mais o Lajeado,
aqui sim é o meu lugar.
Paris, Tóquio, Nova York?
Londres nem pensar.
Eu sou mais o Lajeado,
aqui sim é o meu lugar.
Tuas cordilheiras de serra,
O rio Tocantins a nos banhar.
Eu sou mais o Lajeado,
aqui sim é o meu lugar.
O céu estrelado no mês de junho,
O teu belíssimo luar.
Eu sou mais o Lajeado,
aqui sim é o meu lugar.
Tua gostosa culinária,
teu tempero espetacular.
Eu sou mais o Lajeado
aqui sim é o meu lugar.
Teu povo hospitaleiro,
tua cultura popular.
Eu sou mais o Lajeado,
aqui sim é o meu lugar.
Teu clima tranquilo,
a vida correndo de vagar.
Eu sou mais o Lajeado,
aqui sim é o meu lugar.
Já andei por muitos cantos,
tantos que não sei contar.
Nada que ser compare ao Lajeado
aqui sim é o meu lugar.
***
LAJEADO VELHA
Lajeado velha,
continuas bela.
Tuas ruas,
tuas praças,
teus bosques.
A igreja de nossa senhora
da divina providência.
O colégio estadual.
O bar pioneiro.
Lajeado velha,
continuas bela.
A praça cinco de maio.
O pé de pequi.
A ilha verde.
A serra do lajeado.
Lajeado velha,
continuas bela.
O morro do segredo.
O rio Tocantins.
Teu povo tranquilo e acolhedor.
Ah Lajeado velha,
continuas tão bela.
Lembro-me de tantas madrugadas,
com meu amor.
Contemplando teu céu estrelado
nas margens do rio Tocantins.
Andando por tuas ruas
vêm-me na memória.
A lembrança de velhos amigos
que já não estão entre nós.
Apesar de tudo,
ah Lajeado velha,
continuas tão bela.
Por Pedro Ferreira Nunes - Poeta, escritor e educador popular. Autor dos livros “Minha poesia” e “Breve história do Lajeado-TO”.