segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Poema para os camaradas Bruno e Giovana.

Siga camarada
Farás falta,
Mas siga camarada.

Foi breve nossa caminhada
Mais a luta continua
Então siga camarada.

Há outros campis dessa vida
Leve a tua indignação
Subverta a ordem estabelecida
Não recue não.

Uma parte de mim segue contigo
Uma parte sua fica comigo
Á distancia nos separa
Mas continuaremos unidos.

Unidos por um sonho
De um mundo melhor,
Que nos chame de utopistas
Nesta não estamos sós.

Nos conhecemos a tão pouco tempo
E tão pouco tempo convivemos
Mas marcante o suficiente
Para que não acabe se perdendo.

Sei que essa breve caminhada
Não foi em vão
Construímos momentos juntos
Que já mais se perderam.

Farás falta camarada
Mas siga sem vacilar
Deixo a ti um grande abraço
E a certeza de um de nos encontrar.

Pedro Ferreira Nunes - Educador popular, Poeta e escritor tocantinense.

Símbolos da luta: Che Guevara, Camilo Cienfuegos e José Porfírio

Prefácio

Nunca se falou tanto da esquerda e do comunismo como tem si falado neste ultimo período – no debate politico, nos telejornais, nas manifestações e até nas telenovelas. Mais uma vez o discurso da ‘ameaça comunista’ surge com toda a força tal como em 1964 quando se instalou a ditadura militar no Brasil. Não por coincidência alguns setores da sociedade pedem a volta do regime militar.

Andar com uma camisa vermelha, com o rosto do Che Guevara ou defender ideias de esquerda consiste em um crime que pode ser punido com difamação, ataques morais ou até mesmo agressão física. No entanto essa onda conservadora não nos amedronta, nós militantes de esquerda já enfrentamos conjuntura piores, já tentaram nos matar tantas vezes, mas continuamos vivos, mais vivos do que nunca, e vivos pela boca dos nossos próprios inimigos.

É fato que a ameaça comunista tão presente hoje, não existe, não passa de criação fantasiosa de uma direita reacionária – que impõem um debate medíocre na politica, que distorce a realidade e falseia a historia.Com o objetivo claro de avançar uma pauta conservadora no Brasil. Por mais que tentem distorcer – o fato é que vivemos sob um intenso ataque de um governo neoliberal, que segue a cartilha do FMI, que atende aos interesses dos banqueiros, empresários e latifundiários. E ataca os direitos dos trabalhadores e criminaliza a luta do movimento popular.

Aqueles que pensam que nos intimidam, não nos intimida. Aqueles que pensam que nos faram recuar, não farão. Aqueles que pensam que derrotaram uma ideia falseando-a, não derrotaram. Ao contrario, por mais que tentem, não podem ‘tapar o sol com uma peneira’. Nesse sentido é fundamental que os militantes da esquerda revolucionária não recuem um milímetro no embate contra a direita reacionária que impõe ao país uma pauta conservadora, que retira direitos dos trabalhadores e criminaliza o movimento popular.

Esse embate se dá em duas frentes – na luta concreta e no campo das ideias. E é nesta frente, que pretendemos contribuir com este livreto, além dos artigos que publicamos no blog ‘das barrancas do rio Tocantins’ é claro. Que o exemplo de vida de Camilo Cienfuegos e José Porfírio possa inspira-los no enfrentamento dos ataques desfechados contra o povo trabalhador, e queas ideias do Ernesto Che Guevara possa nos guiar nas nossas ações cotidianas na construção da luta popular.

Uma das tarefas fundamentais da esquerda é o trabalho com a juventude, por isso que dedicamos este material a ela. Como também escrevemos o artigo ‘organizar para desorganizar’. Tal como afirma Che Guevara – acreditamos – que a juventude é o motor propulsor do movimento revolucionário.

Encerramos este livreto com o relatório do encontro da juventude do movimento popular tocantinense, realizado pela rede de educação cidadã do Tocantins, no dia 01 de novembro de 2014, na fazenda da Esperança em Lajeado do Tocantins. Onde tivemos o prazer de fazer a analise de conjuntura pós-eleições. As reflexões realizadas pela juventude do movimento popular tocantinense foram importantíssimas, e se mostram atualíssimas, assim não tem sentido não compartilha tais reflexões e apontamentos. Que essa atividade sirva de inspiração para realização de outras.

Abraços com todo fervor revolucionário,

Pedro Ferreira Nunes


Lajeado-TO. 16 de setembro de 2015.

Baixo o livreto completo no googleo drive: https://drive.google.com/file/d/0B1_WHeCx9nBQRUNreFZXRjkzMUk/view

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Rio afogado





Tocantins - Rio afogado

Tocantins, rio afogado em nome do progresso.
Barraram suas águas para gerar energia.
Para quem? 
- Para o agronegócio e as grandes indústrias.

Afogaram suas vazantes, ilhas e praias.
Expulsaram os camponeses que viviam no seu leito.

Afogaram!
O pacifico.
O travessão.
Os mares.

Hoje tudo é lago.

Afogaram!
O brejão de buriti,
A chapada de túcun,
E os cocos babaçu.
Tudo em nome do progresso, 
que progresso?
Afogaram! 
E continuam a afogar;
A extinguir, a expulsar, a extirpar 
aqueles que sobrevivem.

Afogaram tudo em nome do progresso.
Tudo, menos nossas lembranças.

Por Pedro Ferreira Nunes

Cronicas interioranas

Os Quatis

Seu Disomo veio com sua família de Porto Nacional para viverem na pequena cidade do Lajeado, pois como viviam da pesca, não havia melhor lugar no estado para se dedicar a este oficio. Assim construíram uma casa de palha de coco babaçu nas margens do córrego Lajeado e próximo ao rio Tocantins.

Não era difícil encontra-los, eles sempre andavam em grupo. Por isso ganharam o apelido de Quatis – animal do cerrado que anda em bando. Gostavam de tomar uma cachacinha e estavam sempre correndo da policia ambiental que os perseguiam no rio por pescar em áreas proibidas.

Em toda cidade interiorana é tradição pegar alguém para cristo, isto é, marginalizar, crucificar. Em Lajeado as elites elegeram os Quatis. Tudo de ruim que acontecia por ali eles eram os culpados, independente de qualquer investigação. Se tinha briga – era os quatis. Se tinha roubo – eram os quatis. Se tinha assassinato – eram os quatis, Se alguém soltava um pum – eram os quatis.

E eles sofriam na mão da polícia. Eram presos, apanhavam e depois eram soltos, pois nada havia sido provado contra eles. Tudo isso por que não havia quem intercedesse por eles, não tinham direitos, a eles eram negados qualquer tipo de direitos. Os Quatis nunca foram bem vindos ao Lajeado, sempre tentaram expulsa-los daqui, para as elites locais eles sujavam a imagem da cidade que tem uma economia que depende grande parte do turismo. Mas eles amavam viver por essas bandas, mesmo com todas as hostilidades sofridas.

Como não havia como expulsa-los daqui as elites locais tomaram uma decisão drástica. Mataram o meleta – o mais jovem. Mataram dona Eurides – a matriarca da família. Mataram seu Disomo – o patriarca. Mataram o nego – o filho mais velho. No entanto eles são muitos e ainda por cima procriam. Quanto mais os matam, mais eles renascem e se fortalecem. E vão tomando conta da cidade, pois á cidade também vos pertence.

Mesmo sendo marginalizados, eles fazem muito mais pela cidade do que muito burguesinho parasita que sobrevive do suor dos trabalhadores locais. E essa burguesia os odeia, sobretudo por que eles não se deixam explorar por ela, não se submetem a ela, não se humilham, não abaixam a cabeça.

A burguesia lajeadense os teme por que sabe que eles carregam nas veias o sangue de zumbi dos Palmares e que no dia que se revoltarem decapitaram suas cabeças – esperem e verão seus burgueses malditos.

Pedro Ferreira Nunes - Poeta e escritor. 

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Conto: Martim pescador

Martim pescador preparou suas tralhas e mais uma vez desceu rumo ao rio para tentar buscar o pão de cada dia. Deu um beijo na esposa que estava no jirau lavando roupa, despediu-se dos três filhos que brincavam no terreiro e seguiu seu caminho.

Filho de pescador Martim seguiu os passos do pai, mas a verdade é que ele não teve muita alternativa. Não tinha estudo, se quer concluiu o ensino fundamental, trabalho por ali era difícil, por tanto se não quisesse morrer de fome tinha que apelar para o rio.

No dia que tinha sorte conseguia pegar quem sabe umas caranhas, jau, barbado, surubim - peixes que tinham bastante valor no mercado. Mas o sonho de todo pescador era pegar um filhote, como é conhecido a piraíba por essas bandas, peixe raro que tem um preço bastante elevado no mercado, para um pescador era a mesma coisa que achar ouro.

Mas nem sempre Martim tinha sorte, nesses dias se conseguisse pegar um cuiudo já estava no lucro. Não dava para vender, mas pelo menos teria o que dar para comer para sua mulher e filhos.

Logo Martim percebeu que aquele seria um dia difícil. Os peixes não estavam com muita vontade de comer, assim ele decidiu subir um pouco mais o rio, com certeza um pouco mais acima teria mais sorte. Martim crescera naquele rio conhecia muito bem o comportamento dos peixes que ali viviam. No entanto tinha um porém, a área onde Martim sabia que tinha peixe era proibido pescar. Mas para ele ou era se arriscar ou morrer de fome.

Então ele seguiu - sabia que estava se arriscando, mas valia o sacrifício ao lembrar-se do sorriso no rosto de sua mulher e filhos quando ele chegava em casa com um bom pescado.

Seu faro de bom pescador não havia lhe enganado, era de fato um pouco mais acima que os peixes estavam escondidos. Pegou três boas caranhas e dois surubins gigantes agora era hora de voltar para casa - mal podia esperar para ver a alegria de sua mulher e filhos.

Martim pescador já seguia com uma felicidade que não cabia dentro de si rumo a sua casa. Mas de repente ouve um grito.

- Ei, espera ai! Não corre não, não corre não!

- Que merda. São os home!

Martim não pensou duas vezes e correu, correu e correu sem parar, sem olhar para trás. Viu que se esperasse a policia ambiental perderia seu pescado. Além da humilhação que sofreria. Ele já havia sofrido outras vezes nas mãos daqueles ignorantes que tratavam os pobres pescadores daquele local como se fossem terríveis bandidos.

De repente um estampido. Martim sente a perna pesar, ele cai no chão, sente um gosto terrível de sangue na boca, uma ânsia indescritível percorre todo o seu corpo - esta com sede, olha para o rio, mas este esta tão longe. Sua vista escurece, tudo some, Martim esta morrendo na sua memoria ainda vem à lembrança de sua mulher, dos filhos e do rio.

Martim pescador acabara de morrer – O crime que cometera? Pescar para alimentar sua mulher e filhos. Os assassinos continuariam soltos aterrorizando os pescadores que por ali buscavam o pão de cada dia.

Pedro Ferreira Nunes é poeta e escritor tocantinense.

Crônica: Natal na chácara dos meus avós

Quando criança era tradição passarmos o natal na chácara dos nossos avós. Toda a família se reunia – Tios, primos e amigos para fazer uma grande festa. Para os nossos avós era inaceitável que um dos seus filhos passasse o natal em outro lugar se não a chácara. Assim todos já se programavam.

Minha vó juntamente com minha mãe e minhas tias preparavam o almoço – Arroz, galinha caipira, feijão trepa-pau, macarronada, peixe, chambari, salada.  E de sobremesa doce de buriti. Comíamos feito loucos.

Os homens bebiam e jogavam baralho enquanto o almoço aprontava. Já a criançada caia na brincadeira – golzinho, pique pega, cai no poço. Ou então caia na chapada para caçar tucum ou macaúba. Depois do almoço todo mundo descia para o rio Tocantins para tomar banho.

O natal na chácara dos meus avós era tão famoso que muita gente que nem pertencia a nossa família faziam questão de ir. E como sempre eram bem recebidos. Pois para meus avós quanto mais a casa estava cheia, melhor era.

No entanto os anos se passaram, fomos envelhecendo e ganhando o mundo – Goiás, São Paulo, Minas Gerais, Rondônia. E a cada ano foi ficando mais difícil reunir toda a família. Até que hoje em dia tornou-se impossível.

Fazia mais de dez anos que não passava um natal na chácara dos meus avós. Nunca fui de importar muito com essas datas comemorativas, nos últimos anos menos ainda. Assim com muita insistência de minha mãe fui passar o natal de 2011 com meus avós na velha chácara em Miracema.

Neste ano apenas meus avós, minha mãe, eu e duas sobrinhas. Não pude deixar de recordar dos natais que passei ali na minha infância. Era tanta gente, a primaiada toda fazendo a festa no terreiro da chácara. Mas agora não, se não fossemos nós, meus avós provavelmente passariam o natal sozinhos. Até mesmo os parentes que moram no terreiro de casa não vieram passar o natal com eles.

Senti saudades dos natais da minha infância na chácara dos meus avós. Não pela data em si, pois pouco me importa o natal. Mais uma data que virou exemplo de consumismo. A saudade foi do tempo em que conseguíamos reunir toda a família para festejar a alegria de estarmos todos bem. Saudades do tempo em que o prazer de estamos juntos era maior que qualquer coisa.


Para mim aquele foi um natal triste, pois percebi que nunca mais conseguiríamos ter natais como aqueles da minha infância. Imagino o quanto deve ser difícil para meus avós que nos últimos anos passam o natal quase sozinhos, sobretudo agora que eles mais precisam da gente.

Pedro Ferreira Nunes - Poeta e escritor tocantinense.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Não vou me adaptar: Algumas palavras sobre a despedida do grande Rogério Ceni

Essa frase da canção composta por Arnaldo Antunes foi à primeira coisa que me veio à cabeça quando vi pela televisão o jogo de despedida do maior ídolo da nação são-paulina de todos os tempos – o grande Rogério Ceni. Sinceramente não sei se conseguirei me adaptar a ver os jogos do São Paulo sem o nosso ídolo maior defendendo nosso gol e liderando nosso time. Não, já mais vou me adaptar a isso.

Comecei a torcer pelo São Paulo nos idos de 1993 quando ainda tínhamos o grande Zetti defendendo a meta são-paulina. Mas de fato comecei a acompanhar os jogos do time e a me envolver mais intensamente a partir de 1998, quando quem já brilhava no nosso gol era o nosso ídolo maior – Rogério Ceni. E assim cresci vendo os jogos do São Paulo com ele defendendo nossa meta, fazendo os seus gols e liderando magistralmente o time tanto dentro como fora de campo.

Nunca tive a oportunidade de vê-lo jogando ao vivo, mesmo de longe vibrava e me emocionava com suas defesas espetaculares, mas sobre tudo com seus gols. Pois para mim uma vitória do São Paulo era sempre boa, mas se fosse com um gol do Rogério Ceni de falta, então era especial.

No próximo ano o São Paulo entrará em campo novamente, mas será um ano diferente destes últimos 18 anos em que tínhamos Rogério Ceni como nosso goleiro titular. E não será fácil para mim e para toda uma geração de são-paulinos que cresceu vendo o tricolor paulista tendo este mito dentro de campo assistir aos jogos da próxima temporada. Não será fácil ver o tricolor paulista em campo sem o nosso ídolo maior em ação defendendo a meta são paulina, fazendo seus gols e liderando com maestria o nosso time.

É obvio que o nosso amor pelo São Paulo continua, mas sempre que o time entrar em campo sem o Rogério Ceni será como se uma parte importante nossa estivesse faltando. Uma parte que é simplesmente impossível de recompor, por mais brilhante que seja o seu substituto, já que é impossível substituir alguém que é insubstituível, sobretudo em nossos corações.

Não vou falar aqui dos números da sua carreira, dos seus feitos históricos, das suas defesas espetaculares, dos seus gols inesquecíveis. Disso todo mundo sabe bem. Quero apenas deixar aqui esta singela homenagem em formas de palavra em agradecimento a tudo que ele nos deu – a tudo que ele representa e continuará representando.

E dizer que para nós são paulinos ele é imortal, o melhor entre os melhores goleiros do mundo, o melhor entre os melhores batedores de falta, o melhor entre os melhores lideres fora e dentro de campo – Rogério Ceni é ídolo, é espetacular, é insubstituível. Rogério Ceni é mito.


Pedro Ferreira Nunes é poeta e escritor tocantinense.