segunda-feira, 8 de junho de 2015

Alguns brevíssimos comentários sobre questões politicas no Tocantins e no Brasil

Crise no funcionalismo público estadual do Tocantins

O governo Marcelo Miranda (PMDB) vem empurrando desde o inicio do seu mandato a discussão sobre o pagamento da data base e outros direitos para os servidores públicos estaduais. Após desmarcar varias reuniões com os sindicatos dos servidores, enfim o governo apresentou uma proposta com uma mensagem clara – é pegar ou largar. Isto é, que queira ou que não queira os servidores teriam que acatar a proposta do governador .

É obvio que os sindicatos pressionados pela base não tiveram outra saída se não recusar prontamente a chantagem do governo. Pois a tal proposta apresentada não passava de uma falta de desrespeito com os trabalhadores ao propor parcelar o vencimento dos mesmos. A justificativa é sempre a mesma, o estado passa por uma crise financeira e não tem como pagar os servidores. No entanto não faltam recursos para contratar irresponsavelmente pessoal inchando a máquina pública.

Crise no funcionalismo público estadual do Tocantins II

Diante da pressão do funcionalismo público com manifestações e ameaça de greve – o governo não teve alternativa se não recuar mais uma vez, tal como fez no inicio do ano, e declarar que está aberto ao dialogo. Ora, mas o governo não havia dito anteriormente que não dialogaria mais com os servidores? Que a proposta apresentada era a possível e que, portanto deveria ser acatada por bem ou por mal pelos sindicatos? Nos resta perguntar até quando os servidores públicos estaduais terão paciência com o governo Marcelo Miranda (PMDB), já que o mesmo vem enrolando a categoria desde o inicio do seu governo. Chegamos já na metade do ano e até agora Marcelo Miranda continua fazendo o que bem quer, enquanto isso os sindicatos ficam apenas na ameaça.

A luta na educação

Já os servidores da educação perderam a paciência com o governo e decidiram sair do campo da ameaça e partiram para luta concreta. E seguindo o exemplo dos servidores da educação do Paraná, de São Paulo, do Pará, de Goiânia bem como das instituições federais de ensino superior decidiram entrar em greve. O ideal seria um movimento unitário dos servidores públicos estadual do Tocantins, o que já havíamos apontado ao fazermos um balanço da greve da policia civil no inicio do ano. Os policiais civis fizeram uma greve de mais de 30 dias, mas por varias questões, entre elas, o isolamento. A greve acabou chegando ao fim sem vitórias concretas para categoria. Ao contrario, a falta de direção, ou uma direção ruim, acabou trazendo mais ônus do que bônus para categoria.

Portanto os servidores da educação, o comando de greve e o Sindicato dos Trabalhadores na Educação do Tocantins – SINTET precisa fazer uma avaliação profunda bem como traçar táticas e estratégias para que a mesma não caia no isolamento e acabe tendo o mesmo destino da greve dos policiais civis.

A luta da educação II

Nesse sentido para que a educação não repita o fracasso da greve da policia civil é necessário continuar o dialogo com as demais categorias do serviço público estadual que não entraram de greve nesse primeiro momento, mas que poderão fazer mais a frente. Outra questão é que a base da categoria precisa se envolver e não deixar tudo na mão do sindicato. O movimento precisa de unidade e força para enfrentar os ataques do governo, as sabotagens, a criminalização, a possível judialização entre outras questões.

O fato da educação estadual ter entrado em greve foi um avanço, sobretudo por que a direção do sindicato vacilou em vários momentos não passando nenhuma segurança para base. Assim chegamos até a duvidar que a greve fosse declarada. Porém felizmente, graças à pressão da base, a greve foi deflagrada. E para aqueles que dizem que o movimento foi precipitado – dizemos – que os servidores da educação tiveram paciência de mais. Pois há seis meses que o governo só promete e não cumpri o prometido, ao contrario, apresenta propostas absurdas que não podem ser aceitas de forma alguma pela categoria.

A pátria educadora de Dilma Rousseff e Mangabeira Úngue

Aliás, falando sobre educação o que tem se debatido bastante no ultimo período é o artigo intitulado de pátria educadora (mesmo slogan do governo federal), escrito pelo ministro do governo Dilma Rousseff – Mangabeira Úngue. O tema foi até o assunto debatido no programa brasilianas.org da TV Brasil, apresentado pelo economista Luiz Nassif na ultima segunda-feira (01/06) com especialistas da Unicamp e da UNB. Professores da UFT também já haviam tocado no tema dias antes da deflagração da greve.

A questão não é simples e requer um debate mais aprofundado, o que pretendo fazer em um artigo posteriormente, mas não poderia deixar de tocar em uma questão do artigo que me deixou bastante indignado, sobretudo como educador popular. O fato de que para Mangabeira Úngue o problema da educação brasileira não é o descaso do poder público, uma grade curricular ultrapassada, a falta de estrutura, profissionais desmotivados e mal remunerados entre outras questões. Pasmem, para o ministro o problema são os alunos, os alunos pobres – que tem a capacidade de aprendizagem reduzida. Por isso o governo deve criar duas modalidades de ensino, na pratica a ideia é criar no ensino público a escola do pobre e a escola dos ricos. Mangabeira Úngue tenta tirar das costas do estado e jogar nas costas dos estudantes a responsabilidade pela péssima qualidade do ensino.

Eleições 2016 em Palmas

A cada semana surge um novo nome como pré-candidato a prefeitura de Palmas. Já temos Carlos Amastha (PSB) que é o atual prefeito da capital e concorrerá a reeleição, Raul Filho ex-prefeito de Palmas que acabou de se filiar ao PR, Sargento Aragão do PEN, Gaguim do PMDB e Marcelo Lelís do PV. Além de outros nomes que tem declarado ter intenção de disputar o pleito eleitoral rumo ao paço municipal da capital.

Essas movimentações e articulações são normais um ano antes das eleições, e é fato que muito desses que se declaram como pré-candidatos a prefeitura de Palmas não serão. Por tanto tais movimentações nada mais são do que táticas para obter vantagens e venderem o passe mais caro na hora de compor as coligações.

Contra reforma politica no congresso nacional

Alguém tinha alguma duvida que a reforma politica em discussão no congresso nacional encabeçada pelo presidente da câmara dos deputados Eduardo Cunha traria alguma coisa de progressista? Doce ingenuidade, o que se viu na verdade foi uma contra reforma, como sempre, os nobres deputados tal como no código florestal conseguiram piorar o que já era ruim.

Como por exemplo, na votação que oficializou o lobby empresarial no congresso ao aprovar o financiamento privado das campanhas. Fato que só aconteceu após manobra rasteira do presidente Eduardo Cunha. Ou da clausula de barreira que penaliza as minorias, apoiada inclusive pelos deputados de partidos progressistas como o PSOL.

Aonde vamos parar...

Sinceramente não sei, mas o fato é que os ataques de patrões e governos aos direitos dos trabalhadores não cessaram. E o pior é que não conseguimos vislumbrar á curto prazo alternativas para reverter tal quadro. Portanto nunca foi tão necessário construir uma frente de luta unitária das organizações da classe trabalhadora de norte a sul do país para que nas ruas e na luta consigamos reverter estes ataques.

Pedro Ferreira Nunes é educador popular e militante do Coletivo José Porfírio.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Todo apoio a greve nas instituições de ensino superior! Por uma greve geral no Brasil já!

Ninguém gosta de greve, nem mesmo aqueles que a fazem. Pois ao contrario do que se pensa fazer greve não é algo simples, não é simplesmente cruzar os braços. Mas requer envolvimento, disposição, dedicação e sacrifício de toda categoria. Sobretudo, se pretende que a greve seja vitoriosa.

Se ninguém gosta de greve, se a greve prejudica a todos, tanto os que são atingidos diretamente, como indiretamente. Por que então fazemos greve? Por que os governos e patrões não nos dão alternativa. E a greve é, portanto o principal instrumento na luta dos trabalhadores pelos seus direitos.

Sabemos de todos os problemas que uma greve nas IFES acarretará no inicio do semestre para estudantes e professores. No entanto temos total clareza da condição caótica que se encontram as IFES Brasil afora, e agora diante do anuncio dos cortes no orçamento, onde só na educação alcançará um montante acima de 9 bilhões o governo não nos dá alternativa se não ‘cruzar os braços’.

Assim, na atual conjuntura por que passa o país, onde um governo que tem como lema a educação como prioridade, mas que na realidade retira recursos e sucateia as Instituições Federais de Ensino Superior, além de tentar jogar nas costas do trabalhador a responsabilidade por uma crise que não foi criada por eles, a greve é mais do que necessária.

E se essas breves linhas não servir de argumento para justificar as greves nas IFES, ou as reportagens que mostram a situação deplorável nas instituições federais de ensino superior Brasil afora, convidamos os tocantinenses a visitar o campus da UFT em Palmas – encontraram salas sujas, um campus mal iluminado, banheiros interditado por falta de manutenção, demissão da metade dos terceirizado, lanchonete fechada, além do corte de bolsas permanência, pesquisas entre outros.

Além do fato de que em vez de negociar com os professores e técnicos administrativos, o governo simplesmente abandonou a mesa de negociações. Inclusive se negando a cumprir o acordo firmado com a categoria na greve de 2012.

Lamentamos que mesmo diante desse quadro caótico tenha professores e grande parte dos estudantes na UFT que são contrários a greve. Que pensam apenas no seu umbigo e não na educação como um todo. Pois essa greve tem como razão de ser, sobretudo, ao discutir qual o modelo de educação queremos para o nosso país. E com certeza o modelo de educação que defendemos não é o da ‘pátria educadora’ de Dilma e do Mangabeira Úngue – que pretende transformar as universidades e escolas públicas em escolas-empresas.

Lamentamos também a ausência de um movimento estudantil na UFT compromissado com as causas populares. Ao contrario, temos um diretório central dos estudantes e centros acadêmicos mais preocupados em fazer festas do que discutir as questões fundamentais que atinge as IFES e a sociedade como um todo.

Por exemplo, na programação da calourada unificada, não houve um ponto para discutir a questão da greve.  Não houve um ponto para discutir o corte no orçamento da área da educação. Não houve um ponto para discutir a situação de total abandono do campus da UFT em Palmas. Não houve se quer um ponto para se discutir o ‘’pátria educadora’’. Em resumo, não houve um ponto para discutir a conjuntura nacional e os reflexos na educação.

Bem se ver como o movimento estudantil na UFT esta sintonizada com os problemas que acontecem hoje no país. É por tanto necessário lutarmos para construir um movimento estudantil na UFT compromissado com o movimento popular. Um movimento estudantil independente de governos e patrões. E radicalmente de luta por uma educação pública, gratuita e de qualidade.

Esperamos que a greve nas IFES possa ser o motor propulsor para desencadearmos uma greve geral no país. Uma greve geral mais do que necessária, sobretudo após o ajuste fiscal que será aprovado no congresso nacional que retira direitos dos trabalhadores como também do anuncio do maior corte no orçamento da historia, cortes estes que atinge ferozmente as áreas sociais.

É inaceitável que as organizações da classe trabalhadora aceite sem resistir e questionar a adoção do governo federal da cartilha do FMI. Não, não podemos ficar de braços cruzados ante de tantos ataques aos direitos fundamentais dos trabalhadores. Precisamos nos mobilizar para reverter nas ruas e na luta esses ataques.

Por fim, terminamos dando o nosso apoio incondicional a greve nas IFES, em especial na UFT onde atuamos. Por compreender a necessidade do movimento grevista como uma forma de lutar contra o sucateamento da educação publica e a retirada de direitos dos trabalhadores em geral. Fazemos também um chamado aos estudantes da UFT e demais instituições públicas de ensino superior a apoiar essa luta.

Pedro Ferreira Nunes – é estudante de Filosofia da Universidade Federal do Tocantins. Bacharel em Serviço Social pela UNOPAR, Educador Popular e militante do Coletivo José Porfírio.


terça-feira, 26 de maio de 2015

Crônica: A triste partida

Hoje mais um amigo deixou a cidade rumo a capital, como tantos outros irá em busca de trabalho, em busca de uma condição de vida melhor. Trabalho encontrará provavelmente na construção civil, como tantos outros. Já uma condição de vida melhor não esta garantido. Mas pelo menos não precisará ficar se humilhando no pé do gestor público municipal por um cargo comissionado em algum canto da cidade ou sobreviver fazendo bicos ou no rio pescando.

Eis a sina de quem mora no interior do interior do Brasil, sair vagando pelo país em busca de trabalho e uma condição de vida melhor. Já que isso lhes é negado em sua terra natal. Todos os dias parte um, sobretudo os mais jovens, já que os mais velhos cansados vão permanecendo por aqui. Alguns depois de um tempo retornam, outros só vem à visita, mas há também os que nunca voltaram.

E assim a cidade vai sendo mutilada, pois quando alguém parte é como se um pouco de nós também partisse. As coisas vão se envelhecendo, o lugar vai se empobrecendo e o futuro vai se perdendo. Sem o frescor e o entusiasmo da juventude perdemos a capacidade de renovação, de transformação, de mudar essa triste sina que nos é tão cara.

E o que mais nos deixa triste é saber que tudo poderia ser diferente. Que se as riquezas da cidade, que não são poucas, fossem utilizadas para o bem comum e não para privilegiar uma pequena elite. Nosso povo não precisaria deixar o município em busca de trabalho e uma vida melhor nos grandes centros urbanos do país.

No entanto enquanto as riquezas que produzimos continuar sendo apropriada por uma pequena elite, e o resto da população esperando pelas migalhas, esse suplício continuará. Como também continuará a decadência da cidade. Decadência essa que interessa a essa elite retrograda que há anos domina o local.

Nos entristece também o fato de saber que enquanto continuarmos abandonando o município em vez de permanecer aqui para lutar e mudar essa realidade, as coisas não mudaram. As coisas continuaram sendo como sempre foram, pois a depender da elite que controla o poder na cidade, as coisas permaneceram como sempre foram.

E assim as velhas e futuras gerações de interioranos continuaram fadadas ao mesmo destino. Sair vagando pelo país em busca de trabalho e uma condição de vida digna. Mas não demoraram a perceber que a vida não é dura apenas no interior, ao contrario, na cidade grande a exploração é ainda mais intensa. Ai alguns resolve voltar, outros tantos já não tem mais animo.

Pedro Ferreira Nunes é poeta e escritor tocantinense.
“Distante da terra
Tão seca mais boa
Exposto a garoa
A lama e o pau
Faz pena o nortista
Tão forte, tão bravo
Viver como escravo
No norte e no sul”

Patativa do Assaré

Administração Amastha é socialista?

Quem anda pelas ruas da capital tocantinense, não terá dificuldades em se deparar com grandes outdoors com os dizeres ‘’administrações socialistas pelo Brasil’’, entre estas a atual gestão frente à prefeitura de Palmas. Tal referencia se dá após a transferência de Carlos Amastha (prefeito de Palmas) do Partido Progressista (PP) para o Partido Socialista Brasileiro (PSB). No entanto, quem tem o mínimo de inteligência e visão critica, sabe muito bem que a administração Carlos Amastha frente à prefeitura de Palmas esta muito longe de ser socialista, ao contrario, é uma administração que desde seu inicio se coloca em defesa de empresários e especuladores. Por tanto segui rigidamente a cartilha neoliberal e os interesses capitalistas.

Não precisamos ir muito longe, é só ver o ataque que Carlos Amastha (PSB) tem feito à educação em Palmas – ora negando, ora retirando direitos. Como também perseguindo os professores que se organizam e lutam contra a politica de sucateamento da educação. Também poderíamos citar a truculência e o descaso da atual gestão com as famílias sem teto que lutam por moradia digna na capital. Aliás, o prefeito não vacila um segundo em colocar a policia para reprimir com violência manifestações legitimas dos trabalhadores palmenses pelos seus direitos. Poderíamos citar, por exemplo, a repressão sofrida pelo MTST quando da ocupação da prefeitura de Palmas ou do movimento ocupa Palmas pela guarda metropolitana.

Se analisarmos bem, veremos que as politicas implementada pela atual gestão mais favorece os empresários do que os trabalhadores. E é nesse sentido que foi aprovado recentemente o aumento da tarifa do transporte coletivo na capital.

Ora, dizer que tal administração é socialista é duvidar da nossa inteligência. Governar para elite não é socialismo, governar para as elites é fazer mais do mesmo, é manter a ordem vigente, é conservar o capitalismo. E é isso que Carlos Amastha (PSB) fez e continuará fazendo.  Já que o mesmo é um grande empresário, um grande capitalista que continuará implementando politicas que lhe favoreça como também a classe a qual ele pertence.

Não é pelo fato de está em um partido que se diz socialista, aliás, socialista só no nome, já que na prática há muito tempo o PSB deixou de ser socialista, isto é, se algum dia já foi, não faz da administração Amastha uma administração socialista. Ao contrario, a atual administração a frente da prefeitura de Palmas não pode ser classificada nem de uma administração progressista, quanto mais socialista.

Tal propaganda só traz mais confusão para a cabeça das pessoas. Enquanto alguns ingênuos propagam essa falsa ideia outros mal caráter aproveitam para jogar nas costas do movimento socialista uma gestão caótica que não tem nada a ver com o socialismo.

Nesse sentido uma das tarefas fundamentais dos socialistas revolucionários é se desfazer desses falsos socialistas. Desses lobos vestidos em pele de cordeiro. Precisamos deixar claro que organizações partidárias como PT, PC do B e PSB mais mancham a historia e tradição socialista do que contribuem para o fortalecimento dessa causa.

Essa questão não é novidade ao longo da historia, se formos pesquisarmos, veremos que sempre houve organizações que pregavam uma coisa e faziam outra. Que dizia esta ao lado do trabalhador, mas quando chegava ao poder acabava se aliando a burguesia. Podemos citar, por exemplo, o papel contra revolucionário de Kerensky e os mencheviques na Rússia. Ou então o caso recente do governo petista nos últimos 12 anos no Brasil.

Por tanto é tarefa nossa, socialistas revolucionários, combatermos com veemência esses falsos defensores da causa proletária e camponesa. Denunciando e explicitando os interesses escusos por trás desses falsos socialistas. Como também defendendo e lutando pelas bandeiras verdadeiras da esquerda. Assim, dizer que a administração Carlos Amastha frente à prefeitura de Palmas é socialista deve ser encarado por nós, como uma piada, uma piada de muito mau gosto.


Pedro Ferreira Nunes – Educador Popular e militante do Coletivo José Porfírio

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Crônica

O triste fim do famigerado raposão – O maior ladrão de galinhas de Lajeado.

Ontem foi encontrado no chapadão, na região da fazenda tamanca o corpo do famigerado raposão, o maior ladrão de galinhas de Lajeado. Seu corpo estava crivado de balas.

Quem havia cometido tal crime? Quem havia dado cabo da vida de tão terrível delinquente? Já mais saberemos, muitos devem está dando graças a deus, um ser sem eira e nem beira não fará falta, ninguém virá reclamar por justiça, a policia fará muito pouco para descobrir quem cometera tal crime.

Raposão não tinha pai, não tinha mãe, irmãos, mulher e filhos muito menos. Raposão se quer tinha nome. Era conhecido por todos pelo seu famoso apelido. Apareceu do dia para noite no Lajeado, vindo não se sabe da onde, e indo para lugar algum. Gostava de tomar uma cachacinha e para tirar gosto uma galinha frita, já para tirar a ressaca gostava de caldo de galinha ou gemada. Como não criava galinhas, por que não pegar as dos vizinhos?

Ele não era muito dado ao trabalho, gostava de pescar de vez enquanto, apenas o suficiente para fazer algum trocado para poder comprar a cachaça. Já o que comer ele arranjava em qualquer lugar, não tinha casa, morava onde desse.

Reza a lenda que certa vez raposão estava pescando na beira do rio, em uma área que era proibida. Quem se arriscava a pescar por aqueles lados devia ter o maior cuidado, pois poderia ser pego pela policia ambiental. Como na boca da noite não estava bom para pegar peixe, raposão decidiu dormir, é quando de repente alguém o acorda.

- Deixa eu dormir rapaz, pois a hora boa de pegar peixes é mais de madrugada.
- Levanta seu vagabundo!!!!!

Raposão pensava que era seus companheiros de pescada que estavam lhe acordando, mas na verdade era a policia ambiental. Pobre raposão, nesse dia sofreu nas mãos dos policiais, que por aqui não tem boa fama junto ao povo por ser extremamente arrogante e violenta, sobretudo se você é alguém sem eira e nem beira tal como era o raposão.

Mas raposão era conhecido mesmo pelo seu delito predileto, roubar galinhas, não era para vender, era apenas para comer, raposão adorava comer galinha e tomar uma cachacinha, o problema é que raposão não criava galinhas, roubava-as, era odiado por isso. Já havia sido preso, apanhado bastante da policia, já havia inclusive sido obrigado a pagar pelas penosas que roubava, mesmo assim ele não abandonava esse oficio.

No entanto agora o raposão estava morto, alguém havia matado o terrível delinquente, provavelmente alguém que havia sido vitima dos seus crimes. Mas será que era para tanto? Merecia o raposão pagar com sua vida o terrível crime que cometia?

Ah quem se importa com isso, uma criatura sem eira e nem beira. Agora as galinhas de Lajeado viveram em paz, pois o famigerado raposão – O maior ladrão de galinhas da cidade encontrou seu fim, seu triste fim.


Pedro Ferreira Nunes é poeta e escritor tocantinense.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Novo livro: A morte do socialismo e outras cronicas e artigos políticos e luta de classes

Apresentação

Há duas coisas que me levam escrever um artigo sobre as questões politicas e sociais – A primeira é falar de questões que são renegadas pelos grandes meios de comunicação e a segunda é falar de questões abordadas pela grande mídia, mas trazendo outra visão.

Escrevo geralmente, mas não exclusivamente, sobre as mobilizações e luta do movimento popular, em especial das lutas as quais estou envolvido diretamente na sua organização. Procuro, portanto trazer uma visão do ponto de vista interno e não exterior como se dá na maioria dos casos, apresentando muitas vezes intencionalmente visões distorcidas.

Meus artigos não são de um ponto de vista neutro, ao contrario, eles tem um lado – o lado da classe trabalhadora, do povo pobre e oprimido. O que pode ser visto de forma bem nítida nos artigos que apresento neste livro.

Apesar da minha formação acadêmica (bacharel em Serviço Social) escrevo como um militante. Meus artigos muitas vezes são confundidos com um panfleto politico, e de fato é. O meu estilo de escrever poderia ser definido como panfletário.

Outra característica é o fato dos meus artigos sempre apontarem para necessidade de uma ação. Pois como um marxista não poderia ser diferente. Não queremos interpretar as coisas simplesmente, queremos transformar essa realidade cruel em que sobrevive a classe trabalhadora.

Neste livro apresento uma coletânea de artigos escritos de 2010 até 2014. A maioria desses artigos já foram publicados em sites e blogs de partidos de esquerda, centrais sindicais, sindicatos e movimentos populares. Alguns foram reescritos outros são inéditos. Tal como a crônica que dá titulo a este livro – a morte do socialismo.

Alguns deles tratam de temas superados, lutas que já se findaram. Sobretudo por que escrevo sobre o que esta acontecendo, no calor do momento. No entanto vejo como importante resgatarmos essas experiências para que sirvam de exemplo (tanto positivo como negativo) para as lutas que estamos travando hoje.

Está aberto para fazer uma avaliação permanente das nossas lutas é importante para que consigamos avançar. Pois só conhecendo os nossos limites e procurando supera-los poderemos fazê-lo. Espero que este livro possa contribuir nessa tarefa.

Como também no intuito de disponibilizar mais um instrumento para formação e organização da classe trabalhadora do campo e da cidade para que fortaleçam suas lutas contra hegemônicas em especial em Goiás e no Tocantins.

Como bônus, fechamos o livro com o conto- Fazenda Liberdade em duas partes. Apesar de ser uma historia fictícia, o mesmo trata de uma questão infelizmente ainda muito presente no dia a dia do trabalhador rural brasileiro, em especial no norte. Que é o trabalho escravo.

Abraços com todo fervor revolucionário,

Pedro Ferreira Nunes

Lajeado – TO, 20 de abril de 2015.


Pauta conservadora na ALETO

O Conservadorismo parece ser a palavra da moda na conjuntura atual. Para nós tocantinenses não apenas pelas ações do presidente da câmara dos deputados Eduardo Cunha (PMDB), mas também pelas questões debatidas na assembleia legislativa do estado. Por tanto podemos afirmar que saímos do ultimo processo eleitoral não apenas com um congresso nacional mais conservador, como também com uma assembleia legislativa mais conservadora.

Nesse sentido não é de se admirar que a ALETO tenha rejeitado o requerimento do deputado Ricardo Aires (PSB) para que os deputados votassem uma moção solicitando que os parlamentares tocantinenses na esfera federal se posicionassem contrario a redução da maioridade penal no congresso nacional.

Por outro lado, dias antes os deputados estaduais haviam aprovado requerimento apresentado pelo deputado Eli Borges (PROS) para que a assembleia legislativa do Tocantins apresentasse uma moção de repudio ao beijo gay na novela das nove da rede globo.

Como se vê, quando a questão discutida é uma pauta conservadora não se tem nenhuma demora na sua tramitação e aprovação, já quando a pauta interessa aos movimentos sociais, rejeita-se categoricamente.

Infelizmente não si viu nenhum parlamentar propor uma moção de repudio a ação de despejo de centenas de famílias sem teto que dignamente lutam por moradia em Palmas. Também nenhum parlamentar seja da situação ou oposição (se é que existe) manifestou-se firmemente contra as ações do governo Marcelo Miranda que tem se negado a cumprir os acordos feitos com os sindicatos dos servidores no governo anterior, como por exemplo, os professores que fizeram greve heroica em 2014, mas que até o momento o que foi prometido não tem sido garantido, ao contrario, tem priorizado o aumento salarial de contratados e desprezado os servidores efetivos.

Os deputados estaduais também não apresentaram nenhuma moção de repudio contra o total abandono da saúde pública no Tocantins que esta em situação de calamidade. Marcelo Miranda que foi eleito tendo como uma, das principais bandeiras uma politica decente de saúde para o povo tocantinense, tem virado as costas para esta.

Já no caso do auxilio moradia para os deputados estaduais, aprovado por eles mesmos.  Nenhum deputado recusou-se a receber. Ao contrario, ignorou-se totalmente a manifestação da população que se colocou totalmente contra tal regalia. Em vez disso, criam-se mais regalias com a autorização para que os deputados possam contratar até 65 assessores.

O que tem feito os deputados estaduais tocantinenses?

Quais as questões pertinentes ao conjunto da sociedade tocantinense o parlamento estadual tem discutido ultimamente? Ora a principal pauta em discussão entre os deputados estaduais tem sido sobre as ações do governo anterior (Siqueira Campos/Sandoval Cardoso). Em especial a polemica sobre as progressões de policiais militares que agora estão sendo desfeitas pelo governo Marcelo Miranda (PMDB). Si foram validas ou não. Si foram legais ou não.

Ora, si os parlamentares estão de fato preocupado com as ações feitas no governo anterior por que não criam uma CPI para investigar os desvios da ultima gestão? O fato é que estes senhores não querem investigar nada, apenas fazer discursos, jogo de empurra, empurra. Precisam de um bode expiatório para que o governo atual possa justificar sua incompetência, sua inoperância. Dai diz que o estado passa por uma crise financeira, que o governo anterior fez o que não poderia ter feito e que por isso o atual governo não pode fazer nada. Nada não, o governo faz muita coisa, menos o que é realmente necessário. Si de fato o governo anterior fez o que não poderia ter feito, então cometeu crime, e se cometeu crime deve ser jugado e punido por isso. Mas pergunte o que os deputados estão fazendo para que isso aconteça. Nada, não estão fazendo nada.

Aliás, os deputados já estão com a cabeça em 2016, nas eleições municipais. E é exatamente por isso o principal motivo da troca de farpas entre deputados estaduais e os vereadores de Palmas. O debate, tanto do lado dos deputados que tem sua base na capital como dos vereadores não é pela melhoria de vida da população palmense, pois si fosse, em vez de estarem trocando farpas eles estariam trabalhando. Não, o objetivo é um só – fazer articulação politica para construção de candidaturas para as eleições de 2016.

Tanto é verdade que o debate não reflete uma preocupação com a população palmense, não é um debate de projetos diferentes para capital. É um debate que muitas vezes descamba para baixaria, inclusive com ameaças de agressões físicas como no caso da troca de farpas entre o vereador Major Negreiros (PP) com o deputado Wanderley Cardoso (SD).
 “Se o presente é de luta, o futuro nos pertence.”
Ernesto Che Guevara


Pedro Ferreira Nunes – educador popular e militante do Coletivo José Porfírio.