Na ultima quinta-feira
(26/11) ocorreu na UFT (campus de Palmas) um seminário sobre o MATOPIBA. O auditório do CUICA ficou lotado de
políticos, ricos fazendeiros e empresários tanto da capital como do interior do
estado. Entre os políticos estava à deputada Estadual Luana Ribeiro (PR), o deputado federal Irajá Abreu (PSD), o
prefeito de Palmas Carlos Amastha (PSB), o secretário estadual da agricultura Carlos
Magno e a ministra da agricultura Kátia Abreu.
Estudantes e movimentos
sociais não se intimidaram e durante a fala da ministra Kátia Abreu –
protestaram erguendo cartazes contra a PEC 215, a substituição de florestas
nativas por plantação de eucalipto e soja, o uso de agrotóxico na produção de
alimentos, a violência contra os povos tradicionais – camponeses pobres,
indígenas e quilombolas. Em suma, contra o modelo agropecuário hegemônico no
Brasil, que destrói o meio ambiente e usurpa direitos dos povos do campo.
Modelo este do qual Kátia Abreu é uma das principais representantes.
Jagunços
travestidos de seguranças agem com violência contra manifestantes
A manifestação era para
ocorrer de forma pacifica, mas ao final, jagunços travestidos de seguranças
tentaram impedir a força (usando de violência desnecessária) que os
manifestantes exercessem o direito democrático de protestar livremente.
Se o objetivo era
intimidar os manifestantes o tiro saiu pela culatra, em vez de intimidar, a
ação violenta dos jagunços da ministra Kátia Abreu só serviu para fortalecer os
argumentos e o animo de estudantes e militantes de movimentos sociais que
estavam ali protestando legitimamente. Os manifestantes conseguiram avançar e
ocupar a frente do auditório com cartazes e gritos de fora Kátia Abreu e abaixo
os ruralistas. E em seguida se retiraram.
O
MATOPIBA
Um território de *73
milhões de hectares que engloba os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e
Bahia. É denominado pelo Ministério da Agricultura como a nova fronteira
agrícola do Brasil. *Nessa região há 46 unidades de conservação, 35 áreas
indígenas e 865 assentamentos de reforma agrária. No entanto no seminário não
havia nenhum representante dessas comunidades.
O próprio cartaz de
divulgação do MATOPIBA fala por si só qual o modelo de desenvolvimento o
ministério da agricultura pretende desenvolver na região – um senhor com um
grande sorriso, segurando um ramo com uma mão e com a outra chamando outros
para investir na região e ao fundo um imenso campo com plantio de soja.
O projeto agrícola que
pretendem desenvolver no MATOPIBA, não será muito diferente do projeto
desenvolvido em Campos Lindos do Tocantins. A grande diferença é que a área
atingida será muito maior. Em Campos Lindos diversos camponeses pobres tiveram
que deixar suas terras para dá lugar a monocultura da soja, neste ano, Campos
Lindos foi eleita a pior cidade para se viver na região norte. Pois como bem se
sabe o desenvolvimento prometido pelo agronegócio brasileiro, gera riqueza
apenas para uma pequena minoria, enquanto a grande maioria continua na miséria.
*Os 337 municípios que
serão alcançados e os 25 milhões de habitantes que serão atingidos,
especialmente os povos indígenas e os assentamentos de reforma agrária tem que
se mobilizar para barrar esse projeto que não trará nenhum desenvolvimento para
o povo que vive nessa região, a não ser para os grandes proprietários de
terras, empresários e suas transnacionais.
É também tarefa de
todos nós que lutamos por um modelo agrícola pautado na agroecologia e na
soberania alimentar nos mobilizar e lutar contra este projeto de destruição do
meio ambiente e usurpação das terras de camponeses pobres, indígenas e
quilombolas.
“...Levante-te
e olha tuas mãos,
Para crescer,
aperta a de teu irmão;
Juntos
iremos, unidos ao sangue,
Hoje é o
tempo que pode ser amanhã...”
Victor Jarra
Pedro
Ferreira Nunes – é educador popular e militante do Coletivo José Porfírio.
*Dados
do MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.