segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Salão do livro do Tocantins engavetado mais uma vez?!

Após dois anos sem ser realizado (durante o governo Siqueira/Sandoval) o salão do livro foi retomado em 2015 com todo alarde pelo governo Marcelo Miranda (PMDB)– juntamente com a recriação da secretaria de cultura. Tais medidas segundo o atual governo mostrava sua forma diferente de governar da gestão anterior bem como o anuncio de um novo tempo que começava no Tocantins sobre a sua administração. No entanto o governo Marcelo Miranda segue a mesma trilha da gestão anterior – Extinguiu a secretaria de cultura em menos de 1 ano de sua recriação e a 10º edição do Salão do livro prometida para maio de 2016 não saiu do papel.

Será que o salão do livro irá ser engavetado mais uma vez pelo governo do Tocantins? Não há nenhuma duvida quanto a isso. Já estamos no segundo semestre de 2016 e até o momento nenhuma iniciativa do governo aponta para a realização da 10º edição do salão do livro ainda este ano. Ainda mais com as eleições municipais que tomaram conta da agenda nesse próximo período. E por que o salão do livro será mais uma vez engavetado? Até o momento não há nenhum comunicado oficial por parte do governo falando se irá ou não realiza-lo este ano. E se não irá realiza-lo o porquê. No entanto sabemos muito bem que tal comunicado não sairá, pois não há nenhuma justificativa para não realização da 10º edição do salão do livro do Tocantins. Eles podem até tentar utilizando-se dos argumentos do governo anterior, dizendo que é devido à crise financeira pela qual o Estado passa – no entanto tal justificativa não se sustenta minimamente.

Crise financeira?

Ora, levantamento dos Servidores Públicos do Estado do Tocantins mostra que a arrecadação própria do Estado cresceu R$ 26,8 milhões, sendo isso resultado da quinta elevação seguida no ano. Já em relação aos tributos federais repassados para o Tocantins também houve um aumento significativo – foi de 26,6 milhões em relação ao ano passado. Logo percebemos que a crise financeira tão usada para justificar a má gestão do governo Marcelo Miranda não passa de uma farsa para ludibriar a população.

Além dessa questão é preciso ressaltar que a própria realização do salão do livro se autofinancia. Por exemplo, na 9º edição realizada em 2015. O governo investiu 4,7 milhões para sua realização e segundo o balanço da secretaria de educação foram movimentados no evento 7,5 milhões em vendas de livros e artigos. Sem contabilizar o aumento do turismo na capital para participação no evento que por sua vez movimentou os serviços de transporte, alimentação e hospedagem. Além é claro do principal ganho que não se contabiliza em números que é o conhecimento e o fortalecimento da educação e da cultura literária tocantinense e outras artes em geral. Diante disso fica claro que a não realização do salão do livro se dá por uma questão politica – por que não é prioridade para o atual governo (tal como o anterior) a valorização da cultura – a não ser quando esta pode ser usada para se alcançar êxitos eleitorais. E é justamente nessa perspectiva que o atual governo tem se utilizado dela.

A importância do salão do livro

Á ultima edição do salão do livro realizada em 2015 mostrou o potencial literário que o Tocantins tem.  A realização do evento propiciou o lançamento de 120 livros, além de diversas apresentações artísticas desde o campo do teatro, da musica, da dança entre outros. E com isso recebeu um público de 350 mil pessoas. Tal fato mostra o que já defendemos anteriormente, que no Tocantins não falta produção artística, mas sim espaços e condições para que os artistas de diversas áreas possam divulgar e apresentar seus trabalhos. Mostra também que não falta interesse por parte da população pela arte feita no Estado. O que falta é oportunidade para que as pessoas possam ter acesso a estes trabalhos artísticos.

Desafios para os escritores tocantinenses na construção da literatura regional

Por outro lado a ultima edição do salão do livro mostrou o quanto a literatura tocantinense ainda é dependente do poder público. Logo, portanto é a área mais prejudicada com a não realização desse evento. O que mostra também as dificuldades para construção de uma literatura de fato tocantinense. Pois se os escritores não lançam seus livros não conseguiram leitores, se não conseguirem leitores não há como formar novos escritores. E sem novos escritores e leitores a literatura tende a ficar estagnada ou morrer. Por tanto é chegada a hora dos escritores tocantinenses construírem uma alternativa para além das migalhas que o atual governo lhes dá através de editais. É preciso também construir eventos para além dos oficiais. E nesse sentido por que não a construção de um salão do livro alternativo? Fica ai o desafio para aqueles que estão cansados de serem enganados pelos governos de plantão e que realmente tem compromisso com a construção de uma cultura literária no Tocantins.

Pedro Ferreira Nunes – é poeta e escritor popular tocantinense.

*Fonte: Com dados da SEDUC-TO e informações do Conexão Tocantins e Jornal do Tocantins. 

Um retrato do fazer profissional do assistente social em Lajeado

Esses dias observando o trabalho de um assistente social na secretaria de assistência social em Lajeado me veio na lembrança às conversas com estudantes do serviço social a cerca do fazer profissional do assistente social. Especialmente por parte daqueles que já estão no campo de estagio – sobretudo no serviço público e se deparavam com um fosso muito grande entre aquilo que eles aprendiam na graduação e o que eles viam na prática.

Enquanto os estudantes recebem uma formação numa perspectiva progressista, especialmente nas universidades públicas, quando vão exercer a profissão acabam se tornando “operacionalizadores de politicas terminais” como diz o professor Dr. José Paulo Netto. Atitude que é tão criticada na formação, mas que, é a realidade da estrutura burocrática do estado brasileiro. Vejamos esse exemplo, que mostra bem o retrato do fazer profissional do assistente social em Lajeado.

A secretaria de assistência social de Lajeado estava fazendo um recadastramento e o cadastramento de famílias que estão solicitando do poder público uma área para construção de casas no projeto de expansão urbana do município que tem sido promovido pela prefeita Márcia Reis (PSD). Até ai tudo bem. De fato cabe ao serviço social do município fazer esse cadastro para verificar a realidade socioeconômica das famílias, e assim contemplar aquelas que de fato necessitam. No entanto, não é bem assim que as coisas funcionam. Não no serviço social no interior do interior do Brasil. A verdade é que o assistente social estava ali apenas para homologar uma decisão de cima para baixo, apenas executar o que já estava decidido. As pessoas que iam ali fazer o cadastro já havia ganhado seus lotes, independente da sua situação socioeconômica, elas apenas repassavam o numero do lote e a quadra e o assistente social fazia o cadastro que não passava de mera formalidade – Uma prova caso surja algum processo questionando a doação de áreas públicas em Lajeado em troca de apoio politico.

Qual deveria ser a postura do assistente social nesse processo? De duas uma – Ou ele se rebela contra essa farsa – denunciando ao ministério público e buscando apoio junto ao conselho regional de Serviço Social – e com isso atraindo alguns inimigos e correndo o risco de ser demitido. Ou aceita o papel de operacionalizador de politicas terminais – de um simples profissional fadado a preencher e assinar fichas homologando decisões de cima para baixo. Esta que, aliás, parece ter sido a decisão do assistente social de Lajeado. Mas não nos aprecemos em condenar o pobre assistente social da secretaria de assistência social de Lajeado. Sozinho, o que ele poderia fazer?

Ao contrario da maioria dos estudantes de serviço social – essas questões sobre o fosso que existe entre a formação e o fazer profissional do assistente social nunca me incomodaram durante o período em que estava cursando a faculdade de serviço social. Sobretudo por que para mim sempre esteve muito claro os limites do assistente social no serviço público. Dai que a minha opção foi militar junto ao movimento popular onde poderia atuar numa perspectiva libertadora. Já que é obvio que o serviço social no espaço institucional serve unicamente para manter a ordem estabelecida – o assistente social não fará mais do que executar politicas terminais,pois esta é a logica de funcionamento da assistência social institucionalizada.

Certa vez um camarada do curso de Serviço Social da Unifesp em Santos que acabava de chegar de um encontro de profissionais e estudantes questionava o fato de que nesses espaços e durante a formação não se retratava a realidade do fazer profissional tal como era na prática. Que tal fato contribuía para que muitos estudantes se desiludissem com a profissão. Pois quando iam para o exercício profissional percebiam que nada daquilo que haviam aprendido durante o curso lhes serviria ali. Isso mostra a necessidade de uma ampla discussão no seio do serviço social a cerca de como diminuir o enorme fosso entre a formação e a prática, pois é fato que esse fosso existe. E a saída desse fosso tem que ser de forma coletiva.


Pedro Ferreira Nunes – cursou a faculdade de Serviço Social. É educador popular e militante do Coletivo José Porfírio

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Crônicas da UFT: Repórter calango e o agronegócio tocantinense.

Se há uma característica marcante na cobertura da grande mídia brasileira das questões da nossa sociedade poderíamos dizer que é a omissão. Logo podemos dizer que o problema não é a cerca do que se diz, mas o que não se diz. E ao ouvir o repórter calango – programa experimental dos estudantes do curso de comunicação da UFT, veiculado na UFT-FM sobre o agronegócio tocantinense percebi que a UFT não tem deixado nada a desejar na formação de profissionais que seguiram essa linha.

Quem ouviu o programa pôde perceber a força e pujança do agronegócio tocantinense que é tido como o motor propulsor da economia local. Até ai nenhuma novidade – o programa não disse nenhuma inverdade. Ora, não é segredo para ninguém a força econômica do agronegócio, que na “crise” atual foi o único setor que não foi atingido. O que mereceu inclusive uma campanha da rede Globo para o setor. Logo, portanto o nosso objetivo aqui não é falar sobre o que foi dito, mas o contrario, o que não foi dito, isto é, o que se omitiu. Faremos isso em dez questões e para tanto nos utilizaremos dá ultima frase dita pelos apresentadores – “o agronegócio tocantinense esta indo no caminho certo”. Será que de fato o agronegócio tocantinense esta indo no caminho certo?

1-      Se isso significa gerar riqueza para uma minoria através da espoliação dos povos campesinos então é verdade, está indo no caminho certo;
2-      Se isso significa priorizar o cultivo de monocultura para exportação em detrimento da produção diversificada de alimentos então é verdade, está indo no caminho certo;
3-      Se isso significa grilar terras públicas e de comunidades tradicionais para ampliação desse tipo de lavoura e criação de gado então é verdade, está indo no caminho certo;
4-      Se isso significa utilização de mão de obra escravizada, onde o Tocantins esta sempre ocupando as primeiras posições então é verdade, está indo no caminho certo;
5-      Se isso significa a utilização abusiva de agrotóxico contaminando o meio ambiente, a produção de alimentos e a saúde da população então é verdade, está indo no caminho certo;
6-      Se isso significa o aumento da violência contra os povos tradicionais – indígenas, quilombolas e camponeses pobres e a usurpação dos seus territórios então é verdade, está indo no caminho certo;
7-      Se isso significa a substituição das florestas nativas e do bioma natural do cerrado pela monocultura da soja então é verdade, está indo no caminho certo;
8-      Se isso significa a construção de usinas hidrelétricas destruindo os rios para gerar energia para o agronegócio então é verdade, está indo no caminho certo;
9-      Se isso significa a flexibilização de leis ambientais que permitam o avanço de projetos como o MATOPIBA então é verdade, está indo no caminho certo;
10-  E por fim, se isso significa a expulsão gradativa dos povos tradicionais do campo para periferia das grandes cidades, para dar lugar à monocultura gerando riquezas apenas para uma pequena elite agrária então é verdade, está indo no caminho certo.

Sim, é verdade que o agronegócio tocantinense esta indo no caminho certo. Mas caminho certo para quem? Isso infelizmente é omitido. Bem como todos os pontos que elencamos acima. O lamentável é que numa universidade onde se deveria primar pelo debate e a pluralidade de ideias – mostra-se apenas um lado. O lado daqueles que querem que as coisas continuem caminhando no caminho certo, certo para eles, não para a maioria da população – que no final das contas é quem paga a conta.

Pedro Ferreira Nunes – é Estudante de Filosofia da Universidade Federal do Tocantins.

“...Então, na mesma fala dos relâmpagos, digo:
essa é uma nação de bois.
Aqui entre arame e arame,
nos corredores, empurrados pela força das cercas
e pelas armas da nação
formamos um ajuntamento de gente saqueada ...”
                                                                                     Poema de um posseiro do norte do Tocantins

Algumas palavras sobre a aliança entre PT e PSOL para disputa municipal em Palmas.

Há alguns dias atrás havíamos escrito sobre “o triste retrato de um partido de esquerda no Tocantins”, onde relatávamos a situação do PSOL-Tocantins, sobretudo a cerca de que o partido das ruas e das lutas a nível nacional, no cenário regional havia se transformado num partido das urnas. Para nós tal fato se dava pelo caráter oportunista da direção regional do partido. Naquele período a legenda havia lançado a pré-candidatura de Cassius Assunção – presidente regional do partido – para disputar á prefeitura de Palmas. O que não víamos com muito entusiasmo pelo fato de não ter há visto uma discussão a partir da base para discutir um nome adequado da legenda para essa tarefa.

No entanto em vez de corrigir os erros e tentar direcionar o partido a nível regional para linha politica que o partido tem tido a nível nacional. A decisão tomada de aliar-se ao PT só afirmou mais ainda o caráter oportunista da atual direção do partido a nível regional. Tal posição vai na contramão da linha politica acertada que o PSOL tem tomado a nível nacional – linha de se colocar como alternativa de esquerda ao projeto falido do PT. Fato que, aliás, tem colocado o partido numa situação privilegiada nas disputas eleitorais em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Natal, Fortaleza entre outros. Um fato a se destacar nestas localidades é a busca pela construção de uma frente de esquerda, claro sem o PT e o PC do B, já que estes partidos já não representam mais os anseios daqueles que acreditam que a saída é pela esquerda.

No Tocantins o partido ignora tudo isso, ignora, aliás, que por aqui o PT nunca fora de fato de esquerda. Que até pouco tempo atrás compunha a base de apoio do prefeito Carlos Amastha, ocupando inclusive secretarias, que também faz parte do governo Marcelo Miranda, sendo que o líder deste governo é deputado do PT e também ocupa cargos na gestão estadual. Que José Roberto, deputado estadual e candidato do PT a disputa pela prefeitura de Palmas fez parte da base de apoio de Siqueira Campos, mesmo sendo do PT.

Em vez de construir com o PCB, PSTU e movimentos sociais uma candidatura alternativa, o PSOL-TO preferiu aliar-se ao PT, inclusive abrindo mão da cabeça de chapa para indicar o vice. Se tal fato ocorresse para apoiar a candidatura do PCB ou PSTU, tudo bem. Mas ignorar completamente a perspectiva de construção de uma frente de esquerda para apoiar o PT é inaceitável. Sobretudo por que do ponto de vista da tática eleitoral não haverá nenhum ganho para o partido, e do ponto de vista estratégico para construção do partido a nível municipal e estadual também não há nenhum ganho, pelo contrario só ônus em aliar-se a um partido tão desgastado como o Partido dos Trabalhadores. Mas que, sobretudo há muito tempo não representa mais um instrumento de defesa das bandeiras históricas da classe trabalhadora tocantinense e brasileira.

Diante disso esperamos que a direção nacional do PSOL barre essa politica de aliança equivocada da direção regional da legenda. Politica que alias como ressaltamos anteriormente vai na contramão da linha politica acertada do partido a nível nacional. E que não tem nenhuma razão por que ser diferente, pois a única justificativa para se defender tal aliança é de caráter oportunista e não para o fortalecimento da esquerda como declarou o presidente da legenda no município de Palmas.


Pedro Ferreira Nunes – é educador popular e militante do Coletivo José Porfírio.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Poema: Conversa no terreiro ou cantiga da saudade

Onde estão meus velhos amigos?
Companheiros do estradar.
Onde estão meus camaradas
Que não vejo mais por cá?

No pé de pequi ou na ilha verde
Onde é que eles estão?
Onde estão meus companheiros?
Se perderão no mundão.

Lembro-me do querido Bida
Gostava tanto de pescar
De tomar sua cachaça
E no córrego banhar.

Ninguém poderia imaginar
Que naquele dia chapado
Ao ir banhar na ilha verde
Ele morreria afogado.

E o grande Manoel mentira
Dançarino de primeira
Sempre com um carote no bolso
Rodava a cidade inteira.

Um dia trabalhando na roça
Uma sicura lhe invadiu
Antes de chegar no córrego
Já sem vida ele caiu.

Quem não se lembra do raposão
Famoso ladrão de galinhas
Não havia cerca que o segurava
Quando ele queria pegar as bichinhas.

Tomava cachaça de mais
Começou a delirar
Logo perdeu o juízo
Não demorou em se matar.

E o meleta então
Jovem sonhador
Queria aprender a tocar
Queria ser um cantor.

Se apaixonou por uma morena
E por ela se perdeu
Por ela, ele matou
Por ela, ele morreu.

E o boca de matraca
Marido da Madalena
Depois que ela o abandonou
Sua vida não valia a pena.

Invernou na cachaça
Dia e noite sem parar
Seu coração não suportou
Na boca da noite caiu sem respirar.

Nas madrugadas lajeadenses
Quando os galos descambam a cantar
A cachorrada latindo
É difícil não lembrar.

Dos meus velhos amigos
Companheiros do estradar
Que sumiram no oco do mundo
Para nunca mais voltar.

Pedro Ferreira Nunes

Casa da Maria Lucia. Lajeado-TO.
Lua minguante, Verão de 2016.
*Poema inspirado pela canção “Chula no terreiro” do Elomar Figueira Melo. 

terça-feira, 28 de junho de 2016

A mediocridade como marca da disputa política em Palmas


Amastha e Claudia Lelis
O recente conflito em decorrência da passagem da tocha olímpica pela capital que gerou mais um bate-boca público e ameaças de ambos os lados através das redes sociais entre o prefeito de Palmas Carlos Amastha (PSB) e a vice-governadora Claudia Lelís (PV) não foi um fato isolado. Não é de hoje que Carlos Amastha utiliza as redes sociais para agredir o governo Estadual e outros adversários políticos. Mostrando a sua total falta de condição de ser o gestor de uma capital e mais ainda o quanto é um politico medíocre. Por outro lado, os seus adversários não ficam atrás. E mostram que estão no mesmo nível do Amastha. E tal fato mostra que a mediocridade é a marca da politica feita na capital nestes últimos anos.
Em vez de se travar um debate de alto nível sobre os diversos problemas que assolam a capital tocantinense – por exemplo, o aumento da criminalidade, a péssima qualidade do transporte coletivo, o descumprimento dos acordos com os servidores públicos, especialmente da educação. Briga-se por quem terá mais publicidades e holofotes nos eventos nacionais como foi no evento de recepção da tocha olímpica e no lançamento do “zica zero” com a presença do ministro da saúde. Se o evento esta sendo organizado pela prefeitura de Palmas, o governo se quer é mencionado. Se for o contrário, o mesmo acontece. Diante disso não há outra palavra para classificar estes senhores se não de medíocres.
Ai depois é acusação de todos os lados – o prefeito acusa o governo estadual e o governo estadual acusa o prefeito. Enquanto isso lamentavelmente é a população palmense que paga a conta por essa “guerra fria”. Uma briga que não é por mais recursos para o município – que não é pela melhoria de vida da população. Mas única e exclusivamente pela disputa eleitoral – pela dominação da maquina pública.
Amastha (PSB) buscará a reeleição em outubro, e a vice-governadora Claudia Lelís (PV) ao lado do ex-prefeito Raul Filho (PR) tem se configurado em um dos seus principais adversários. Aliás, Claudia Lelís não tem feito outra coisa se não usar seu cargo para fazer campanha antecipada. Amastha por sua vez não fica atrás. Que a população palmense não se iluda, a marca desses senhores é a mediocridade, e sendo políticos tão medíocres, não é surpresa que suas administrações sejam medíocres. Dessa forma que o povo possa se conscientizar e desfazer desses “políticos” e a oportunidade para tanto é agora.
Pedro Ferreira Nunes – Educador popular e militante do Coletivo José Porfírio.

Algumas palavras sobre o Movimento de União dos Servidores Públicos Civis e Militares do Estado do Tocantins – MUSME e a luta por melhores condições de trabalho e valorização salarial.


Desde o inicio do mandato do governo Marcelo Miranda (PMDB) os servidores públicos estaduais vem se mobilizando por melhores condições de trabalho e valorização salarial bem como contra os ataques do atual governo aos direitos conquistados pela categoria. Diante disso vimos varias greves pipocarem no serviço público estadual a exemplo, dos policiais civis, dos professores, do quadro geral e da saúde. No entanto, todas acabaram fracassando, sobretudo pela falta de unidade de toda a categoria como também pela falta de competência e o caráter oportunista dos dirigentes das organizações dos trabalhadores do serviço público.
Para nós sempre esteve claro que a luta dos servidores públicos estaduais só alcançaria algum êxito se houvesse uma unidade entre as diversas categorias para rechaçar os ataques do governo Marcelo Miranda. O que defendíamos desde o inicio do ano passado em balanços que fizemos dos movimentos grevistas;
A luta contra os ataques e retiradas de direitos de servidores públicos das diversas categorias pelo governador Marcelo Miranda (PMDB) tem que ser construída unitariamente. Os servidores públicos do Paraná nos deu uma importante lição a cerca da importância da luta unitária para rechaçar os ataques de governos e patrões aos direitos dos trabalhadores”. (Nunes, 2015)
Mesmo diante do nosso alerta os movimentos grevistas continuaram sendo tocado por suas direções de forma especifica meramente, o que levou ao seu isolamento e fracasso. Tanto que nenhuma categoria conseguiu reverter os ataques do governo Marcelo Miranda. E as poucas migalhas conquistadas não saíram do papel. Tal fato se deu, sobretudo pelo caráter pelego e oportunistas das direções sindicais, por tanto para que houvesse uma mudança de perspectiva era necessário um movimento a partir da base.
Enfim, encerramos chamando a base das categorias de servidores públicos estaduais a passar por cima das atuais direções sindicais que estão burocratizadas e estagnadas. Esta é uma tarefa imediata, desfazer-se dessas velhas direções e construir novas ferramentas no estado que de fato defendam os interesses e anseios do povo trabalhador tocantinense. Construam a unidade na luta, lutem pelos seus direitos. A categoria não precisa de direções vendidas e corrompidas para tal tarefa, forjemos novos lideres. E a palavra de ordem deve ser – o trabalhador não pode pagar pela crise! Nenhuma redução de direitos!”. (Nunes, 2015)
Agora os servidores públicos estaduais do Tocantins parecem ter despertado para o que já vínhamos alertando há algum tempo. E criaram um movimento unitário das diversas categorias dos trabalhadores do funcionalismo público estadual – o MUSME (Movimento de União dos Servidores Públicos Civis e Militares do Estado do Tocantins). Com isso as perspectiva para reverter os ataques do governo Marcelo Miranda aos direitos dos trabalhadores bem como ampliar para conquistas de mais direitos encontra-se num novo patamar. Tal movimento tem condições concretas de barrar os ataques do atual governo. Mas para tanto é preciso que não se esfarele a partir de disputas internas e ações oportunistas de seus lideres.
Greve geral no serviço público estadual
Nas ultimas semanas o MUSME tem repercutido a possibilidade de uma greve geral no serviço público estadual. Si de fato sair do papel será a primeira greve geral da história do Tocantins. No entanto alertamos para que tal ameaça não fique apenas nos discursos dos seus lideres, pois se não o movimento pode cair no descredito como tantos outros movimentos grevistas que surgiram no Tocantins que muito falam e pouco fazem. Desde já o que se faz necessário é a organização de um dia estadual de paralização dos servidores públicos para que então amadureça a greve geral. E mais uma vez ressaltamos o papel importante da base dessas categorias em não deixar apenas nas mãos das direções o rumo do movimento.
Devemos, portanto reconhecer a importância da criação do MUSME como um importante instrumento de articulação e unidade dos servidores públicos estaduais. Como também a disposição para construção de uma greve geral no Tocantins. Tal fato abre uma nova perspectiva para o conjunto da classe trabalhadora tocantinense na luta pelos seus direitos. Por fim, que tal iniciativa não seja apenas uma ação pontual, mas que possa se consolidar através de ações concretas.
Pedro Ferreira Nunes é educador popular e militante do Coletivo José Porfírio.