terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Curso de Formação Política José Porfírio


Quem somos

O Coletivo de Formação José Porfírio é um movimento popular, formado por educadores populares que acreditam e lutam por uma educação critica e libertadora, que seja uma arma para o empoderamento de militantes e organizações populares comprometidas com a luta anticapitalista e pela construção do socialismo.

Assim diante da necessidade de despertamos a consciência de classe do povo trabalhador tocantinense e, sobretudo da juventude. Da necessidade de criarmos e fortalecermos organizações de luta da classe trabalhadora no Tocantins. De enfrentarmos o capitalismo, as politicas neoliberais, o avanço do agronegócio, o ataque aos direitos dos trabalhadores, a criminalização da pobreza e dos movimentos populares é que surge a Coluna José Porfírio e o Coletivo de Formação José Porfírio com o objetivo de contribuir e fortalecer a luta anticapitalista rumo ao socialismo no Tocantins.

Quem foi José Porfírio

José Porfírio, líder camponês nascido em Pedro Afonso (TO) ainda norte goiano, foi uma das principais lideranças na organização dos posseiros e resistência em Trombas e Formoso contra latifundiários e grileiros da região. Tornou-se o primeiro deputado camponês do Brasil, fazendo da tribuna uma trincheira em defesa da reforma agrária. Lutou, foi preso e desapareceu durante a ditadura militar. Colocar no nosso coletivo o nome desse grande lutador é uma forma de resgatar sua memoria e sua luta.

José Porfírio sempre teve uma grande preocupação com a necessidade de organização e formação do campesinato pobre para que este pudesse lutar pelos seus direitos e assim se libertar da condição de exploração em que sobrevivia. Nesse sentido foi um dos principais articuladores da criação da associação dos camponeses pobres de Trombas e Formoso, associação da qual se tornou presidente. E quando deputado estadual por Goiás defendeu com veemência o direito dos trabalhadores rurais, falando da necessidade desses se sindicalizar, para fortalecer as organizações camponesas, assim como defendeu apaixonadamente a luta por uma reforma agrária de fato no nosso país, bem como a necessidade da luta armada contra a ditadura militar.

A Nossa organização ainda é embrionária, mas acreditamos que irá crescer assim como a organização e luta da classe trabalhadora no Tocantins. Somos uma organização independente de partidos, de governos e de patrões. O nosso compromisso é exclusiva com a classe trabalhadora. Por tanto se você concorda com nossas bandeiras some-se a esta luta conosco e venha construir o Coletivo de Formação e a Coluna José Porfírio.

Curso de Formação política José Porfírio

Objetivo: Diante de uma conjuntura de intensificação dos ataques de patrões e governos aos direitos dos trabalhadores historicamente conquistados e das crescentes mobilizações populares contra o modelo hegemônico de exploração da classe trabalhadora. É fundamental compreendermos esse processo histórico para intervirmos na atual conjuntura buscando superar o modelo hegemônico vigente (capitalismo/neoliberalismo).

Este curso de formação politica também tem como objetivo despertar a consciência de classe, sobretudo na juventude trabalhadora, para que esta possa se organizar, se formar e lutar contra o modelo hegemônico que exclui especialmente os jovens.

No Tocantins, um estado atrasado economicamente e socialmente, onde um governo a serviço de uma elite agraria tem entregado nossos recursos naturais aos interesses do capital especulativo, negado os direitos dos trabalhadores, perseguido e criminalizados os movimentos populares é fundamental lutarmos para criarmos e fortalecermos organizações da classe trabalhadora - consequentes e coerentes com o projeto popular, anticapitalista e revolucionário. E este processo de enfrentamento as elites politicas, econômica e social do nosso estado passa pela tomada de consciência do nosso povo e por tanto da sua formação e organização para as lutas populares.

Metodologia: Assumimos na nossa prática pedagógica a metodologia da educação popular, pois não acreditamos em uma educação bancaria e autoritária. Que não leva em consideração a especificidade e a realidade de cada comunidade que atuamos. Onde educador e educando possam ser protagonistas. Educação feita com o povo, pelo povo e para o povo. Uma educação que não tenha uma perspectiva libertadora e revolucionaria não nos interessa.

A nossa formação é voltada para ação, para intervenção concreta na luta de classes, tanto na luta local como geral, pois a condição de opressão e exploração da classe trabalhadora é internacional, assim a nossa luta deve partir do local, mas deve ter uma perspectiva macro.
Público alvo: Este curso de formação politica é voltado em especial para juventude trabalhadora, no entanto não fecharemos as portas a qualquer pessoa que deseja participar do mesmo independente de idade. Para participar do mesmo não precisa está organizado em nenhum movimento.

Inscrições: O curso é gratuito, os participantes devem arcar apenas com o seu deslocamento para o local do curso bem como com a reprodução de algum material pedagógico. Devido a nossa limitação estrutural as vagas são limitadas a 26 participantes.

Financiamento:O Coletivo de Formação José Porfírio não é financiado por governos e nem por empresas privadas, contamos apenas com o apoio de organizações parceiras e de militantes comprometidos com a emancipação da classe trabalhadora, a exemplo da Casa 08 de Março – Organização feminista que atua na luta pelos direitos das mulheres tocantinenses. O nosso trabalho é militante e o que nos move é o compromisso com a formação e organização da classe trabalhadora e a luta anticapitalista e revolucionaria.

 Programa de formação

Tema
Data
Local
Conjuntura politica, econômica e social no Brasil e em especial no Tocantins.


08 de Março de 2014.

Dás 09h às 12h




Casa 08 de Março – Palmas – TO.
Questão Agrária – Os efeitos econômicos e sociais do agronegócio tocantinense.

22 de Março de 2014.

Dás 09 as 12h
Questão urbana – Direito a cidade (Moradia digna, mobilidade urbana, militarização e politica de higienização urbana).


12 de Abril de 2014.

Dás 09h ás 12h
Movimento contra opressões – A luta das mulheres, da juventude trabalhadora, dos negros, dos indígenas e dos LGBTs.

26 de Abril de 2014.

Dás 09h ás 12h
Organizar para desorganizar – O papel da juventude trabalhadora no movimento revolucionário.

10 de Maio de 2014.

Dás 09h ás 12h
Movimento cultural revolucionário – Literatura, Poesia, Teatro, Dança, Grafite, Stencil entre outros.

24 de Maio de 2014.

Dás 09 ás 18h

*Os horários e datas podem ser mudados de acordo com decisão coletiva.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Á minha querida sobrinha Bia

Menina,

Lembro-me quando ainda na barriga da tua mãe partiste para Goiás em busca de uma vida melhor. Não ti vi nascer, mas vi você crescer. Mesmo nascendo e crescendo em outro estado não tem como negar o teu sangue nortista. Desde sempre me preocupei contigo, com tua formação, sobretudo para que não crescesse achando que era rejeitada. Dai então me coloquei diante de ti como se fosse seu pai. Um pai amoroso, mas também duro quando necessário. Porém nem sempre pude está presente para dar lhe à atenção que você merece.

Você cresceu e que bela moça você se tornou. Logo se tornara uma bela mulher, mas para mim você será uma eterna menina. Hoje estamos longe um do outro, logo terá um namorado, apaixonara-se, casara e então não vai se lembrar mais tanto assim desse seu tio.

Gosto do seu jeito rebelde, como eu um subversivo até a ultima gota de sangue poderia criticá-la por isso, mas deixa-me triste o fato de saber que você não quer mais estudar, até tua avó com 61 anos voltou a estudar. Seja rebelde, não uma rebelde sem causa, dando apenas preocupação para tua mãe, para tua família. Seja rebelde contra esse sistema que aliena, explora e escraviza a classe trabalhadora, contra essa sociedade hipócrita que vivemos, contra o capitalismo. Para tanto é preciso que você estude muito, se organize e lute ao lado daqueles que estão nas ruas lutando para mudar Goiás e o Brasil.

Gostaria que você estivesse aqui comigo, juntos tocaríamos fogo nessa cidade, nesse estado. -Faria de ti uma militante revolucionaria.

21 de fevereiro de 2014, hoje tu completa 15 anos, és uma moça agora. Não dou a ti um presente material, mas algo que acredito ser mais importante. O desejo do fundo do meu coração que sejas muito feliz e que consiga realizar todos os seus sonhos. Tenha juízo, escute tua mãe que ti ama muito e se sacrifica por ti e teus irmãos, cuide deles, tu és a mais velha e deve ser um modelo para teus irmãos. Mas também seja rebelde, junta-te aqueles que se ‘indignam diante de uma injustiça cometida contra qualquer pessoa em qualquer parte do mundo’. Lutemos para destruir o capitalismo, façamos a revolução, construamos uma nova sociedade.

Seja muito feliz menina, cresça como uma revolucionaria e lembre-se de vez em quando desse teu tio maluco, sobretudo quando estiver se sentindo sozinha e passar por tua cabeça que não é amada. Não se esqueça já mais que eu ti amo muito. Sempre que sentir saudades de mim, olhe para o céu, para a lua, para as estrelas. – Nesse exato momento você me verá, aonde quer que eu esteja estarei pensando em você, ti olhando e ti protegendo.

Espero vê-la em breve.

Um abraço apertado e um grande beijo do seu Tio Pedro.


Lajeado, TO - 21 de Fevereiro de 2014.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Poema: Reforma Agrária Já!

Por Pedro Ferreira

Como pode não ter alimento 
se terra tem pra plantar.
Como pode existir miséria no campo,
se nessa terra tudo que planta dá.

A terra não pode ser usada para gerar lucro
para enriquecer uma minoria latifundiária
É preciso nos rebelar contra esse absurdo
juntemo-nos camaradas.

A reforma agrária não pode ser enterrada
não deixemos de lutar
Tantos derramaram o sangue por essa causa
não podemos vacilar.

Ocupemos todos os latifúndios
de norte a sul do Brasil
Façamos uma jornada de lutas
como ninguém nunca viu.

Sigamos sem medo, camaradas
a luta não pode parar
gritemos de punhos serrados

REFORMA AGRÁRIA JÁ!

Poema: Quando éramos jovens



Quando éramos jovens

Andávamos por ai incendiando a cidade
querendo mudar o mundo
pelo menos a nós mesmos.

Quando éramos jovens
não ligávamos para que os outros falavam.
do que nos chamavam
se fendíamos ou se cheirávamos.

Quando éramos jovens
amávamos loucamente
éramos felizes
acreditávamos no impossível.
- Fazíamos torna-lo possível.

Hoje quando vejo meus amigos
e não posso acreditar no que eles se tornaram.
pessoas deprimentes
que fazem tudo àquilo que condenávamos.

Quando éramos jovens
éramos revolucionários
hoje meus velhos amigos
tornaram se reacionários.

Por Pedro Ferreira Nunes

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Poema: Boiada do meu avô

Por Pedro Ferreira

Eh mimosa, oh branquinha
Eh garrate, oh roxinha.

Lá vai a boiada do meu avô
Pela chapada
Pelo coqueiral
Pelo brejo de buriti
Pelo canavial.

Eh mimosa, oh branquinha
Eh garrate, oh roxinha.

Lá vai a boiada do meu avô
Pelo braquiara
Pelo lerão
Tomar água
Lá no cacimbão.

Eh mimosa, oh branquinha
Eh garrate, oh roxinha.

Lá vai a boiada do meu avô
A mimosa morreu também a branquinha
O mesmo destino do garrote e também da roxinha.

Todos nós já crescemos e quase nunca vamos à chácara dos nossos avós
Ver a boiada que outrora tocávamos animadamente.

Eh mimosa, oh branquinha
Eh garrate, oh roxinha.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Conto: A morte de John

Por Pedro Ferreira

- Garçom manda mais uma garrafa de Whisky meu. Gritou John.

- Já deu, vamos fechar. É a ultima.

Era 6 da manhã, John era o único de pé, juntamente com seus amigos já havia tomado umas quatros garrafas de Whisky, além de bastante cervejas. Seus amigos já tinham pedido arrego. John saiu então com uma garrafa na mão procurando mais um bar aberto. Naquela hora, impossível.

Não queria voltar para casa, odiava a vida ali, trabalhar e estudar a um tempo desistira. Também não queria voltar para sua terra natal. Sua vida era de bar em bar em busca de sexo, drogas e rock in rol. Mesmo assim não estava feliz.

Cansara-se de tudo e de todos, cansara de viver. Ele que nunca foi de beber, estava bebendo, nunca foi de fumar, estava fumando. Já tinha sido preso por brigar na rua, e porte de maconha. Tudo isso apenas em 6 meses.

Quando John deixou sua terra natal, sua mãe e queridos familiares tinha na cabeça o projeto de começar uma nova vida naquela capital. Estudar, se formar, construir uma nova historia enterrando os fantasmas do passado que sempre vinha lhe incomodar.

Inicialmente conseguira um trabalho bem como estava se preparando para o vestibular, mas de repente tudo mudou, sem explicação John começou a beber, fumar, brigar. Tornou-se um ser noturno, habitante da vida boemia da capital.

Há seis meses que John vivia aquela vida, e há três dias que não voltava para casa. Como não obteve êxito em busca de um bar aberto às seis da manhã de uma segunda-feira, decidiu voltar para casa.

- Onde você estava John? Isso é vida?

John seguiu silenciosamente para o seu quarto sem da atenção aos questionamentos do seu irmão. Fechou a porta, procurou uma Gilette e ao som de Janis Joplin cortou seus pulsos e dormiu profundamente, eternamente.





terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Debate sobre Cuba

Por Pedro Ferreira Nunes

Quando comecei a me aproximar das ideias socialistas as primeiras leituras e fontes de inspiração que tive foram à revolução cubana. O exemplo de luta e resistência do povo cubano tendo o exército rebelde comandado por Fidel Castro, Che Guevara, Camilo Cienfuegos, Raul Castro, Ramiro Valdez entre outros é uma inspiração não só para mim, mas para milhares de jovens no mundo que lutam contra o capitalismo rumo à construção do socialismo.

Mesmo com todas as transformações por que passou, e todas as contradições existentes em Cuba. É inegável a importância dessa experiência para os trabalhadores que se organizam e resistem na luta anticapitalista. Tanto que uma das maiores preocupações da esquerda mundial é saber os rumos que a revolução cubana tem tomado, sobretudo após o anuncio das reformas por parte do governo cubano agora chefiado por Raul Castro.

Uma coisa sempre me incomodou a cerca do debate sobre Cuba. – As posições extremistas (isto é, a logica dos 08 ou 80) de diversas organizações de esquerda. Aliás, não só sobre Cuba, mas também outros diversos debates.

Alguns setores da esquerda dizem que há muito tempo Cuba deixou de ser socialista, que é um capitalismo de estado. Outros afirmam que Cuba é um país socialista e não tecem nenhuma critica ao regime. Essas posições extremas levam a um sectarismo exagerado e que pouco consegue dialogar.

Eu prefiro um meio termo. É fato que Cuba não é um país capitalista, é não querer ver os importantes avanços conquistados pela revolução, sobretudo relativo à saúde, educação, cultura, esporte que resistem até hoje. Mas por outro lado dizer que Cuba é um país totalmente socialista é também não querer ver as contradições do regime cubano, como a falta de democracia e liberdade.

Fala-se muito sobre Cuba, mas sempre como fosse uma disputa de torcida. De um lado os que são contra, do outro, os que são a favor. No entanto essas posições simplistas não dão conta da complexidade que são as revoluções sociais.

Recentemente tive o privilegio de participar da Escola Latino Americana em São Paulo (06 a 12 de janeiro de 2014) que teve a presença do camarada Isbel de Cuba. – Que fez uma belíssima apresentação sobre ‘Os socialistas revolucionários e as reformas do governo cubano’.

Isbel conseguiu apresentar um quadro interessante da atual situação em Cuba. O perigoso caminho que o governo cubano tem tomado colocando em risco as importantes conquistas da revolução.

Reformas antipopulares

- Ampliação da lei tributaria
- Aumento de anos para aposentadoria
- Redução da caderneta de abastecimento
- Cortes na educação, saúde, cultura e esportes
- Expansão da pequena propriedade privada
- Demissão massiva de servidores públicos
- Militarização
- Código do trabalho anti-trabalhador

Reformas elitistas

- Nova lei migratória
- Outorgamento de terras em usufruto
- Livre comercialização de casas e carros
- Profissionalização do esporte
- Acesso a internet

Essas reformas que poderiam significar uma maior abertura em Cuba na verdade aumenta a desigualdade na ilha, já que nem todos têm condições financeiras de ter acesso a esses serviços.

Alguns direitos trabalhistas têm sido perdidos, e o movimento sindical que deveria cumprir o papel de defender o direito dos trabalhadores acaba atuando como agentes do estado. Por outro lado o movimento social em Cuba tem se mobilizado, sobretudo contra o racismo, as agressões ambientais e o movimento LGBTs e têm conseguido importantes avanços.

O quadro apresentado em Cuba não é animador, mas nem tudo esta perdido. É preciso lutar e fortalecer a lutadores valorosos tal como Isbel como também suas organizações que estão em Cuba lutando para preservar as conquistas da revolução, mas que também buscam superar os limites do atual regime cubano. E que possamos avançar para construir o socialismo verdadeiramente em Cuba, na América latina em todo o mundo.


Hasta la victoria siempre!

Pedro Ferreira Nunes