quarta-feira, 26 de março de 2014

Conto: E ai. Vamos brincar?

Por Pedro Ferreira Nunes


Ele seguia por aquelas ruas com certo receio. Nunca havia andado por ali, mas as historias que havia ouvido sobre aquele local não era animadoras. O bairro era conhecido por toda á Palmas como território de traficantes e prostitutas com altos índices de violência. Mesmo com todas essas informações ele decidiu conhecer o local.

As ruas estavam desertas apesar de não ser tarde da noite. Ele entrou em uma pequena viela e viu dois bares. Decidiu entrar no primeiro. Havia apenas um homem com duas mulheres numa mesa tomando cerveja e o atendente no balcão. Ele sentou em uma mesa e pediu uma cerveja. Logo uma mulher aproximou-se dele e perguntou se podia sentar-se com ele.

- Tudo bem. Pode ficar a vontade.

- Você não é o tipo de pessoa que anda por aqui.

- De fato. É a primeira vez que ando por esses lados.

Ela não era uma mulher bela. Se ele a visse na rua com certeza não chamaria a atenção dele. Estava longe do padrão de beleza que a sociedade nos impõe. Era negra e gorda. No entanto a sua simpatia era cativante e no decorrer do bate papo que iam tendo ele ia tendo cada vez mais uma forte atração por ela.

- E ai. Vamos brincar hoje?

- Sim, vamos. Mas tomemos mais umas cervejas antes.

- Que bom.

Enquanto iam tomando cervejas iam conversando animadamente. Ele quis saber de onde ela era, qual era a sua historia, quanto tempo estava naquela vida. Ela respondeu a todos os questionamentos dele com muita tranquilidade.

- Eu sou baiana. Estou apenas a 6 meses nessa vida, comecei quando o meu casamento chegou ao fim. Dai deixei o interior da Bahia e vim morar em Palmas. E você de onde vem, o que você faz?

Ele também respondeu os questionamentos dela. Não escondeu a sua identidade tal como muitos homens fazem quando se relacionam com uma prostituta. Ela lhe passava tanta confiança e tranquilidade que ele ficou totalmente à vontade.

- Vamos lá então. Se não eu fico bêbado e não dou conta de nada. Rs.

- Sim, vamos! Rs.

Na cama ela mostrou toda a sua experiência fazendo com que ele ficasse relaxado e conseguisse o que havia ido procurar ali. Ele por sua vez não teve do que reclamar.

- E então, você gostou?

- Sim, foi muito bom. Quanto é o programa?

- Trinta reais.

- Agora eu tenho que ir. Muito obrigada.

- Obrigada você. Volta tá?!


- Sim, eu volto. Tchau.

Questão Agrária no Tocantins


Introdução

Nessas ultimas décadas o agronegócio tem se desenvolvido no Tocantins voluptuosamente, sobretudo com o apoio e financiamento por parte do estado. A criação de bovinos é ainda a principal atividade desenvolvida no Tocantins com um rebanho de 8 milhões de cabeça e ocupando uma área de 7.498,50 hectares de pastagem, no entanto essa realidade tem mudado, no ultimo período houve um avanço de plantação de soja. Tanto que hoje a soja se tornou o principal produto de exportação do Tocantins, sendo responsável por 80% do que o estado exporta.

A propaganda oficial mostra que o desenvolvimento do agronegócio e a modernização da agricultura brasileira trouxeram altos índices de produtividade bem como gerou riqueza para o país. No entanto omite a violência no campo contra camponeses, quilombolas e os povos indígenas que tem os seus territórios usurpados e que dignamente lutam pelos seus direitos. O trabalho escravo e a destruição ambiental, flexibilização das leis trabalhistas e ambientais, uso abusivo de agrotóxico que contamina o meio ambiente assim como afeta a saúde da população.

A modernização no campo brasileiro vem acompanhada do aumento das desigualdades sociais no campo, as riquezas produzidas que são muitas, não são distribuídas, fica concentrada na mão de poucos.

No Tocantins o apoio do poder público tem sido decisivo no avanço do agronegócio. Milhares de recursos públicos são destinados a empresas privadas investirem no desenvolvimento do setor.
Doação de áreas públicas, flexibilização das leis ambientais, incentivos fiscais as empresas transnacionais que atuam no campo. Tudo isso frente à justificativa de que as vantagens dadas pelo governo ao setor contribuem para geração de emprego e riquezas para o povo.

Já não bastasse a secretaria de agricultura e pecuária que historicamente é gerida pelos ruralistas, acaba também de ser criada pelo governo do estado a secretaria de desenvolvimento agrário e regularização fundiária que também será comandada pelos ruralistas.

Há também a delegacia de conflitos agrários e a policia militar agrária, que atua reprimindo a luta dos camponeses sem terra e assegurando a propriedade privada outrora usurpada dos indígenas, quilombolas e camponeses.

Dados do ultimo censo agropecuário mostra que o numero de emprego ofertado pelo setor é mínimo, a agricultura familiar e camponesa gera muito mais posto de trabalho. Há também o alto indicie de utilização de mão de obra escravizada por parte do setor. Já a geração de riqueza é incontestável, no entanto é preciso apontar para quem vai e como são distribuídas as riquezas geradas, e sob a que custos sociais e ambientais elas são geradas.

Nesse sentido o estudo a seguir tem o objetivo de mostrar os efeitos sociais e econômicos do modelo agrícola tocantinense, que nada é mais do que o modelo hegemônico desenvolvido no campo brasileiro pautado na grande concentração de terra, na produção de monocultura, utilização de mão de obra escravizada, uso abusivo de agrotóxico e destruição ambiental entre outros. Bem como no sentido de ser um instrumento para os movimentos populares e demais organizações populares que lutam por reforma agrária e por um modelo agroecológico.
Baixe o e-book gratuitamente: Questão Agrária no Tocantins

O Serviço Social e a Política de Reforma Agrária em Goiás


Introdução

Mesmo com o discurso predominante sobre a superação da necessidade de se fazer uma reforma agrária no Brasil, sobre tudo pela ausência de uma política por parte do governo de desapropriação de áreas improdutivas e assentamento de milhares de famílias que se encontram acampadas nas margens das rodovias na luta por um pedaço de chão, e que muitas vezes são obrigados a radicalizar suas ações para que possam ser atendidas as suas reivindicações.

O que vemos é cada dia mais uma necessidade de se fazer uma verdadeira reforma agrária neste país, não só para que milhares de famílias que estão acampadas possam conseguir um pedaço de chão para dali tirar sua subsistência como também, pela necessidade de milhares de famílias que estão nas periferias das grandes cidades as margens das políticas públicas.

Como também pela preservação do meio ambiente e a produção saudável de alimentos. Sendo que o atual modelo agrícola brasileiro com base na monocultura, e na agroexportação, com intenso uso de agrotóxico é extremamente prejudicial ao meio ambiente.
Nestes quase 09 anos de governo do PT (Partido dos Trabalhadores), o que vemos é a reforma agrária saindo da pauta do governo, com á cooptação de lideranças dos movimentos populares, fazendo com que esses vivam um período de descenso das lutas populares.

Por outro lado o governo tem tido um amplo apoio popular, em grande parte devido há uma conjuntura interna favorável, e devido às políticas assistencialistas do governo como Bolsa Família, PROUNI,REUNI entre outros. Nestes quase 09 anos de governo petista nenhuma mudançaestrutural foi realizada no Brasil, é por isso que vemos a reforma agrária saindo dapauta do governo e sendo substituídas por políticas assistencialistas, que não mudaa situação de exploração da classe trabalhadora, mais apenas maquia umarealidade de extrema exclusão social, exploração e subserviência ao grande capital.

A Política de Reforma Agrária deve ser encarada como uma política social, e deve ser assumida como uma política pública pelo estado brasileiro, que tem tratada a mesma como uma questão fora de contexto. A reforma agrária é uma política que dá a possibilidade de emancipação para as famílias que conseguem após longos anos de luta um pedaço de chão. Pois passam a depender apenas dos seus esforços, assim é de primordial importância que os assistentes sociais potencializem a luta pela reforma agrária sendo essa uma política pública emancipatória e não compensatória.

O Serviço Social deve por tanto cada vez mais ocupar espaços dentro das organizações que organizam os trabalhadores em luta pela reforma agrária, lutando para que ás milhares de famílias que estão acampadas nas margens das rodovias lutando por um pedaço de chão em uma situação precária possam ter minimamente seus direito em quanto cidadão, que é de ter acesso apolíticas públicas fundamentais como educação, saúde entre outros possam ser atendidos.

Ás milhares de família que estão acampadas sobrevive precariamente, com dificuldade de ter acesso à educação, mesmo à pública quede qualidade, não tem acesso à saúde, mesmo a de péssima qualidade que é ofertada pelo estado, acesso a cultura e lazer também é um privilegio que não é garantido a esses trabalhadores, que sobrevivem vendendo a sua mão de obra em condições de trabalho precarizado e sem nenhum direito trabalhista, é por tanto normal ouvirmos falar em trabalho escravo em pleno século XXI no Brasil.

 Há uma crescente criminalização da pobreza, dos movimentos e de lutadores populares, assim mais uma vez voltamos ao inicio do século XX onde as expressões da questão social eram resolvidas como caso de policia e não de política.

A cada dia vemos o estado brasileiro cada vez mais ausente do seu de verde elaborar e executar políticas públicas que de fato atendam a necessidade da população, em contra partida tem feito uma ação militarizada e de criminalização das minorias em luta por garantia de direito.

É por tanto fundamental que o Serviço Social como parte do seu compromisso histórico de construir e apoiar a luta da classe trabalhadora por sua emancipação seja de fato efetivado, ocupando todos os espaços estratégicos de construção dessa luta.

Não só nos espaços públicos onde acabam desempenhando simplesmente o papel de executor de políticas terminais, em empresas privadas onde desempenham apenas o papel de um simples mediador de conflitos, que acaba sempre pendendo para o lado do patrão.
Dessa forma os movimentos populares verdadeiramente de luta são um espaço fundamental de atuação do assistente social comprometido com a emancipação da classe trabalhadora.

Lutar pela reforma agrária no Brasil e em Goiás é lutar de fato por direito para milhares de famílias que estão às margens das políticas públicas fundamentais, para que tenham acesso às mesmas e por garantia de direitos.


sexta-feira, 21 de março de 2014

Luta de classes no interior do Tocantins: Classe trabalhadora Lajeadense se mobiliza pelos seus direitos.


A cidade de Lajeado vive um momento histórico diferente. Tal como na maioria das cidades do interior do Tocantins, em Lajeado aindaimpera uma forte consciência conservadora e um forte sentimento de conformismo com a condição de opressão e exploração a que á classe trabalhadora é submetida. No entanto temos visto uma mudança de consciência dos trabalhadores de Lajeado no ultimo período. Que tem se organizado e lutado contra a condição de exploração imposta pelas elites locais.

Ainda em 2013 pela primeira vez na historia de Lajeado centenas de jovens tomaram as ruas da cidade para protestar contra o caos político que tomou conta do município sobre a administração da prefeita Marcia Reis (SDD).

Caos na saúde e educação, falta de emprego, realidade que obriga os trabalhadores da cidade ir em busca de trabalho em outras regiões, falta de oportunidade, sobretudo para juventude, perseguição política a opositores. Denuncias de corrupção - desvio de dinheiro público que deveria ser investido na aplicação de politicas públicas que atendam a necessidade da população.

Diante dessa dura realidade e da insatisfação geral da população a oposição conseguiu aprovar uma CPI na câmara de vereadores para investigar os desvios de dinheiro público da gestão municipal. As graves denúncias de corrupção envolvendo a atual gestão do município levou a justiça a afastar a prefeita do cargo bem como decretar o congelamento dos seus bens, decisão infelizmente revertida pelos advogados da prefeita Marcia Reis.

Já no inicio desse ano a colônia de pescadores do município conseguiu liderar uma importante luta contra os crimes ambientais cometidos pela INVESTICO, empresa responsável por gerir a Usina Hidrelétrica do Lajeado sobre o rio Tocantins, crimes que vem sendo cometido desde a conclusão da usina em 2002 graças à omissão dos órgãos de fiscalização ambiental do estado. No entanto a recente mobilização da colônia de pescadores que contou com o apoio de toda a populaçãocontra a mortandade de peixes no período de piracema ocasionada por erro na operacionalização das comportas da usina, fez com que as autoridades e os órgãos ambientais do estado aplicassem uma multa na INVESTICO bem como um endurecimento do discurso contra os crimes cometido pela empresa no município que tem na pesca artesanal sua principal fonte de sobrevivência.

Greve histórica dos professores da rede municipal de educação de Lajeado

Desde o ano passado os professores da rede municipal de educação de Lajeado vêm denunciando o caos na educação no município. Prédios sucateados em sem infraestrutura (laudo do corpo de bombeiros aponta risco de desmoronamento de parte da estrutura), falta de material pedagógico, merenda escolar, transporte de qualidade e valorização dos profissionais, falta de gestores capacitados para gerir a secretaria de educação bem como perseguição política aos profissionais que denunciam tais mazelas.

Com a recusa da gestão municipal em abrir dialogo com os profissionais da educação, a categoria resolveu no inicio dessa semana entrar em greve pela primeira vez na historia do município. Independente de qual resultado o movimento grevista obtiver, o fato é que essa mobilização já é uma importante vitória para a classe trabalhadora Lajeadense, pois é um exemplo de um novo momento histórico por que passa o município. A greve justa da categoria vem contando com um amplo apoio popular, já que o descaso com a educação pública não é problema apenas dos profissionais da educação.

Em entrevista na rádio a prefeita Marcia Reis (SDD) declarou que não irá aumentar os salários dos profissionais como também procurou desqualificar as denuncias apresentadas pelo movimento grevista, apresentando um quadro na educação municipal totalmente fictício, pois o caos na educação de Lajeado pode ser visto por qualquer um. Assim as declarações da prefeita devem servi apenas para fortalecer o movimento, pois tal como vimos na luta dos garis no RJ e pela redução da tarifa do transporte coletivo em varias cidades do país, onde os gestores municipais tentaram desqualificar as reivindicações legitimas dos trabalhadores, mas a força do movimento obrigou-os a voltar atrás, devimos seguir este exemplo em Lajeado e continuar a greve até que as reivindicações da categoria, que na verdade são as reivindicações de toda comunidade sejam atendidas.

A CPI não pode acabar em pizza! Pela cassação da prefeita Marcia Reis! Fora todos os corruptos da prefeitura de Lajeado!

A base de apoio da prefeita na câmara municipal de Lajeado quer encerrar a CPI que investiga as denuncias de desvios da gestão municipal sem nenhuma investigação séria. Após três meses de sua instalação nenhuma pessoa ligada à administração municipal foi ouvida. Nenhuma audiência aconteceu e a comunidade não foi convidada para participar das reuniões da CPI. Esse processo havia sido previsto assim que a CPI foi aprovada na câmara, onde nós apontamos a necessidade da população acompanhar e pressionar a câmara municipal para que fizesse uma investigação séria e punisse os responsáveis por desvio de dinheiro público dos cofres municipais. Se a população não se mobilizar e pressionar a câmara de vereadores, a CPI que investiga os desvios da atual gestão municipal de Lajeado acabará em pizza.

É necessário que a população de Lajeado tome as ruas do município mais uma vez para exigir a cassação da prefeita Marcia Reis (SDD) e de todos os corruptos que se apoderaram da prefeitura municipal desviando o dinheiro público que deveria ser aplicado na educação, saúde, cultura, esporte, turismo, na geração de emprego entre outros.

Organização e luta

Lajeado passa por um novo momento histórico e os setores conscientes da classe trabalhadora do município têm que esta ciente dessa nova conjuntura.  Nesse sentido fazemos um chamado aos servidores públicos, aos operários, aos camponeses, aos pescadores e a juventude de Lajeado a organizamos uma frente de luta para lutarmos pelos nossos direitos como também pela cassação da prefeita Marcia Reis (SDD) e de todos os corruptos que se apoderaram da prefeitura de Lajeado.

Não podemos deixar que as lutas legítimas da classe trabalhadora de Lajeado sejam apropriadas de forma errada por setores de oposição que estiveram à frente da prefeitura municipal em gestões anteriores e que nada se difere da gestão atual. Precisamos construir organizações de luta da classe trabalhadora no município para disputar o poder local, enquanto a prefeitura estiver nas mãos dos mesmos grupos políticos, que muda só de nome, mas os projetos são os mesmos, a vida da classe trabalhadora Lajeadense continuará sendo difícil.

Lajeado, TO – 21 de Março de 2014.


Mudar é preciso Lajeado! Vamos juntos!

Coluna José Porfírio

Baixe o panfleto no link

terça-feira, 11 de março de 2014

Poema de amor

A chuva II

Por Pedro Ferreira Nunes

É um dia triste
chove tanto lá fora
Tenho pensado muito em ti
onde será que andas agora?

Será que ainda lembra de mim?
de tudo que a gente viveu?
Do quanto nos amamos?
será que se esqueceu?

Eu de ti não esqueci
nem um dia se quer
Ainda não perdi a esperança
de que será minha mulher.

É um dia triste
chove tanto lá fora
Tenho pensado muito em ti
onde será que andas agora?

terça-feira, 4 de março de 2014

Conto: Um corpo

Por Pedro Ferreira Nunes

O corpo estava ali estendido na rua. Centenas de curiosos cercavam o local tentando saber o que havia acontecido. Era uma jovem, tinha cerca de 16 para 17 anos, voltava da faculdade para casa, havia sido violentada brutalmente. Todos estavam consternados, revoltados. Ela não era a primeira vitima, outras mulheres haviam tido o mesmo destino daquela jovem. Infelizmente todos ali sabiam os culpados por aquele crime absurdo dificilmente seriam pegos, julgados e condenados. Não ao contrario, continuaram soltos cometendo mais crimes bárbaros.

O corpo estava estendido no chão do bar, o copo de cerveja quebrara com a queda, o cigarro que fumava ainda estava na sua mão aceso. Era uma bela mulher, havia decidido por um ponto final naquele relacionamento com aquele cara que mostrara se for extremamente violento. Ele não aceitava, tal como muitos por aqui. Disse que queria conversar com ela. Ela concordou, seria a ultima vez que iria encontrar com ele. Ela encontrou com ele em um bar, pediu uma cerveja, ascendeu um cigarro. Ele mais uma vez lhe pediu perdão, jurou como tantas outras vezes que nunca mais bateria nela. Mas ela estava irredutível, era o momento de por um ponto final naquela historia, começar uma nova vida. Ele não aceitou, puxou o revolver que carregava na cintura e descarregou nela. Mais uma vitima do machismo, mais uma vitima da violência contra a mulher, mais uma estatística que não terá uma solução.

O corpo foi encontrado em baixo de uma ponte, no mato, em um lugar isolado. Ela era tão jovem, tinha apenas treze anos. Seu corpo havia sido todo esfaqueado, mais de vinte facadas. – Por que tanto ódio. O assassino acreditava que ela era um empecilho para o seu romance com a mãe dela. Ela só queria ver sua mãe feliz, ao lado de um homem que realmente a merecia, e este homem não era ele. Tanto que ele mostrou ao assassinar uma criança que tinha todo um futuro pela frente.

O corpo foi encontrado em um quarto, em cima da cama. Era jovem, havia acabado de deixar a casa da mãe para morar na capital, não tinha um bom relacionamento com o padrasto. Estava feliz, estudava e trabalhava, arranchou um namorado. Acreditava que ele era um príncipe encantado, queria casar, ter filhos, constituir uma família junto com ele. Mas todos os seus sonhos tiveram fim nas mãos daquele que ela acreditava ser o grande amor de sua vida.
O corpo foi encontrado boiando no rio Tocantins, amarrada, após ser abusada violentamente. Era mais uma jovem vitima da violência contra as mulheres, mais um numero mais uma estática, mais um crime sem solução no nosso estado, no nosso país.

Todos os dias as mulheres do nosso estado vão estudar, vão para o trabalho sem saber se voltaram. Em cada esquina, em cada beco poderão se tornar mais uma vitima, mais um número, mais uma estatística. As mulheres da minha terra sabem que a qualquer momento podem se tornar a próxima vitima da violência contra a mulher, mesmo em suas casas, onde deveria ser seu porto seguro.


Corpos e mais corpos, a cada dia mais corpos. Jovens, mulheres trabalhadoras vítimas da violência. E o governo o que faz? E as autoridades o que fazem? Nada. Até quando continuaremos sem fazer nada? Infelizmente isso não são histórias fictícias, são baseadas em fatos reais de violência contra as mulheres no Tocantins.

– Basta de violência contra as mulheres já!

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Curso de Formação Política José Porfírio


Quem somos

O Coletivo de Formação José Porfírio é um movimento popular, formado por educadores populares que acreditam e lutam por uma educação critica e libertadora, que seja uma arma para o empoderamento de militantes e organizações populares comprometidas com a luta anticapitalista e pela construção do socialismo.

Assim diante da necessidade de despertamos a consciência de classe do povo trabalhador tocantinense e, sobretudo da juventude. Da necessidade de criarmos e fortalecermos organizações de luta da classe trabalhadora no Tocantins. De enfrentarmos o capitalismo, as politicas neoliberais, o avanço do agronegócio, o ataque aos direitos dos trabalhadores, a criminalização da pobreza e dos movimentos populares é que surge a Coluna José Porfírio e o Coletivo de Formação José Porfírio com o objetivo de contribuir e fortalecer a luta anticapitalista rumo ao socialismo no Tocantins.

Quem foi José Porfírio

José Porfírio, líder camponês nascido em Pedro Afonso (TO) ainda norte goiano, foi uma das principais lideranças na organização dos posseiros e resistência em Trombas e Formoso contra latifundiários e grileiros da região. Tornou-se o primeiro deputado camponês do Brasil, fazendo da tribuna uma trincheira em defesa da reforma agrária. Lutou, foi preso e desapareceu durante a ditadura militar. Colocar no nosso coletivo o nome desse grande lutador é uma forma de resgatar sua memoria e sua luta.

José Porfírio sempre teve uma grande preocupação com a necessidade de organização e formação do campesinato pobre para que este pudesse lutar pelos seus direitos e assim se libertar da condição de exploração em que sobrevivia. Nesse sentido foi um dos principais articuladores da criação da associação dos camponeses pobres de Trombas e Formoso, associação da qual se tornou presidente. E quando deputado estadual por Goiás defendeu com veemência o direito dos trabalhadores rurais, falando da necessidade desses se sindicalizar, para fortalecer as organizações camponesas, assim como defendeu apaixonadamente a luta por uma reforma agrária de fato no nosso país, bem como a necessidade da luta armada contra a ditadura militar.

A Nossa organização ainda é embrionária, mas acreditamos que irá crescer assim como a organização e luta da classe trabalhadora no Tocantins. Somos uma organização independente de partidos, de governos e de patrões. O nosso compromisso é exclusiva com a classe trabalhadora. Por tanto se você concorda com nossas bandeiras some-se a esta luta conosco e venha construir o Coletivo de Formação e a Coluna José Porfírio.

Curso de Formação política José Porfírio

Objetivo: Diante de uma conjuntura de intensificação dos ataques de patrões e governos aos direitos dos trabalhadores historicamente conquistados e das crescentes mobilizações populares contra o modelo hegemônico de exploração da classe trabalhadora. É fundamental compreendermos esse processo histórico para intervirmos na atual conjuntura buscando superar o modelo hegemônico vigente (capitalismo/neoliberalismo).

Este curso de formação politica também tem como objetivo despertar a consciência de classe, sobretudo na juventude trabalhadora, para que esta possa se organizar, se formar e lutar contra o modelo hegemônico que exclui especialmente os jovens.

No Tocantins, um estado atrasado economicamente e socialmente, onde um governo a serviço de uma elite agraria tem entregado nossos recursos naturais aos interesses do capital especulativo, negado os direitos dos trabalhadores, perseguido e criminalizados os movimentos populares é fundamental lutarmos para criarmos e fortalecermos organizações da classe trabalhadora - consequentes e coerentes com o projeto popular, anticapitalista e revolucionário. E este processo de enfrentamento as elites politicas, econômica e social do nosso estado passa pela tomada de consciência do nosso povo e por tanto da sua formação e organização para as lutas populares.

Metodologia: Assumimos na nossa prática pedagógica a metodologia da educação popular, pois não acreditamos em uma educação bancaria e autoritária. Que não leva em consideração a especificidade e a realidade de cada comunidade que atuamos. Onde educador e educando possam ser protagonistas. Educação feita com o povo, pelo povo e para o povo. Uma educação que não tenha uma perspectiva libertadora e revolucionaria não nos interessa.

A nossa formação é voltada para ação, para intervenção concreta na luta de classes, tanto na luta local como geral, pois a condição de opressão e exploração da classe trabalhadora é internacional, assim a nossa luta deve partir do local, mas deve ter uma perspectiva macro.
Público alvo: Este curso de formação politica é voltado em especial para juventude trabalhadora, no entanto não fecharemos as portas a qualquer pessoa que deseja participar do mesmo independente de idade. Para participar do mesmo não precisa está organizado em nenhum movimento.

Inscrições: O curso é gratuito, os participantes devem arcar apenas com o seu deslocamento para o local do curso bem como com a reprodução de algum material pedagógico. Devido a nossa limitação estrutural as vagas são limitadas a 26 participantes.

Financiamento:O Coletivo de Formação José Porfírio não é financiado por governos e nem por empresas privadas, contamos apenas com o apoio de organizações parceiras e de militantes comprometidos com a emancipação da classe trabalhadora, a exemplo da Casa 08 de Março – Organização feminista que atua na luta pelos direitos das mulheres tocantinenses. O nosso trabalho é militante e o que nos move é o compromisso com a formação e organização da classe trabalhadora e a luta anticapitalista e revolucionaria.

 Programa de formação

Tema
Data
Local
Conjuntura politica, econômica e social no Brasil e em especial no Tocantins.


08 de Março de 2014.

Dás 09h às 12h




Casa 08 de Março – Palmas – TO.
Questão Agrária – Os efeitos econômicos e sociais do agronegócio tocantinense.

22 de Março de 2014.

Dás 09 as 12h
Questão urbana – Direito a cidade (Moradia digna, mobilidade urbana, militarização e politica de higienização urbana).


12 de Abril de 2014.

Dás 09h ás 12h
Movimento contra opressões – A luta das mulheres, da juventude trabalhadora, dos negros, dos indígenas e dos LGBTs.

26 de Abril de 2014.

Dás 09h ás 12h
Organizar para desorganizar – O papel da juventude trabalhadora no movimento revolucionário.

10 de Maio de 2014.

Dás 09h ás 12h
Movimento cultural revolucionário – Literatura, Poesia, Teatro, Dança, Grafite, Stencil entre outros.

24 de Maio de 2014.

Dás 09 ás 18h

*Os horários e datas podem ser mudados de acordo com decisão coletiva.