quinta-feira, 24 de julho de 2014

19 mil jovens votaram pela primeira vez no Tocantins – A juventude que tomou as ruas contra a política hegemônica no estado vai às urnas.

Por Pedro Ferreira Nunes

Em junho de 2013 milhares de jovens tomaram as ruas das principais cidades do Tocantins na luta por direitos como também contra a política hegemônica que impera no estado. Um dos momentos mais significativos dessas mobilizações foi com certeza a manifestação em frente ao palácio Araguaia onde a juventude gritou palavras de ordem contra o Siqueirismo, mostrando sua indignação com um governo que não atende as necessidades do povo trabalhador, em especial da juventude. E também a manifestação em frente à assembleia legislativa – onde os manifestantes deram as costas para os ditos representantes do povo, que não representam o povo.

É impossível não se entusiasmar com o frescor e rebeldia de uma juventude que não esta disposta a viver em um estado dominado por duas oligarquias que se revezam no governo, atendendo aos mesmos interesses, os interesses da classe dominante, os interesses da burguesia. Na minha infância cansei de ouvir da população o argumento de que votavam no Siqueira Campos por que – ele rouba, mas faz. Infelizmente esse conformismo fortaleceu um grupo político que há décadas domina o executivo, legislativo e judiciário do Tocantins, que governa para uma minoria deixando a maioria da população na miséria.

No entanto essa mentalidade tem mudado, sobretudo por que a juventude trabalhadora tem tomado em suas mãos o papel de ser protagonista nas lutas populares desencadeada no estado. 19 mil desses jovens irão às urnas pela primeira vez (segundo dados da justiça eleitoral), muito deles irão sem nenhum entusiasmo, pois não se veem representados pelas organizações políticas tradicionais – que em vez de potencializar, castra os sonhos desses jovens.

Mesmo assim, muito desses jovens irão às urnas e votaram. Cabe por tanto as organizações revolucionarias disputar a consciência desses jovens, para que estes fortaleçam as candidaturas populares que lutam pelos direitos da classe trabalhadora e contra o capitalismo. Mas para tanto é fundamental que esses jovens sintam-se representados nessas candidaturas e não apenas se sintam representados, que possam também fazer parte dessas candidaturas.

A juventude é com certeza um dos segmentos que mais sofrem com as mazelas políticas que impera no Tocantins – serviços públicos de péssima qualidade, falta de políticas públicas especificas para juventude e oportunidades, ao contrario, em vez de atender os anseios da juventude trabalhadora, criminalizam suas lutas. É, portanto importante que as candidaturas populares assumam as bandeiras de luta da juventude trabalhadora. As candidaturas da esquerda devem ter um caráter de formação para despertar a consciência dessa juventude para necessidade de se organizar e lutar para mudarmos a situação política, econômica e social no Tocantins.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Conto: Um certo José

      Por Pedro Ferreira Nunes

Após mais um dia de trabalho José pega o ônibus de volta para casa, é o primeiro dos quatro que terá que pegar para chegar à periferia onde mora. Há oitos anos desde que chegou do interior que trabalha como faxineiro em um supermercado. Tinha mulher e quatro filhos.

José nasceu e cresceu em uma pequena cidade como muitas que existem no interior do nosso país. Não há trabalho, não há infraestrutura, não há condições para se viver dignamente. Nem se quer terra havia. A pequena chácara onde nasceu e cresceu juntamente com seus irmãos teve que abandonar devido à construção de uma usina hidrelétrica sobre o rio.

Quando morava na chácara mesmo passando dificuldade conseguia tirar da terra o suficiente para viver com dignidade, no entanto desde que fora obrigado a deixar sua terrinha passou a sobreviver às duras penas naquela pequena cidade que não lhe dava nenhuma condição para viver dignamente, assim ele juntou sua mulher e seus filhos e decidiu partir dali em busca de uma vida melhor em um grande centro.

Assim que chegou naquela cidade não teve dificuldade para arrumar um trabalho como faxineiro em um supermercado, havia muita gente do interior trabalhando na capital, e os trabalhadores de sua terra tinham a fama por ali de serem bons funcionários.

No entanto nem tudo eram flores, o salario mínimo que recebia se quer dava para sobreviver, mal podia pagar o aluguel do barracão onde morava com sua esposa e seus filhos, a comida era escassa, não havia nenhuma mordomia, mesmo com a esposa de José o ajudando com o seu salario de diarista.

José tinha a esperança de quem sabe um dia comprar sua casa própria, mas como se o dinheiro que ganhava mal dava para sobreviver? Passou se um ano, três, seis, já havia oito anos que estavam ali, mas a vida não melhorava. José continuava pagando aluguel e sobrevivendo com um salario de fome.

As vezes ele pensava na sua terra, no interior onde vivera, na chácara onde crescera e teve que abandonar para que o governo pudesse construir uma usina hidrelétrica para vender energia e encher o bolso de dinheiro das elites locais. Pensava em voltar um dia, mas sabia também que a vida por ali não seria fácil, naquela cidade pelo menos tinha trabalho, não era grande coisa, mas era melhor do que nada.

José continuava a sua rotina, tinha a esperança de um dia sair do aluguel, sua esposa já não tinha tanta esperança assim e, portanto decidiu voltar para o interior com os filhos e deixar José só ali. No dia em que ele chegou ao barracão em que morava e viu que sua esposa havia o deixado, ele perdeu o chão, não podia acreditar, foi para um bar bebeu todas, no outro dia não conseguiu ir para o trabalho.

No outro dia quando chegou ao trabalho seu gerente deu lhe uma grande bronca e o fez assinar uma advertência por ter faltado o trabalho, nos oito anos que estava ali ele nunca havia faltado e mesmo assim na primeira vez que fizera levara uma grande bronca do patrão e teve que assinar uma advertência.

José seguia no ônibus de volta para o barracão onde morava de aluguel, sentia muita falta de sua mulher, de seus filhos, queria tê-los a seu lado, sonhava um dia sair do aluguel e ter uma casa própria. Ouvia a propaganda política do governo dizendo que estava acabando o déficit habitacional, já havia oito anos que José havia assinado um cadastro e nada de sua casa sair.

Passou se dez, vinte, trinta anos e José continuava como faxineiro no chão daquele supermercado. Nunca mais soube noticia de sua mulher, dos seus filhos, não voltou mais para terra onde nascera e crescera, continuava morando de aluguel em um barracão, sozinho.

Após mais um dia de trabalho e enfrentar o transporte caótico de volta para o barracão onde morava. José tranca-se no seu quarto, deita em sua cama e adormece. Sonha com sua mulher, com seus filhos, todos estão na cidade do interior onde ele nasceu e cresceu. Vivendo felizes na pequena chácara de sua família.


José adormece profundamente e já mais acorda novamente, enfim realiza o sonho de conseguir uma casa própria, sete palmos de terra de onde já mais será tirado. No cemitério da cidade do interior onde nasceu e cresceu, ali viverá eternamente ao lado de seus pais, irmãos, mulher, filhos e amigos.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Conjuntura política no Tocantins - Eleições 2014.

 1-       Cenário eleitoral de 2014

Por Pedro Ferreira Nunes

Ao contrario de 2010 quando tivemos apenas duas candidaturas ao governo do Tocantins, neste ano teremos 5 candidatos. São eles: Sandoval Cardoso (SD), Marcelo Miranda (PMDB), Ataídes Oliveira (PROS), Joaquim Rocha (PSOL) e Carlos Pontengi (PCB).

Essa mudança no cenário eleitoral tocantinense se deu pelas seguintes questões;

a-      Devido ao péssimo governo de Siqueira Campos eleito em 2010, que não conseguiu manter a base de apoio que o elegeu. Sem condições de concorrer à reeleição Siqueira pretendia que seu filho Eduardo concorresse em seu lugar, tanto que o velho Siqueira renunciou o mandato de governador para viabilizar a candidatura do filho. Porém a baixa popularidade de Eduardo e a forte rejeição do seu nome pela base de apoio do atual governo fez com que seu nome fosse preterido. Assim os Siqueiras fazem um recuo estratégico, abrindo mão de disputar a atual eleição para apoiar a candidatura de Sandoval Cardoso (SD) que é ex-presidente da assembleia legislativa e atual governador do Tocantins, eleito indiretamente após á renuncia do velho Siqueira.

b-      Se por um lado os Siqueiras não fizeram um grande governo, por outro lado à oposição tradicional também não teve capacidade de unificar-se para se colocar como uma força alternativa ao Siqueirismo. Parte dos que hoje estão na oposição estavam na base de apoio do governo Siqueira até pouco tempo atrás, como por exemplo, os senadores Kátia Abreu e Ataídes Oliveira e o deputado Marcelo Lelis. Assim a oposição terá duas candidaturas que será a de Marcelo Miranda (PMDB) que terá Marcelo Lelis (PV) como vice e Kátia Abreu (PMDB) disputando o senado. A outra candidatura é do senador Ataídes Oliveira (PROS) com o deputado Sargento Aragão disputando o senado.

c-      A grande novidade neste novo cenário são duas candidaturas do campo popular, algo que nunca aconteceu na historia do Tocantins. O PSOL apresentou a candidatura do médico Joaquim Rocha – é a segunda vez que o partido lança candidato ao governo do estado nas eleições diretas. Já o PCB que disputa pela primeira vez uma eleição no Tocantins lançou o nome do bancário Carlos Pontengi de Porto Nacional.

2-      Mais do mesmo

As candidaturas de Sandoval Cardoso (SD), Marcelo Miranda (PMDB) e Ataídes Oliveira (PROS) podem ser colocadas no mesmo pacote, como diz um velho deitado – são tudo farinha do mesmo saco. Todos são representantes da velha politica feita no Tocantins e que defendem o mesmo projeto de desenvolvimento para o estado de favorecimento ao agronegócio exportador e aos megas empresários e especuladores. Para o resto da população apenas migalhas.

Mas não nos iludamos, em um país onde o poder econômico é o fator principal das vitorias eleitorais, as candidaturas populares dificilmente terão alguma chance contra as candidaturas tradicionais e que contaram com amplo apoio financeiro por parte de multinacionais. Muito provavelmente haverá uma bipolarização dessa eleição entre Sandoval Cardoso x Marcelo Miranda.Já Ataídes Oliveira corre por fora.

Sandoval Cardoso é o atual governador do estado, eleito indiretamente após á renuncia de Siqueira Campos. Por tanto concorre à reeleição, além de contar com á maquina do estado a seu favor, terá uma base de apoio de 17 partidos (SD, PR, PDT, PRB, PSDB, PTB, PTC, PEN, PPS, PSB, PHS, PSL, PRTB, DEM, PP, PRP e PSC). Por tanto não será fácil derrota-lo tal como imaginava alguns analistas. Por outro lado Sandoval Cardoso pertence à base Siqueirista, que não lhe deixou uma herança muito boa, podendo por tanto prejudicar a sua candidatura.

Marcelo Miranda já foi eleito governador duas vezes, no entanto não conseguiu concluir seu segundo mandato em 2006, pois foi cassado pela justiça eleitoral, mesmo assim é bastante conhecido em todo o estado, é bem popular e lidera as pesquisas – Terá muito provavelmente o apoio do PT nacional, pois é amigo de Lula, além do PMDB, PV, PSD e parte do PR. Marcelo Miranda tem muitos problemas na justiça eleitoral, em 2010 ganhou a disputa para o senado, mas não conseguiu assumir. Essa pode ser mais uma eleição que ele poderá ganhar, mas não levará.

Já Ataídes Oliveira do PROS é pouco conhecido pela maioria da população, sobretudo no interior. Nunca concorreu a uma eleição majoritária, tornou-se senador ao herdar a vaga do falecido João Ribeiro, de quem era suplente. Ataídes Oliveira acredita que pode ser um novo Amastha (rico empresário que venceu a ultima eleição para prefeitura de Palmas) no inicio da disputa Amastha estava atrás de Luana Ribeiro e Marcelo Lelis, e ao final conseguiu vencer. No entanto é outra eleição, onde dificilmente esse fenômeno se repetirá. Mas não podemos subestimar a sua candidatura, pois estrutura financeira não lhe faltará como também uma base de apoio considerável – PROS, PTN, PPL, PMN, PSDC, PC do B e PT do B.

3-      O campo popular

PSOL-TO mais uma vez dividido!

O PSOL-TO tal como em 2012 nas eleições municipais em Palmas, vai dividido novamente. As brigas internas constantes faz com que o partido nunca se consolide de fato no Tocantins - tornando-se tal como em outros estados uma alternativa real para classe trabalhadora. O Médico Joaquim Rocha candidato ao governo do estado, não é unanimidade no partido, foi um nome imposto pelo setor majoritário, o que mais uma vez ocasionou numa divisão interna. Contrariando a tradição democrática do PSOL não houve disputa de previas como em outros estados.

Como reflexo dessas disputas internas no inicio do ano um grupo de militantes deixou o partido, onde já denunciava uma espécie de intervenção branca da direção nacional do PSOL favorecendo um grupo que tem inclusive ligações com o prefeito de Palmas, Carlos Amastha do PP. A atual direção majoritária no estado que é bancada pela direção nacional tem conseguido enterrar o bom nome que o partido tem a nível nacional no Tocantins - com decisões autoritárias, imposta goela abaixo da militância, o PSOL no Tocantins não se diferencia muito dos partidos da ordem, assim a candidatura do Médico Joaquim Rocha tende ao fracasso. Não só pela falta de estrutura do partido, mas pela pouca capacidade do moderadíssimo Joaquim Rocha, do candidato ao senado Elvio Quirino e dos oportunistas que o rodeia de apresentar um projeto popular de transformação do modelo hegemônico vigente no Tocantins.

PCB busca se consolidar no estadoe fortalecer a luta da classe trabalhadora

Recém-criado no Tocantins, o PCB parte para sua primeira disputa eleitoral no estado. O candidato do partido será o bancário Carlos Pontengi e contará também com a educadora popular Seissa como candidata ao senado. Até o momento a candidatura do PCB é quem melhor tem se apresentado como uma real alternativa contra a velha política que impera no Tocantins. Sem ilusões de que ganhará as eleições, o partidão – irá denunciar as mazelas do modelo hegemônico vigente, defendendo os direitos da classe trabalhadora e apontando para as necessidades de uma transformação radical da sociedade que vivemos.

O PCB também tem dito uma linha bastante importante de chamar os movimentos populares para construir coletivamente o programa de governo que será defendido por Carlos Pontengi.

Se executar aquilo que esta planejando o PCB com certeza dará uma grande contribuição na formação, organização e luta da classe trabalhadora tocantinense, papel que até pouco tempo atrás defendíamos que deveria ser feito pelo PSOL. No entanto acreditamos que o PCB tem total condição para tanto e, portanto deve ser fortalecido por todos os militantes revolucionários que atuam no Tocantins.

“Se os comunistas tem razão, então eu sou o louco mais solitário em vida. Se eles estão errados, então não há esperança para o mundo.”
Jean-Paul Sartre
Pedro Ferreira Nunes
Poeta, escritor e educador popular
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Plínio de Arruda Sampaio, Presente!!! Uma vida dedicada à militância em defesa da classe trabalhadora!

“Dormi, água das batalhas, descansem em paz vossa alma! Irmão bem mereceis repouso e felicidade eternas!”

No intervalo do jogo da seleção Brasileira de futebol contra a Alemanha recebi a triste noticia da morte do grande Plínio de Arruda Sampaio – histórico militante socialista que dedicou grande parte da sua vida a luta por um país justo e igualitário. Noticia esta que me deixou extremamente triste, pois a perda de tão valoroso camarada é com certeza uma grande perda para esquerda revolucionaria não só brasileira como também mundial.

Plínio de Arruda Sampaio sempre foi uma grande referencia de coerência e dedicação em defesa dos direitos da classe trabalhadora, em especial a luta do campesinato sem terra. Foi um dos mais ferrenhos defensores de uma reforma agrária radical no Brasil – luta esta que o levou a esta na lista dos 100 primeiros cassados durante o golpe militar de 1964. Foi com certeza uma grande inspiração para que me tornasse um militante marxista revolucionário.

Uma das experiências mais importante na minha militância política que guardarei para sempre na memoria será com certeza a campanha a presidente da republica de Plínio de Arruda Sampaio em 2010 pelo PSOL. Onde eu tive a oportunidade de conhecê-lo e esta com ele em Goiânia e Brasília.

Ainda no período de disputa interna dentro do PSOL para definir quem seria o candidato do partido a presidência da republica lembro-me de pegar o ônibus e seguir sozinho para o interior de Goiás defendendo o nome do camarada Plínio, em cidades que eu nunca havia ido e onde não conhecia ninguém. No entanto por saber a importância de ter o camarada Plínio como nosso candidato eu encarava qualquer tarefa.

Nunca havia participado tão entusiasticamente de uma campanha – indo nas portas das universidades, nos terminais de ônibus, na periferia de Goiânia, nos acampamentos e assentamentos do campesinato sem terra. Assistia a todas as entrevistas e debates de que ele participava e quanta coisa eu aprendi, quanta experiência que adquiri neste processo, em especial na militância feita junto ao comitê goiano em apoio a sua campanha.

Nunca ninguém defendeu com tanto entusiasmo e tão bem em uma campanha eleitoral as bandeiras históricas da classe trabalhadora, nunca ninguém defendeu tão bem um projeto socialista para o Brasil – duro nos debates, mas sem perder a ternura.

Plínio já anunciava em sua campanha o que estaria por vim, e nós vimos em junho de 2013 milhares tomando as ruas desse país lutando por aquilo que Plínio defendia em sua campanha em 2010 – que nós socialistas revolucionários sempre defendíamos e continuaremos defendendo. E o velho Plínio estava lá nas ruas, tal como muito daqueles jovens provavelmente estavam lá inspirado em suas palavras – o impossível torna-se possível se você quiser... ousem, ousem, não aceite o discurso do proibido.”

Para o campesinato sem terra ele deixou um grande recado – “ou o povo com o seu poder popular impõem uma reforma agrária ao governo ou o governo não fará uma reforma agrária”. Mas do que nunca precisamos seguir essas palavras.

A morte do camarada Plínio de Arruda Sampaio nos deixa triste, mas conforta-nos saber que o seu exemplo continuará vivo e o seu espirito com certeza continuará ao nosso lado nas lutas que travaremos pela emancipação da classe trabalhadora da cidade e do campo. O exemplo do camarada Plínio com certeza dará belos frutos - nós assumimos o compromisso de continuar na luta seguindo este exemplo. A sua família o nosso mais profundo pesar.

Por fim termino lamentando que nesta próxima eleição não tenhamos o camarada Plínio com o seu carisma e entusiasmo, o que não me deixa nem um pouco entusiasmado com essas eleições. Mesmo assim espero que as campanhas da esquerda revolucionária se inspirem em seu exemplo.

A maioria do povo brasileiro influenciada pela grande mídia, em especial a burguesia lembrara-se do Oito de julho de 2014 como um dia triste por que a seleção brasileira de futebol sofreu uma derrota histórica para seleção alemã, mas para nós militantes revolucionários, que lutamos por um país justo e igualitário, sempre nos lembraremos desse dia como o dia em que a classe trabalhadora perdeu um dos seus filhos mais ilustre – o camarada Plínio de Arruda Sampaio.

Pedro Ferreira Nunes
Poeta, escritor e educador popular


Lajeado-TO, 09 de julho de 2014.

terça-feira, 1 de julho de 2014

Lançamento virtual do livro ‘’A nossa luta é pra vencer’’ – Diário da ocupação da superintendência regional do INCRA-GO. De junho a julho de 2011.

Após 04 anos da ocupação da superintendência regional do INCRA-GO organizada pelo Movimento Popular Terra Livre, pelo Movimento de Libertação dos Sem Terra – MLST, pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar – FETRAF, pelo Movimento de Volta dos Trabalhadores ao Campo – MVTC e pelo Movimento Brasileiro dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MBTR que culminou com a queda do então superintendente do órgão o senhor Rogerio Arantes.

Resolvemos reorganizar e lançar no formato de livro digital o diário da ocupação escrito no período dessa importante ação do movimento por reforma agrária em Goiás e que foi amplamente divulgado em sites e blogs de norte a sul do país. Aproveitei para acrescentar alguns comentários como também algumas cenas dos bastidores da ocupação que não foi para o diário.

O objetivo desse livro é resgatar essa importante luta do movimento popular por reforma agrária em Goiás, bem como no sentido de servir de exemplo para aqueles que continuam resistindo na luta por essa importante bandeira.

Mesmo com a vitória da ocupação precisamos ressaltar que após quase quatros anos de governo Dilma (PT) – aqueles que lutam por uma reforma agrária de fato em todo o Brasil não tem muito que comemorar, ao contrario tivemos mais retrocessos que avanços na luta contra o latifúndio e o agronegócio. Ano após ano o governo Dilma bate recordes negativos em relação ao assentamento de novas famílias, assim como aprova leis como a reforma do código florestal que fortalece o agronegócio.

A ocupação da superintendência do INCRA de Goiás em 2011 não foi apenas uma ação para derrubar o então superintendente que lá estava defendendo os interesses dos ruralistas, mas foi, sobretudo uma ação em defesa da reforma agrária. Infelizmente os grandes movimentos de luta por reforma agrária hoje no Brasil estão extremamente recuados – as tentativas de unidade entre as organizações após o congresso camponês em 2012 pouco se efetivou e muita pouca luta se fez contra o avanço do agronegócio. Apesar da conjuntura difícil é extremamente importante continuarmos resistindo e lutando por uma reforma agrária de fato no Brasil e nesse sentido espero que esse resgate histórico possa contribuir.

O livro será distribuído gratuitamente no formato digital (PDF) quem se interessar em adquirir o mesmo entre em contato comigo pelo e-mail: pedro-ferreira2000@hotmail.comque eu encaminharei uma copia do mesmo. O lançamento virtual do livro será no dia 22 de julho 2014 – O dia em que desocupamos a superintendência do INCRA de Goiás após 26 dias de muita luta e resistência.

Abraços revolucionários,


Pedro Ferreira Nunes

terça-feira, 24 de junho de 2014

O assassinato de um rio, o assassinato de um povo!

UHE LAJEADO-TO
*Por Pedro Ferreira Nunes

Um dia desses conversando com minha mãe falávamos a cerca do desaparecimento de algumas espécies de peixes e a diminuição de outras, no rio Tocantins após a construção da usina hidrelétrica do Lajeado. Peixes que outrora havia em abundância como, por exemplo, o mandi moela e o facão hoje em dia já não se vê como também é raro pegar um jau, pirarara, dourado entre outros.

O sumiço de algumas espécies de peixes após a construção da usina hidrelétrica é percebido facilmente, isso apenas após 12 anos da conclusão da mesma. A população ainda não percebeu esse grave problema, sobretudo por que ainda há uma grande quantidade de peixes no rio, mas é fato que se não houver uma maior preocupação por parte das autoridades responsáveis, órgãos de fiscalização ambiental, mas, sobretudo da população de Lajeado, que tira do rio Tocantins a sua principal fonte de sobrevivência o futuro do rio e da população que aqui vive não é animador.

- Será se teus filhos e netos terão a oportunidade de ver essa abundancia de peixes? Acho difícil.

Esse questionamento de minha mãe revela a preocupação com o futuro das novas gerações. E vindo de alguém que nasceu e cresceu nas margens desse rio muito antes da construção da usina hidrelétrica de fato torna essa possibilidade real.

É difícil convencer as pessoas que sempre viram abundancia de peixes no rio Tocantins que no futuro não poderemos ter toda essa riqueza. Mas é fato que se não preservarmos o meio ambiente, em um futuro não muito distante sofreremos as consequências. Tanto que já podemos ver a diminuição da diversidade das espécies de peixes que outrora eram abundantes por aqui.

Nesse sentido uma das ações fundamentais que deve ser desenvolvida com a população da cidade e com os turistas que frequentam o rio é relativo à educação ambiental para que os mesmos saibam a importância de preservarmos as espécies de peixes que nele vivem. Assim os órgãos ambientais e a colônia de pescadores tem um papel fundamental neste processo.Infelizmente o que vemos por parte dos órgãos ambientais de fiscalização é, sobretudo um processo de tentativa de criminalização dos pescadores enquanto deveriam atuar fazendo formação e conscientizando a população.

O rio que dá nome ao estado do Tocantins vem sendo assassinado há vários anos pelos governos de plantão com a construção de usinas hidrelétricas ao longo do seu leito. Usina hidrelétrica de Lajeado, Peixe Angical, São Salvador, além do projeto de construção de outras. Segundo os seus idealizadores o objetivo é gerar energia para desenvolver o Tocantins economicamente e socialmente. Na pratica o que vemos é a destruição ambiental do nosso bioma cerrado, da nossa fauna e flora.

A compensação financeira que é dada aos municípios pela construção de usinas hidrelétricas. Não compensa o que a população perde com a destruição do meio ambiente. Recursos financeiros estes que muitas vezes se esvai pelo ralo da corrupção. E também não se justifica pela melhoria da qualidade do serviço, já que mesmo tendo uma das maiores usinas hidrelétricas do país no município a qualidade e o valor absurdo das contas de energia mostra o contrario.

Assassinar o rio Tocantins é assassinar o povo que vive no seu leito e depende dele para sobreviver. Precisamos parar este processo já – vamos juntos!

* Militante do Coletivo de Educação Popular José Porfiro -

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Cronica: Festa Junina

Por Pedro Ferreira

Ontem fui ao arraial de Lajeado, fazia um tempo que não ia ver as quadrilhas dançarem nas festas juninas. O povo do norte e nordeste brasileiro gosta muito dessa festa. Quando eu era pequeno inclusive gostava de dançar no colégio, passávamos vários meses ensaiando só para apresentar para comunidade que participava do arraial na escola. Era muito divertido, além da quadrilha no colégio, também tinha a do bairro.

As quadrilhas tem origem na tradição camponesa de comemorar o período da colheita, por isso umas das coisas marcantes das festas juninas são a culinária, a abundancia de comida. Muita comida e bebida. Pamonha, milho assado, pé de moleque, quentão entre outras gostosuras.

Mas a parte melhor sem duvida eram as quadrilhas. O caminho da roça, o casamento, os figurinos simples, o chapéu de palha, as camisas quadriculadas, os vestidos de renda. O som da sanfona, do zabumba, do pandeiro e do triangulo. Tudo era muito simples, qualquer um podia participar.

As festas juninas era um jeito de lembrar a nossa origem camponesa, resgatar nossos costumes, celebrar nossa cultura, matar a saudade do campo. Da nossa terra de onde fomos obrigados sair para dar lugar à monocultura de soja, cana de açúcar, eucalipto, pasto pra gado ou para construção de usinas hidrelétricas.

Ontem fiquei olhando a festa junina aqui no Lajeado, há algum tempo não ia a uma quadrilha. Fiquei triste pelo que vi, as coisas mudaram tanto. A festa junina deixou de ser um espaço de diversão para se tornar um espaço de competição. As músicas aceleradas que nada lembra o forrozinho pé de serra. Agora se tornaram uma espécie de forró enredo.

O figurino todo cheio de brilho parecendo fantasias de carnaval, muitos passos foram modificados, alguns desapareceram a exemplo do bêbado e do veado, dizem que agora é quadrilha politicamente correta. Ai de nós, não é para tanto. As quadrilhas pulam alucinadamente, são tudo cronometrado, coreografado, quadrilhas enlatadas, industrializadas.


Senti saudade do meu tempo de criança, das quadrilhas no colégio, do grupo do império na baixa preta, bairro onde morava. Da diversão que era. Da animação. Quando se dançava quadrilha não para se disputar troféu ou ganhar dinheiro, mas para festejar e relembrar a nossa origem camponesa. As quadrilhas de hoje infelizmente estão mais para carnaval. Que pena, que pena.