quinta-feira, 20 de junho de 2019

Slavoj Zizek: A mentira como elemento importante para manutenção do sistema legal.

“A fraude é só o que sustenta o sistema legal,
É fato, não é boato, não li no jornal.”
Matanza

Os discursos dos envolvidos nas denúncias desencadeadas pelo site Intercept acerca do envolvimento direto (orientando o ministério público) do então juiz Sérgio Moro no processo de investigação contra o ex-presidente Lula, me fez recordar um documentário em que o filósofo esloveno Slavoj Zizek faz análises dos discursos ideológicos no cinema. Especialmente do filme Batman – o cavaleiro das trevas. Onde ele nos chama atenção para a mentira como elemento importante na manutenção do sistema legal.

No filme dirigido por  Christopher Nolan (2008) a mentira é o principal elemento (chegando a um nivel de principio social) utilizado pelas autoridades de Gotham City para pegar o grande vilão – Coringa. O promotor público Harvey Dent mente ao assumir a identidade do homem morcego, o comissário da Polícia – Gordon – fingi sua morte. E o Batman assume os crimes cometidos pelo promotor público na sua busca implacável por pegar o vilão e fazer justiça. A ideia é que para fazer justiça, sobretudo quando se enfrenta determinados inimigos, é necessário ignorar alguns princípios éticos e morais.

Foi o que fez Bush (o filho) na sua guerra ao terror após os ataques as torres gêmeas em Nova York. Sobretudo no episódio de invasão do Iraque que culminaria na queda de Sadan Hussein. Quem não se lembra do discurso de Bush (então presidente do EUA) e do primeiro-ministro britânico Tony Blair afirmando nos seus respectivos parlamento a existência de armas químicas no território iraquiano para justificar a invasão militar?! A existência dessas armas mostrou ser uma grande mentira. É a partir daí que Zizek dirá que a mentira é utilizada para manter a ordem e como política de defesa de uma sociedade.

A população em geral precisa acreditar no funcionamento democrático das instituições – e se tratando do judiciário, da sua neutralidade. Segundo o filósofo se a população tomasse consciência de como funciona os mecanismos institucionais, do que de fato representam – se tornariam incrédulos e deixariam de confiar neles. O que é perigoso para a ordem dominante. Por isso é preciso manipular a opinião pública – mentir sem pudor para que a população continue acreditando nas instituições democráticas – no sistema legal que é corrupto.

Sérgio Moro tem consciência disso e o seu  discurso caminha nesse sentido. Ele chama atenção para o fato de que os ataques não é contra ele, mas sim contra as instituições – são as instituições que estão sendo atacadas ao se divulgarem a manipulação por trás de determinadas decisões judiciais, colocando em cheque o mito da neutralidade da justiça. E essa sangria precisa ser estancada o quanto antes para que a população não se rebele. Para tanto se tiver que ter mais manipulação da opinião pública e mais mentiras não tem problema, por exemplo, dizendo que o que foi dito não foi dito – colocando em questão a autenticidade dos diálogos. A partir daí a idéia  é mudar a estratégia do discurso – é preciso sair da defensiva e partir para ofensiva, sobretudo tendo passado o momento de perplexidade inicial diante do material divulgado pelo Intercept.

Começa-se a tirar o foco das fraudes cometidas pelo então juiz Sérgio Moro e os promotores da lava jato e passa se questionar a altencidade dos diálogos bem como a forma que foram adquiridos. Afinal de contas todos logo perceberam que Moro está correto ao falar que o que está na reta não é só o dele ou do Dallagnol, mas sim a legitimidade das instituições. Daí que o discurso tanto do executivo, do legislativo e do judiciário com o apoio da imprensa é que a operação lava jato deve ser protegida, pois questionar a sua legitimidade é questionar a legitimidade das instituições – do sistema legal.

É preciso também identificar e punir o responsável ou responsáveis por vazar os diálogos entre Moro e o grupo de promotores da lava jato para que se iniba ameaças de invasões e divulgações de conversas entre outras autoridades. Assim como está fazendo o governo Norte Americano e seus aliados contra Julian Assange que ousou através do WikiLeaks, divulgar os crimes (violação dos direitos humanos e utilização ilegal dos dados dos usuários) cometidos por esses governos. 

Para Zizek, Assange “não está vigiando o povo para quem está no poder, ele está vigiando quem está no poder, para o povo”. É por isso que ele é um perigo para o status quo e deve ser tirado de circulação assim como outros que revelam as fraudes que sustentam o sistema legal. 

A estratégia de Moro e o seu grupo aliado vem dando certo, até por que o grupo opositor, apesar das críticas ao judiciário, não ousa questionar o sistema legal. Não defende uma ruptura radical com a estrutura hegemônica. Pelo contrário, recorre a esse para tentar reverter determinadas decisões – o que dificilmente ocorrerá. Há não ser que haja uma postura mais radical contrária as fraudes cometidas por Sérgio Moro, Dallagnol e companhia. Inclusive apontando para uma desobediência ao sistema legal – o que também é improvável. 

Por fim, enquanto isso não acontece, como diz uma canção do Matanza que descreve brilhantemente o espírito do nosso tempo (orgulho e cinismo), a fraude continuará sustentando o sistema legal. Sendo assim o status quo não poderia ter criado um herói melhor para representar esse sistema (Sérgio  Moro) tal como Gothan City fez com Harvey Dent.

Por Pedro Ferreira Nunes  - Educador Popular e Licenciado em Filosofia pela Universidade Federal do Tocantins.

segunda-feira, 17 de junho de 2019

Movimentações político-partidárias no Tocantins para 2020

As articulações políticas com vistas às eleições municipais de 2020 no Tocantins estão á todo vapor. E em relações a essas movimentações o ponto que chama atenção é o domínio dos partidos tradicionais. Contrariando a tendência das eleições de 2018 á nível nacional que viu um recuo nessas legendas, especialmente o PSDB e MDB.

É verdade que o Tocantins já havia contrariado essa tendência nas próprias eleições de 2018 elegendo na grande maioria políticos dos partidos tradicionais que estavam ocupando ou já haviam ocupado cargos públicos eletivos. E ao que parece essa tendência se manterá nas eleições de 2020. É o que se percebe na conjuntura atual, sobretudo ao analisarmos a movimentação de partidos como o MDB e o DEM.

Aliás, o MDB é quem mais tem se movimentado, no entanto sem trazer novidades, o que ficou claro ao eleger Marcelo Miranda a presidência regional da legenda. Em certa medida ao assumir o comando do partido a nível regional, Miranda evita uma possível ascensão do senador Eduardo Gomes a direção do partido – o que poderia significar um isolamento maior e até mesmo o fim político do ex-governador. Por enquanto o discurso é de harmonia entre o grupo tradicional comandado por Marcelo Miranda e o senador Eduardo Gomes, resta saber até quando essa harmonia prevalecerá. 

Muito provavelmente as divergências ficaram mais evidente quando começarem a se definir as alianças e os apoios a determinados candidatos que não estão nessa aliança – uma prática bastante comum no Tocantins. E se falando de Eduardo Gomes que mantém diálogo com diferentes partidos, inclusive de campos opostos, esse apoio a candidatos que não são do MDB não será novidade.

Mas de qualquer forma, independentemente das disputas internas, o MDB está se estruturando para eleger um número significativo de prefeitos, especialmente nos pequenos e médios municípios tocantinenses onde a política tradicional domina – e a partir daí se fortalecer mais ainda para a disputa pelo Palácio Araguaia em 2022. Já nos grandes municípios o partido pode até lançar candidaturas majoritárias, mas com pouca chance de saírem vitoriosas.

Outro partido tradicional que tem se fortalecido e se apresentará como uma grande força nas eleições municipais é o DEM, sobretudo agora com a vinda do governador Mauro Carlesse e outras lideranças políticas. O crescimento da legenda no Tocantins segue o fenômeno nacional especialmente após a eleição dos presidentes da Câmara e do Senado (Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre), como também dos importantes cargos que ocupa no governo Bolsonaro (Casa Civil, Agricultura e Saúde ).

Esse crescimento é também resultado da fragilidade do PSL (partido do presidente) em se estruturar como uma força política regional, minimamente capaz de atrair novos quadros. Tendo o presidente da república era natural que se fortalecesse como partido, até por que nas eleições de 2018 teve uma votação expressiva, inclusive chegando a eleger uma deputada estadual (Vanda Monteiro), mas a linha autodestrutiva do PSL afasta mais do que agrega. O que é bom para os partidos que possuem estruturas mais orgânicas, como é o caso do DEM.

Mas o DEM também precisará superar as divergências internas, pois assim como o MDB, sofrerá com os embates entre o grupo tradicional que comanda a legenda no Tocantins e os novos filiados. Mesmo se não superar as divergências, dificilmente não conseguirá eleger um número razoável de prefeitos e vereadores, pois afinal de contas estão com a máquina pública estadual na mão, e essa é sempre um fator decisivo, como se viu na própria eleição do Carlesse ao palácio Araguaia. 

Por enquanto são essas duas forças politico-partidárias que estão se organizando com mais afinco para as eleições municipais de 2020 no Tocantins. E serão provavelmente as que protagonizaram a maioria das disputas nos municípios. No entanto isso não significa dizer que não haverão outras forças politico-partidárias nas disputas. Por exemplo, não se pode descartar o PSD do Senador Irajá Abreu que sempre elege um número razoável de prefeitos, sobretudo nos pequenos municípios. Como também partidos como o PR, PP e PSDB. 

Isso deixa mais evidente ainda o domínio das siglas tradicionais – o que tem como consequência a perspectiva de uma renovação pequena ou pior, nenhuma renovação do ponto de vista político-partidário nas próximas eleições municipais. É óbvio que até lá muita coisa pode acontecer, de modo que não dar para ser ingênuo ao ponto de fazer qualquer afirmação de como será. O nosso exercício aqui, é a partir da análise da conjuntura atual, apontar um possível cenário futuro.

E esse exercício é fundamental não só para quem quer compreender o quadro político atual no Tocantins, mas sobretudo para quem quer intervir no sentido de buscar superá-lo. É possível superá-lo? Isso dependerá da nossa capacidade de organização e resistência ao que está posto até o momento.

Pedro Ferreira Nunes – É Educador Popular e Licenciado em Filosofia pela Universidade Federal do Tocantins. 

segunda-feira, 10 de junho de 2019

Por que dizemos não a Reforma da Previdência do Governo Bolsonaro

“Planejaram febrilmente o Brasil ia mudar. 
Congelaram a Pátria pra botar as coisas no lugar.
 Todo mundo, o mundo inteiro essa farsa engoliu. 
O povo se fundei e o Brasil faliu!”
Ratos de Porão 

O Governo Bolsonaro, os patrões e os grandes meios de comunicação não estão medindo esforços para convencer a população de que a reforma da previdência é a solução para tirar o Brasil dá completa falência. Inclusive, chegando ao ponto de utilizar o velho terrorismo psicológico, de que sem a reforma faltará recurso não só para o pagamento dos futuros beneficiários mas também para quem já recebe. Será mesmo? Então não temos alternativa se não aprovar a reforma previdenciária para que o Brasil não caia num grande precipício.

Essa tática não é nova e já foi utilizado por outros governos para retirar direitos dos trabalhadores. E no final das contas, quem sempre paga a conta, são os trabalhadores, em especial os setores mais palperizado como o campesinato pobre e os que dependem do benefício de prestação continuada. Diante disso não tem como concordar com as mudanças que estão sendo propostas, ainda mais com o discurso enganoso de que os mais ricos serão os mais penalizados. 

Ora, qualquer mudança que coloca em risco o sistema previdenciário público é evidente que prejudicará os mais pobres, pois esses não tem nenhuma condição de financiar uma previdência privada para garantir uma aposentadoria no futuro. 

De início parece ser positivo sobretudo o fato de estabelecer uma idade mínima para todos, tirando assim o privilégio dos mais ricos que se aposentam geralmente mais cedo (por tempo de serviço), mas na verdade é uma armadilha que inviabilizara a aposentadoria de parte significativa da população, especialmente os de baixa renda que estão na informalidade e é óbvio teram mais dificuldade de atingir a idade mínima para se aposentar. O que será ainda mais cruel com as mulheres pobres, que quando engravidam tem que deixar o mercado de trabalho e quando retornam estaram em desvantagem em relação aos demais. 

Outro ponto da proposta de reforma da previdência do governo Bolsonaro que prejudica os mais pobres são as mudanças no benéfico de prestação continuada (BPC). A ideia é reduzir o benefício para R$ 400,00 a partir dos 60 anos de idade, e a partir dos 65 anos é que então receberá o salário mínimo. É importante salientar que o benéfico de prestação continuada é uma política de assistência social não só voltada para idosos de baixa renda, mas também para famílias que tem algum membro familiar deficiente. De modo que qualquer mudança que reduz o seu valor bem como dificulta o acesso a esse benefício é inadmissível. 

E ainda pior do que os pontos anteriores, são às propostas de alteração na aposentadoria rural. O Governo propõe a idade minima, tanto para o homem quanto para a mulher, de 60 anos e a comprovação de uma contribuição mínima de 20 anos. Tais mudanças são perversas por que não leva em consideração a realidade do meio rural brasileiro, e a situação de exploração, violência e miséria que o campesinato pobre enfrenta. De modo que tais mudanças, se aprovadas, contribuíram para aumentar a grande desigualdade que já existe no campo brasileiro. Ao dificultar o acesso desses trabalhadores a uma aposentadoria digna o governo Bolsonaro com o apoio do Congresso Nacional estará lhes condenando a miséria nas periferias das grandes cidades.

Que o Brasil está caminhando para um grande precipício não é segredo para ninguém. E não será a reforma da previdência, nos moldes apresentado ao Congresso Nacional, que irá evitar que isso aconteça. Essa apenas irá piorar (e não há malabarismo teórico capaz de comprovar o contrário) a situação que já é ruim para os pobres.

Mas não se desespere, há alternativa, por exemplo, uma reforma tributária, taxação das grandes fortunas, reforma agrária, estatização de empresas estratégicas entre outras. No entanto qualquer uma dessas alternativas passa pela (alternativa principal) queda do Governo Bolsonaro ou se não nos restará lamentar cantando uma velha canção do Ratos de Porão – “planejaram febrilmente o Brasil ia mudar. Congelaram a Pátria pra botar as coisas no lugar. Todo mundo, o mundo inteiro essa farsa engoliu. O povo se fundei e o Brasil faliu!”.

Por Pedro Ferreira Nunes – Educador Popular e Licenciado em Filosofia pela Universidade Federal do Tocantins. 

quinta-feira, 6 de junho de 2019

Um poema para Semana do Meio Ambiente

Chapadão

Atearam fogo no chapadão
transformaram em pasto
para criar gado pra exportação.

Atearam fogo no chapadão
plantaram soja e cana de açúcar
por todo o sertão.

Atearam fogo no chapadão
as florestas de eucalipto
destruíram o cerradão.

Atearam fogo no chapadão
construíram hidrelétricas
expulsaram-nos do nosso chão.

Por Pedro Ferreira Nunes




segunda-feira, 3 de junho de 2019

Nietzsche e a Filosofia da Vida (Anotações das aulas sobre o pensamento Nietzschiano).

“o rinoceronte é mais decente,
do que essa gente demente,
do ocidente tão cristão...”.
Belchior

Por Pedro Ferreira Nunes

Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900) escreveu diversas obras, entre elas: “Assim falava Zaratustra”, “Humano, demasiado humano”, “A Gaia Ciência”, “A origem da Tragédia” entre outros. Na sua extensa produção filosófica surge um conceito fundamental “ubermensch” que traduzindo para o português significa: além-do-homem ou super-homem como é comumente utilizado em suas obras traduzidas no Brasil. A filosofia de Nietszche é um grito em defesa da vida – de uma vida plena sem as amarras do moralismo cristão. Para compreende-la há seis chaves fundamentais: O niilismo, Morte de Deus, A vontade de Potência, Super-homem, transvalorização e o eterno retorno. 

O niilismo é dividido em duas vertentes – o passivo e o ativo. O niilismo passivo é o que nega a vida e está representado pelo cristianismo e pelo platonismo. Já o ativo afirma a vida – e a afirmação da vida se dá pela “morte de Deus”. A “morte de Deus” nos possibilita sair do niilismo passivo para o ativo e nos libertar dos valores cristãos (como ordem, prudência e obediência) e criar novos valores – esses novos valores são criados a partir da vontade de potência que nos levará ao super-homem. Já em relação a questão da transvaloração se dá no momento que a gente supera os antigos valores, por exemplo, a questão do bem e do mal, e na busca pela construção de uma vida expansiva, agressiva e afirmativa. É assim que chegamos ao eterno retorno – que é quando alcançamos uma vida que não teríamos nenhum problema em vivê-la eternamente. Mas só o super-homem chega a esse ponto.

Essas questões não estão numa obra especifica de Nietzsche. Elas perpassam por todo o seu trabalho, caracterizando assim a sua filosofia. Mas para termos uma ideia melhor de como o filósofo trabalha essa problemática analisemos alguns trechos de uma obra especifica sua, a saber, “O anticristo” – que ao contrário do que o título pode sugerir, o foco da contundente critica nietzschiana não é a figura do cristo, mas seus seguidores – os cristãos. Aliás, para Nietzsche só existiu um cristão e esse morreu na cruz, os seus seguidores o que fazem é desvirtuar o seu exemplo. 

Cristo foi um super-homem já os seus seguidores caminham na contramão ao negar a vida e cultivar valores medíocres que diminui nossa potência de agir. Devemos buscar o que aumenta a nossa vontade de potência – o que é bom. E o que é bom segundo Nietzsche é aquilo que “eleva o sentimento de poder, a vontade de poder, o próprio poder no homem”. E não a sua submissão.

Para Nietzsche a compaixão ativada pelo cristianismo é mais nocivo que qualquer vício. Portanto deve ser evitado. O cristão é um homem doente que nega a vida e o cristianismo é aquilo que tomou partido pelos mais fracos. E foi além, nas palavras do filósofo – “transformou em ideal aquilo que contraria os instintos de conservação da vida forte”. Isso é, transformou valores fracos em algo bom, quando na verdade é mau. Transformou aquilo que diminui a nossa potência em algo a ser almejado. “Meu argumento é que todos os valores que agora resumem o desiderato supremo da humanidade são valores de décadence”.

E Nietzsche continua descarregando sua metralhadora de crítica ao cristianismo. Pontuando o culto que estes fazem de valores e afetos que deveriam ser evitados, pois ao invés de afirmar a vida, nega-a. É o caso da compaixão. A compaixão é o afeto que caracteriza o cristianismo – um afeto que deveria ser evitado, pois tem um efeito depressivo. “O indivíduo perde força ao compadecer-se”. E para Nietzsche o que não nos fortalece deve ser destruído. Os cristãos transformaram a compaixão numa virtude e para nosso filósofo isso é inaceitável, pois “através da compaixão a vida é negada”.

Diante desse contexto Nietzsche deixa claro quem é a antítese da sua filosofia – os teólogos. “a esse instinto de teólogo eu faço guerra: encontrei sua pista em toda parte. Quem possui sangue de teólogo no corpo, já tem ante todas as coisas uma atitude enviesada e desonesta”. São estes senhores que estabelecem os conceitos de “verdadeiro” e “não verdadeiro”. Isso deve ser superado pelos espíritos livres, que já são o exemplo da tresvaloração de todos os valores. 

Para Nietzsche é preciso fazer uma declaração de guerra e vitória em relação a todos os velhos conceitos de “verdadeiro” e “não verdadeiro”. Superando assim essa visão distorcida defendida pelo cristianismo e que tem nos teólogos os seus porta-vozes.

REFERÊNCIA

NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. O Anticristo. Tradução: Paulo César de Souza. Editora Companhia das Letras. São Paulo, 2007.

quinta-feira, 30 de maio de 2019

Educação: Estudantes da Zona Rural de Lajeado prejudicados com a falta de transporte escolar.

Não vou sair do campo,
Pra poder ir pra escola.
Educação do campo,
É direito e não esmola.

Gilvan Santos

A denúncia é dos Vereadores Edilson Mascarenhas (Nego Dilson) e Walber Pajeú que entraram com requerimento de solicitação de providências para regularização do transporte na zona rural do município de Lajeado junto ao Ministério Público do Tocantins. De acordo com os parlamentares a solicitação ao MPE se deu motivada pela falta de uma ação por parte do poder executivo em resolver o problema.

Nesse sentido os parlamentares solicitam ao Ministério Público Estadual – que possa intervir junto a Secretária Municipal de Educação de Lajeado – para fazer valer o que estabelece a lei nº 10.880, de 09 de junho de 2004 (retificada em 2011) – que institui entre outros pontos o Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar – PNATE. “Com o objetivo de oferecer transporte escolar aos alunos da educação básica pública, residentes em área rural, por meio de assistência financeira, em caráter suplementar, aos Estados, Distrito Federal e aos Municípios”. 

Os parlamentares ressaltam o prejuízo que os estudantes da zona rural estão tendo com a falta de transporte – um problema que não é de agora. Pois segundo eles, em 2018, o calendário escolar “não foi cumprindo por falta de transporte escolar, e em 2019, desde o início do ano letivo, o munícipio não vem cumprindo com a presente lei, comprometendo assim o calendário escolar e consequentemente o aprendizado dos alunos”. 

O mais intrigante na solicitação levada ao Ministério Público pelos Vereadores Edilson Mascarenhas e Walber Pajeú é que o problema com o transporte escolar parece não ser de ordem financeira, mas sim de gestão pois “houve licitação para transporte escolar na zona rural de aproximadamente meio milhão de reais, que está em vigência, e vem sendo pago regulamente para essa finalidade”. Sendo assim, por que o serviço não está sendo prestado? O fato é que quem tem tido que arcar com o prejuízo devido a essa situação são os estudantes e suas famílias. Diante disso os parlamentares solicitam “urgência urgentíssima” por parte do MPE para que o prejuízo não seja maior.

Infelizmente o descaso com o transporte escolar (especialmente na zona rural) não é uma exclusividade do munícipio de Lajeado. Somente esse ano, os veículos de comunicação regional noticiaram vários episódios nesse sentido. A diferença no caso é que ao contrario da maioria dos pequenos munícipios tocantinenses, não falta recursos nos cofres públicos de Lajeado – o que pode faltar é planejamento, gestão, preocupação com o bem comum, com a coisa pública e etc. Desse modo não dá para aceitar que essa situação esteja ocorrendo no munícipio.

Cabe, portanto, a toda população se mobilizar para exigir que a prefeitura, através da Secretária Municipal de Educação, não faça nada mais do que aquilo que é sua obrigação nesse caso – garantir transporte escolar para que os estudantes possam estudar. Isso mesmo, estudar. É isso, apenas isso, que esses jovens e suas famílias querem. E é isso que a prefeitura de Lajeado os tem negado.

Com isso não está apenas prejudicando o aprendizado desses estudantes ou com o aumento dos índices de abandono das salas de aula. Está também contribuindo para que estes estudantes juntamente com suas famílias, abandonem a zona rural rumo aos centros urbanos (para poder estudar), e sem trabalho nos centros urbanos acabam engrossando as filas do desemprego e contribuindo para o aumento de outras expressões da questão social – como a violência, o consumo de drogas e a gravidez na adolescência.

É diante disso que afirmamos a necessidade da população lajeadense como um todo, se mobilizar e exigir da Secretária Municipal de Educação que resolva esse problema. Que não tem consequência apenas para esses estudantes e suas famílias, mas para a cidade como um todo. Ora, se quisermos ter uma sociedade diferente mesmo, a educação (tanto a nível municipal, estadual e federal) não pode ser prioridade apenas no discurso, como infelizmente tem sido no Brasil – nos diferentes governos.

Por Pedro Ferreira Nunes – Educador Popular e Licenciado em Filosofia pela Universidade Federal do Tocantins.

terça-feira, 28 de maio de 2019

Manifesto do Partido Comunista: O primeiro material punk da história.

“São faces marcadas que temem a revolução...”
Ratos de Porão

Por Pedro Ferreira Nunes

“Um espectro ronda a Europa: o espectro do comunismo”. Assim começa o Manifesto do Partido Comunista escrito por Marx e Engels entre o final de 1847 e o início de 1848 (com a importante contribuição de Jenny – esposa de Marx) chamando atenção para a campanha de difamação que o movimento comunista sofre por parte das elites dominantes da época. Diante dessa campanha o que fazer? Ficar na defensiva? Pegar a bandeira e dá no pé? Como diz uma certa canção. Não para Marx e Engels. Para os dois, os comunistas devem expor abertamente – sua visão de mundo, seus objetivos e suas tendências. E é justamente essa divisão que segue o manifesto. Começando, portanto, apresentando a visão de mundo dos comunistas. 

E qual seria essa visão? De que “a história de todas as sociedades até agora tem sido a história das lutas de classes”. Marx e Engels defendem a ideia de que as diferentes sociedades são frutos da luta entre as diferentes classes que as compõem. E nesse contexto a sociedade burguesa não é diferente, a não ser pela tendência de simplificar os antagonismos de classes em dois campos: a burguesia e o proletariado. A partir dai os autores apresentaram esses dois campos e o porquê que estão em oposição um ao outro.

Marx e Engels nos diz que a burguesia moderna é “o produto de um longo processo, moldado por uma série de transformações nas formas de produção e circulação” (desenvolvimento da indústria, ampliação do comercio e criação do mercado mundial). Essa transformação econômica levou também a uma mudança tanto do ponto de vista político como social da sociedade. Do ponto de vista político o poder do Estado moderno foi transformado num “comitê que administra os negócios comuns da classe burguesa como um todo”. Já no aspecto social se “dissolveu a dignidade pessoal no valor de troca e substituiu as muitas liberdades, conquistadas e decretadas, por uma determinada liberdade, a de comércio”. E ainda “rasgou o véu comovente e sentimental do relacionamento familiar e o reduziu a uma relação puramente monetária”.

E o proletariado? São os trabalhadores modernos que assim como a burguesia se desenvolveu a partir do desenvolvimento do Capital. “Esses trabalhadores, que são forçados a se vender diariamente, constituem uma mercadoria como outra qualquer, por isso exposta a todas as vicissitudes da concorrência, a todas as turbulências do mercado”. Para não serem reduzidos a uma mera mercadoria os operários precisam se organizar e se mobilizar contra a burguesia – uma luta que no primeiro momento é pela sua própria sobrevivência. Mas que não pode se esgotar aí.

“Os proletários só podem se apoderar das forças produtivas sociais se abolirem o modo de apropriação típico destas e, por conseguinte, todo o modo de apropriação em vigor até hoje. Os proletários nada têm de seu para salvaguardar; eles têm que destruir todas as seguranças e todas as garantias da propriedade privada até aqui existentes”. Para tanto o movimento proletário (que se constitui da maioria da sociedade) precisa destruir as classes dominantes. E é essa própria classe dominante, a burguesia, que cria as condições para o desenvolvimento e a tomada de consciência dos proletários. Com isso ela produz os seus próprios coveiros.

Em suma, a burguesia e o proletariado estão em campos opostos nesse tabuleiro, pois possuem interesses antagônicos. A burguesia para manter a sua dominação sobre o proletariado deve reduzi-lo a condição de mercadoria – sujeito as leis do mercado. Isso significa retirar direitos, reduzir salários e etc. Já o proletariado precisa se organizar enquanto classe e lutar não apenas por sua sobrevivência, mas também pela supressão do modo de produção burguês e da própria burguesia.

Diante disso surge a seguinte questão: Qual o papel dos Comunistas diante da luta entre burguesia e proletários? Para responde-la Marx e Engels faram uma caracterização do que é o Comunismo e de quais são seus objetivos. 

Para Marx e Engels os Comunistas não são diferentes dos demais partidos proletários, e nem tem objetivos diferentes destes. “O objetivo imediato dos Comunistas é o mesmo dos demais partidos proletários: a constituição do proletariado em classe, a derrubada do domínio da burguesia, a conquista do poder político pelo proletariado”.  No entanto os Comunistas se colocam como a vanguarda desse movimento sobretudo pela compreensão teórica que se dá a partir da análise do movimento histórico da sociedade. 

Dito isso, “o que caracteriza o Comunismo não é a supressão da propriedade em si, mas a supressão da propriedade burguesa”. Pois essa propriedade é o principal instrumento de dominação e exploração de uma classe por outra. Portanto se se quiser superar essa dominação e exploração é necessário a supressão da propriedade privada.  E é a partir dai que temos a primeira acusação contra os Comunistas.

“Vocês horrorizam com o fato de que queremos abolir a propriedade privada. No entanto, a propriedade privada foi abolida para nove décimos dos integrantes de sua sociedade; ela existe para vocês exatamente por que para nove décimos ela não existe. Vocês nos acusam de querer suprimir a propriedade cuja premissa é privar de propriedade a imensa maioria da sociedade”. Por tanto, o que pretende os Comunistas, e eles não omitem suas intenções, é acabar sim com essa propriedade privada que para existir para uma pequena minoria, priva a grande maioria de possui-la.

Outra acusação contra os Comunistas que Marx e Engels respondem é a de que estes querem acabar com a individualidade a partir do momento que o trabalho não puder mais ser transformado em Capital ou “a partir do momento em que a propriedade individual não possa mais se tornar burguesa”. Tal ideia parte da concepção, portanto, de que apenas o burguês pode ter direito a individualidade. Nesse sentido, Marx e Engels não vacilam ao dizer que o individuo que os Comunistas pretendem abolir é o burguês. Eles esclarecem que “o Comunismo não retira de ninguém o poder de apropriar-se de produtos sociais; apenas suprime o poder de, através dessa apropriação, subjugar trabalho alheio”.

Marx e Engels também respondem a acusação de que “com a abolição da propriedade privada, toda atividade seria paralisada e a preguiça se disseminaria”. Ressaltando que nessa lógica a sociedade burguesa já teria se autodestruída pois nela quem trabalha não lucra e quem lucra não trabalha. O fato é que as críticas da burguesia ao modo de produção Comunista é uma reação contra a perda dos seus privilégios. “Vocês tomam como padrão para a abolição da propriedade burguesa a sua concepção burguesa de liberdade, educação, direito etc. Suas ideias são produto das relações burguesas de produção e de propriedade”. Desse modo é compreensível que rechacem mesmo a perspectiva Comunista (o problema é quando isso parte do proletariado e outras classes subalternas).

Nossos filósofos, também respondem a acusação de que os Comunistas querem acabar com a família (qualquer semelhança com o contexto atual não é mera coincidência). “Em que se baseia a família atual, burguesa? No capital, no lucro privado”. E na medida que se muda o modo de produção a tendência é que esse modelo de família seja abolido. Já em relação a acusação de que os Comunistas querem abolir a exploração das crianças pelos pais, Marx e Engels respondem: - “Nós confessamos esse crime”.

Outra questão importante é acerca da educação. Sobretudo em relação a acusação de que os Comunistas querem substituir a educação domestica pela social. Para nossos filósofos a educação burguesa também é determinada pela sociedade. Desse modo “os Comunistas não inventaram a interferência da sociedade na educação; eles apenas modificam seu caráter e tiram a educação da influência da classe dominante”. Marx e Engels ressaltam que o discurso acerca da família e da educação por parte da burguesia não passa de um engodo, pois na sociedade burguesa tanto a família como a educação são transformados em artigos de comércio e instrumentos de trabalho.

Em relação a acusação de que os Comunistas pretendem introduzir a comunidade das mulheres, Marx e Engels respondem: “o burguês vê sua mulher como mero instrumento de produção” e o que pretende os Comunistas é – “abolir o papel da mulher como simples instrumento de produção”. Já a acusação de que os Comunistas pretendem abolir a pátria, a nacionalidade. Nossos filósofos dizem: - “os trabalhadores não têm pátria. Não se lhes pode tomar uma coisa que não possuem”. O ponto fundamental é abolir a exploração de um individuo por outro, e na medida que isso ocorra, também será abolido a exploração de uma nação por outra. Eles também defendem que com o desaparecimento dos antagonismos de classe dentro das nações favorecerá para o desaparecimento da hostilidade entre nações.

Ainda em relação as acusações contra os Comunistas está a de que estes pretendem abolir as verdades eternas e suprimir a religião e a moral – desse modo caminha-se para uma negação de toda evolução histórica anterior. Marx e Engels defendem que a mudança proposta pelos Comunistas é mais radical que as mudanças que ocorreram anteriormente. Desse modo “não é de se espantar que, em seu desenvolvimento, rompa-se de modo mais radical com as ideias do passado”.

Nesse sentido a primeira tarefa do proletariado é se tornar a classe dominante através da conquista do poder político. A partir daí o objetivo é retirar todo “o capital da burguesia e concentrar todos os instrumentos de produção nas mãos do Estado”. Ainda de acordo com nossos filósofos: “uma vez que, no processo, desapareçam as diferenças de classe e toda a produção esteja concentrada nas mãos dos indivíduos associados, o poder público perderá o seu caráter político”. Pois o poder político só tem sentido numa sociedade dividida em classes, onde esse se configura num instrumento de dominação. Quando, portanto, através de uma revolução o proletariado abole os antagonismos de classes, o poder político perde o seu sentido.

Com isso “no lugar da velha sociedade burguesa, com suas classes e seus antagonismos de classe, surge uma associação em que o livre desenvolvimento de cada um é pressuposto para o livre desenvolvimento de todos”. Em suma, uma sociedade sem desigualdades, sem exploração, sem dominação, sem opressão – em que uma minoria privilegiada não mantenha seus privilégios às custas da miséria da grande maioria.

Seria uma espécie de paraíso na terra? Nossos filósofos estavam a sonhar em demasia com coisas impossíveis? Olhando para nossa realidade é o que nos parece – sobretudo por que o domínio do Capital hoje é bem mais perverso do que há 171 anos, quando Marx e Engels escreveram o “Manifesto do Partido Comunista”. De modo que vislumbrar outro modelo de produção, especialmente baseado numa concepção Comunista, parece algo por demais utópico.

Mas ainda que seja difícil vislumbrar esse processo revolucionário de transformação do modo de produção dominante. Para nós que pertencemos as classes dominadas, abrir mão dessa perspectiva significa abrir mão da nossa libertação – Significa aceitar o estado de coisas tal como está – estado de coisas que não é nem um pouco diferente do que descreve Marx e Engels no Manifesto do Partido Comunista.

Na última parte do “Manifesto...”, Marx e Engels apresentam e caracterizam as diferentes tendências socialistas e comunistas, não poupando crítica as linhas reformistas e oportunistas. Entre essas tendências está o socialismo feudal, o socialismo burguês e o Socialismo e Comunismo utópico. Segundo nossos filósofos, o socialismo feudal tem um caráter reacionário e na prática “participam de todas as medidas violentas contra a classe operária”. Já os socialistas burgueses seriam reformistas – “querem as condições de vida moderna, sem os conflitos e os perigos que dela necessariamente decorrem”. Buscam afastar o proletariado do movimento revolucionário defendendo que o foco da luta deve ser econômico (na melhoria das condições de vida) e não na domada do poder político. E os socialistas e comunistas utópicos fazem uma analise fantasiosa da sociedade e se colocam a cima da luta de classes – “rejeitam toda ação política, quer dizer, revolucionária; querem atingir seu objetivo por meios pacíficos e tentam abrir caminho para o novo evangelho social pela força do exemplo, por meio de experimentos inexpressivos que, naturalmente, sempre fracassam”.

Diante disso qual deve ser a posição dos Comunistas diante dos partidos de oposição? É respondendo essa questão que Marx e Engels encerram o Manifesto do Partido Comunista. Eles salientam que “os Comunistas lutam pelos objetivos e interesses mais imediatos da classe operária, mas, ao mesmo tempo, representam no movimento atual o futuro do movimento”. Desse modo eles defendem a aliança dos Comunistas com os diversos partidos de oposição que estão na luta pela melhoria das condições de vida do proletariado, mas sem perder de vista a relação antagônica entre burguesia e proletariado.

Marx e Engels ressaltam que “os Comunistas apoiam em toda parte todo movimento revolucionário contra as condições sociais e políticas atuais”. Sempre pautando nesses movimentos a questão da propriedade. Os Comunistas também devem lutar pela união dos diversos partidos progressistas e pela construção de frentes democráticas, sem, no entanto, abrir mão dos seus princípios. E concluem afirmando que as classes dominantes devem tremer diante de uma revolução Comunista. Já os proletários “não têm nada a perder, além de seus grilhões. Têm um mundo a conquistar”. E por tanto nossos filósofos conclamam: - “Proletários de todos os países, uni-vos!”.

Por fim, para mim, ler o “Manifesto do Partido Comunista” é como ouvir um bom disco de Punk Rock. Você ouve sempre e não se cansa. O estilo duro e direto dos autores – como um soco no estômago – também lembra as letras de canções punks.  Marx e Engels distribui socos e ponta pés para todos os lados, do início ao fim da obra. Seria, portanto, o “Manifesto...” o primeiro material punk da história? 

Li-o pela primeira vez lá pelos idos de 2005-2006 se não me engano. Justamente no mesmo período em que descobri o punk através de bandas como Sex Pistols, Ramones e Ratos de Porão. Desde então a leitura desta obra tornou-se um hábito para mim. Sobretudo por que apesar de ter sido escrita já há mais de 170 anos (quando o estágio de desenvolvimento do capitalismo era ainda embrionário) a crítica desses revolucionários permanece bastante atual – ainda mais num contexto em que se fala tanto em comunismo, mas sem consciência do que isso seja de fato.

Falar em comunismo, seja a favor ou contra, sem ter lido o Manifesto do Partido Comunista é inaceitável. Quem o faz não merece o mínimo de credibilidade, pois nada mais está fazendo do que repetir ideias de terceiro. É óbvio que não dá para reduzir a compreensão do movimento comunista a esse livro unicamente, mas tão pouco é possível compreende-lo sem a leitura dessa obra que inspirou e inspira a luta anticapitalista mundo afora – incluindo o Movimento Punk.

Referência Bibliográfica

MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto do Partido Comunista. 1º ed. São Paulo: Expressão Popular, 2008.